Underground escrita por Jojo Almeida


Capítulo 1
Wonderwall


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Bom, eu consegui! Postei essa one, haha.
O título do capitulo é em homenagem a música do Oasis "Wonderwall". Mas acho que isso não torna um song-fic, então nem marquei esse tema.
Para as leitoras de Seven Days a Week, essa aqui está entre "Plan B" e "About Treats and Hair-Styles".
E para as não leitoras de Seven Days a Week, vocês deviam ler Seven Days a Week. Hahaha!
Boa leitura!
(por favor não reparem muito nos erros de ortografia, essa one foi escrita num surto louco de madrugada e eu ainda não tive tempo de revisar)



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                Katie pisou na enésima poça d’água lamacenta, descendo o comprido lance de escadas. Se encolheu levemente dentro da jaqueta preta, ajeitando levemente a echarpe verde (aquela que sua madrasta havia lhe dado porque combinava com seus olhos verde-planta) e mudando a bolsa de couro azul escuro de ombro, desconfortável.

                Que droga! Como ela conseguira ser tão idiota ao ponto de perder ônibus que a levaria de volta para o hotel? Bom, ela fora. Agora estava sozinha em Whasington, uma cidade que mal conhecia, na chuva, tentando achar um jeito de voltar antes que as pessoas começassem a ficar preocupadas.

                Era incrível. Uma simples viagenzinha da escola para a capital e ela já estava metida em problemas. Balançou a cabeça negativamente para afastar o pensamento,  pisando no ultimo degrau. Ela havia achado um metro e sabia a linha que a levaria de volta. Já era um bom começo.

                Depois de pedir informação para um velho vigia (que pareceu achar bem engraçado o fato dela ter perdido o ônibus da excursão) e comprar o bilhete, Katie finalmente passou pelas aquelas roletas de metal e foi até o terminal de onde seu trem iria partir (ou pelo menos, era o que ela esperava). Uma placa com grandes números vermelhos dizia que o trem chegaria dentro de 4 minutos. 4 longos minutos.

                - Hunnnnn....- Ela resmungou afastando uma mecha  de cabelo dos olhos e andando de um lado para o outro no lugar  quase completamente vazio (se você ignorasse alguns poucos turistas com as caras enfiadas em seus respectivos guias de viagem e uma velha senhora com uma pesada sacola de compras), meio entediada.

                Ela ouviu um som do tipo horrível. Como se alguém raspasse as unhas num quadro negro perto de um microfone com estática. Se encolheu, notando de cara que ninguém mais havia escutado. Ótimo. Era tudo que ela precisava.

                O barulho foi seguido de um banque surdo, um estrondo (tão alto que fez Katie se perguntar o quão poderosa a névoa poderia ser) e, magicamente, alguém quebrando uma parede de concreto antes bem firme a dois metros dela ao ser arremessado. Kay arregalou os olhos para o buraco e estrangulou o grito, em quanto a pessoa arremessada rastejava na direção de sua espada.

                Ela meteu a mão dentro da bolsa, ao mesmo tempo em que uma hidra com mais cabeças do que ela um dia sequer chegaria a imaginar atravessava o buraco que estrategicamente criara na parede. Regra de sobrevivência número um dos semideuses: sempre ande uma arma de bronze celestial.

                - Que beleza. – Katie resmungou ironicamente, empunhando seu punhal na direção da coisa. Perdida em Washington, na chuva, numa linha de metro que ela não conhecia e na presença de uma linda hidra espumando de raiva. Aquilo tudo estava ficando cada vez melhor.

                - Arrrrg. – a pessoa murmurou se levantando e pressionado a mão em algum ponto do abdômen que sangrava um bocado,  em quanto usava a outra mão para empunhar sua espada do melhor jeito que conseguia no seu estado esquisito.

                Kay olhou para ele subitamente se lembrando de sua existência e em seguida tendo que conter seu impulso de gritar e arregalar os olhos de novo. Devia ter esperado para reclamar mais tarde.

                - Stoll! O que Hades é isso? – ela perguntou, sem saber o que mais poderia falar. Travis a encarou entediado, obviamente achando que a garota havia batido muito forte com a cabeça.

                - Uma hidra. Tenho que fazer as apresentações? – rebateu dando um golpe certeiro no mostro que rugia ameaçadoramente, mas errando ao cortar uma das suas cabeças que foi rapidamente por duas outras igualmente irritadas.

                - Ah, droga. Você está tentando cortar as cabeças a um bom tempo, né? – Katie se lamentou, desviando por pouco de um golpe de uma das cabeças.

                - Está mais para tentando matar essa coisa a um bom tempo. – Travis corrigiu com um careta de dor, dando um passo para trás e deixando bem obvio que não estava em condições de dar passos para qualquer lugar, pelo jeito que estava mancando.

                - Deuses! Como você é idiota! – Kay observou irritada, desviando de mais um golpe e controlandoa sua vontade de cortar algumas daquelas cabeças. – Menos cabeças, mais cabeças. É assim que funciona. Tem que atingir o centro.

                - Eu sei como funciona.  Não preciso da sua ajuda, Gardner. – ele murmurou baixinho, meio irritadiço, dando um golpe certeiro que acidentalmente cortou mais uma das cabeças.

                Katie abriu a boca para respondê-lo, mas aparentemente a hidra tinha outros planos que não incluíam em ponto algum aquela conversinha amigável. Ela rugiu num coro de centenas de cabeças, produzindo aquele barulho horrível da unha no quadro negro mais um vez. Kay apertou as mão contra os ouvidos, sem conseguir evitar. Aquilo era tortura, isso sim.

                Ela olhou ao redor, tentando analisar o melhor possível suas alternativas. Katie não era filha de Ares ou Athena, então geralmente não se dava muito bem com aquela coisa toda de estratégias. Também não era muito fã de violência. Se não era daquela usada nos treinos, quanto menos parecia melhor em sua opinião.

                Olhou para o filho de Hermes. Ele estava aguentando, por em quanto, desferindo alguns golpes e tentando não cortar nenhuma cabeça, apenas assusta-las um pouco. Estava com um corte na sua bochecha esquerda, aquele problema no pé e algo na região do abdômen que sangrava um bocado. Em outras palavras, parecia prestes a desmaiar.

                Katie olhou ao redor mais uma vez, agora quase desesperada. Ela precisava de uma solução e rápido. Sem querer, seus olhos param na placa do trem. Menos de 1 minuto. Perfeito.

                Ela só precisava...

                - Ahh! – exclamou surpresa, quando uma das cabeças não acertou por pouco. Ela subiu em cima de um dos bancos de plástico azuis, se equilibrando meramente na superfície escorregadia e ficando tão perto da hidra que quase poderia contar as escamas daquela pele horrenda.

                - Katie! Cuidado! – Travis gritou, alarmando-a a tempo de se abaixar um segundo antes da investida da cauda da hidra que criou um belo buraco na parede, três centímetros acima de sua cabeça. Deuses, aquela coisa parecia realmente disposta a redecorar a estação de metro cinzenta.

                Katie se equilibrou mais um vez, apertando os dedos em volta do punhal. De onde estava, dava a chance perfeita de acertar o pé direito e fazer a hidra andar o pequeno metro nescesário para que desse certo.

                Ela podia não ser tão boa de mira quanto um filho de Apolo, mas dava para o gasto. E, mesmo não querendo perder seu punhal, ela não teve muito tempo de considerar o assunto.

                - TRAVIS! – Katie gritou, preparando-se para o que seria um belo lançamento se desse certo. – ESQUERDA!

                - O que-

                - ESQUERDA! – gritou de novo, sem dar tempo de ouvir a pergunta dele. Não adiantava mais. Katie já havia lançado o punhal ao ver as duas luzes do trem aparecerem no túnel até então completamente escuro.

                A hidra uivou. É. Fora um belo lançamento. Katie acertara o calcanhar da coisa, que cambaleava em busca de equilíbrio. Deu dois passos para frente, cambaleou mais uma vez e, com um daqueles horríveis barulhos que acabavam com os tímpanos de qualquer pobre vítima, caiu no vão  dos trilho. O trem (como se tivesse sido requisitado de ultima hora) acertou a hidra com tudo, reduzindo-a a uma mera pilha de poeira dourada.

                Teria dado tudo certo. É, se Travis tivesse realmente ido para a esquerda como ela falara. Mas, não, ele continuou no mesmo lugar em que estava encarando-a daquela forma estranha. Entre as cambaleadas e os dois passos para frente, a hidra fizer exatamente o imaginado e o acertara com tudo. Ou melhor, arremessá-lo em direção a parede mais distante da estação.

                - Owt. – Katie comentou com um suspiro, pegando o seu punhal no chão de ladrilhos brancos e correndo na direção dele ao mesmo tempo que as portas do trem se abriam para um bando de passageiros muito apressados descessem numa quase corrida em direção a saída.

                Ela se ajoelhou ao lado de Travis, colocando o punhal na bolsa e procurando por outra coisa (regra de sobrevivência número dois dos semideuses: sempre ande por aí com um pouco de néctar). Bom, pelo menos ele não tinha aberto um buraco na parede dessa vez. Ah, e não parecia estar muito mais quebrado do que antes. Bem mais pálido, talvez, mas certamente não parecia mais quebrado.

                Só estava inconsciente, claro.

                - Stoll... Travis?... Travis! – Katie chamou, dando leves tapinhas na cara dele na esperança de que isso ajudasse alguma coisa. Infelizmente, o garoto  continuava sangrando um bocado. E sangrar um bocado nunca é uma boa noticia.

                - Ahusmsom – ele resmungou incompreensivelmente em resposta, abrindo levemente os olhos. Katie riu um pouco, suspirando aliviada em quanto estendia o cantil prateado na direção dele.

                - Toma. É néctar. – explicou diante do olhar confuso dele. Travis pegou o cantil meio indeciso, com uma expressão facial meio estranha.

                - Hidra...?  - ele perguntou bobamente, tomando um gole generoso e saboreando a doce bebida dos deuses. A cor voltou aos poucos para seu rosto pálido, em quanto o corte se fechava vagarosamente.

                - Um monte de poeira dourada. – Katie explicou com um dos seus típicos sorrisos gentil. Travis franziu o cenho para ela. Geralmente ela não lançava nenhum tipo de sorriso gentil para ele.

                - Ah, claro. – ele concordou, apoiando-se nos cotovelos para se sentar no chão e apoiar as costas na parede. – Então você sempre sai com um punhal e néctar por aí?

                - Regras básicas para sobrevivências, Stoll. Não me diga que você não sabe disso. – Kay concordou, meio estranhando a pergunta. Travis deu de ombros.

                - A parte do punhal eu sei. O néctar que me deixa meio confuso. – ele justificou tomando mais um longo gole e parecendo finalmente voltar a sua cor original. – Eu vou me lembrar disso.

                - É melhor mesmo, idiota. – Katie devolveu, parecendo novamente irritadiça. Ah, sim. Aquela sim era a Katie que ele conhecia. Sem sorrisos gentis e mais irritação. No geral ela costumava ser assim o tempo todo.

                Quando estava com ele, claro. Com as outras pessoas ela era muito mais sorrisos gentis e menos irritação.

                - O que você está fazendo aqui em Washington? – Travis perguntou indo direto ao ponto.  Seu tom de voz era meio esquisito, quase uma acusação.

                - Excursão da escola. – Katie respondeu com um suspiro, olhando para placa vermelha que agora indicava 6 minutos antes do próximo trem. – Perdi o ônibus e metro pareceu ser o único jeito de ir até o hotel. E você?

                - Eu moro aqui. – Travis disse dando de ombros novamente. – Não aqui aqui, na estação de metro, claro. Mas, é, eu moro em Washington.

                - Humm... Qual era a da hidra? – Kay perguntou, também bem direta. Preferia evitar qualquer tipo de conversa excessiva.

                - Não faço nem ideia. Acho que ela não foi com a minha cara, ou sei lá. – Travis respondeu pensativo, tomando mais um longo gole. Agora que olhava direito, dava para Katie ver que o sangue havia praticamente parado.

                Ficaram em silêncio. Aquilo era bem estranho. Com tantas pessoas para Katie encontrar em um metro de Washington lutando contra uma Hidra durante uma chuva quando ela estava tentando voltar para o hotel, tinha de ser o Stoll. Aquele que ela odiava com todas as forças.

                Que ela achava irritante, irresponsável e totalmente odiavel com suas peças e brincadeira excessivas. Aquele que cometera a asneira de colocar os benditos coelhos de chocolate em cima de seu chalé.

                - Então... – Travis começou de novo, num tom de voz que parecia um resmungo. Como se alguém estivesse o obrigando a falar algo que não queria falar de jeito nenhum. – Por que você fez isso?

                - Isso o quê? – Katie perguntou distraída, pegando o cantil na sua mão e colocando dentro da bolsa bagunçada rapidamente.

                - Me salvar. – ele justificou revirando os olhos. – Achei que você me odiasse.

                - E odeio. – Kay concordou pensativa, tentando se lembrar exatamente o que havia pensado. Olhou para a placa. Dois minutos. – Mas isso não parece um motivo forte o suficiente para deixar alguém morrer.

                - Obrigada, eu acho. – Travis devolveu igualmente pensativo, sorrindo de lado para ela. Seguiu seu olhar até a placa, levantando-se e estendendo a mão pra ela logo em seguida. Kay aceitou a ajuda meio relutante.

                Ficou de pé meio cambaleante, ajeitando a alça da bolsa no seu ombro meio desconfortavelmente.

                - A gente se vê. – disse, num tom de despedida. Mas Travis não pareceu ligar. Continuou ali, olhando para ela de um jeito estranho. Em seguida, puxou-a pela cintura encurtando a distância entre os dois perigosamente.

                -Katie... Eu... – suspirou. -  Eu só... Quero tentar uma coisa. – justificou inclinando-se ainda mais para frente. Katie abriu a boca para responde-lo, mas quando deu por si já estavam se beijando.

                Era meio engraçado. Totalmente eletrizante, mas ao mesmo tempo confortante de uma forma inimaginável e impossível de descrever. Era doce-amargo, contraditório. Parecia, ao mesmo tempo, obviamente errado e estranhamente certo.

                Não teve muito tempo para pensar sobre isso. Porque (não sabia dizer se foi felizmente ou infelizmente) Travis pareceu se afastar tão rápido quanto se aproximara, retirando calmamente a mão de sua cintura e deixando-a num estado meio catatônico.

                - Nada... Ninguém... – Katie resmungou bobamente, sem conseguir encontrar as palavras e fazendo-o sorrir de lado novamente, ao mesmo tempo que o trem chegava na estação e desacelerava vagarosamente ante de parar. – Isso jamais deve sair daqui, Stoll.

                - Pode deixar, florzinha. – Travis assegurou usando aquele apelido irritante. Katie fez uma careta para ele, entrando no compartimento que tinha as portas mais perto de si.

                As portas de metal se fecharam silenciosamente atrás dela, que se sentou no primeiro lugar vago que conseguiu localizar. Katie suspirou pesadamente, olhando para o teto como se ele fosse a coisa mais interessante que já vira na vida. Estava a umas 9 estações de seu hotel, o que lhe soava um bocado longe.

                Quando era pequena, seu pai costumava falar que, as vezes, algumas coisas devem permanecer exatamente no lugar em que aconteceram. Ela não entendia muito bem o que ele queria dizer com isso, e nunca se preocupou com esse fato. Mas, agora, sentia como se entendesse exatamente do que se tratava e não gostava nem um pouco disso.

                Só que, neste caso, Katie realmente preferia ficassem à alguns metros da superfície mesmo.


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Notas finais do capítulo

E... Fim!
Nossa, eu pensei nisso aqui depois de escrever "Plan B". Eu tava tipo "ah, se eu fiz uma de como eles se conheceram porque não uma de como foi o primeiro beijo?"
Hahaha!
Vamos ignorar que eu mudei o nome um zilhão de vezes antes de escolher "Undergrond".
Bom, vocês sabem como funciona.
Leitoras novas, Tratie não é um casal muito conhecido mas eu simplesmente AMO!
Se você gostou, eu tenho outra ones e uma short em andamento (Seven Days a Week) que podem ser encontradas no meu perfil.
Leitoras não-tão-novas... Ah, que gracinha! Vocês voltaram para ler mais coisas minhas! Oww!
E, se você teve paciencia para até aguentar meu falamento nas notas finais, porque não deixar um review?
Nunca sei quem leu minhas ones sem eles.
O que é uma maldade, verdadeiramente falando.
Enfim, comentem okay?
Beijos!
Jojo