Eu estava sentado no chão da sala de pratica, escorado na parede me encarando no espelho do outro lado da sala. Estava exausto, sozinho, ofegante. Tinha 100% de certeza, de que se eu encostasse minha cabeça em algum lugar, podia ser ate mesmo no chão, dormiria ali mesmo. Estava como eu queria: morto de cansaço. Tudo para tirá-lo dos meus pensamentos.

Fazia meses desde que BoyFriend havia debutado, meses que meus sentimentos haviam surgido, meses que eu me perdia em pensamento por causa dele.

HyunSeong-hyung.

Só de pensar em seu nome já sentia uma corrente de energia percorrer-me o corpo, meus cabelos da nuca se arrepiarem, gotas de suor frio percorrerem o contorno do meu rosto. Ele estava mexendo com meus sentimentos do jeito que nenhuma outra pessoa seria capaz. Mas o pior de tudo, era que ele não sabia. Não podia contar.

-Hey... – Sua voz ecoou baixo pela sala, me tirando dos meus pensamentos e virando meu rosto para a porta, onde seu rosto aparecia apoiado ao vão da porta. Um sorriso inocente em seus lábios, e os olhos pequenos me fitando. –... O que ta fazendo ae sozinho?

-Pensando! – dei de ombros, voltando a olhar para o espelho gigante a minha frente.

HyunSeong entrou na sala, olhando para o corredor, e fechando a porta da sala de pratica atrás de si. Eu o observava silenciosamente, pelo espelho, mordendo meu lábio inferior o mais discreto que pude.

-Vem cá... – Ele me chamou, parando em minha frente estendendo as mãos para me ajudar a levantar. Não hesitei em segurar suas mão e sentir seus braços puxarem os meus, fazendo nossos corpos ficarem próximos um do outro.

Perdi-me por uma fração de segundo na profundeza dos seus olhos, respirando fundo, e por fim desviando o olhar antes que perdesse o controle do meu próprio corpo.

-O que foi? – disse, escapando de seus braços, dando a volta por ele e parando de costas para ele, fitando-me no espelho, me posicionando para ensaiar a coreografia de novo.

-Queria... Falar contigo... – Ele dizia cabisbaixo, envergonhado com alguma coisa.

-Fale! – disse mais seco do que pretendia, ainda olhando para o espelho, observando-o aproximar-se de mim por trás. Senti suas mãos pousarem em minha cintura e sua respiração bater em minha orelha, arrepiando-me.

-Nós somos perfeitos, juntos... – ele tentou quebrar o clima tenso que estava ali, olhando-nos no espelho. Apoiou o queixo sobre meu ombro e deu uma risada leve. Se ele soubesse o quanto eu concordava com aquela brincadeira dele, se ele ao menos tivesse idéia...

Sorri sem graça, em resposta, foi o máximo que consegui fazer. Castiguei-me mentalmente por não saber o que fazer, então corri minhas mãos ate minha cintura, apoiando-as sobre as mãos de HyunSeong.

-Jeong... – Ele falou baixinho, deslizando suas mãos ate minha barriga, entrelaçando seus dedos uns dos outros e me puxando para perto do seu corpo. Sua cabeça desapoiou-se do meu ombro, fazendo-o estender-se atrás de mim, abraçando-me calmamente.

As batidas do meu coração eram fortes, contra meu peito. Meus olhos se fecharam ao ouvi-lo me chamar baixo, não disse nada. Apenas fiquei parado, sentindo seu corpo colado ao meu, esperando que ele mesmo rompesse o silencio.

Ele permaneceu quieto, mas então suas mãos, em um movimento rápido, que mal pude perceber, me viraram de frente para si. Ainda segurando minha cintura contra seu corpo, seus olhos se fixaram aos meus, minhas mãos se prenderam ao seu bíceps, e minha respiração falhou. Senti minhas bochechas começarem a queimar, e tentei fugir daquela posição, ele não poderia descobrir...

 -Não seja inocente, criança... – ele disse, subindo uma das mãos, que agarravam firmemente minha cintura para que eu não saísse de perto dele, ate meu queixo, puxando-o para cima.

Meus olhos não puderam desviar do seu olhar, então senti como se aquele momento se tornasse em câmera lenta. Senti meus pulmões se enxerem e expelirem o ar falhamente, enquanto sentia a brisa da sua respiração tocar-me o rosto. Seus olhos se fecharam, enquanto seu rosto se aproximava do meu, eliminando todo e qualquer espaço que existisse entre nossos lábios, ate selar-los.

Pisquei algumas vezes incrédulo, mas por fim fechando os olhos também. O beijo fora curto, mas a sensação era infinita. Era como se o tempo tivesse parado, como se nada mais importava. O toque delicado dos seus lábios macios contra os meus, sem pressa, sem malicia, mas com um sentimento puro.

HyunSeong rompeu o beijo, mas custei alguns segundos para abrir meus olhos. O medo de que aquilo fosse um sonho me acertou no peito, então apertei seu braço. Ele realmente estava ali. Respirei aliviado, abrindo calmamente meus olhos, piscando algumas vezes e encontrando seus olhos fitarem meu rosto. Um sorriso surgiu no canto do seu rosto ao ver minha expressão tímida e sem jeito.

-Eu não agüento mais esconder isso... – Ele simplesmente comentou, depositando um beijo em minha testa, e envolvendo minha cintura com seus braços num abraço calmo. Meus braços escorregaram, envolvendo sua cintura e pousando minha cabeça sobre seu ombro, respirando fundo seu perfume.

-Hyung...

-Eu te amo. – ele me interrompeu, me deixando sem reação.

-Eu te amo. – repeti, dando um beijo em seu pescoço, o fazendo se arrepia. Sorri envergonhado, fechando os olhos e apreciando aquele momento.