A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 27
Capítulo 26 - Verbena


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se. A coisa tá começando a esquentar. Mais ou menos. Quer dizer... Sei lá.



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Quarta-feira. Pior. Dia. Da. Semana. Quero dizer, qual é o lance com as quartas e quintas-feiras? Quer dizer que não satisfeitos em nos matar na segunda, nos fazer perder a esperança na terça, eles ainda esperam que você agüente firme por mais dois dias além da sexta, o dia que renova todas as nossas esperanças. E como se ainda não bastasse estarmos no meio da semana, desesperados para sair daquela escola o mais cedo possível, Klaus escolheu justo aquele dia, para dar a primeira aula da manhã. Sobrenaturalidades. Tudo o que eu não me importaria de não saber, com o professor que eu não me importaria se caísse morto de repente, me permitindo sair daquele lugar infernal. Mas tudo bem... Quero dizer, eu não estava de mau humor ou nada parecido.

            Bem, a mala estava no meio do meu caminho. Se eu não chutasse, alguém poderia tropeçar nela.

            -Que bicho te mordeu hoje?

            Caroline perguntou, assustada.

            -Qual foi hoje? Não sei por onde começar...

            Respondi, caprichando na simpatia. Ela ergueu as sobrancelhas e virou-se de costas para mim, claramente não disposta a falar comigo. As coisas simplesmente não estavam se encaixando para mim naquele dia, e por alguma razão eu tinha a impressão que as coisas iriam ficar piores. Elijah entrou na sala e foi direto para a carteira atrás de mim, sorrindo como se quarta-feira fosse realmente um dia feliz.

            -Bom dia.

            Ele disse, sentando-se, feliz feito mariposa ao redor de uma lâmpada quentinha.

            -O que tem de bom nele? – Perguntei, mau-humorada. Elijah suspirou e uniu as sobrancelhas. Soltei o ar – Desculpe. Não estou de bom humor hoje.

            -É, isso eu percebi. - Ele disse sorrindo. Deitei a cabeça na sua mesa e ele começou a brincar com meu cabelo. – Ninguém precisa estar bem o tempo todo. Hoje é só o seu dia de cabelo ruim.

            Levantei, puxando meu cabelo para perto.

            -Está dizendo que meu cabelo está sujo?

            Perguntei, na defensiva.

            -Foi um modo de dizer, colega.

            Ele disse, piscando. Klaus entrou na sala, como sempre, interrompendo todas as conversas – e estragando o dia de todos. Ele trazia uma caixa em mãos, cheia de vasos com florezinhas roxas. Eu já vira dessas na floresta ao redor da Casa, mas nunca descobrira de que tipo elas eram.

            -Bom dia, raios de sol!

            Saudou no seu sotaque arcaico. Alguns resmungaram algumas palavras, outros – eu – só pegaram o caderno e o estojo, pousando-os sobre a mesa com irritação. Apesar disso, ele sorriu para nós como se fôssemos a melhor platéia que ele poderia esperar.

            -Espero que estejam animados. Adoro dar essa aula.

            Disse, parecendo mal conter a animação. Ele tirou do bolso um par de luvas – Que eu tinha quase certeza que eram se pele de coelho – E pegou, cuidadosamente um daqueles vasinhos, como se eles fossem explodir a qualquer momento.

            -Verbena. Para os ignorantes, verbana. Para os Anglo-Saxões, Vervain. Alguém já está familiarizado com os efeitos dessa planta?

            Ninguém pareceu entender o que ele quis dizer com “efeitos”, exceto Elijah, que levantou a mão, parecendo tão mau-humorado quanto eu.

            -Ah claro. Devia ter imaginado... Mais alguém? – Novamente sem resposta – Bem, a aula vai ser bem produtiva. Elijah, já que você já sabe este conteúdo, está liberado até o próximo horário.

            Elijah hesitou. Virei-me para ele e toquei sua mão, sorrindo levemente para tranquilizá-lo. Ele alcançou a mala no chão lentamente, sem desviar os olhos de Klaus, como se ele fosse pular de repente e soltar raios lazer pelos olhos. Enquanto se endireitava, ele sussurrou quase inaudivelmente:

            -Não toque a flor.

            Ele arrumou a mochila no ombro antes de sair. Ouvi seus passos ecoarem pelo corredor. Minhas mãos começaram a suar frio. Quais seriam os tais efeitos de tocar a flor?

            -Bem, bem... Continuando... A verbena é essa pequena plantinha de flores roxas. Apesar de ser pequena e parecer insignificante, ela é muito importante para a história mundial. Atualmente, há 250 espécies delas, devidamente descobertas e catalogadas. Eu trouxe comigo duas das mais famosas. A comum, que está na minha mão, e a Supina na caixa. Essas plantas são encontradas na America do Norte, America do Sul e Europa, e são comumente utilizadas como calmante contra o nervosismo, nos distúrbios gastrointestinais relacionados ao estresse, e em síndromes do sono. Ao longo da história, essa plantinha adquiriu aspectos simbólicos, mas extremamente importantes. Na Roma antiga acreditava-se que Verbena era uma erva sagrada, e era usada para esterilizar casas e templos. Os Druidas Celtas também tinha Verbena como uma planta sagrada. Era chamada de “lágrima de Isis” no Egito antigo, e era conhecida também na Grécia antiga. – A história da planta era realmente interessante, mas imaginei onde Klaus queria chegar com aquilo. Quero dizer, com tantas horripilancices que ele costumava gostar de ensinar, porque a aula sobre uma planta antiga o fazia tão radiante? – Há quem acredite que, quando tirado da cruz, o sangue de Jesus foi estancado com Verbena. Ramalhetes delas são usados para a proteção e até mesmo misturado no chá para algumas famílias. Só que a razão disso, se perdeu, junto com grande parte da história vampírica.

            Ele pousou o vaso a minha frente, me atravessando com os olhos vermelhos. Encarei-o de frente, irritada demais para baixar os olhos como sempre fazia.

            -Renesmee, toque a flor, por favor.

            -Não obrigada. Estou bem.

            Eu disse, cruzando os braços. Ele sorriu, como um apresentador de Reality Show que precisa explicar a um participante pela terceira vez que ele irá ganhar uma casa nova.

            -Não é um pedido, querida. Está mais para uma ordem.

            -Você não me ordena.

            Ele tocou meu queixo com a luva. Sabe naqueles desenhos, quando um indiano toca uma flauta e uma cobra começa a rebolar para fora do cesto? Bem, naquele momento, senti como se Klaus fosse o homem, eu a cobra e seus olhos vermelhos a flauta. Era como se uma mão fantasma invadisse meu crânio sem bater antes e se agarrasse ao meu córtex.

            -Toque. A. Flor.

            Ordenou, pausadamente claro. Senti minha mão mover-se na direção da planta. Resisti e puxei minha mão de volta. Minha cabeça doeu horrivelmente, mas ainda assim me recusei a mover a mão. Se Elijah havia me avisado, coisa boa aquilo não era. Porém havia uma parte de mim, que estava realmente curiosa para ver o que acontecia e a mão se aproveitou disso. Quando eu vi, já não tinha o controle da minha mão. Ela agarrou irremediavelmente o caule da planta, abrigando todas as florezinhas sob a minha palma.

            Fogo! Fogo! Fogo! – Gritava minha mente – Solte! Solte! Solte agora! Você PRECISA soltar isso!- Mas a mão na minha mente não dava trégua. Comecei a gritar, assustada, quando vi fumaça subir da minha palma. Aquela coisa maldita estava QUEIMANDO! Klaus fechou os olhos, apreciando meu grito como alguém aprecia um bom vinho envelhecido, pelo qual esperou por 50 anos. Finalmente, ele me liberou. Soltei aquela desgraça imediatamente. Pedaços queimados da minha carne permaneceram grudados a planta.

            -ISSO QUEIMA!

            Gritei para Klaus, acusadora, segurando minha mão contra mim, como se ele viesse reclamá-la para si. Ele apenas sorriu, abrindo os olhos.

            -Ora, eu sei – Ele levantou as mãos cobertas na altura dos olhos e mostrou para todos – É por isso que devemos usar luvas ao lidar com verbena. Obrigada pela lição, Renesmee.

            Rosnei, raivosa.

            -Peguem os cadernos e vamos trabalhar. Próximo assunto: Wolfsbane, também conhecida como Aconitum, monkshood, leopard's bane, women's bane, capacete-do-diabo e foguete azul. Tyler, pode vir aqui na frente, por favor?

            Klaus terminou sua aula precisamente um segundo antes do sinal tocar. Ele nos liberou de deixou a sala. Igualmente sincronizado foi Elijah, entrando na sala um segundo depois do vampiro ir embora. Ele veio direto para a minha carteira, onde Rose já havia chegado para examinar a minha mão carbonizada.

            -Você está bem? Ouvi gritos.

            -Ela agüentou mais que eu.

            Tyler disse, piscando para mim antes de sair da sala.

            -Aguentou o que?

            Mostrei a ele minha mão, fungando.

            -Klaus a compeliu a apertar a flor. Foi horrível. Eu quase vi sair fumaça da cabeça de Klaus. Ele demorou um tempão até convencê-la.

            Ela explicou, em um tom sombrio. Ele pegou minha mão delicadamente, examinando-a.

            -É, isso está bem feio.

            -Obrigada.

            Eu disse, segurando as lágrimas, ainda de mau-humor. Ele me olhou, compreensivo.

            -Vem, eu tenho remédio para queimaduras no meu quarto.

            -Não... – Choraminguei, meio bêbada de dor – Tenho que pegar Liz na sala de música e levá-la até a próxima aula.    

            -Eu faço isso – Rose se ofereceu – Vai cuidar disso aí.

            -Tem certeza? – Perguntei, limpando as lágrimas com a mão sã. Ela fez que sim. – Obrigada Rose. Não sei o que seria de mim sem você.

            Ela piscou para mim e sorriu, dispensando um elogio com um gesto da mão. Ela finalmente estava conseguindo superar o que acontecera com Trevor. Elijah pegou minha mala no chão e me guiou pelo corredor cheio.

            Chegamos ao quarto de Elijah. Ele me sentou sobre sua chàise sob a janela e deixou nossas bolsas no chão ao nosso lado. Ele foi até o banheiro e voltou com uma caixa de sapatos cheia de frascos que faziam barulho quando ele mexia a caixa. Ele a pousou sobre o sofá, ajoelhando-se no chão para fuçar o conteúdo dele. O processo foi rápido e sem erros. Elijah parecia estar bem familiarizado com as queimaduras de verbena. Deixei uma lágrima escapar ao pensar em Klaus queimando a pele pálida de Elijah com as flores roxas malignas. E o pior é que mesmo ignorando esse pensamento, eu tinha certeza que aquilo já acontecera.

            Ele enfaixou habilidosamente minha mão, com o remédio e as bandagens. Fechei os olhos, tentando ignorar a ardência constante.  Elijah terminou e colou a ponta da bandagem com um pedaço de esparadrapo. Ele beijou levemente a minha palma enfaixada, com todo o cuidado para não machucá-la. Ele a encarou por alguns segundos e ergueu seu olhar azul para os meus olhos, ainda nublados de lágrimas. Ele empurrou a caixa para um canto e sentou ao meu lado, limpando minhas lágrimas com os polegares, envolvendo meu rosto.

            -Desculpe não estar lá para proteger você...

            Pediu, parecendo torturado. Toquei sua mão com a mão meio carbonizada.

            -Não havia o que você pudesse fazer – Percebi a verdade das minhas palavras – Ele... Me hipnotizou... Era como se...

            -Como se não tivesse o controle do próprio corpo. Como se pertencesse a ele. Eu sei.

            Suspirei, deixando um soluço escapar.

            -É horrível...

            Sussurrei.

            -Eu sei. E o pior é que nunca passa. Ao menos que você tenha alguém com quem desabafar.

            Ele disse sorrindo e abrindo os braços para mim. Me escondi no seu abraço como eu fazia com o meu pai, quanto eu tinha pesadelos e ele me dizia que agora tudo ia ficar bem.


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Notas finais do capítulo

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