On A Christmas Eve escrita por Lgirlsclub


Capítulo 1
Merry Christmas




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A loira acelerou os passos, ajeitando o próprio cachecol. Era véspera de natal, a rua estava cheia de pessoas que corriam de lá para cá. Encontrando amigos, abraçando familiares e trocando presentes a luz dos enfeites que ornamentavam as paredes, telhados e portas das casas, contrastando com a neve branquinha e fofa, que fazia suas botas se enterrarem até a metade, num belo e gélido manto branco.

Normalmente passaria esse dia com a família, mas ficara na faculdade para ajudar na decoração das salas, sob a promessa de que, no dia seguinte, estaria no primeiro trem de volta. Acabada a arrumação, todos comeram alguma coisa, mas, como já era de se esperar, cada um vagou para um lado. Ouviu um barulho de algo tombando na neve e olhou para trás. Caído. Na neve. Mayama. Suspirou fundo. Achou que ele estaria com a Rika-chan neste natal. O que fazia ali, tombado no chão e cheirando a saquê?, ela se perguntou enquanto levantava o rapaz.

“Hmm..Yamada”, o rapaz abraçou a loira que fechou os olhos com força. Ela não entendia porque ele não sumia. Se não gostava dela por que permanecia tão dolorosamente perto? Era sempre ela que teria de se machucar? Suspirou.

“Mayama, você está bêbado.”

“Haha, feliz natal pra você também”, ele disse, a fazendo revirar os olhos. Ele estava para lá de marraqueche. Chamar urubu de meu loiro seria até algo sóbrio demais para se esperar dele. E ela que parecia ter problemas com limites no quesito bebida. Irônico. “ Ande, te deixo no seu antigo alojamento, se te deixar aqui você vai ser um boneco de neve amanhã”

Mayama se apoiou na amiga e começou a rir alto.  “Ela viajou. A trabalho. Sem avisar”, ele murmurou. “Mas de quem você...Rika-san”, suspirou Yamada. Ele realmente precisava falar dela na minha frente?, se indagou Yamada, apoiando o rapaz em seu ombro que, de tão bêbado, tropeçava nos próprios pés.

Ela sentou o amigo num canto e se sentou ao lado dele, recuperando o fôlego. Mayama jogou a cabeça pra trás e soltou algumas risadas que se tornaram choramingos. Segurou o pulso de Yamada. Ele sempre era assim. Gostava da Rika, mas não tinha forças para se impor, para fazê-la escolher. Tinha medo que ela escolhesse a solidão. Também não tinha forças para afastar Yamada. Tinha medo de acabar sem ninguém. Ninguém que tivesse carinho por ele.

“Desculpe Yamada...Às vezes..eu queria gostar de você”

“Mayama, você está muito bêbado, cale a sua boca”. Não queria mais ouvir aquilo. Não queria que ele lhe proporcionasse falsas esperanças.

“Mas, eu gosto dela. Mesmo assim...eu quero ver ela feliz...com...quem quer que seja. Eu... eu sempre me sinto bem do lado dela. Por mais que me doa. Eu quero...quero ficar com ela.”Mayama disse esfregando os olhos enquanto ria. “Sou um idiota”.

“Que bom que você sabe.” Yamada riu. De repente, ouvir tudo aquilo dele parecia não doer mais. Realmente já passara bastante tempo. Mayama havia sido seu primeiro amor. Por isso se apegara a ele. Mas não era exatamente com ele que ela gostaria de estar naquele momento. Não era o nome dele que parecia espreitar a cabeça dela.

 Mayama deixara um grande ferimento. Mas ela já tinha uma cicatriz. Já estava pronta para outra. Só não havia percebido que sua força não era só física. Que ela era muito mais do que uma garota bonita com um belo chute de esquerda. Só havia uma pessoa que parecia ver isso. Alguém, que agora com dor, ela via que havia feito sofrer bastante por ela.

“Mayama...como é...?Você sabe...”

“Se apaixonar?”

“..É”

“ É meio... você só tem um nome na cabeça, começa a se preocupar com cada coisa que fez” ele riu “ começa a querer ver a pessoa sorrir...estar junto..e..dói. Dói um pouco.”

“Idiota...”Yamada deixou umas lágrimas escaparem.

“ Ei, desculpe, acho que eu fa...”

“Não! Eu sou a idiota! Mas você também é.” Ela puxou o pulso com força, se soltando do amigo. “Tome um banho, pegue o primeiro trem, ônibus, avião, o que for, vai atrás dela, só tira...esse cheiro de saquê de você, imbecil.” Ela deu um soco de leve no braço de Mayama. “E..Obrigada”

“Pelo quê?”

“Por ter me lembrado como era.” Yamada se levantou, ajudando o amigo e o empurrando em direção ao banheiro, enquanto ela ajeitava o próprio gorro e o cachecol.

“Aonde você vai?”

“Pegar um trem, tem uma pessoa bem importante que eu preciso ir ver”

“Você está louca?”

“Tanto quanto você. Mande um abraço para a Rika-chan por mim!”

“YAMADA!”

“Só você tem o direito de ter alguém muito importante para ver nesse natal?”, ela riu.

“Tome”, ele devolveu as luvas que a garota esquecera “ e...você está certa, vou atrás dela. Essa pessoa que você vai atrás... por acaso, eu conheço ?”

“Com certeza. Amigos?” ela estendeu a mão.

“Amigos. Mande um abraço para o Nomiya.” E apertou a mão da loira, correndo cada um para o próprio caminho, para quem realmente amava.

A loira pegara o último trem. Estava molhada, com frio, mas mais feliz do que nunca. Mais linda do que nunca, diria Nomiya se tivesse tido tempo para fazê-lo. Ela bateu na porta do rapaz, que, ajeitou os óculos e limpou-os, antes de olhá-la novamente, como quem tentava acreditar de que não era o sono que lhe pregava peças.

“Yamada? O que...?”

“Posso entrar?”

“Claro...Claro”Nomiya abriu a porta com um sorriso. Era difícil ver Yamada feliz.  E ele gostava de vê-la desse jeito. Queria que ela ficasse sempre assim. Logo que ele abriu a porta a loira o abraçou. “Mas..o que houve?!”

Yamada sorriu e corou levemente. “Eu...queria.. te ver.”O rapaz sorriu e fechou a porta. Antes que se virasse, a loira lhe beijou os lábios. “Desculpa” , ela murmurou, olhando para Nomiya. Nomiya a abraçou, tirando as mechas loiras do rosto dela. “Mas...por quê?”. Yamada sorriu. “Por ter demorado tanto para notar que eu gostava de você.”

Nomiya beijou de leve a testa da loira, que já estava quase dormindo nos braços dele, cansada da viagem. Ele se sentou no sofá, deixando a loira descansar. Ele não se importava. Nunca se importou de esperar por ela. Porque ele sempre soube que a amava. Sempre soube que valeria a pena.


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Notas finais do capítulo

FELIZ NATAL!



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