POV Sadie

Depois da noite passada que foi maravilhosa, aliás, eu acordei já renovada para qualquer monstro ou missão! Havia salvado o amor da minha vida e nós havíamos ficados mais juntos (se é que é possível!).

–Já estou saindo meu amor, antes que você peça!-Disse ele me dando um beijo.

Eu toda feliz da vida coloquei uma camiseta e um shorts e meus velhos coturnos, terminei tudo o que tinha que fazer e saí da barraca.

Carter, Walt e Bes estavam arrumando tudo de novo (isso já estava a ponto de ficar cansativo). Nós estávamos chegando em Heliópolis, provavelmente chegaríamos depois de amanhã, mas não tinha ideia. Ainda longe de Buto e também do traidor. Estávamos de olhos atentos, teríamos que tomar cuidado com todas as informações, o que era quase impossível tratar, já que todos ali no grupo eram suspeitos. Eu quase não acreditava que alguém ali poderia nos trair. Mas foi o momento em que pensei. Melanie. Ela havia sido capaz de me dar a flor e sempre tratava todo mundo mal, além de suas sumidas inesperadas... Tinha que ser ela. Não pensava em outra pessoa. Os outros também concordavam comigo, então a partir de ontem evitamos falar discutir sobre questões importantes sobre a busca. Jack era meu segundo suspeito, afinal ele não falava quase nada, ele às vezes ajudava os meninos a montarem suas barracas, mas nunca opinava e sempre estava sozinho. Sua desculpa era que gostava da solidão.

Depois de que tudo foi recolhido e devidamente guardado, nós nos reunimos novamente.

–O esperado é chegarmos à cidade de Assiut hoje. É próxima ao Cairo, e também podemos nos instalar em algum hotel ou estalagem... -Disse Carter.

Todos assentiram.

–Boa ideia garoto! Há mais hotéis em Assiut do que no Cairo.-Disse Bes.

–Amém! Eu não estou mais agüentando esses colchonetes!-Disse Walt.

–A princesinha quer uma cama para relaxar?-Disse Anúbis provocando.

Eu o cutuquei. Walt olhou para ele feio.

–Caiu de pára-quedas na conversa chacal?-Perguntou Walt.

–É melhor me respeitar por duas coisas: Primeiro, eu sou um deus e você é meu iniciante; Segundo, eu conheço muito bem Assiut, porque é uma cidade dedicada a mim, posso guiá-los.

Walt não respondeu nada e virou a cara como se não estivesse ouvindo.

–Muito bom Anúbis, pelo menos temos uma vantagem. -Disse Carter. -Agora seria melhor seguirmos a viagem.

–Espera Carter, o Jack não está aqui... -Eu disse o procurando.

–Estou bem aqui!-Disse ele nos dando um susto aparecendo do nada. Nós nos viramos e o encaramos.

–Agora podemos ir!-Sorriu Sarah.

–Então ta...-Eu disse. Mas ainda achava tudo aquilo muito estranho...

Nós retornamos à viagem. Esse dia não estava muito quente e também não encontramos nenhum monstro na ida a Assiut graças aos deuses. Até aquele momento. A única coisa que tivemos motivo para reclamar foram as reclamações de Walt (novidade). Nem Rá reclamava tanto.

Andamos quilômetros e quilômetros no quase silêncio. Não havia motivos para rir e conversar, quando havia um traidor no meio daquilo e uma missão de que deveríamos temer. Eu e Carter discutimos por horas quem seria a deusa causadora daquilo tudo. É claro, anulamos Ísis, Bastet, Sekhmet, Hátor, Nut, Maat,... Uma das nossas suspeitas foi Serket, mas pensamos que era óbvio demais. Conclusão: nós não tínhamos nem ideia de que deusa seria capaz disso. Não pudemos discutir mais quando o Nilo barrou nosso caminho.

–E agora?-Perguntou Sarah.

–Assiut fica do outro lado do Nilo. -Disse Anúbis.

Carter assentiu.

–E agora sabichão o que vamos fazer?-Perguntou Walt provocando.

–Podemos começar com você calando sua boca. -Respondeu Anúbis.

Walt ia responder mas desistiu, também porque Zia o interrompeu.

–Olha lá. Tem um barco que atravessa o Nilo. Podemos pedir para que nos levem.

Todos olharam onde Zia apontava. Lá longe se avistava um barco ancorado. Nós seguimos até ele.

–De graça é que não vai ser. -Disse Walt.

Anúbis praguejou baixinho.

–Vamos encontrar uma maneira para pagar. -Disse Carter.

Fomos chegando perto do velho barco que repousava ali na beira do Nilo. Olhamos bem. Tinha um homem que dormia em seu interior. Era magro e baixinho, usava roupas velhas. Era muito parecido com o egípcio que me vendera o colar no Cairo. Nós nos entreolhamos.

–Quem acorda?-Perguntei.

–Pode deixar comigo!-Disse Carter segurando a mão de Zia.

–Com licença senhor!-Chamou Carter em egípcio.

O homem não se mexera, por um momento achei que ele havia partido dessa para uma melhor, mas ele se mexeu e se levantou com um susto.

–Ah?!-Gritou o homem surpreso. -Posso ajudar?

–Sim, nós queremos atravessar o Nilo até Assiut.

–Certo. Eu levo todos vocês lá, mas tem uma condição. Têm que responder uma pergunta. Vocês só tem uma chance de responder, caso contrário... –Ele parou para pensar coçando a barba.- Eu fico com a garotinha loira estrangeira.-Disse o homem com um olhar malicioso.

Anúbis lançou um olhar gelado ao homem.

–O quê?-Eu protestei.

–Vão querer ou não?-Perguntou o homem irritado.

–Que pergunta?-Perguntou Carter.

–Carter!-Eu disse irritada.

–Não esquenta Sadie, nós conseguimos, não vou deixar te levarem, e acho que muito menos seu namorado deixaria. -Disse ele olhando para Anúbis que assentiu. Eu relaxei.

–Diga logo a pergunta. –Disse olhando para o homem que sorriu.

–Quem é o deus que é cultuado na cidade de Assiut?

Anúbis riu alto e eu sorri.

–Fácil, é meu namorado Anúbis aqui. -Respondi pegando sua mão.

–O quê? Resposta errada!Fique tranquila querida, nós vamos nos divertir muito.-Disse o homem se aproximando de mim, mas Anúbis foi mais rápido. Ele se colocou em minha frente e se transformou, estando em sua forma meio chacal meio humana.

–Se afaste dela!-Gritou Anúbis ao homem que levou um susto enorme e caiu para trás.

–S-s-s-s-s-s-im s-s-senhor!-Disse gaguejando e fazendo uma reverência. -Me-me-me desculpe senhor Anúbis! Vou-vou levá-los Imediatame-me-mente!

Eu sorri. O homem não hesitou por um segundo sequer. E todos embarcamos facilmente. O homem ficou paralisado de medo até o final da travessia. Eu segurava o riso.

Nós desembarcamos. Anúbis se transformou de volta e pegou minha mão a beijando.

–Experimentem mexer com a minha namorada novamente. –Respondeu sorrindo.

Eu o beijei.

–Muito obrigada garoto chacal!

Todos estávamos do outro lado do Nilo. Andamos mais um bocado até chegar em Assiut. Walt olhava para Anúbis com um pouco de inveja. Chegamos na cidade e já sentíamos o cheiro típico da cidade. Uma mistura cítrica com um toque de incenso. Ela era como o Cairo, cheia de barracas com objetos a venda, presentes e coisas do tipo. Também víamos muitas pessoas andando pelas ruas, o que as tornavam mais lotadas e sufocantes.

Nós andamos até o final dela, cujo caminho era muito longo e avistamos um hotel. A primeira vista parecia ser um bom lugar. Não era um local muito grande, mas também não era tão pequeno. Em sua frente haviam duas esculturas de faraós. O nome indicava Assiut Hotel.

–O que vocês acham?-Perguntou Carter.

–Eu acho o melhor lugar que encontramos, vamos ficar. -Respondi.

–Concordo com Sadie, precisamos descansar. -Disse Walt.

Anúbis revirou os olhos. Nós entramos. A recepção era um local não muito grande, mas bem decorado, podíamos ver esculturas, caixas e objetos egípcios por toda a parte. Uma mulher trabalhava ocupada atrás de um balcão.

–Olá, boa tarde, gostaríamos de quartos para um dia. -Disse Bastet.

A moça levantou os olhos e sorriu.

–É claro senhora, no momento temos dois quartos livres.

–Ótimo, vamos ficar com eles.

Bastet pagou a mulher com libras egípcias. Magia sempre era uma solução.

–Azeneth, mostrará os quartos a vocês.

–Muito obrigada. -Disse Bastet.

Nós seguimos uma moça baixinha que deveria ser Azeneth. Ela nos guiou até o segundo andar e nos deu duas chaves, dos dois quartos, que por coincidência eram um ao lado do outro.

–Se precisarem de mais alguma coisa é só me chamarem. -Disse ela saindo.

Nós nos encaramos. Tínhamos dois quartos e muita gente.

–Eu, Walt, Bes, Jack, Anúbis e Rá podemos ficar com um quarto e as meninas ficam no outro. -Sugeriu Carter.

–Boa ideia, só que cuidado com Rá. -Eu respondi.

Então como já estávamos decididos, cada um foi para seu devido quarto. Melanie pegara uma cama bem longe da nossa e ainda saiu reclamando. Eu, Zia, Sarah e Bastet ficamos do outro lado. Eu e Zia pegamos uma beliche, assim como Sarah e Bastet pegaram outra.

Eu estava satisfeita. Nós tiraríamos o primeiro dia de descanso depois de um bom tempo na missão. Eu arrumei a minha mochila ao lado de minha cama. Sarah e Zia começaram a conversar, Bastet havia saído para ver como estava Rá no quarto ao lado e Melanie saíra do quarto nervosa com a vida. Estava distraída com a minha velha varinha de maga quando alguém bateu na porta.

–Já vai!-Gritei correndo. -Pode deixar meninas eu abro a porta, mas acho que elas nem sequer me escutaram de tão interessadas que estavam com umas revistas.

Eu abri. Anúbis. Ele sorriu e me deu um beijo. Eu sorri. Eu pude ouvir as meninas cochicharem.

–Oi Sad! Como vamos ter o dia de folga eu queria levá-la para um lugar hoje à tarde, o que você acha meu amor?

–Adoraria. Eu vou me arrumar.

Ele saiu e eu fechei a porta.

–Já vai sair com ele?-Perguntou Zia sobre uma revista de moda.

–Ele vai me levar para um lugar que quer que eu conheça. -Disse sorrindo.

Eu tomei um banho demorado e relaxante, vesti meus velhos coturnos, um jeans preto, uma camiseta de uma banda antiga e uma jaqueta. Deixei meus cabelos soltos, passei maquiagem e um perfume.

–Bom passeio. -Disseram Sarah e Zia em coro, elas estavam totalmente vidradas nas revistas, mas pude dizer um obrigada e até.

Abri a porta e dei um encontrão na pessoa que menos queria ver. Melanie.

–Ai garota, olha por onde anda!-Disse ela reclamando.

–Olha você. Saia da minha frente Melesmie, já fez o bastante.

–To vendo que a flor não fez efeito. Onde vai?

–Primeiro, ficou triste por que sua magiquinha não funcionou comigo e Anúbis? E segundo, não te interessa. Agora com licença...

–Exato, se puder nos dar licença Melanie... -Disse Anúbis que havia chegado atrás de mim pegando meu braço.

Melanie paralisou ao vê-lo. Meu namorado estava tão lindo assim? Eu sorri só de pensar como Melanie tinha inveja de nós. Ela saiu resmungando.

Eu ri e me virei. Eu quase paralisei também, ele estava lindo, com uma camisa meio aberta, um jeans preto e uma jaqueta parecida com a minha, seus cabelos estavam bagunçados e a última coisa, a que mais me fazia pirar eram seus olhos. Ele sorriu e eu comprovei que era possível ele ficar ainda mais perfeito. Ele me beijou.

–Vamos?-Perguntou ele.

Eu assenti sorrindo.

–Eu acho mais fácil abrirmos um portal. -Ele disse.

–Certo, mas e se alguém vir?

–Ninguém vai perceber.

Nós olhamos para os dois lados e ele abriu um portal em nossa frente e ambos passamos por ele. No minuto seguinte já havíamos chegado ao local misterioso.

Tive uma sensação estranha de que quando estávamos passando pelo portal alguém estava nos observando...