Ghosts Also Love escrita por AnnySama


Capítulo 10
Gostaria de dizer que não


Notas iniciais do capítulo

Yo, Minna! Mais um capítulo lindo e apaixonante rsrsrs...



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A escola inteira fora um saco. Apenas fiquei em um canto, ouvindo musicas no celular e olhando para o lugar em que me sentava antes, com meus quatro amigos. Lá estavam eles, calados, mas ás vezes rindo. Elizabeth não parecia nada bem, como de manhã.

      Eu implorava para que num passe de mágica, Alison aparecesse lá e começasse a tagarelar como ela fazia antes. Mas desde a nossa visita á Evan, ela não conseguia conversar direito comigo...

      Olhei para baixo e sacudi a cabeça, negativamente. Por que aquilo estava acontecendo comigo?

      Quando cheguei em casa. Deparei-me com mais solidão. Minha mãe tinha ido trabalhar e Maya fora para a escola. Nada mudara, mas eu gostaria de contar para alguém o que estava acontecendo.

      Subindo para o meu quarto, fechei os olhos bem forte e implorei para que Ali estivesse lá. Jogando no meu videogame ou fazendo qualquer coisa... Mas ela não estava. O quarto vazio me fez pensar sobre a tarde de ontem. Sobre como Evan a tachara como uma patricinha fútil. Talvez ela fosse mesmo e estivesse arrependida. Talvez tenha sido escolhida por ter sido muito má em sua vida...

       Mas os jornais sempre a colocaram como um ícone de educação e boa juventude naqueles tempo... Teria tudo isso sido só fachada para uma vida de riquinha esnobando todos?

       Não importava. Eu precisava ajudá-la porque agora eu estava preso aquilo...     

      Sentei-me e peguei um livro para ler na minha prateleira. Eram contos místicos e crenças que aconteciam no halloween. Eu o havia ganhado quando tinha 8 anos e adorava filmes de terror e qualquer coisa assustadora. Não gostava mais nem um pouquinho de coisas medonhas... Eu estava vivendo algo assim, e não era divertido.

       Havia um sumário, de histórias e de curiosidades. No de curiosidades, havia 3 tópicos que poderiam se encaixar em Ali. Mortos-vivos; fantasmas; Vida após a morte.

       Mesmo parecendo muito óbvio, mortos-vivos não tinha nada a ver com ela, como eu achei. Era sobre zumbis, sem raciocínio, querendo de qualquer forma um grande cérebro para comer. O tópico de Vida após a morte falava mais sobre o inferno e o paraíso. Eu adoraria que ele tivesse a ver com Alison, no paraíso... Tranquila, junto com os anjos. Era seu lugar.

       Os fantasmas apesar de terem ligação com o que eu estava vivendo, diziam coisas que eu já estava cansado de saber. "Aura elevada, pessoas com assuntos pendentes aqui na terra, pobres seres que vagam por ai sem que ninguém note sua existencia...".

       Suspirei. Seria muito fácil se minhas perguntas fossem respondidas em um livro para crianças. Talvez em outro livro, um maior e com mais fatos... Talvez houvesse alguma coisa...

      -Demorei? - Um fio de voz me tirou do transe em que eu estava. Olhei para trás, e me deparei com Alison encostada na porta, o olhar cansado, tentando parecer animada.

      -Hm... Não. - Respondi, tentando ser o mais gentil possível. Mesmo que ainda pensasse em sua futilidade com Evan.

      -O que foi? - Ela perguntou, preocupada. Deu alguns passos cautelosos em minha direção e se sentou do meu lado.

      -N-nada. - Falei, sorrindo falsamente para ela. Ás vezes Ali me dava medo. Eu a olhava e começava a pensar nela como uma pessoa que já estava morta. Aquilo costumava me entristecer, mas agora só me trazia um medo profundo. – Vamos á Sra. Fitz hoje?

      -Hm... Sim, não é? É o próximo passo. – Ela respondeu, misteriosamente. Meus pelos se eriçaram. Por que diabos isso estava acontecendo?

      Assenti de leve com a cabeça e me levantei. Peguei minha mochila. Guardei as cartas da “morte”, uma foto de Alison e outros artigos sobre o assassinato e sua vida.

      Descemos as escadas em silêncio. O caminho todo até o ponto de ônibus foi desconcertante. Entramos nele, e uma pergunta boba e desnecessária me veio à cabeça.

      -Não está acostumada a andar de ônibus, não é?

      Ela me olhou, distraidamente.

      -De certa forma, sim... Mas esses dias todos, que tenho andado... Tenho achado legal! – Ela sorriu. Eu a olhei como se fitasse uma louca. – Quer dizer, isso tudo é muito novo, até para uma morta... Estar perto de outras pessoas, sem tanta futilidade cercando-as. Você sabe o que é ser rica, milionária, mas se sentir vazia por dentro? E... E tudo que você quer, você não pode comprar com dinheiro. É... frustrante, é muito frustrante. – Ela suspirou. – Eu estava cercada de tantas coisas caras, de gente de alta sociedade. E tudo eles achavam que podiam comprar com dólares... Eles achavam que podiam me comprar com dinheiro. – Alison apertou os lábios, estava prestes a chorar. Eu queria abraçá-la e consolá-la. Mas ao mínimo toque que dei em seu ombro, meus dedos atravessaram direto. Sacudi a cabeça, espantando aquela vontade de tocá-la e amenizar sua dor. Alison não pareceu notar o meu conflito interno.

      -E eles... Não te compraram? – Perguntei, constrangido. Falávamos do assunto como se fosse um pacto com o diabo.

      Ela me olhou, intrigada.

      -Hm... Não. Mas... O que quer dizer com isso?!

      Olhei de um lado para o outro, tentando decidir se contava ou não para ela o que passava em minha cabeça. Suspirei, me decidindo por completo.

      -É que... Aquela coisa com o Evan. E sobre como as garotas na sua sala eram. E sobre o que ele disse de você. Eu imaginei, por um momento pensei...

      -Que eu fosse falsa? – Ela completou meus pensamentos. Olhei-a com culpa. Ela apenas sorriu francamente. – Tudo bem. Até eu duvidei de mim naquela época quando ele disse aquilo para você. Mas... Eu me convenci de que, se eu pareci grosseira... Adoraria pedir desculpas para Evan. Mas não posso. E eu apenas espero que um dia ele entenda que, mesmo eu sendo calma, eu tive medo de suas ações.

      Ficamos em silêncio até descermos no ponto a alguns metros da escola de música da Sra. Fitz.

      -Ah meu deus! Aquela lá... – Alison suspirou, se enchendo de felicidade. Apontou para uma construção com dois andares, pintada de branco, onde residia uma placa grande e dourada dizendo “Escola de Música Fitz”.

      Aproveitando que ela estava tão absorta olhando a escola, fitei seu rosto. Cada traço, cada marca de expressão. Seus olhos estavam lívidos. Estavam estranhamente fantasmagóricos, – porque mesmo que Ali fosse um fantasma, ela parecia... normal. Podia ver que eles já começavam a transparecer... Era o efeito da Morte a levando. Meu pelo se eriçou.

      Mas ela estava tão perfeita! Tão jovem e viva! Seu rosto perdido em pensamentos era notavelmente bonito, seus lábios finos e naturalmente rosa, seus olhos de um âmbar sutil, - o que não era antes, com certeza, a cor era mais destacada.

      -Me desculpe... Esse era o lugar que eu mais amava. – Alison Explicou, e riu secamente. – Ou amo, eu não sei. – Ela encarou o chão, com um sorriso fraco, quase louco. – A música era a única coisa que importava na escola. Ninguém queria saber quem tinha mais dinheiro ou jóias. Eu podia ser... eu.

      Sorri por alguns minutos, achando chato se a apressasse. Bem, se eu fosse um morto... Gostaria de ver mais uma vez as coisas e pessoas que eu mais gostava antes de partir.

      -Vamos indo, quero resolver isso rápido. – Ela disse, no final. Eu a fitava, hipnotizado. Ainda observava seu rosto e suas feições. Quase sentindo... Um tipo de amor.

      Ri secamente, me esquecendo que estava em sua presença. Ali me olhou desentendida. Meus olhos a focalizaram com espanto. Não... Era... Possível.

      -O que foi?

      -Ahn, na-da. – Falei entrecortado. Engolindo seco. Ela sorriu, aliviada e começou a andar até a escola, sonhadora... Como se estivesse sendo puxada para aquele lugar por um ímã.

      Não conseguia tirar os olhos dela desde que tinha percebido o quanto ela era bonita e gentil. O quanto ela sofrera e o quanto ela era forte mesmo com tudo aquilo acontecendo.

      Eu acho que... eu gosto dela.        


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