A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 14
Capítulo 13 - Recuperação


Notas iniciais do capítulo

A Nessie voltou a narrar, ok? Mas não se preocupem... O Elijah volta logo... Nahuel vai dar o ar da sua graça nesse capítulo, espero que gostem. Ah, e assistam o trailler da fic! Está o máximo! O link está na sinopse. Até lá embaixo!



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A primeira coisa que notei quando acordei foi o cheiro. Não cheirava a agulhas de pinheiros em decomposição nem a ar da noite. O cheiro era mais mofado e pegajoso, mas eu já estava acostumada a ele. Era o cheiro da cola do meu papel de parede que quase não cuidava de conter o mofo que as paredes de pedra continham entre os tijolos grossos e antigos. E havia mais um cheiro também, tão familiar que por alguns segundos deixei de notar. Era o meu próprio cheiro.

            Abri os olhos para o meu quarto na Casa de Klaus. Ainda me sentia confusa. Tudo o que acontecera na noite passada parecia um grande pesadelo. Os últimos dias na verdade. A janela do quarto estava aberta e deixava o ar da manhã entrar. Nahuel estava sentado na minha cadeira de computador, com os olhos fixos neste. Os cabelos negros, agora mais curtos, caíam-lhe pelos olhos desgrenhados e bagunçados, como se tivesse passado a mão por eles diversas vezes.

            -Nahuel? – Perguntei confusa – O que...? – Lembrei-me de tudo o que tinha acontecido na noite passada com Trevor e o jeito que eu desabara na floresta depois que tudo finalmente acabara. Como havia vindo parar ali? – O que houve?

            -Suas amigas ficaram preocupadas quando você não voltou para a Casa ontem. Te encontrei a alguns metros do altar. Não reagiu muito bem pelo jeito huh?

            -Está brincando? Estava prestes a pedir a Klaus para me matar.

            Disse sinceramente, mas ele não pareceu apreciar e nem compartilhar do meu pensamento.

            -Não faça isso, Nessie. Nunca. Entendeu? Se você fizer, ele vence. Ele quebrou você. E ele não vai te matar, porque ele sabe que o que tortura é o fato de você estar vivo!

            O silêncio soou desconfortável depois de sua explosão, porém mais alto do que suas palavras. Ele baixou seu olhar negro para que eu decifrasse por mim mesma o significado. Demorei um pouco para encontrar as palavras dentro de mim.

            -Quem eles mataram?

            -3 das minhas irmãs, e as outras só estão vivas por estarem longe daqui. – Ele suspirou – Sempre que chega alguém novo tenho medo de que sejam elas.

            -Achei que não morava com elas.

            -Morei aqui. Mas não importa, elas não tem culpa, não merecem isso. Além disso, Klaus nos mantém unidos para que quebremos mais fácil quando o outro se vai.

            Brutal. De novo. E de novo, e de novo, e de novo. A cada dia eu vivia algo mais e mais brutal, e segundo Nahuel, eu não podia desistir porque isso só pioraria as coisas – se é que isso era realmente possível. Eu tinha lutar por uma vida solitária e depressiva que eu já não queria, longe de tudo o que eu sempre conhecera e tudo o que sempre me dera força. Tinha me levantar já sabendo que seria empurrada na lama de novo, e de novo, e de novo. Procurei minha raposinha Caçadora com os dedos trêmulos por baixo das cobertas e a abracei. Ele olhou-a e deu um sorriso leve.

            -E a escola?

            Perguntei, desesperada por uma mudança de assunto.

            -Klaus realmente gosta de você. Quando disse o que tinha acontecido ele te dispensou da aula. Apesar do riso de escárnio.

            -E você? Não vai se encrencar?

            -Ele também me liberou porque a encontrei. Alguém tinha que cuidar de você enquanto a Casa estava vazia.

            Pisquei sem entender direito o significado de suas palavras.

            -Você... Passou a noite aqui comigo?

            -O que sobrou da noite, sim. Enfim, nós no matadouro temos que nos unir.

            Ele disse com um sorriso enigmático. Sorri levemente de volta. Acho que eu podia contar com mais um amigo.

            -Obrigada, de qualquer jeito.

            -Disponha. Foi até divertido na verdade. – Ele baixou os olhos para a tela do notebook e começou a ler – “Seu nome é Noah. Quatro letras. N-O-A-H. Perfeitamente simétrico. Duas sílabas. Nem o primeiro e nem o último na chamada. Noah Crest. Sobrenome de impacto, mas ainda assim belo, como tudo nele. Eu normalmente não sou obcecada pelo menino perfeito. Isso não é de mim. Mas quando essas quatro letras se juntam para formar o nome dele, me transformam em uma completa líder de torcida, o pior ser que há nos corredores de uma escola. E talvez um destino pior do que essa transformação, é quando esse ser é definida por 10 letras. Apaixonada. Tenho um espírito de líder de torcida apaixonada, presa em um corpo de nerd.” – Ele sorriu levantando os olhos – Adoro Jazmyn. Ela desajeitada feito uma preguiça, mas traz algo belo, que ela não vê, mas Noah com certeza vê. Pobrezinho desses dois. Gosto dessa história, acho que você tem talento. Mas só acho que Noah devia narrar as vezes. Gostaria de saber o que ele pensa.

            Sorri, corando. Eu devia estar irritada por ele ter invadido a privacidade do meu pendrive – Não foi por falta de aviso. O nome da pasta principal é “Não abra” e da outra dentro dela é “Sério tio Emmett, vou chamar a tia Rose.” – e lido a história dos meus pais. Também devia estar irritada pelo fato de ele arruinar um vínculo que eu tinha com a minha casa, tendo em vista que eu já havia lido para minha mãe e para Jake. Era algo que eu ainda compartilhava com eles. Mas na verdade, percebi que eu não estava irritada. Estava feliz na verdade por alguém ter gostado do que eu fiz.

            -Talvez você possa me ajudar com isso. Não ser como descrever em palavras o que pa... O que Noah sente.

            Ele fechou o Notebook e o pousou sobre a mesa, levantando-se, colocando a cadeira no lugar.

            -Desculpe docinho. Eu não escrevo.

            Ele disse se encaminhando até a porta.

            -Uma dica então?

            -Pergunte ao Lixo – Ele disse piscando um olho só como se compartilhássemos um grande segredo. – Se cuide pequena. Vê se come alguma coisa. Está pele e osso.

            Ele pediu alcançando a maçaneta.

            -Nahuel – Pedi parando-o. Ele olhou por cima do ombro – Obrigada de novo.

            -Pode contar comigo.

            Disse piscando novamente e deixando o quarto.

            Precisei de coragem para deixar a cama. A nuvem de medo irracional de que monstros estavam embaixo da cama flutuou acima de mim. Depois de muito tempo, finalmente tive a coragem de colocar uma perna para fora da cama. Como não foi engolida, tentei a outra e presumi que podia me levantar. Levantei-me trêmula, segurando-me na cabeceira. Dei alguns passos hesitantes e adentrei o banheiro. Eu era o retrato da depressão, constatei ao ver-me no espelho em cima da pia.

            Os cachos, agora sujos e opacos, caíam fracos e sem vida ao meu redor, emoldurando um rosto triste. Abaixo dos cansados olhos castanhos, que um dia estamparam doçura e felicidade, havia bolsas enormes, profundas e escuras, indicando todo o choro e falta de sono que eu sofrera. A falta de refeições mortais e a regurgitação da minha ultima refeição imortal havia sugado minhas bochechas até que elas quase não existissem. A roupa que eu não tirara do corpo desde que havia ido à escola na manhã passada estava suja, grudada ao corpo e coçando. Percebi que também estava larga. Eu não devia ter notado com todo o sono que eu estava sentindo naquela manhã. Mas sempre me servira bem... Pensando bem, qual fora a ultima vez que eu comera alguma coisa sólida?

            Quando passei os dedos, pude sentir as costelas salientes. Como perdera tudo isso em 4 dias? Mas pensando em retrospecto, quando foi que eu pulara alguma refeição na vida com minha família para me policiar?  E com meu metabolismo acelerado de mestiça não me surpreendia que estivesse definhando pouco a pouco. O que minhas tias e tios fariam se me vissem daquele jeito? E meus avós? Meus pais? Jake? Odiariam-me. Odiariam-me por estar jogando fora tudo o que eles fizeram e tudo o que sacrificaram para me criar, cuidar de mim e me proteger. Odiariam-me por não me manter saudável para eles, pela memória deles, para que eles pudessem viver sem se preocupar se além de estar por um fio nas mãos de um assassino torturador, eu mesma estava me matando de fome.

            Tomei uma grande decisão. Nahuel estava certo. Klaus não iria me quebrar. Não importava o que jogasse em cima de mim, eu não daria a ele o prazer de me ver no chão. Viveria para ver outro dia. Viveria para ajudar mestiços novos como minhas amigas fizeram comigo. Viveria para honrar meus pais e familiares. Viveria por Jake, certa de que seu amor me manteria viva. Tomada por uma nova vontade de viver, despi-me e entrei em um longo banho, depois vestindo algo leve. Quando sentei na minha escrivaninha para pentear meu cabelo, Bonnie bateu à porta.

            -Está aberta.

            Respondi.


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Notas finais do capítulo

Que dózinha da Nessie né? Mas felizmente, eu ainda tenho planos para ela. Um beijo, vampirinhas...