A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 8
Capítulo 7 - Como as coisas funcionam...


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que tenho leitores fantasmas, porque os reviews estão escassos... Mas de qualquer maneira, divirtam-se seres espectroplásmiscos.



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Meu quarto era mais deprimente que minha situação, se é que isso era possível. Era grande, mas horrível. O papel de parede que antes devia ser limpo, em um lindo tom de bege agora tinha descascado e se dobrado, expondo as paredes negras e putrefatas de pedra e todo o mofo por baixo dele. Minhas caixas já estavam lá, assegurando que aquele era um lugar fixo para mim. Sem volta. Sem reembolso. Sem vida. Simplesmente desabei no chão e comecei a chorar desesperadamente, gritando, a cabeça apoiada no carpete branco e peludo, que apesar de sujo era surpreendentemente macio. Deixei que minhas lágrimas lavassem o carpete empoeirado. Caçadora eu tinha derrubado quando caíra, e caíra sobre as quatro patas, velando meu choro, assim como os dois Huskis Siberianos do lado de fora das minhas portas. Mais lágrimas amargas castigaram meu rosto e deixaram meu nariz vermelho e o peito cheio de catarro. Nojento.

Forcei a mim mesma a me levantar e abri a porta do banheiro, esperando mais desgraça e baratas andando pelo chão. No banheiro pelo menos Klaus havia sido cuidadoso, limpando tudo e estocando coisas úteis como materiais de limpeza, papel higiênico, esponjas, sabonetes e toalhas de rosto, no armário sob a pia. A banheira e a privada estavam limpas. “Pelo menos isso, Pensei, Se as coisas complicarem, se é que isso é possível, posso dormir na banheira”. Peguei um rolo de papel higiênico e voltei para o quarto. Procurei forças dentro de mim para desempacotar, mas não havia móveis no quarto.

-Ótimo. Klaus me deu um buraco com banheiro.                                                        

Eu sabia que se tia Alice e tia Rose estivessem ali, elas iam ficar animadas em me levar para comprar móveis, inclusive um não tão bonito para o tio Emmett “inaugurar” o quarto. Tio Jasper ia me fazer sentir tranquila e meu avô me explicaria gentil e lentamente que o que Scott fez não seria problema no futuro, apesar de nós dois sabermos o contrário. Vovó faria uma refeição perfeita, brindando-me com sorrisos, mamãe acariciaria meus cabelos dizendo palavras doces enquanto papai abraçaria a nós duas, nos protegendo de tudo.

Mas nenhuma deles estava ali. Nenhum dos oito estava, e aquela era uma realidade dura de encarar. Será que um dia eu voltaria a vê-los? E Jake? A falta de sua presença pesava sobre mim a cada respiração, simplesmente porque meu pulmão não via razão de se encher para nada que não sentir seu cheiro e meu coração estava duro, rígido, sem vontade de bater sozinho, cantar a sua bela canção. Suspirei cansada, derramando mais uma ou duas lágrimas, sentando no chão, refugiando meu rosto nas mãos.  Ouvi uma batida na porta e me assustei, pegando Caçadora e a abraçando.

-Quem está ai?

Chamei com uma lágrima ainda escorrendo. “Por favor, Jake, seja você. Diga que foi só uma brincadeira. Por favor... Não seja Scott, ou Klaus, nem mesmo Elijah... Por favor, Jake, seja você.”

-Comitê de boas vindas!

Disse uma voz feminina animada com um típico sotaque sulista. Infelizmente, eu não a conhecia. Jake.

-Está aberta.

Eu disse chorosa, vendo a chave que jogara ao chão. A porta se abriu levemente e um rosto apareceu no pequeno vão. Cabelos castanhos lisos escorriam até a maçaneta, emoldurando um rosto perfeitamente oval. Lábios cor-de-rosa ostentavam um sorriso que não chegava aos olhos castanha-avelã.

-Podemos entrar?

Fiz que sim, fungando, tentando ao máximo me recompor. Ao todo 5 garotas entraram no meu quarto, contando a da porta. A segunda era mais baixa e de pele clara, com sardas ao redor do nariz e nas maçãs do rosto. Falando no rosto, era em formato de coração, com lindos cachos ruivos ao seu redor. Seu olhar era alegre, mas eu podia ver os traços de tristeza e cansaço que já haviam povoado o rosto jovem. A terceira era mais alta e loura, de olhos castanhos também. Ela tinha um sorriso simpático que repuxava os cantos dos olhos do mesmo jeito que Jake fazia. A quarta também era loura, mas não tão alta, e tinha quase tudo para ser californiana. Cabelos louros perfeitos, um corpo magro, as bochechas coradas eram bem definidas, assim como os carnudos lábios rosados. Só lhe faltava um bom bronzeado para que se extinguissem as dúvidas quanto à sua “Californialisse.”

A última rendeu-me um grande susto. Por um breve segundo, tive certeza que era tia Alice que passava pela porta diante dos meus olhos e que ela ia me ajudar a fugir daquele lugar horrível. Mas assim que pisquei os olhos percebi que seus olhos não eram dourados, eram de um lindo tom de verde-água. O nariz pequeno e maçãs do rosto altas também não lembravam em nada a minha baixinha preferida. O cabelo, porém, era exatamente igual, repicado na mesma altura, com a mesma cor. Senti um aperto no coração ao desistir da minha esperança tão rápido, mas não deixei transparecer.

-Eu sou Elena – Disse a primeira garota – Essa é Bonnie.

A menina ruiva se ajoelhou ao meu lado, pegou um pedaço de papel higiênico e secou minhas lágrimas, e beijando minhas testa com tanta ternura no olhar quanto mamãe teria.

-Há muitos motivos para chorar por aqui, mas estar aqui em si não é um deles.

Não soube o que dizer e respirei fundo, sentindo seu cheiro. Não era mestiça como eu e Elijah e todas as meninas presentes na sala. Era algo completamente diferente do que qualquer coisa que já havia sentido na vida. Era humana, sim, mas não completamente, e ela não era transfiguradora... A outra metade cheirava a... Pinho, velas aromáticas e grama recém-cortada... Não... Mais do que isso... Algo místico e ao mesmo tempo... Selvagem.

-Bonnie, deixe a menina chorar. Faz bem para a alma – Disse a loura de olhos claros puxando Bonnie para cima – Sou Caroline.

Apresentou-se com um grande sorriso branco, pousando a mão sobre o peito em um gesto teatral. Sorri levemente, mas o sorriso não vingou. A outra loura, de olhos castanhos escuros – Mogno – deu um passo a frente lançando um olhar irritado para Caroline, estendendo a mão para me ajudar a levantar.

-Sou Meredith – Ela apresentou-se, mais modestamente. Aceitei sua mão e levantei – E esta é Rose.

Disse apontando para a menina-tia-Alice. Olhe só, que ironia! Rose. Só me faltava essa.

-Posso me apresentar sozinha Meredith – Ela disse lançando um olhar irritado à amiga com um assustadoramente forte sotaque britânico que eu realmente não esperava. Ofereceu a mão para me cumprimentar – Rose-Marie.

-Nessie.

Respondi, aceitando sua mão e apertando-a. Olhei para as outras meninas que já haviam penetrado no meu quarto e estavam olhando ao redor como eu fizera minutos atrás. Bonnie fuxicava uma caixa e Caroline outra. Meredith e Elena mexiam no papel de parede descascado.

-Faz mesmo tempo que Megan já se foi. E Klaus não deu o 09 para mais ninguém desde então...

Disse Rose, parecendo no mundo da lua.

-O que aconteceu com ela?

Perguntei. Bonnie não hesitou nem levantou os olhos da caixa para responder.

-Klaus a matou.

Disse com a maior naturalidade.

-Como sempre.

Acrescentou Caroline, olhando interessada para uma camiseta que Alice tinha mandado fazer em um esforço para trazer nossos jogos de baseball ao mundo da moda. Era branca com listras roxas. Na frente estavam impressas as palavras “The Cullens Team” e atrás “Nessie – 11”. 11 sempre fora o meu número da sorte. Meus olhos se encheram de lágrimas ao lembrar o entusiasmo que tinha demonstrado ao ver meu número da sorte no meu uniforme.

-Klaus... – Disse, fungando – Mata com muita freqüência?

-O tempo todo.

Respondeu Caroline perdendo o interessa e colocando a camiseta de volta na caixa.

-Por quê?

-Ele é simplesmente sádico – Disse Elena, com asco na voz –Se você não segue as suas regras, ele te mata. Simples.

-Como em Jogos Mortais?

-Basicamente – Respondeu Rose se juntando às meninas para fuxicar toda a vida que tinha tido em Forks toda guardada em caixas de papelão reciclável – E contar segredos é o que coloca Mortais em Jogos.

-Segredos?

Perguntei sentindo o estômago revirar vazio.

-Uma tentativa de fuga, uma gravidez indesejada, uma briga, geralmente é isso ou...

Explicou Meredith.

-O Segredo.

Acrescentou Elena.

-Qual o segredo?

Perguntei.

-Nós.

Respondeu Meredith, curta e rápida.

-E porque exatamente, somos segredos?

Elena deu de ombros.

-Aqui é uma mina de sobrenaturalidades. Mestiços, Vampiros, transfiguradores, lobisomens, bruxas, todos jovens e prontos para seguir Klaus para ficarem vivos. Se os Volturi descobrisse que existimos, alguém que rima com Iaus iria perder a cabeça. Por isso não temos contato com o mundo exterior, por isso somos seqüestradas. Para não contarmos o segredo dele.

Fiz que sim, engolindo tudo devagar. Tudo ali era envolvido em alguma espécie de teoria da conspiração em que Klaus era o chefe de tudo, ou melhor o Professor era o chefe de tudo.

-Ainda não entendi porque ele quer nos matar.

-Você viu a inscrição em latim na frente da casa? – Perguntou Bonnie olhando pela minha janela suja e cheia de poeira. Suspirei fazendo que sim. Minha janela... – É latim para Três podem guardar um segredo se um deles estiver morto. É claro, não é uma tradução livre, mas... É o lema de Klaus. Benjamim Franklin disse isso uma vez.

As palavras do meu sonho. As exatas palavras do que eu disse entre as colunas de fogo no pior pesadelo que já tive na vida. De repente ficou difícil respirar, mas nenhuma delas pareceu notar.

-Ah, Benji... O amante mais quente que uma mestiça poderia ter... – Suspirou Rose. Isso era brincadeira, certo? – Então, - ela disse, finalmente parecendo voltar para a órbita do planeta, mudando drasticamente de assunto. – Com certeza vai querer ajuda para arrumar essa bagunça não é?

-Arrumar o que? Não tenho nem móveis para desencaixotar tudo isso!

-Klaus manda Scott comprar móveis de tempos em tempos. E se nós quisermos um quarto legal, nós mesmos temos que por a mão na massa.

Explicou Elena. Pensei um pouco, as coisas já estavam melhorando. Não teria que morar naquele quarto horrível e a companhia não era das piores como imaginei.

-Arrumar tudo parece ser uma boa ideia.

-Legal!

Exclamou Bonnie sorrindo.

-Que tal eu ir arrumar braços fortes e másculos para trazer os móveis para cima?

Perguntou Caroline abrindo mais um de seus sorrisos californianos animados. Pelo jeito nem todo o desastre que Klaus proporcionava a todos conseguia aplacar a animação que ela trazia dentro daquele peito. Meredith revirou os olhos antes de responder.

-Você só quer ir embora e encontrar seu namorado.

-Não é... – Começou a defender-se, mas pelo jeito era verdade – Só por Matt. Ia convidar você para chamar Miles também. E eu nem tive tempo de dar comida ao Chad hoje de manhã! O coitadinho deve estar morto de fome! E você sabe com os Dogues Alemães ficam depressivos fácil, fácil.

Rose colocou a mão no meu ombro.

-Caroline é desagradável por natureza, não é nada pessoal, querida, não se sinta ofendida.

Fiz que sim, sorrindo.

-Ok Caroline, você fica ou vai?

Caroline pesou a cabeça de um lado para o outro, fez uma careta revirando os olhos e gemeu.

-Eu fico. Mas se meu cachorro ficar depressivo vai ser culpa de vocês.

-Tecnicamente, ele ficaria deprimido. Depressivo é quem tem tendência a se deprimir.

Disse Meredith sorrindo. Caroline mostrou a língua em resposta e eu sorri. Havia diante de mim 5 pessoas que estavam determinadas a me ajudar e apesar de todas as desgraças que haviam acontecido comigo nas últimas 24 horas, sorri sinceramente porque nem tudo estava perdido. Eu não estava tão sozinha quanto pensara, afinal!


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