POV Sierra

- Sabia que viria. – sorriu satisfeito.
- É. – respondi simplesmente enquanto sentava no chão empoeirado. – então o que você quer?
- Nada. – disse dando de ombros. – estava com saudades, apenas isso.
- Zayn. – o repreendi enquanto fechava os olhos para me controlar. – você sabe que não podemos nos ver.
- Eu sei. Mas não é algo que eu sei se sou capaz de fazer Swart Hare.
- Eu nunca disse que seria fácil, mas existem coisas que são necessárias. – falei e implorava que ele entendesse.
- Tudo bem, mas já que estamos aqui... – deixou a frase no ar e sorriu malicioso. Começou a se aproximar de mim e envolveu meu corpo com seus braços musculosos.
- Zayn. – sussurrei numa tentativa falha de repreendê-lo, saiu mais como um pedido, como se eu implorasse que ele continuasse. Ele então colou os lábios nos meus e eu não pude mais controlar a situação, precisava daquilo tanto quanto ele.

Passei boa parte da noite ali, compartilhando lembranças de infância enquanto eu e Zayn nos tornávamos apenas um mais uma vez. A hora da despedida foi difícil para nós, por isso apenas lhe dei um beijo e voltei apressada para casa. Entrei fazendo pouco barulho e suspirei aliviada ao ver que Adam ao menos havia se mexido, tirei uma blusa e deitei sem me trocar para evitar fazer barulho. Dormi rapidamente sonhando que eu poderia passar o dia com Zayn,para sempre. Sonhei que eu acordaria ao seu lado. Mas nada disso aconteceu, dificilmente aconteceria algum dia. Acordei e Adam roncava ao meu lado, peguei uma roupa (linkhttp://www.polyvore.com/cgi/set?id=46698870&.locale=pt-br), tomei banho e fui trabalhar. O dia de trabalho foi tedioso e apesar de minhas esperanças não encontrei com Zayn e nem com nenhum dos meninos no horário do meu almoço. Na faculdade eu entreguei mais um trabalho e era ignorada por todos, isso já se tornara rotina. Parei para jantar em uma lanchonete e então fui para casa. Entrei na sala e Adam estava aconchegado no sofá. A TV estava ligada, mas ele não parecia prestar atenção no jogo que ali passava, ao me ver soltou um sorriso, o que me surpreendeu um pouco.
- Consegui um lugar para nosso casamento. Vai ser perfeito. – falou e eu fiquei sem reação, não tinha parado para pensar que ele faria uma cerimônia mesmo, achei que casaríamos apenas pelo papel. – você está bem? Responda algo. – pediu levantando e me analisando com um olhar questionador.
- Ah, desculpa. Estou um pouco cansada. Onde que vai ser? – pedi voltando ao assunto que, aparentemente, deixara ele feliz.
- É uma espécie de fazenda, mas ela tem toda a estrutura para fazermos nosso casamento. – eu forcei um sorriso e lhe respondi.
- Ótimo, se me der licença vou tomar um banho. Depois conversamos. – ele concordou com a cabeça e sentou no sofá. Eu me dirigi ao banheiro e tranquei a porta me encostando sobre a mesma. Quem eu convidaria para uma cerimônia? Minha tia, seu marido e meu primo. Só! Tem algo mais depressivo que isso? Nem Zayn e os meninos eu poderia convidar. Então a realidade caiu sobre minha cabeça: eu estou sozinha. Na verdade sempre tive, mas só agora que a realidade caiu sobre mim. Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Rapidamente a enxuguei com minha mão e tentei me convencer de que eu era forte o suficiente, por isso não precisava chorar. Tirei minhas roupas e me enfiei embaixo da água quente do chuveiro. Me lavei o mais rápido possível. O chuveiro era um lugar que me fazia pensar muito, queria deitar e dormir logo. Assim evitaria mais abusos de Adam e pensamentos tristes. Vesti o pijama e sai do banheiro indo direto para o quarto. Enfiei-me embaixo das cobertas e me enrosquei nelas. O cansaço e a maciez e calor proporcionados pelos cobertores me fizeram adormecer rápido.

Sombras. Era tudo o que meus olhos enxergavam. Elas me cercavam, me perseguiam pela mata densa. A luz da lua não passava pelas copas densas das arvores altíssimas. Olhei sobre meu ombro, alguém me perseguia. Tinha forma humana, mas emanava tal maldade que eu duvidava que tivesse uma alma. Corri com todas as forças que eu tinha, mas quanto mais eu corria mais a criatura se aproximava. Tropecei em um troco e cai sobre espinhos, das minhas palmas e braços cortados escorria sangue. Soltei um gemido de dor e tentei me levantar. Mas era tarde de mais, as somras haviam me alcançado.

Acordei assustada. Adam roncava ao meu lado. O pijama havia colado ao meu corpo tamanha quantidade que eu suei. Olhei meus braços e mãos, nem um mísero corte. Que droga de sonho era aquele? Parecia tão real. Se parasse para pensar não era tão diferente de minha vida real: Um pesadelo. Passei a mão sobre a minha testa e respirei fundo. Sai debaixo das cobertas e fui tomar um banho.

Tranquei a porta do banheiro e coloquei o pijama para lavar. Abri a torneira do chuveiro e nem esperei a água se aquecer. A água fria bateu contra minhas costas me causando um arrepio. Junto com ela desceu todo o suor e meu sono. Talvez um pouco do medo e do susto causados pelo pesadelo. Lavei-me em poucos minutos e então sai do Box. Vesti a roupa que eu havia separado (link http://www.polyvore.com/cgi/set?id=47640170&.locale=pt-br) escovei meus cabelos e dentes e sai para o trabalho. Era mais cedo que normalmente eu saía, por isso estava mais frio do que eu estava acostumada. Meus cabelos molhados também não ajudavam muito. Coloquei as mãos nos bolsos numa tentativa falha de me aquecer. Senti algo em meu bolso, retirei o pequeno pedaço de papel. Já imaginava de quem era o recado. Mas quando? Me perguntei lembrando do nosso encontro na casa da árvore, provavelmente ele colocara a mensagem ali enquanto eu vestia minhas roupas. Entrei na Starbucks e fiz meu pedido. Sentei afastada da porta e abri o pedaço de papel.

Quinta Feira. 12:30

Li o recado repetidas vezes. Ele queria me encontrar de novo? Qual seria a parte do “Não podemos mais nos ver!” ele não havia compreendido? Suspirei fundo e agradeci a moça que veio trazer meu pedido. Por mais arriscado que fosse eu acabaria indo encontrá-lo. Eu me conheço bem o suficiente para saber que eu não aguentaria tal tentação. E Zayn me conhecia bem o suficiente para saber disso também. Tomei meu café e sai em direção ao prédio da BlueMan, joguei o recado na primeira lixeira que vi e comecei a andar mais rápido ao sentir os primeiros pingos da forte tempestade que viria.