Get Your Heart On! escrita por Lgirlsclub


Capítulo 1
Get Your Heart On! - Oneshot




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Na primeira semana, ela gastara um valor comedido. Já era, de fato, um valor elevado para uma brincadeira, mas ela achara que valeria a pena.

Na segunda semana, ela gastara mais, porém estava certa de que funcionaria. Assim como permaneceu achando que estava na terceira semana.

Na quarta semana, já virara obsessão. O dinheiro não importava mais. Agora era de mais suma importância conseguir aquilo.

Bom, isso era da parte dela.

Ele, entretanto, via esperança em cada presente. Pensava, com um sorriso feliz e tímido nos lábios, que, se ela gastara tanto tempo para trazer presentes, se ela sempre se lembrara dele nas viagens, talvez, só talvez, houvesse a possibilidade de ela nutrir algum carinho por ele.

E assim ficou feliz na primeira semana, na segunda, já sorria sem parar. E conforme o tempo passava ele ficava mais e mais esperançoso. Mas, ao mesmo tempo, queria crescer e se mostrar digno do carinho dela. Queria que ela o visse como algo mais. Queria que fosse mais fácil se aproximar dela.

Alguns presentes ele até duvidara se deveria usar. Achara chamativo demais. Mas ao menor tom de dúvida, ela o olhara de uma forma que ele não conseguia definir. Mas quando tentou, não achou as opções boas. Tristeza. Desapontamento. Mágoa. Então, logo ele aceitara e agradecera, vestindo a roupa, e os acessórios – algumas vezes até mais chamativos do que a própria roupa – que ela escolhera, de bom grado. Não que o fato de ela ter gostado da roupa tenha influenciado nisso. De fato, ele só não queria vê-la daquele jeito. Triste, desapontada.  Queria vê-la feliz e sorrindo. Só Deus sabia o quanto o coração dele disparava quando ela lhe dava um sorriso de aprovação por usar o que ela escolhia. Aquilo já valia a pena.

                Quanto a ela, já haviam perguntado o porquê de tudo aquilo. Ela dissera que queria rir dele, depois consolá-lo e depois ser apreciada por isso. Ela só não mencionara uma coisa. Ela queria ser apreciada por ele. Apesar dele sempre ter tratado ela de forma carinhosa, ela sempre achara que era apenas o jeito dele. Ele era daquele jeito, gentil por natureza. Quando lhe disse que fora chamado para um grupo de encontros, esforçou-se mais do que o normal. Normalmente, “ajudaria” só na blusa, mas desta vez, fez questão de escolher o figurino todo.

                Ela não admitiria, mas não era só por causa daquelas revistas. Ela não queria que ele se saísse bem naquele grupo. Enquanto ele estivesse sozinho, sempre existiria uma fagulha de esperança. Ao mesmo tempo, também não se permitiu mais do que um olhar irritado para a cena das garotas ao redor dele. Disfarçou um sorriso para o amigo que lhe acompanhara nas brincadeiras.

 Ela podia implicar com qualquer um. De fato, ela nem precisava daquilo para ser apreciada por Yamazaki. Ele já a respeitava imensamente. “Por causa do trabalho”, ela sempre incluía isso mentalmente. Mas ela queria uma desculpa. Uma desculpa para afagar os cabelos do mais novo e abraça-lo. Ela não teria coragem de fazer isso, caso não existisse um motivo aparente. Mas cada tentativa dava errado. Errado. Errado. Ela prosseguia, mas já estava tentando se manter naquilo pelos sorrisos que Yamazaki dava, feliz por ter sido lembrado na viagem por uma amiga. Amiga... aquela palavra parecia perseguir ela, quase tanto quanto, sem que ela soubesse, perseguia ele.

Até que um dia, ela decidira fazer uma quase estratégia de guerra. Separou as revistas em que ele aparecera e separou uma por uma das fotos. Deveria ter um jeito de piorar as roupas. Sentou se e espalhou as fotos no chão, com um caderno na mão. Se fosse necessário ela mandaria uma costureira fazer a roupa. Dia de folga, e ela lá, no escritório. Sentada no chão. Sem escrever nada, pois perdia o olhar nas fotos dele, esquecendo-se da missão que havia se imposto.

Uma batida da porta tirou-lhe das divagações. Seu companheiro de “guerra” aparentemente estava em mais uma batalha. Yamada, só ela tirava o Nomiya do sério ao ponto de fazê-lo ir ao escritório em pleno feriado. Assim como, ela mesma, Miwako, só parecia sair do sério por causa de Yamazaki. Nomiya se sentou no sofá e logo após deitou se, com as mãos na testa.

“Yamada-kun?”- Miwako falou, apenas para confirmar o que já era certo.

“Com certeza... e... Você está...Oh, não, conselho de guerra.”

“Eu vou conseguir dessa vez”, era sempre isso que dizia. Sempre afirmava que iria ganhar. E mais do que nunca ela queria acreditar nisso. O número de telefonemas, que Yamazaki recebia e se retirava pra atender com a face corada, subia vertiginosamente depois do grupo de encontros, o que sempre levava Miwako a virar o rosto, ou abaixar a cabeça e ficar séria, ou acabava por fazê-la dar longas voltas com o cachorro, mesmo que este já tivesse passeado no dia. Nomiya, que a princípio acreditara em Miwako, já notara a situação, mas decidira deixar quieto, não se sentia com direito de dar dicas amorosas a ninguém no momento. Yamada estava, realmente, lhe dando um nó na cabeça. Mas ela valia a pena, então, decidira aguentar.

Nomiya sentou-se ao lado de Miwako e começou a discutir as roupas. Mas era claro que ela não estava ouvindo. Nomiya deu uma risada de leve. Depois de tanto corar e se irritar com as reações exageradas dos colegas devido ao seu carinho pela Yamada poderia brincar um pouco com Miwako, que parecia na mesma situação.

“Uhum... poderia haver plumas, o que acha?”, ele arqueou uma sobrancelha.

“...Ah..é,é”                                                                                                               

“Podia ser um amarelo meio roxo”

“Com certeza, sim..sim”

“O que acha de me conceder um aumento?”

“Boa idéia. Continue falando...”

“Por que não chama logo ele pra sair, hein?”

“São ótimas idéias...e...O que disse?!”

Nomiya riu da própria ironia. Provavelmente ele ficava daquela forma quando pensava na Yamada. Miwako corou e virou o rosto, resmungando. Fingiu irritação e rabiscou qualquer coisa no caderno, como se realmente tivesse tido alguma ideia.

“Você gosta dele.”

“ D-Da onde tirou isso? Bateu com a cabeça?”

“Ora...Então por que não se concentra em sua “missão”? Ou até mesmo, por que você não consegue, mesmo quando o vê vestido antes de sair, dizer se ele está ou não está bem? Será que é porque a roupa dele não te importa?”, Nomiya disse, arqueando as sobrancelhas, enquanto Miwako dava-se por vencida.

Miwako abraçou o cachorro e deitou-se virada para cima, de olhos fechados. “Ok, eu gosto dele”, murmurou baixinho. Esperou ouvir uma risada ou alguma brincadeira de Nomiya, mas apenas ouviu um leve farfalhar de folhas sendo remexidas. Leve que logo se transformou em algo intenso e desesperado. Nomiya procurava desesperadamente a foto do Yamazaki na qual ele declarara que gostava de Miwako, e que se esforçava para ficar ao lado dela.

Miwako sentou-se e dirigiu um olhar de certa estranheza para o amigo. Nomiya ignorou o olhar e pegou a foto com a reportagem, sentando-se e pegando o celular calmamente. Discou os números e esperou. Um toque. Dois. Três. Quatro.

“Alô? Yamazaki? Ah, sim... é sobre a Miwako sempai... Ela está no escritório, mas ela não está se sentindo muito bem, então...”

Miwako soltou um gritinho assustado e incontido. Desesperada, tentou pegar o celular de Nomiya, que a empurrava com uma mão, enquanto com a outra tentava falar com Yamazaki.

“Ouviu? Bom, eu não sei cuidar dela, eu sei que é feriado mas... Ah, está vindo? Nossa, obrigado.”

Miwako soltou outro gritinho, por uma hora ela queria ter a força da Yamada e socar Nomiya até que ele desligasse o telefone. Porém, como não tinha, limitava-se a dar tapas inúteis no braço dele, que ainda fez questão de dizer, em alto e bom som, um: “Calma, Miwako-Sempai, o Yamazaki já está vindo, não precisa mais chamar por ele” e desligar o celular em seguida.

Miwako xingou alto, e Nomiya empurrou o papel para ela. “Ora, nem se deu ao trabalho de ler o que o Yamazaki disse, não foi?”. Ela olhou para o chão, estarrecida. A verdade é que não havia sido, antes da ida ao clube de encontros, a primeira vez que Yamazaki dizia que gostava de alguém. E ,por causa disso, tinha certo medo de ler a tal reportagem. Não queria perder as esperanças. Ela lançou um olhar suplicante para o Nomiya, que, esfregando o braço dolorido dos tapas, apenas revirou os olhos e disse um duro “leia” para ela.

Miwako suspirou fundo e começou a ler, enquanto Nomiya recolhia e escondia as fotos o melhor que podia. Miwako abriu um sorriso, e pouco a pouco deixou algumas lágrimas escaparem. A reportagem era curta, mas ela lia palavra por palavra, quase tentando se convencer de que era real. O som de alguém tentando abrir afobadamente a porta fez Nomiya se apressar e tirar a foto da mão de Miwako, guardando-a no bolso e se afastando alguns passos da amiga, enquanto Yamazaki enrolava-se com a porta, tentando entrar.

Nomiya prendeu uma risada quando o amigo entrou. Yamazaki estava com o cabelo ensopado, provavelmente ele estava tomando banho quando recebeu a ligação, o que explicava a demora pra atender. A roupa, posta as pressas, estava amarrotada e torta. Os óculos de Yamazaki, além de tortos e despencando do rosto, estavam embaçados.

Yamazaki se enrolou com as chaves, deixando-as cair algumas vezes antes de conseguir trancar a porta. Miwako arregalou os olhos, parecendo se dar conta do que estava acontecendo. Yamazaki puxou-a pela mão, a fazendo sentar. “Sempai, sempai, você está bem?!”, ele perguntou preocupado, enquanto secava as lágrimas de Miwako que, desesperada, via Nomiya sair furtivamente do local.

Miwako tentou raciocinar, enquanto Yamazaki lhe servia um copo de agua e conferia pela terceira vez se ela estava com febre. Ela levantou o olhar devagar e corou. Yamazaki olhou para ela e perguntou o que estava acontecendo. Miwako choramingou de leve, sem saber o que fazer. Suspirou. Tomara que ele realmente goste de mim, ela pensou, e meio nervosa, puxou o mais novo mais para perto, lhe selando os lábios.

Yamazaki se assustou, mas ele realmente a amava. Fechou os olhos e puxou Miwako mais para perto. Perto. Era assim que ele queria que ela permanecesse a partir de agora. Quando abriram os olhos, os dois estavam corados, mas, indiscutivelmente felizes. Yamazaki foi o primeiro. O primeiro a dizer eu te amo. E logo, bem antes do que ele achava, Miwako também admitiu.

Logo, não se sabe quem primeiro, os dois se abraçaram, felizes. Juntos. Um sempre esteve tão perto do outro, mas nunca tinham notado que o sentimento era reciproco antes. Mas a vida é assim. Ela é escrita certa, por linhas tortas. Mas as linhas tortas não importavam mais. Eles estavam juntos. E isso já era muito mais do que eles poderiam pedir. Um grande amor. Para durar a vida inteira. E ser lembrado, por anos e anos mais.


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