Lass narra’

Eu corria pelo meio da floresta, eu estava me deixando guiar por meus próprios instintos. Procurava por qualquer coisa que fosse me levar à ela, e por mais que não fizesse ideia do que seria essa ‘coisa’, eu não iria desistir. Eu não podia desistir, eu tinha que continuar, e eu continuaria por ela.

Continuei correndo em meio às árvores, sentia-me estranho, como se a cada passo eu perdesse algum precioso segundo. Parei de correr quando me deparei com um local estranhamente familiar. Eu arfava um pouco, devido à corrida. Olhei em volta, eu já havia estado ali. Não! Não havia! Apenas no... SONHO!! É isso! Meus pensamentos foram interrompidos por um grito desesperado.

– SOCORROOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!

  Ouvi o grito, que foi seguido de outro e mais outro, nesse momento, comecei a correr, correr muito em direção ao local de onde vinha a voz.

xxxxXXXxxxXXXxxx Millie narra’

Gritei, gritei, e gritei mais uma vez. Não sabia exatamente onde eu estava, não sabia se eu ainda estava no meio da floresta, creio que sim. Eu arfava muito, o desespero tomava conta de mim, nem havia percebido que eu chorava até que uma pequena gota escorreu por meu queixo indo de encontro ao chão.

A... A... coisa na minha frente, que antes afiava a terceira ou quarta faca, virou-se para mim com um semblante raivoso. Jogou a pequena mesa de madeira para longe, e eu ouvi o tilintar de algumas facas arremessadas junto à ela quando foram de encontro umas às outras e posteriormente ao chão.

– Ora, CALE-SE GAROTA!!! SEUS GRITOS INÚTEIS ME INCOMODAM!! – Ele gritou. Eu não disse nada. Apenas o fitei de olhos arregalados, eu tremia um pouco e meu coração batia acelerado à ponto de eu não sentir direito o intervalo entre cada batida.– Humpf! VOCÊ JÁ ME DEU MUITO TRABALHO!!! EU QUERO VER VOCÊ GRITAR SEM A SUA CABEÇA!!! – Disse ele, pegando a primeira faca amolada, que, devo dizer, era uma espada, e veio em minha direção. Ele tinha um sorriso maníaco no rosto, parecia divertir-se ao me ver assustada. Eu estava desesperada.

 Tentei de todas as formas me desamarrar, me balancei na corda, tentei soltar minhas mãos. Nada. Ele se aproximava mais e quando chegou perto o suficiente, levantou a espada com ambas as mãos, e logo as abaixou brutalmente. Fechei meus olhos, esperando o pior. O pior... Eu esperava um impacto terrível e doloroso. Esperava a minha própria morte. Algo que simplesmente não senti. Simplesmente não veio. Eu não sabia qual era a sensação de morrer, ou o que se sente, talvez eu já estivesse morta, ou não... Não sei.

Arrisquei-me então a abrir os olhos. Sim, eu estava viva. Viva e confusa, mas com certeza viva. O que eu vi a partir daí ocorreu muito rápido, eu corri meus olhos pelo local. À minha frente eu percebi que havia alguém. Eu o via de costas, e de característica física pude apenas perceber os cabelos acinzentados, quase brancos, estranhamente familiares. À frente dessa pessoa, estava a coisa que antes queria me matar, o que me fez lembrar-me da espada, então levantei um pouco os olhos, vendo a espada quase acima da minha cabeça, mas fora defendida por outra, à qual identifiquei como sendo uma Katana. Senti-me neste momento com a realidade caindo novamente sobre mim, como se até agora eu tivesse visto tudo em câmera lenta, tudo à minha volta voltou ao normal, na velocidade normal que eu via.

O garoto à minha frente, num movimento rápido, desviou a espada, então ele começou a lutar contra o gigante, ele era rápido... Aqueles movimentos... Eu podia jurar que já os havia visto antes. A criatura foi atacá-lo com uma espada. Ele aparou o golpe e girou e ele... WTF?! Ele mandou a espada na minha direção???   Mais uma vez fiquei aflita e instintivamente fechei os olhos, esperando o impacto. Dessa vez eu senti um impacto, mas não era aquele que eu esperava, eu senti um baque do meu corpo contra o chão.

Abri meus olhos e levantei meu rosto a fim de entender o que acontecera, e, ao fitar o lugar onde antes eu estava amarrada e o que vi foi a espada que ele havia me lançado fincada na parede e as cordas que antes me amarravam estavam cortadas, com alguns pedaços fincados junto à espada e outros eu pude ver no chão.

Levantei-me com um pouco de dificuldade, mas eu estava bem. Olhei para a luta a alguns metros de mim, o gigante pegou outra espada e ele e o garoto estavam lutando. Aqueles ataques... Enfim, não é hora de pensar nisso. Eu queria ajudar na luta, tentei pegar a espada, mas estava muito alto para eu conseguir pegar.  As outras facas!

Olhei para o lado, corri até onde vi as facas e peguei uma que parecia ser a outra que o gigante-coisa-ciclope havia amolado e olhei para onde a luta acontecia. O gigante investiu contra o garoto, que não esperava o golpe daquela forma. Conseguiu defender-se, mas acabou ficando desarmado. Eu precisava ajudá-lo! Eu tentava correr até eles, mas estavam muito longe de mim. Eu então vi o gigante se aproximar do garoto, que tentava recuar, mas o chão já havia acabado e atrás dele estava apenas a parede da caverna. Ele tinha o pé machucado, provavelmente por causa do golpe anterior, e o gigante chegava cada vez mais perto...

CONTINUA...