A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 29
Capítulo 28 - Sirene


Notas iniciais do capítulo

Agora as coisas estão REALMENTE esquentando!



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Niklaus

            -Meu senhor...

            Disse a voz de Greta, materializando-se na sala através de fumaça negra. Virei-me para recebê-la. Estava especialmente elegante naquela noite, com o longo vestido de seda dourada com o qual eu a presenteara. Os cabelos negros e intensamente cacheados estavam soltos, formando uma cascata semelhante a uma juba emoldurando-lhe o rosto.

            -Greta.

            Saudei, com um aceno de cabeça. Ela sorriu com os dentes brancos.

            -Meu senhor não parece feliz em me ver. Mas vai ficar quando a sua Greta contar o que ela descobriu.

            Inspirei e expirei levemente, provando do copo de sangue que tinha em mãos.

            -O que descobriu?

            Perguntei, secamente.

            -Há vampiros se aproximando. Um clã inteiro. Vêm diretamente na direção de Platoro. Parecem estar procurando alguém.

            Revirei os olhos e pousei o copo sobre a bancada.

            -E por que é que isso haveria de me fazer feliz, Greta?

            -Ah, meu senhor não me deixou terminar... – Ela se aproximou lentamente e tocou meu queixo com a ponta dos dedos, entreabrindo sedutoramente os lábios fartos – Meu senhor não chegou TÃO longe pensando TÃO pequeno. Ao que me consta, ambas suas cabeças são BEM grandes.

            Ela disse roçando os dedos pelo meu membro, na tentativa falha de deixá-lo rijo. Olhe quem apareceu para brincar, Nik...

            -O que sugere que eu faça?

            -Bem... Existem duas alternativas... –Ela passou a língua nos carnudos lábios, umedecendo-os lentamente antes de continuar. –Você pode ou não correr riscos, isso só depende do senhor.

            Minhas mãos fecharam-se em punhos. Acalme-se Nik. Você não vai mudar o mundo hoje...

            -Você sabe que prefiro nunca correr riscos.

            -Então – Ela disse se aproximando e roçando os lábios pela minha bochecha até cegar ao meu ouvido, sussurrou – Suma.

            -Sumir?

            Ponderei. Ela assentiu.

            -A alternativa seria deixá-los ver a força de seu exército e levar a notícia aos seus difamadores. Mas já que o senhor é sensato, suma. Pegue todos os híbridos, bruxas, lobisomens, vampiros, transfiguradores, sua Greta e suma. Posso fazer com que a Casa pareça abandonada. Com sorte a notícia também chegará aos seus difamadores. Não há Niklaus no Colorado. Porém retornaremos mais fortes e unidos, prontos para eles. E quando a hora chegar, nem verão o que os atingiu quando formos lutar por tudo o que buscamos por todos esses anos.

            Sorri, satisfeito. A mentira que eu contara a Greta constantemente vinha a calhar frequentemente. Garota idiota. Acreditava seriamente que um ser como eu era capaz de amar. Seriamente pensava que Niklaus, filho de Mikael, era capaz de sentir. Diga que me ama, Nik.

            -Meu senhor está feliz?

            Greta perguntou, piscando os olhos cor-de-mel. A cor errada.

            -Muito feliz.

            Concordei sussurrando. Por baixo da seda dourada, podia sentir o mamilo que ela pressionava contra o meu corpo endurecer. Pequeno demais. O tamanho errado.

            -E meu senhor vai me recompensar?

            Perguntou passando os lábios pela minha bochecha, traçando uma linha até minha boca. A sensação errada. O gosto errado dos lábios... O que mais gosta em mim Nik? Tomado pela raiva das lembranças incômodas, beijei-a com volúpia, procurando vazão para as minhas necessidades.

            -Vamos mestre. Entre. Mais forte! Oh, eu te amo TANTO meu senhor!

            Eu te amo, Nik.

            -Eu te amo muito mais.

            Mais que o céu, as estrelas, o mar e a terra. Mais que o universo. Muito mais. Eu te amo, minha doce Angela.

           

            Nessie

           

            -Me surpreenda.

            Eu disse a Jake. Eu revi a moto, a estrada e o borrão das árvores. Revi a nossa praia minúscula. Me vi correndo para o mar. Senti seus braços quentes ao redor da minha cintura. Porém nada aconteceu depois disso. Fomos congelados no tempo, nos olhando um nos olhos do outro. Eu sentia que era mais fácil me afogar nos seus olhos negros profundos do que naquela verde água marinha. Não imaginava que suas feições estivessem gravadas com tanto cuidado na minha mente. Durante o dia, eu ainda me apavorava por não conseguir me lembrar do seu rosto por inteiro.

            -Eu amo você – Tentei dizer a ele, mas ele não se moveu. – V-v-você me ouviu? Eu disse que amo você...

            Ele ainda parecia estar congelado no tempo. Raivosa, bati em seu peito, esperando alguma reação. Ele finalmente abriu a boca, mas de dentro dela só saiu um som ensurdecedor de sirene.

           

            -Mamãe!

            Chamava Lizzie, chorando na escuridão. A sirene da Casa soava, alta e desafinada. Talvez mais alta e desafinada do que nunca. Lizzie estava encolhida na cama contra a parede, abraçada a Boi, que latia para o nada, sobressaltado. Sentei-me e levantei-me, tropeçando, confusa. Todo aquele barulho fazia o mundo ao redor parecer feito de gelatina, como outro sonho.

            -O que está acontecendo?!

            Lizzie perguntou aos berros e aos prantos, pressionando os ouvidos e escondendo o rosto no pêlo marrom de Boi, que gania, ainda rosnando para o nada, pronto para defender a dona do inimigo invisível até a morte. Com uma pontada de dor no peito, fui até ela e a peguei no colo, aninhando-a contra o peito. Ela passou os braços ao redor do meu pescoço, enrolou as pernas ao redor da minha cintura e escondeu o rosto entre meu pescoço e meu ombro.

            -Alguém deve ter tentado fugir de novo. – Eu disse tentando acalmá-la, mas ela continuava a chorar – Shhhh Liz... Vamos lá para baixo. Vai ficar tudo bem.

            Eu disse, tentando convencer mais a mim mesma do que a ela. Saímos do quarto tateando no escuro para encontrar a escada. Boi latiu para o escuro e Lizzie levantou a cabeça e soltou meu pescoço, esticando-se em outra direção.

            -Elijah!

            Ela chamou, agoniada. No segundo seguinte, Elijah surgiu na escuridão, apenas meio iluminado pela luz do luar que vinha da grande janela do segundo andar. Ele pegou Lizzie e deixou que ela chorasse em seu peito nu. Na pressa, ele parecia ter se esquecido de por uma camiseta, deixando as cicatrizes e manchas roxas e amarelas de hematomas velhos e novos à mostra. Ele pegou minha mão que suava e eu instantaneamente me senti mais segura.

            -Vamos lá para baixo. Cuidado com as escadas.

            Ele me alertou, com uma imitação de calma muito mais convincente do que a minha. Lizzie aos poucos parou de chorar e ficou quieta em seus braços. Boi nos seguia, ainda incomodado com o som da sirene, mas aliviado por estar em movimento.

            No Hall, os vultos e murmúrios eram mais numerosos e quase se sobrepunham ao barulho da sirene irritante e ensurdecedora. Já lá fora, me senti aliviada ao sentir o ar fresco da noite entrar em meus pulmões. Lizzie voltou para o meu colo e me sentei na grama, acariciando sua cabeça para acalmá-la.

            -Não gosto dessa sirene. Não gosto nem um pouco. – Ela disse trêmula – Porque ela não para NUNCA?

            Perguntou, gemendo, e tapando os ouvidos.

            -Já vai parar querida, prometo.

            Respondi, baixando suas mãozinhas e beijando sua testa. A verdade é que eu também estava muito incomodada com aquela sirene. Sempre que ela soava, alguém morria, e isso já não me dava uma boa impressão sobre ela. Mas dessa vez era diferente. Eu não sentia como se ela fosse fúnebre. Com o volume mais elevado, era como se risse de nós.

            -Nessie, Lizzie, você estão bem? - Perguntou Jenna, surgindo do meio da multidão. Fiz que sim. – Porque ela está chorando?

            Jenna perguntou se ajoelhando ao nosso lado. Lizzie gemeu e tirou o rosto escondido em meu ombro, olhando para Jenna tristemente.

            -Essa sirene está tão alta! E ela nunca para, Jenna!

            Ela voltou a debulhar-se em lágrimas, e Jenna puxou-a para o seu colo.

            -Shhh... Shhhh, pronto...

            Deixando Lizzie com Jenna, levantei-me e virei-me para Elijah que nos observava de cima com os braços cruzados como um guarda-costas. Seus olhos se apiedaram de mim ao ver que eu parecia tão fragilizada quanto Lizzie. Ignorando os sussurros sobre suas costas flageladas, ele abriu os braços para mim e me apertou quando aceitei seu abraço.

            -Quem você acha que vai morrer? A sirene nunca foi tão alta...

            -Se tivermos sorte, será Scott.

            Ele sussurrou com um sorriso.

            -Não teríamos tanta sorte.

            Eu disse sorrindo também.

            -Tem razão – Ele disse suspirando. – Qual o problema? –Ele perguntou de repente – Você parece mais nervosa de que Lizzie. Céus,você está tremendo.

            Percebi que ele estava certo. Eu não saberia dizer se era por causa do ar frio da noite ou com a sensação horrível de que algo ia acontecer.

            -Estou bem. – Afirmei mais para mim mesma do que para ele – Estou bem. Tudo bem.   

            Ainda assim, Elijah ajeitou-me de modo que seus braços fortes e nus aquecessem meu corpo. Depois disso Klaus não demorou a aparecer, justamente quando eu estava me convencendo de que tudo ia ficar bem.

            -Olá minhas crianças. Como estão?

            Senti-me seriamente tentada a lhe responder sincera e sarcasticamente, mas algo no jeito que Elijah ficou tenso quando o vampiro apareceu me fez ficar calada. Toquei sua mão, trocando um olhar com ele, pedindo que se acalmasse.

            -Bem, - Disse Klaus, sem ser chamado. Curiosamente, Scott não arrastava ninguém entre as mãos grosseiras. Franzi as sobrancelhas e ouvi o que Klaus tinha a dizer. Algo bom não poderia ser. – Devo tomar isso como um sim? Eu estaria, do lado de fora desse lugar putrefato. Me diga, não ficam fartos desse lugar?

            -Diariamente.

            Sussurrei para Elijah. Ele não esboçou reação alguma, concentrado em Klaus.

            -Porque eu sei que eu estou. – Ninguém respondeu, mas isso não parecia incomodar Klaus – Sinceramente, levante a mão quem está farto desse lugar.

            Todos continuaram no mesmo lugar. Mas eu corajosamente soltei-me dos braços de Elijah, dei um passo a frente e levantei o braço. Klaus riu.

            -Ao menos um de vocês é sincero – Ele me encarou com os olhos vermelhos, virando o rosto levemente para o lado, como fazia nas aulas. Eu imaginava se, no fundo da sua mente doentia, ele estava decidindo como me matar, marcando cada ponto negativo em um placarzinho manchado de sangue atrás de seus olhos – Me diga Renesmee, do que você está mais farta?

            Dei de ombros.

            -Você, para começar.

            Ele riu, como se eu tivesse lhe contado uma das melhores piadas do repertório do tio Em. Scott retorceu-se num sorriso debochado, cruzando os braços, obviamente despindo-me mentalmente.

            -Honestidade é uma virtude, pequena, porém precisa aprender a usá-la. Mas obrigada pela opinião mesmo assim. Continuando...

            Elijah passou os braços pelos meus ombros, cruzando-os sobre meu peito, de um jeito que pareceria linda a quem nos visse, mas que para mim pareceu um pouco homicida, quando ele me puxou para trás com força.

            -O que pensa que está fazendo?

            -Honestidade?

            Disse, dando de ombros.

            -Suicídio.

            Ele disse, parecendo alterado. Coloquei minha mão sobre a sua.

            -Elijah se acalme, por favor. Eu estou bem.

            Assegurei a ele. Ele respirou fundo e a tensão se foi.

            -Eu estava pensando... O que eu posso fazer para fazer meus híbridos mais felizes? – Continuava Klaus. – E então pensei... Porque não viajamos? Ir para longe? Se divertir? Temos uma escola, e escolas fazem excursões. Gosto de pensar que somos uma família, e famílias viajam nas férias... – O silêncio geral continuava – Vamos... – Disse Klaus se animando – Será divertido!

            Dessa vez o silêncio mortal pareceu finalmente incomodá-lo. O rosto mais feliz que eu já tinha visto nele, se foi, ela fechou a cara e apontou para a casa.

            -Vocês têm um dia. À meia noite de hoje vocês voltarão aqui. Cada um tem direito a uma mala – Caroline e muitos outros reclamaram – UMA MALA! E bagagem de mão. Não se preocupem, seus pertences estarão aqui quando voltarem. Dúvidas?

            Jenna se levantou, ainda com Lizzie no colo.

            -Para onde vamos Klaus?

            -É uma... Surpresa, minha cara Jenna.

            Jenna continuou séria e apertou mais Lizzie contra si. Sem sair do abraço de Elijah, ergui um braço. Senti-o ficar rígido atrás de mim.

            -Quanto tempo ficaremos fora?

            Klaus deu de ombros.

            -Até eu dizer para voltar.

            Cerrei os dentes, irritada. Ele podia dar menos informação, não é? De mãos dadas a namorada – sob rumores, noiva – O tio de Tyler, Mason deu um passo a frente parecendo preocupado. Perguntei a mim mesma porque.

            -E nós, Klaus? A Casa é o único lugar seguro para nos transformarmos e os canteiros de Wolfsbane impedem que machuquemos as pessoas.

            Klaus deu de ombros novamente.

            -Nada que correntes com Wolfsbane e círculos com a mesma não resolvam.

            Elijah fechou as mãos em punho.

            -VAI NOS ACORRENTAR COMO A CACHORROS?! – Perguntou Tyler dando um passo a frente, apesar de eu saber que ele jamais acorrentaria um cão. Mason tocou seu braço, pedindo que se acalmasse, mas ele continuou – Não vamos nos sujeitar a isso!

            -Tyler.

            Alertou Mason.

            -Eu não vou!

            Tyler gritou. Klaus permaneceu irredutível, levantando uma única sobrancelha, como se duvidasse do lobisomem.

            -Ah não vai? – Ele virou-se levemente para o lado onde Scott sorria – Porque não conversa com o nosso garoto rebelde?

            Os olhos verdes de Mason escureceram.

            -Não Klaus, não! Ele vai!

            Ele tentou puxar o sobrinho para trás e até Jules pousou uma mão delicada sobre o ombro de Tyler, mas ele os ignorou, soltando-se com uma sacudida.

            -NÃO VOU! Me recuso a ser preso desse jeito! Você me tirou da minha família, dos meus amigos, da minha cidade, da minha vida, e me sujeitou a outra alcatéia! Você cercou meus limites! Deu limites a um LOBISOMEM! Uma criatura naturalmente feita para matar você! – Ele parou, ofegante de tanto gritar. Apertei a mão de Elijah, que parecia desesperado para intervir. Todos se mantinham quietos, esperando ser liberados. Todos ali sabiam como aquela noite acabaria. – Mas não vou quebrar todos os ossos do meu corpo diversas vezes ACORRENTADO em um porão bolorento em qualquer lugar por aí!

            Klaus fez que sim, sem se abalar.

            -Suas críticas são válidas. Scott. Discuta-as com ele.

            Scott, com o sorriso que ostentava na noite em que roubou minha virgindade, avançou. Estremeci. Ele puxou o punho para trás e Tyler vacilou, antecipando o golpe. Mas no ultimo segundo,  Jules colocou-se a frente do sobrinho, recebendo o golpe por ele, caindo no chão.

            -Jules!

            Mason gritou jogando-se ao seu lado no chão. Ela gemeu, desacordada, quando ele a tocou; O sangue escorria em um filete no canto da sua boca e a bochecha já começava a inchar. Tyler ficou olhando atordoado para Jules como se mão acreditasse que ela tivesse mesmo feito aquilo. Percebendo sua vítima distraída, Scott chutou seu estômago e pude ter a certeza de ouvir uma ou duas costelas se quebrando. Tyler caiu e Scott o jogou por cima de um ombro como a um saco de batatas, em uma posição que, falando em termos médicos, não era a ideal para as costelas fraturadas de Tyler. Scott olhou com desprezo para Mason e Jules no chão, cuspindo na direção deles.

            -É o que acontece quando a puta lobisomem se intromete na justiça de Klaus.

            Mason rosnou e eu vi claramente que ele queria atacar Scott. ,as ele desistiu quando a mão de Jules se levantou, fraca, e tocou seu rosto, chamando sua atenção. Ele olhou para ela e vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

            -Mais alguma dúvida?

            Klaus perguntou como se nada tivesse acontecido enquanto Scott carregava Tyler desacordado em seus ombros. Todos se calaram, Klaus sorriu e se foi. Eu, Jenna, Elijah e Isobel fomos para o lado de Jules e Mason.

            -Ela está bem?

            Perguntou Elijah, ajoelhando-se ao lado de Mason. A própria Jules fez que sim.

            -Só está um pouco dolorido, querido.

            Disse com a voz fraca, como se o golpe a tivesse assustado. Mason soltou um gemido infeliz que interpretei como uma risada infeliz.

            -Eu vou pegar gelo antes que inche demais...

            Disse Isobel correndo para dentro da Casa.

            -Scott levou Tyler?

            Perguntou Jules, com a leve voz assustada novamente, olhando em volta, procurando ver seu rosto por ali. Eu fiz que sim.

            -O garoto sabe se cuidar.

            Afirmou Mason.

            -Mas ele é só um garoto, Mason. Ele está assustado...

            -E você acha que eu não estou?

            Ele sussurrou de volta para ela.

            -Você não ouviu uma palavra do que ele disse? Ele sente falta da família e da antiga alcateia - Jules levantou a mão trêmula e pousou-a sobre o braço de Elijah. - Elijah e os cachorros são tudo o que ele tem.

            -Ele tem a nós.

            -Mas não confia em nós. O pai o ensinou que éramos o ramo errado da família. Ele está lidando com isso do melhor jeito que consegue...

            Mason suspirou e levantou os olhos para nós.

            -Desculpem por isso, podem ir.

            Jules acariciou o braço de Elijah maternalmente.

            -Não deixe Scott machucá-lo...

            Elijah fez que sim e se levantou. Distraí-me de Lizzie pedindo a Jenna para tocar Jules, para segui-lo. Alcancei-o e peguei sua mão.

            -Você está bem? - Ele fez que sim e trocou um olhar determinado comigo. Ele soltou minha mão e acelerou na direção que Scott tinha levado Tyler - Aonde você vai?

            -Vá para a Casa Nessie;

            Ele disse sem olhar para mim.

            -Não!

            -Essa luta não é sua.

            -Nem sua. Você sabe que não dá conta de Scott.

            Ele virou-se para mim, com intensidade nos olhos.

            -Ele é meu melhor amigo.

            Eu me calei, vendo que seria inútil. Mas peguei sua mão, mostrando que estava ali. Ele sacudiu a mão e me encarou, raivoso.

            -Eu disse para ir para casa!

            -Você não manda em mim, Mikaelson!

            Nos encaramos, raivosos, por alguns segundos e então ele desistiu, seguindo em frente, sendo seguido por mim. Eu simplesmente não quis acreditar que ele quisera mandar em mim daquele jeito depois de tudo o que passáramos juntos. Ele ainda tinha alguma ilusão de que eu era algum tipo de donzela a ser protegida? Era assim que aquela relação funcionava na opinião dele? Eu era, sim, capaz de tomar conta do meu próprio nariz e ia provar isso a Elijah. Ouvimos Tyler gritar no meio das árvores. Elijah lançou um ultimo olhar para mim para ter certeza de que  eu não tinha desistido e voltado para a "segurança" da Casa.

            Tyler estava estirado no chão, gemendo. Havia sangue e fraturas expostas e internas por toda as parte. Scott parecia estar se divertindo tanto quanto uma criança em uma loja cheia de brinquedos coloridos com botões para teste, pulando para frente e para trás, como em uma animada partida de boxe. Era como se esperasse que Tyler levantasse e oferecesse alguma resistência. O olhar de Tyler nos encontrou e ele pareceu aliviado.

            -Scott - Chamei antes que Elijah tivesse a chance de fazer qualquer coisa. Meu falso-quase-verdadeiro-namorado olhou para mim assustado, como se tivesse me visto ali pela primeira vez. Ele provavelmente não acreditava que eu iria mesmo ajudá-lo. Evitei seu olhar. - Já chega.

            -Já chega?! - Ele perguntou, ainda parecendo animado - Ele ainda não quer ir com a gente. Fique fora disso, bastarda. Você também, filhinho de papai.

            Com isso, ele chutou Tyler novamente, que uivou de dor. Elijah se projetou a frente como se planejasse atacar Scott.

            -Não a chame disso, e JÁ CHEGA.

            -E quem é você para me dizer o que fazer?

            Perguntou Scott, como se insinuasse algo além da expressão. Eu sabia que nada distrairia Scott da sua pancadaria... A não ser... Empurrei Elijah da minha frente e alcancei Scott, cobrindo seus lábios com os meus. Senti um sorriso maldoso tomar conta do seu rosto quando ele retribuiu ferozmente. Seus lábios tinham gosto de sangue, ou seja, me queriam fazer vomitar. Quando achei que já era o bastante, chutei seu membro com força com o joelho. Ele gemeu e se afastou, mas logo se recompôs.

            -Agora dê o fora.

            Mandei, acenando com a cabeça em direção às arvores. Ele sorriu, zombeteiro.

            -Você se supervaloriza demais mamãe...

            Ele disse sumindo. Virei-me para Elijah, que já estava ajoelhado ao lado de Tyler, observando-me com uma expressão ferina.

            -Porque fez isso?

            Perguntou, quando me ajoelhei a sua frente, junto de Tyler.

            -Desculpe, achei que queria que eu salvasse a vida do seu melhor amigo.

            Ele fechou a cara.

            -Eu dava conta dele.

            Eu ri sarcasticamente e passei a mão pelo cabelo suado de Tyler para tirá-lo do rosto.,

            -Tyler, não sou boa em matemática. Quanto é um lobisomem no chão mais um amigo híbrido idiota?

            -Ora...

            Elijah começou, ofendido. Tyler, apesar de suar com a febre que os ferimentos lhe trouxeram, estar com um olhar cansado e moribundo, e os dentes trincados de dor, sorriu com o prazer de irritar o melhor amigo.

            -Dois cadáveres, colega.

            Disse, imitando o sotaque de Elijah. Eu e ele trocamos um olhar. Aparentemente ninguém ia ceder naquela noite.


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