A Vilã Morre No Final . escrita por Liz03


Capítulo 31
31) Últimos detalhes - Limpeza da obra


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sumi, mas não foi apenas greve de capítulos. Foram um zilhão de coisas, além de várias coisas pra estudar, quando a Universidade aderiu a greve e voltei a escrever descobrir que perdi tudo no pen drive por conta de um vírus. Depois voltei a escrever, mas o computador não salvou as 849 palavras que eu digitei então tive que hoje escrever tudo de novo. Mas estamos aí, bem, comentem por favor, a fic está chegando ao fim :o



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No primeiro andar a música era agitada, as luzes coloridas e os flashes deixavam os movimentos em câmera lenta. Garçons passavam por nós com coquetéis exóticos. Pessoas passavam por nós dançando. Casais apaixonados (ou não) interagiam – se é que me entendem- também passavam. Quantas vezes apenas passamos? Ora, me diga quantas oportunidades você já perdeu por apenas “deixar passar”, quantas? Nem pense. Porque você não sabe, mas cá estou eu para dizer que foram muitas. Um olhar mais atencioso bastaria, é só lembrar que o mundo não é feito de milhões de pessoas, e sim de alguém que gosta de comer pizza aos Domingos, aquela mulher que gosta de ouvir as músicas da Celine Dion quando está só e aquele menino que tem medo de palhaço. Nós nem olhamos nos olhos das pessoas , não é? Qual foi a última vez que você realmente percebeu um estranho?

Digo perceber de prestar atenção mesmo. Você olhou e percebeu que aquela pessoa estava triste? Ela poderia ter perdido o amor de sua vida naquele dia, e você nem olhou direito. É. Com toda certeza falta-nos atenção. Talvez por isso quando subimos para o segundo andar eu não tenha percebido que aquele cara que esbarrou em mim era César (isso mesmo, aquele calouro que também veio para Portugal), ah e sabe o cara que estava descendo os degraus bem no momento que a gente estava subindo? É era Paulo (sim, aquele outro que também veio conosco para Lisboa). Se eu tivesse visto teria me perguntado o que eles estavam fazendo lá. Teria me questionado se é realmente possível tamanha coincidência. Não era coincidência. Mas isso tudo era “se” eu tivesse. Se. Maldito se que nunca acontece.

Mas subimos ao segundo andar onde a música era mais calma, os casais dançavam num ritmo suave, garçons apareciam oferecendo de água de coco a uísque escocês. Nos acomodamos nós sofá e havia também poltronas disponíveis. Alex estava um tanto quanto impaciente, remexia-se na poltrona azul turquesa, olhava para os lados, cruzava e descruzava as pernas. Tolói e eu conversávamos (digo, discutíamos) avidamente sobre o campeonato brasileiro de futebol, que acompanhávamos a distância. Ele, como bom flamenguista, falava de modo extremamente irritante. Eu, como legítimo tricolor, discordava de praticamente tudo que o torcedor arquirrival dizia.

E Emi? Ora antes de falar qualquer coisa de minha querida Emi eu gostaria de falar algo que  na época eu não sabia , mas que hoje, com alguns anos calejados a mais de vida, eu sei. Vamos a ela:

Coisa: Me vejo tentado a concordar sim com os epicuristas que dizem que um sábio não se apaixona. Realmente faz sentido. Você deve estar aí argumentando todas as coisas boas que o amor traz consigo. Sentimento de “flutuação”,pensamento constante e concentrado em uma pessoa, músicas melosas fazendo sentido....Está bem, lhe respondo, mas e quando essa pessoa não “flutua” por você ou ainda quando o amor morre.

Morre?

Ora, claro que morre! Tudo morre. Você, eu, outros animais, plantas, fungos....Por que só o amor haveria de não morrer ? Morre bem morrido sim. E aí, ah meu bem, aí o sofrimento é cruel, e toda a dor não compensa o que chamam por aí de amor , sinto muito.

Vamos a minha querida Emi agora, bebendo um vinho suave e atenta a mim. Como é bom perceber que a pessoa que você ama está olhando para você daquele jeito. Sorridente. Pus minha mão sobre a dela que estava confortavelmente sobre a coxa. Passado algum tempo o telefone de Alex tocou: “Sim, sou eu. OK, entendi”. Pediu uma dose de conhaque, ao fim do copo levantou-se e anunciou que iria ao banheiro. Não demorou muito e Emi disse que aproveitaria para também ir ao toilet.

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Entro no banheiro, uma mulher loira está retocando a maquiagem. Ela parecia jovem, menos de 25 eu diria, vestido rosa justo, me aproximo, abro a bolsa prata e pego o rímel. Passo a tinta preta nos cílios. A mulher ao lado exala um ligeiro cheiro de bebida alcoólica.  Uma mulher de cabelo preto sai de um dos boxes e vem ao meu lado lavar as mãos. A mulher loira guarda o blush e sai. Não demora muito a outra mulher que lavava as mãos também volta para festa. Vou até a porta e tranco sem fazer barulho com a chave. Volto para o retoque de maquiagem. A porta do último box a esquerda é aberta. Observo seu reflexo pelo espelho.

-Olá

- Oi - ela diz parecendo surpresa em me ver

Ela segue em direção a porta de saída, mas eu a interrompo.

- Oh querida, será que você pode me esperar?

- Ah, claro

Entro no box, tranco a porta, sento no vaso, abro a bolsa e pego o anel em forma de uroboro. Encaixo no dedo médio da mão direita, uso um grampo de cabelo para afundar o olho da cobra do uroboro e acionar a corrente elétrica. Foi , aliás, uma ótima aquisição apenas 3 euros em um brechó em Frankfurt.Quando eu olhei o símbolo da cobra mordendo o próprio rabo, que , dizem, significa eternidade, mas para mim sempre significou algo do tipo: “ O fim está em si mesmo” , depois tudo que tive que fazer foi criar um pequeno circuito elétrico por dentro do metal, acionando a chave que faria a corrente passar livremente empurrando para baixo o olho da cobra, soldar para esconder a pequena fiação.Claro, que pus isolantes para que eu não recebesse a descarga elétrica, é algo inspirado na gaiola de Faraday, mais ou menos isso.

Dou descarga. Saio do box e lá está ela me esperando com seus olhos assustados. Bem, se as coisas estão caminhando nesse curso, com aqueles dois que também vieram para Portugal por aqui , a muito tempo deixei de acreditar no acaso. Já que o rio segue assim, eu mereço, ao menos, me divertir um pouquinho.

- Certo, cansei – Digo me apoiando na porta do box- Pode ir falando

- O que?

- Ai menina, não me enche o saco, sério....

- Que isso? – ela faz uma interpretação quase boa – Do que você está falando?

- De você, claro – digo examinando minhas unhas e rindo por dentro com o desespero crescente na voz dela – Digo de quem você realmente é , e não isso aí – aponto para ela - aliás não fique ofendida mas você saiu do primário ontem?

A garota me encara. Caminho até ela.

-Vamos menina, poupe meu tempo e o seu

- Não sei o que você está....

-Ah não! – rio alto – Sério?  - sorriu e analiso bem a garota, é realmente uma pena – Então eu brinco sozinha

Passo a mão por seu pescoço e a vejo cair devido ao choque, ela tenta reagir me dando uma rasteira, mas a tontura retarda seus movimentos e eu desvio, acertando um pontapé no seu nariz. O sangue jorra no chão e ouço  seus gemidos. Tenta  mais uma vez me acertar, me abaixo e a imobilizo, miro bem profundamente em seus olhos:

-Ouça bem, porque eu não vou repetir e não vai haver uma segunda chance – ela se debate abaixo de mim, mas continuo segurando-a – Vamos lá, você vai ter uma chance. A chance da sua vida, devo dizer. E eu vou dá-la a você confiando na sua inteligência, mas não se engane se eu perceber que foi um equívoco, não hesitarei em torcer o seu belo pescocinho em três pedaços simétricos, ok?

Como ela nada diz, continuo:

- Eu estou nessa porcaria a muito tempo, então não se atreva a atrapalhar meus planos ou eu passo por cima de você sem lhe dar aviso, entendido? – sem resposta vou falando – Você vai sair daqui e sumir do mapa, não me interessa como, tire essa sua cara da face da Terra. E não vai, nunca. Eu disse nunca, vadia, você entende o que isso quer dizer? Nunca vai encher o saco do Tomás Daris nem de ninguém. Entendeu? – espero um momento, olho para o lado, respiro fundo e volto a encará-la . Como ela não responde, acerto um morro em sua boca, o lábio racha e o sangue volta a manchar o chão – RESPONDA! ENTENDEU OU NÃO VERME?

 A garota faz que sim com a cabeça e lambe o sangue da boca com uma cara de ira e pavor ao mesmo tempo.  Levanto, olho o reflexo no espelho e volto  a me dirigir a ela ainda no chão:

- E limpe essa sujeira no chão – recoloco uma mecha do cabelo atrás da orelha – Estamos conversadas, garota?

Acena que sim com a cabeça. Eu sei que o procedimento padrão seria matá-la e me livrar do corpo, mas decidi dar uma chance sim, afinal, ela era jovem e, no fim das contas, a culpa não era inteiramente dela. Caso ela não aproveite a chance, aí sim, vamos ao procedimento padrão. Saio do banheiro, peço uma vodka ao garçom e volto a sentar ao lado de Daris.


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Notas finais do capítulo

Comentem pestinhas! Ó vou pôr uma capa nova, com uma frase que encontrei no livro Mensagem de Fernando Pessoa, juntamente com um verso retirado de um poema do mesmo livro : )