On The Road escrita por Hanna_21


Capítulo 2
Capítulo 2: Consequências


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Feliz Ano do Fim do Mundo pra vcs!!
Obrigada a todos que mandaram reviews, motivam a escrever!!
Eu queria ter postado ontem, mas minha internet caiu.
Aproveitem o capítulo!



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HELL & CONSEQUENCES

Capítulo 2: Consequências


Foi só quando estava voltando para casa que eu percebi o que estava fazendo. O trajeto de Auburn até Seattle durava meia hora, e quando entrei em meu carro (sim, eu tenho minha própria lata velha), comecei a pensar.


Sair de Massachusetts, no fim das contas, não fora tão difícil. Eu estava recém-saída da faculdade, indo diretamente para outra. Eu tinha 22 anos, e não 28 como agora. Já havia arranjado onde morar, eu tinha meus pais me ajudando, de início. Aliás, agora que eu estava pensando, eu tinha que dar satisfações a outras pessoas, não só aos meus empregadores. Damn it.


Primeiro, eu tinha que avisar meus pais. Eles sempre me apoiaram em todas (ok, quase todas) as decisões que eu tomei, mas essa definitivamente ia deixá-los malucos. Lauren e Robert Foster não estão necessariamente preparados para receber a notícia de que sua filha vai rodar por parte do país, e depois, do mundo (e esse foi outro pensamento assustador que eu teria que revisar mais tarde) junto de brutamontes tatuados.


A outra pessoa que eu devia avisar era Violet, e ela com certeza receberia a notícia melhor que meus pais. Eu dividia um apartamento com ela desde que chegara e Seattle, e ela era uma das melhores pessoas que eu já conheci. Aliás, foi graças a ela que comecei a gostar de Slipknot. Ela tinha 34 anos e dava aula de Inglês para uma escola de Ensino Fundamental em Seattle; seus cabelos eram originalmente loiros, mas quando ela tinha lá seus dezoito anos ela resolveu pintá-los de roxo, como ela me contou. Hoje, eles estavam descoloridos de loiro novamente. Violet passara a adolescência ouvindo rock e quando fez dezoito anos resolveu que queria curtir a vida – o que pra ela significava correr atrás de astros do rock.


Eu sempre comentava com ela como essa ideia parecia inconsequente, ao que ela me respondia que ela acabara de entrar na vida adulta e queria ver de tudo o mais rápido o possível. Comecei a me sentir meio mal. Quero dizer, eu estava prestes a fazer o que eu mesma dissera ser loucura. Eu ia largar minha casa, meus empregos para entrar em turnê com uma banda! O quão doentio aquilo era?


Pisei fundo no acelerador, o que fez com que eu me sentisse agindo como uma adolescente descontrolada. Eu não tinha mais 18 anos, caramba! Eu não podia bagunçar minha vida daquele jeito! Eu sabia o que tinha naquelas turnês – festas, álcool, muitas drogas, sexo explícito e coisas do tipo. Não era o tipo de vida que uma adulta devia viver, certo?


No fim das contas, eu cheguei ao apartamento que eu dividia com Violet aos berros, num choro meio descontrolado (isso porque eu NÃO queria parecer uma adolescente). Ela veio e me acudiu, totalmente assustada, e quando eu parei de gritar coisas ininteligíveis, comecei a contar toda a história pra ela. Contei que eu “conseguira” o emprego a certo custo, que era um negócio arriscado e que nem o cara que me contratava acreditava que eu ia aguentar. Por fim, eu admiti que queria desistir.


– Minha nossa, Alexis, isso não é o fim do mundo! Você tem um emprego muito melhor do que os que você tinha, vai ganhar muito mais, vai ser mais feliz! – Violet ralhou comigo – Além disso, é o Slipknot. O SLIPKNOT, CARAMBA! Bem que eu gostaria de largar aquele monte de pirralhos e reviver meus anos na estrada. – ela comentou, mas eu sabia que ela não largaria os aluninhos que ela amava

– Eu sei, mas...

– Nada de “mas”, garota! Escuta, meus anos na estrada foram os melhores anos da minha vida e...

– Você era uma groupie! – eu disse de volta, enraivecida

– Ei, ei! Eu já te disse que eu não era groupie! – ela retrucou, mas parecia querer rir

– Ah, por favor, você dormiu com Duff McKagan! – eu disse, me referindo ao episódio que ela me contara que ela ficara com o baixista do Guns N’ Roses

– Pare com isso, Duff foi o amor da minha vida. Ele foi o meu primeiro. – Violet estava rindo, com os olhos brilhando com a lembrança

– É, e James Hetfield foi o segundo, né? - provoquei

– Chega! Eu persegui o Metallica, mas nunca consegui fisgar o James. Eu também persegui o Aerosmith, mas não dormi com Steven Tyler. Como disse, Duff foi uma exceção. Ponto. Eu não era groupie, eu era . É diferente. – ela suspirou – De qualquer forma, você não pode desistir.

– Mas...

– De novo, nada da “mas”. Olha só. Você vai conhecer gente nova. Vai aprender coisas novas. Vai ver os bastidores de shows... E principalmente, você vai conhecer uma banda incrível.

– Jullian disse que talvez eu nem consiga conhecer os caras.

– Esse Jullian é um babaca. É lógico que você vai conhecer os caras. Agora esqueça esse ataque sem sentido e comece desde já a escolher o que você vai levar pra estrada.


Eu sorri fracamente, e me deixei convencer de que talvez a ideia não fosse tão inconsequente.


Agora era só passar a mão no telefone e convencer meus pais do mesmo.


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Quinta-feira finalmente chegou. Fazia uma semana que eu havia ido a Auburn pra eu conseguir o emprego, e FINALMENTE era quinta-feira. O grande dia. O dia em que eu começaria minha vida em turnê.


Não foi fácil conversar com meus pais, em especial minha mãe, mas no fim, meu pai deu um jeito de convencê-la de que eu já era adulta e me viraria bem sozinha. Com o passar dos dias, eu me dei conta que eu estava me preocupando com coisas demais, ao invés de encarar a perspectiva de que eu CONHECERIA O SLIPKNOT! Bem, depois que isso aconteceu, por outro lado, eu fiquei excessivamente empolgada com a ideia, a ponto de Violet ter que tentar calar a minha boca.


Minha bagagem se resumiu a uma única mala (meio gigante, é verdade) e uma bolsa pequena. Eu estava levando todas as minhas camisetas de banda, meus melhores jeans, alguns pares de all-star, cintos de rebite, blusas confortáveis e, por insistência de Violet, dois pares de saltos e vestidos. Eu não podia exagerar, e minha amiga disse que eu teria que arranjar espaço para o que eu compraria pelo caminho (eu nem quis começar uma discussão sobre como eu não teria tempo pra fazer compras no caminho).


Me olhei no espelho um última vez e pela primeira vez em muito tempo, analisei minha aparência geral: meus cabelos eram negros, às vezes com reflexos castanhos ao sol, cortados em várias camadas até um palmo abaixo dos ombros, partidos de lado, e eu prendia (tentava prender, na verdade) a longa franja que se formava atrás da orelha, embora ela sempre caísse no rosto de qualquer jeito. Um metro e setenta, nem muito baixa, nem muito alta. Curvas nos lugares certos, graças aos anos de Yoga. E, por fim, o que eu mais gostava, meus olhos azuis-violeta, uma cor diferente e especial. Eu estava vestindo uma regata preta com um colete branco por cima, jeans escuros, all-star xadrez. Me maquiei levemente, apenas delineador preto para dar contorno aos olhos e um batom coral. Respirei fundo: eu estava legal. Ia dar tudo certo.


Eu teria que chegar a Auburn às três horas da tarde. O show da banda de Liam começaria às sete e meia da noite, às oito e meia entraria a banda de abertura (que eu ainda não sei quem é) e, depois, às dez da noite, viria o Slipknot. Violet veio comigo até Auburn pra me fazer companhia e também para levar meu carro de volta a Seattle, e a trilha sonora da viagem foi o “All Hope is Gone” (com trocadilho, por favor).


– Boa sorte – disse minha amiga quando finalmente chegamos ao endereço que tinha no papel que Jullian me dera. Era a parte de trás de uma enorme casa de shows, e uma fila absurda já se formara na parte da frente.

– Vou precisar – eu respondi, dando um abraço em Violet. – Ligo assim que puder.

– Vou querer saber de tudo – ela me garantiu, bateu continência de brincadeira e partiu com meu carro.


Acenei até ela desaparecer por uma esquina, respirei fundo e andei até um lugar onde alguns ônibus e uma grande quantidade de gente pra lá e pra cá. Eu procurei Jullian com os olhos, mas não o encontrei. Já estava pensando em ligar para o número que ele me passara há uma semana quando ouvi uma voz atrás de mim.


– Hey! Você é a nova roadie? Alexis alguma coisa?

– Foster – eu respondi – Alexis Foster. Sim, sou eu. – o cara que havia me chamado tinha quase um metro e oitenta, cabelos castanho-arruivados despenteados, olhos castanhos claros e um sorriso arrasa-quarteirão. Devia ter mais ou menos a minha idade, ou um pouco mais velho. Ele me olhou de cima a baixo e soltou um assovio baixo

– Wow, Jullian não disse que dessa vez ele tinha contratado alguém bonito. – eu me senti vagamente lisonjeada com o elogio, mas o achei um pouco barato. Cruzei os braços e levantei levemente o queixo, em posição de ataque/defesa social

– E você é...? – perguntei, com certo deboche

– Mason Cooper. Gerente de produção.

– Pensei que Jullian fosse isso.

– Nah, Jullian é gerente de turnê. Ele cuida da burocracia, eu coloco a mão na massa. Vamos andando. Aqui, você vai precisar disso se quiser entrar – Mason me entregou um crachá pendurado num cordão de fita vermelha. Eu analisei o crachá: ele tinha o logo do Slipknot, meu nome rabiscado logo embaixo, e “ROADIE” em letras maiúsculas. Sorri. – Você deu azar. Os caras acabaram a passagem de som há uns vinte minutos, eles estão pegando fogo. Talvez você encontre algum deles por aí agora, mas é bem provável que não. Mas seria melhor se você conhecesse todos eles hoje...

– Por quê? – estranhei. Observei as pessoas ao meu redor, andando de um lado para o outro num imenso corredor cheio de portas

– Porque você dificilmente vai conseguir estar tão bem arrumada nos outros shows quanto hoje. Sem ofensas, mas nós não temos tempo pra muita coisa. Você principalmente – ele ficou sério – Como novata e inexperiente, vão pegar no seu pé. Vão te deixar sem nada pra fazer, para te deixar parecendo preguiçosa, ou vão te jogar milhões de tarefas, para você parecer desorganizada. Oito ou oitenta. De qualquer jeito, o objetivo aqui é ver se você consegue dar conta do recado. Jullian já deve ter dito que dificilmente você...

– Vou conhecer a banda até o fim da turnê aqui no país? Sim, ele disse. – eu completei em tom de lamento

– Tsc. Ele exagera, acredite. Hoje, por exemplo, é realmente improvável que você conheça de fato algum deles, mas amanhã ou domingo talvez você tenha uma chance. Eu mesmo só os conheci depois de dois ou três shows. Hoje você vai mais aprender do que tudo. Quero dizer, depende de você e da velocidade com que você capta as informações. – disse Mason rapidamente. Percebi que ele tentava me ajudar e, ao mesmo tempo, deixar as coisas na minha mão. Gostei disso.

– Ok, então por onde eu começo?

– Pelo fato mais básico de todos: você saberia reconhecer TODOS os caras do Slipknot sem máscara?


Eu fiquei em silêncio. Oh, shit! Eu devia ter tido o cuidado de pesquisar isso! Era só ter assistido um DVD, ou jogado no Google...


– Não. – respondi, derrotada.

– Ora – Mason riu – Isso vai ser divertido. Nenhum deles?

– Não, quero dizer, e sei o rosto do Corey, o James... O... Eeeer – revirei a memória.... O Joey e... O Clown.

– Já é um começo. Isso nos deixa com Sid, Paul, Chris, Craig e Mick pra te deixarem surpresa. Não se preocupe.


Mason abriu uma porta e nós subimos uma escada que dava acesso ao corredor atrás do palco. Uma série de pessoas trabalhava ali.


– Pra você se localizar... Por alto, nós nos dividimos assim: segurança, iluminação, projetistas de palco, técnicos em som, técnicos pros instrumentos, e assistência à banda. Na segurança, trabalham umas trinta pessoas, mais as pessoas contratados pelo local onde a banda toca. – ele me apontou uns caras com dois metros de altura, musculosos e fortes

– Certo.

– Por aqui – Mason me indicou outro caminho – Ali – ele apontou para um local alto – trabalham os caras da iluminação e os projetistas de palco. São os malucos que fazem esse palco ficar lindo assim. Umas vinte e duas pessoas, se juntar as duas equipes. Ah, olha ali, ele ali é Stan Hall, o engenheiro de som. O assistente dele não está aqui agora. À noite eu te indico os técnicos de som.

– Tudo bem... – eu estava maravilhada demais pra falar mais que isso

– Virando aqui, você tem onde você vai trabalhar. Sua equipe tem umas dez pessoas. Ali, ali e ali – ele me apontou três salas – é onde os caras se arrumam. É seu dever manter tudo ali, certinho. Roupas e máscaras separadas, maquiagem num lugar acessível. Daqui a pouco eu vou te entregar uma cópia do contrato e você pode conferir se todos os itens exigidos estão ali. Se não, me ligue, e eu já te dou meu número, e eu te passo para conversar com um superior. Ali – ele me apontou salas ao fim do corredor – é onde eu fico. Eu transporto instrumentos e cuido da bateria do Joey.

– Legal.

– Mais do que você pensa. É uma parafernália incrível. Bem, Miss Alexis – ele brincou – acaba o tour. Quero dizer, o tour pelo backstage. Porque para você, o tour está prestes a começar, a não é mesmo?

– Claro. E que dure muito – eu disse, com um tom otimista.

– Então é melhor começar agora. Vem, seu caminho é o mesmo que o meu – Mason disse

– Hey, Mason – eu queria perguntar algo que eu tinha reparado, enquanto andávamos quase correndo – Não tem muitas garotas por aqui, não é? – disse, olhando para os lugares enquanto procurava uma figura feminina

– Há, é verdade. Tem umas três no som, algumas na segurança, uma trabalha comigo e umas três estão na sua equipe. Mas nós não vimos nenhuma até agora, então você só vai conhecê-las mais tarde.

– Ah, veja, tinha uma ali atrás – comentei, apontando discretamente para o corredor que havíamos acabo de passar e onde eu tinha visto uma figura feminina baixa de cabelos compridos encostada na parede. Mason me lançou um olhar estranho e começou a andar de costas, voltando um pedaço do caminho. Ele pareceu observar por alguns instantes antes de cair na gargalhada.

– Chegue aqui, Alexis – ele chamou, e eu fui, cautelosamente. Ele me apontou a figura que eu me referira anteriormente, e no momento em que a pessoa se virou em nossa direção, eu percebi o erro que tinha cometido – Aquela “garota” ali é o Joey Jordison. E – ele riu novamente – acho melhor você não confundi-lo com uma garota novamente.


Enquanto Mason ria sem se conter, eu me limitei a corar e observar o menor baterista do showbizz andar na direção oposta à que estávamos, dando graças porque eu não dito aquela gafe na frente de muita gente, chegando à conclusão de que seria uma longa jornada até eu saber se aquele emprego era (ou não) meu.


E uma certeza: eu teria que trabalhar MUITO.



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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Ele é um pouco grande, mas é porque é a introdução da história de fato. Eu ia dividir em dois, mas aí, eu queria colocar logo a banda!
Próximos capítulos: shows e conhecendo os caras da banda! (provavelmente vou dividir em dois capítulos)
se virem algum erro, me avisem
reviews??