Zacky POV

- Zachary Baker, estão te...MAS O QUE É ISSO?!
Assim que fui empurrado pelo Brian, e quase cai em cima de todos os engradados de refrigerante, o olhei, e ele limpava a boca. Sua expressão assustada logo se tornava uma cara mista de nojo e raiva. Ele olhava para a pessoa, mas pela voz eu já sabia quem era...
James Baker, também conhecido como papai, estava nos olhando com os olhos verdes arregalados e a boca aberta. Seus olhos iam saltar das órbitas.
- Ainda bem que você chegou senhor Baker, você tem que dar um jeito no seu filho! – Brian saiu bravo do estoque.
- Filho, o que você estava fazendo?! – Ele se aproximou.
- Pai, eu...
- Você não pode fazer isso Zacky. – Falava baixo, porém firme. – Ele não é igual você.
- Hã?
- Ele não é gay Zacky, e você não pode fazer isso com ele! Não faça nada pra brigarem filho! Se ele contar para o pai dele, vai ser mais um motivo de briga Zee, e nós não queremos isso. Depois de tudo que passamos você vai arrumar mais problemas?
- Hey, “passamos”? Você quer dizer que eu passei né? Só quem sofreu naquela porra de história toda fui eu!
- Você acha que eu e sua mãe não sofremos Zachary? Ver o próprio filho sofrendo e ter que manda-lo morar com a tia? Você acha mesmo que nós não sofremos? Zee, nós te amamos mais que tudo, filho.
- Desculpa pai... – Abaixei a cabeça e senti ele me abraçar, devolvi o carinho.
- Eu te amo Zee, e não quero te ver sofrer de novo. O Brian não vale uma cebola frita filho. – E eu comecei a rir com isso.
- Não vale mesmo...
- Não faça nada que te faça sofrer depois filho. E esse menino... Ah, por que não o Matt então?
- PAI! – O Soltei.
- Sério, ou o Johnny também. Sua mão o adora. – Sorriu. – Só não me decepcione.
- Desculpa.
- Bom, tira o dia de folga, depois a gente conversa mais.
- Okay...
Sai do depósito e andei em direção à saída, mas fui parado por Brian, que parecia nervoso.
- Zee...
- Não quero falar com você! – Passei reto.
- Serio, serio, vamos conversar!
- Tem câmeras no mercado Haner, e você não quer ser visto comigo não é? Então me esquece. – Passei reto e nem olhei para trás. Pode dizer que eu fiz drama, mas se ponha no meu lugar?
ELE LIMPOU A BOCA! VOCÊ SABE O QUANTO ISSO É FRUSTANTE?!
Passei por Matt e Jimmy e apenas acenei para eles, saindo do mercado e caminhando sem direção alguma. Decidi ir para casa e tive a infeliz surpresa de saber que minha mãe não estava em casa. E como sempre, o gordo aqui não saiu com as chaves.
Ô beleza! Que dia incrível...
Tirei a camisa do mercado, me recuso a usar ela agora, e coloquei na caixinha do correio. Após deixar a minha residência e caminhar mais um pouco sem direção, decidi ir à praia, talvez houvesse algum conhecido por lá, o que eu duvido muito.
Eu já estava no calçadão quando mais a frente eu vi uma menina pulando na minha direção. Ela se despediu de outras meninas que atravessaram a rua e sorriu para mim, abrindo seus braços.
McKenna salva aquela família.
-Por que essa carinha Zee? – Ela disse me abraçando. – O que o viado do meu irmão fez com você?
Sexto sentido feminino me assusta.

Estávamos sentados na praia e eu tinha o pressentimento de que o sol californiano ia deixar minha pele branquinha extremamente vermelha se eu continuasse ali, mas como estava sem camisa, eu não podia entrar em nenhum estabelecimento.
- O que ele fez Zee? – Me olhou após algum tempo em silencio.
- Nós fomos pegos nos beijando pelo meu pai, então ele limpou a boca e disse pra meu pai dar um jeito em mim, como se eu tivesse agarrado ele sabe? Depois veio tentar falar comigo... Filho da puta, sem ofensas. – A olhei.
- Nossa mãe não é a mesma. – Sorriu. – Agora ele vai ficar todo estranho e pensando num jeito de te pedir desculpas. – Ela riu. – A semana vai ser tão legal.
- Pra você. Quero só ver se o meu pai despede um de nós.
- Você devia agarrar ele de verdade. – Riu. – Desgraçado masoquista.
- Devia mesmo...

Brian POV

Depois de um dia horrível de trabalho, eu saí correndo de lá, sem nem esperar Jimmy ou me despedir ele ou de Matt. Cheguei em casa em 15 minutos, o que normalmente eram 30, contando o tempo que eu e Jimmy ficávamos nos empurrando e rindo.
Cumprimentei meus pais e subi as escadas, indo direto para a sacada. A janela de Zacky estava fechada, mas eu podia ouvir Angelfuck do Misfits num volume alto vindo daquele quarto.
Era certo, Zacky nunca iria me procurar, e toda aquela minha aventura de estar fazendo algo errado e contra os meus princípios tinha acabado.
Ora, James Baker sempre foi um homem compreensivo. Talvez eu devesse ter contado sobre a minha atração por um corpo mais largo que o meu, com pelos e extremamente masculino.
“Você é muito engraçado Haner Jr.! Você nunca vai admitir isso pra alguém, quer passar vergonha?” Não, não quero.
Tirando conclusão de toda essa história, talvez eu não seja tão homem quanto Zacky ou Johnny, ao menos eles assumem o que eles são sem medo de ninguém, já eu não posso imaginar alguém me olhando com desprezo ou nojo, eu sou muito fraco pra isso.
Depois de perder em pensamentos, eu simplesmente deixei a sacada e desci para comer alguma coisa.
Kenna me olhava estranho o jantar inteiro e de repente olhava para o nada, com um daqueles sorridos irritantes que só um Haner consegue fazer.
Ou ela sabe de algo, ou ela está armando algo.
Pedi licença, dizendo que hoje o dia foi cansativo, o que não era mentira, e subi para o meu quarto novamente. Apenas uma coisa passava na minha mente: Banho, banho, banho.
Acho que fiquei em baixo d’agua aproximadamente uma hora, ignorando todos os gritos do meu pai me mandando desligar o chuveiro.
Depois do meu precioso banho, apenas coloquei uma bermuda e chinelos e desci para a sala, na qual eu encontrei vazia e escura.
Que horas já são?
- Brian... – Ouvi a Kenna me chamar da cozinha. – Quer biscoito?
- Não, obrigado. O pai já foi dormir?- Fui para a cozinha.
- Não, tia Lizz ligou dizendo que vai ganhar o bebê, então eles foram lá dá uma força para o tio Bob. – Sorriu malignamente.
- Hum... Então tá. – Virei de costas, saindo da cozinha, mas desisti, minha curiosidade era maior. – Tá tudo bem? Você está tão enigmática.
- Tudo sim, e eu sou enigmática e misteriosa. – Jogou os cabelos.
- Então tá né.
Subi as escadas e entrei no meu quarto, me jogando na cama.

Kenna POV

Nossa, a sorte dos filhos do papai veio toda para mim! Meus pais terem saído de casa foi a melhor coisa que podia ter acontecido.
Graças a Deus seu filho vai nascer hoje tia Lizz, mesmo que seja de sete meses!
Me joguei no sofá e peguei meu celular, procurando o numero na agenda e ligando para a pessoa.
- Oi gato, já pode vir okay? Sim, tá limpo – Ri. – Não precisa se preocupar, vem logo! Okay, estou te esperando aqui, faz como combinamos e eu vou abrir okay? Beijos.
Levantei e comecei a minha dança da vitória, talvez seja a nossa grande chance! Tomara que tudo dê certo, ele não pode começar com frescura como sempre!
Eu já caminhava de um lado para o outro, nervosa. Havia se passado dez minutos desde a hora que eu tinha ligado para ele e nada pra pessoa aparecer.
Logo eu ouvi batidas na porta, de um jeito diferente, tinha ritmo. Corri da cozinha para a sala e abri a porta.
- Pensei que não ia vir nunca. – Falei sorrindo.
- Tive um imprevisto chamado cachorro. – Revirou os olhos.
- Bom, entra. Você já sabe o caminho. – Ele sorriu entrando em casa.
Eu devia ter posto uma câmera no quarto dele.

Continua...