Maria, Where Did You Go? escrita por Ldebigode


Capítulo 2
Coffee and cigarrettes


Notas iniciais do capítulo

Particularmente, eu adorei esse capítulo. Aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184166/chapter/2

Levantei quando a música acabou e olhei pela janela. Ainda não eram nem 13h, era segunda-feira e eu estava de férias, com mais três semanas pela frente. Era fim de Julho, e meu aniversário de 18 anos seria dali a pouco mais de duas semanas. Eu estava animada, finalmente poderia mexer no dinheiro da minha conta no banco. Minha mãe dizia que só poderia mexer quando completasse 18.

E poderia sair de casa. Sair daquele inferno, finalmente.

Resolvi sair pra esticar as pernas. Era verão, mas estava frio. Coloquei uma jaqueta de couro, jeans, botas ugg pretas e um cachecol vermelho. Peguei o livro Harry Potter e o Cálice de Fogo, era um dos poucos livros que eu realmente gostava. Acho que gostaria de conhecer J. K. Rowling algum dia. Peguei meu celular, uma caixa de cigarros e um esqueiro e saí pela cozinha. Minha mãe já tinha ido trabalhar e John estava no andar de cima com a babá.

Los Angeles não era mais a mesma depois de 6 anos. Haviam mais carros, mais gente e muito menos amor. É, eu reparo nisso. As pessoas não falam mais "desculpa", "bom dia" ou "obrigado". É horrível viver em um lugar assim.

Fui andando para uma cafeteria a duas quadras do meu prédio, eu sempre ia lá para ficar sozinha, pensar ou ler. A rua estava mais movimentada hoje, tinha muita gente correndo. É, era segunda-feira, dia da ressaca e do mal-humor. O vento frio bateu contra meu rosto, bagunçando meu cabelo e me fazendo apertar os olhos.

Eu já não estava enxergando bem por causa daquele maldito vento, e as pessoas passavam por mim me esbarrando, como se eu não estivesse ali. Até que um cara meio estranho de jeans e casaco bege passou por mim e me derrubou.

– Aí, não olha por onde anda não? - ele disse, olhando pra mim no chão, como se eu fosse um nada.

– Desculpa, afinal a rua é toda sua né. - falei, ironicamente e com raiva.

Me abaixei pra pegar meu livro e meu celular, que caíram no chão. Levantei o rosto e ele estava voltando. "Pronto, vou levar um esporro", pensei.

– Desculpa, deixa eu te ajudar... - ele disse, me dando a mão e me ajudando a levantar.

Eu não olhei pra ele. Só segui meu caminho.

– Qual o seu nome? - ele perguntou, vindo atrás de mim.

– Maria.

Fiquei tentada a perguntar o nome dele, mas fiquei quieta.

– Sou Billie Joe.

Aí eu congelei e olhei pra cara dele. Oh meu Deus, era Billie Joe Armstrong!

– Ei, você não é o cara daquela banda Green Day? - perguntei, contendo os gritos histéricos que eu teria dado.

– É, sou eu. Prazer - ele estendeu a mão e me cumprimentou - Seu cabelo, é pintado?

Cheguei a ficar com pena. Vi que ele estava tentando puxar assunto de verdade.

– É sim.

Enrolei as pontas cor-de-rosa do meu cabelo no dedo, como fazia quando estava nervosa ou envergonhada.

(Essa >>aqui<< é a Maria )

Continuei caminhando, faltavam poucos metros para chegar na cafeteria. Billie Joe foi andando ao meu lado, mas não falamos nada.

– Boa tarde, Maria! - disse Dan, um dos funcionários da cafeteria, que já era meu amigo.

– Oi, Dan - falei, indo pro balcão.

– O de sempre?

– É.

Ele se virou para fazer meu café, mas percebi que ele ficou tentado a perguntar quem estava comigo.

– Hm, quem é seu amigo?

– Ér... Billie, Dan, Dan, Billie.

Eles se cumprimentaram, mas não falaram nada. Acho que os homens são o tipo de criatura mais estranha que existe.

Fui para a mesa mais afastada do resto da gente na cafeteria, sentei, e abri meu livro. Billie sentou na cadeira na minha frente. O silêncio tomava conta da cafeteria naquela hora. O único barulho era o do café caindo pela cafeteira nos copos.

– Então... Quantos anos tem? - perguntou Billie.

– 17 - falei - mas meu aniversário é semana que vem.

Novamente o silêncio tomou conta daquela mesa. Eu queria puxar assunto mas sabia que acabaria falando besteira. Tive uma súbita vontade de fumar, então me levantei e saí da cafeteria, me sentando no banco do lado de fora.

– Por que saiu? - disse Billie.

– Vim fumar.

– Posso ficar aqui?

– Se não se importar em ficar ao lado de alguém que fuma... Pode.

Ele se sentou do meu lado, e ficou olhando pro nada. Dei uma tragada no cigarro, extremamente exagerada e com vontade.

– O que você faria se... - falei. No meio da frase desisti de fazer a pergunta, mas não dava mais tempo - O que você faria se tivesse a oportunidade de mudar tudo?

– Como assim?

– Sabe... Se sua vida fosse muito fodida... E você fosse completar 18 anos... E tivesse a oportunidade de, sei lá, nascer de novo... Você mudaria sua vida?

– Acho que sim. Mas por que, exatamente, você tá me perguntando isso?

O vento soprou mais forte contra nossos rostos, e apertamos os olhos.

– Porque... Eu sou a pessoa mais fodida que eu conheço. E agora eu tenho a oportunidade de mudar tudo, sair de casa, finalmente viver por mim mesma.

– Não acho que você vá se arrepender. Só... Tome cuidado, nessa idade a gente sempre pensa que sabe mais do que os adultos, do que nossos pais... E muitas vezes não é verdade.

Dei mais uma tragada no cigarro. Ri do comentário de Billie, ele não me conhecia.

– Sabe, aquela garota que apanhou do pai desde pequena, que sempre foi largada pela mãe, sempre teve que se virar, e tudo o que ela fazia era sempre "besteira"? - falei, brincando com o cigarro entre os dedos - Eu cansei de ser essa garota.

– Então não tenha medo de mudar - ele disse, olhando pra baixo.

Eu ia falar alguma coisa, mas a voz sumiu na minha garganta. Eu apenas levantei e me virei para ir pra casa.

– Pelo menos... Me diz onde você mora? - perguntou Billie.

– Hã... Rua principal, um prédio cinza no fim da rua, número... hm... 93 e apartamento 607.

– Obrigado – ele disse sorrindo e acenando de longe.

E naquele momento eu juro que me senti infinita (N/A: é, eu tirei isso do livro “Vantagens de ser invisível”, desculpa a falta de criatividade, mas eu precisava de um fim razoável)



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Maria é inspirada em uma pessoa muito querida, e vocês ficariam surpresos se descobrissem... Lol.
Enfim, mereço reviews? :>
beijos, L