Feliz Natal? escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ofereço essa história para uma grande amiga - Winnie Cooper - e para todos que venham a ler e gostar. Ela é simples e boba, mas com o tema natal que me agrada tanto. Beijos e Boa Leitura



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Sério, essa é uma data que mexe com as pessoas, e eu deveria está feliz certo? Errado. Sabe o quanto preciso aguentar de falsidade, abraços sem vontade, e brincadeiras idiotas? Muito mais que o normal. Porque no natal as pessoas acham que pode esquecer-se de todos os problemas e de todos os males e ficarem felizes ao redor de uma mesa gigantesca de enormes gostosuras. Eis o único fato que me agrada no natal, a comida deliciosa que sempre faz com que meu cérebro viagem enquanto escuto histórias sem sentidos e risos falsificados.

Não... Eu não sou doida, só sou um ser humano que preferia que as pessoas fossem mais sinceras e muito menos interesseiras. O Natal originalmente era uma data de alegria e obviamente onde as pessoas compartilhavam sentimentos puros. Era. Hoje em dia as pessoas se aproveitam disso para presentes estonteantemente caros, e pedidos de perdão sem arrependimento nenhum. E não eu não sou pessimista, sou realista. E detesto o Natal. Pelo menos o Natal aqui. Por que meus pais tinham que resolver ter uma segunda lua de mel bem nesse momento? Claro, para se livrarem da família e curtirem as ilhas quentes do Havaí. Eu teria feito o mesmo se eu fosse eles, mas pais viajando é igual natal em Hogwarts. Eba, quanta felicidade.

Talvez, só talvez, eu seja um pouco irônica, mas essa é minha marca registrada, e oras cada um é feliz de um jeito. As patricinhas, sim infelizmente existem esse tipo de criatura aqui no mundo bruxo também, e sim era umas das coisas trouxas que deveriam não ter sido copiadas, diferente do telefone, computador, smartphone e redes sociais, mas... Voltando as patricinhas, grupo lideradas por loiras ou algumas vezes ruivas, magrelas que acham que são o máximo por saírem com os jogadores de Quadribol. Ok. Mais clichê que isso é impossível. Certo, voltando para essa classe desprivilegiada de cérebro, é nessa época do ano que elas falam com garotos que tratam como lixo o ano todo, os deixando imensamente feliz. Assim como resolvem ajudar garotas que foram chamadas de feias para que o espirito natalino se lembre dessas bondades e lhes rendam mais beleza e egoísmo. O que posso dizer? Éca, deve ser suficiente.

Então eu estou aqui parada na escada de entrada do castelo observando essa humanidade grotesca e conseguindo contar nos dedos as poucas pessoas desse castelo que se salvam, quando sinto que estou sendo observada, me viro para encontrar uma das poucas pessoas que fazem esse pesadelo diário valer a pena. Às vezes me pergunto porque vim estudar justamente nesse castelo, quando estou com essa pessoa eu esqueço de me perguntar isso, porque consigo gastar todo meus pensamento em discussões engraçadas e risadas. Risadas altas, soltas. Seria melhor defini-las como gargalhadas. Sim ele me faz dar as melhores gargalhadas.

— E o que a “Miss Odeio o Natal” faz aqui ainda? O pessoal já foi para casa festejar. — Ele disse sentando-se ao lado dela e lhe oferecendo pedaços de frutas cristalizadas e muito bem açucaradas. Um ponto comum entre nós, ambos amamos doces, e quando digo amar eu digo realmente amar.

— Pais comemorando anos de matrimonio estável com frutos lindos e inteligentes. — Eu suspirei pegando não apenas uma fruta, mas o saquinho inteiro para mim. — E você? Senhor “O natal é a melhor data de todos os tempos” não voltou para casa?

— Mãe pesquisando planta estranha em um continente sul americano e pai escrevendo um livro com base nessas plantas. — Ele deu de ombros. — vai ser bom conhecer o natal de Hogwarts, dizem que é divertido e que os professores ficam animados com as bebidas. — Ele disse rindo.

— Isso é totalmente uma visão que eu preferia não presenciar. — Respondo mordendo minha fruta preferida. — professores bêbados, uipe...

— Me responde por que odeia o natal? — Ele diz revirando os olhos e roubando os doces de volta pra si. — É uma data bonita, e eu tenho um presente pra você.

—Presente? — Pergunto ligeiramente perturbada. — Sabe que não gosto de presentes... E bem... Não comprei nada para você. — Digo envergonhada, sempre tenho problemas com presentes natalinos, é que não acho que bonecos de neve sejam presentes legais, e normalmente vou para bem longe de todos os amigos que fiz.

— Não foi comprado, e não quero presente... Só vou te mostrar que o Natal pode ser muito especial. — Ele disse me devolvendo o saquinho de doces. — Agora preciso ajudar o meu melhor amigo a escolher um presente bem clichê para a futura namorada dele. Bom... Todas as garotas gostam de presentes clichês.

— Hein... — Eu ergui minha sobrancelha esperando ele se corrigir.

— Certo, nem todas as garotas. Mas eu preciso realmente ir antes que ele entre em crise existencial. — Ele sorriu acenando enquanto começava a se afastar.

— Ótimo... Um presente... — Eu suspiro lentamente e me levanto pronta para enfrentar um grande dilema. Escolher um presente para um garoto que gosta de praticamente tudo.

Sério, eu preciso de ajuda. Por que ele disse que vai me dar um presente? Agora eu me sinto na obrigação de dar um presente para ele também. Não que eu ache isso digno, mas eu acho isso justo, e muito amigável. Só existe um único problema. Não achei nada que pudesse dar a ele. Não quero coisas obvias, nem algo que não combine com a alma dele, que é de longe a mais pura e inocente que eu conheço. Então tinha que ser um presente especial, um presente de mim para ela. Algo que significasse o que quero e combinasse com o que ele quer. Ou seja, não faço a mínima ideia do que pode ser dos dois.

Não... Não diga doces... Não vou dar a ele vários doces isso é totalmente sem graça e possivelmente muito comum para pessoas que não se conhecem, e eu conheço ele. Bom... Acho que conheço. Ele normalmente diz verdades com uma tranquilidade irritante, gosta de tudo que é estranho, anormal, de tudo que as pessoas não gostam. É temos isso em comum. Ele tem um sorriso fofo e uma gargalhada contagiante, e sua ironia é mais venenosa que a minha, só que ele a utiliza de uma maneira engraçada, doce, quase intocável. Ele tem um jeito diferente, e é obviamente o que mais gosto nele, o jeito dele ser. Tudo bem talvez depois do meu breve envolvimento com o melhor amigo dele eu tenha percebido que na realidade gostava muito mais do relacionamento por está sempre por perto dele do que pelo fato de trocar beijos com um cara legal.

Certo isso não foi legal. E eu não gosto dele. Ou talvez goste e não queria assumir pra mim, é que se apaixonar pelo melhor amigo é tão... Oh Meu Deus, eu realmente gosto dele, e não importa que isso seja totalmente... E é por isso que não consegui escolher um único presente, se ele fosse qualquer um eu teria achado qualquer coisa, mas ele é especial... E agora o que eu faço? Natal e descoberta de um amor impossível? Ótimo, fim de ano muito simpático forças ocultas, muito obrigada por isso. Sério, eu sou tão sortuda, essas coisas só acontecem comigo.

Estou totalmente confusa e perdida... E sem presente. Fecho meus olhos sentindo o calor do cobertor me envolver no sono pensando em como resolver tudo isso até o dia seguinte. Quando todos iriam se reunir e trocar presentes, nem todos, apenas aqueles que como eu estão no castelo. E na hora que ele me der o presente eu não terei como retribuir, e o pior de tudo ficarei nervosa e ansiosa porque descobri que existe um motivo dele me fazer rir tanto, me fazer falar tanto e do porque de gostar tanto de tê-lo perto de mim. Droga. Eu estava totalmente perdida. Eis mais um motivo para odiar o Natal.

E eu estou aqui, parada em frente a escada principal andando de um lado para o outro pensando que eu deveria ter descoberto essa “suposta” paixão depois do ano novo. Justo no natal? Justo quando ele vai me dar um presente? Justo na época que mais odeio do ano? Isso só pode ser uma praga dos espíritos natalinos, ou das garotas que me ofereçam aquela ajuda que nunca é boa coisa, e fiz elas passarem um pouquinho de vergonha na frente de uma sala inteira. É talvez elas tenham me azarado. Idiotas.

— Oi...

Oh Meu Deus... Respira... Inspira... Respira... Inspira... Eu sou irônica, corajosa e obviamente inteligente, mas isso não tira de mim o nervosismo de falar com o melhor amigo que de repente virou amor, e que possivelmente vai rir do meu presente e fugir de mim em seguida. Respira... Inspira..

— Hei... Parece nervosa, não odeie tanto o natal. — E ele riu. Aquela risada para irritar. E eu estou rindo também. Que droga, não deveria rir. Eu odeio ele. Odeio o natal. E odeio essa escola.

— Me assustou, já disse que parece um fantasma surgindo assim do nada? Eu poderia te atacar com a minha varinha super potente. — Digo sendo totalmente idiota. Mas...

— Minha varinha é mais potente... — Ele diz erguendo a sobrancelha maliciosamente.

— hein? — Digo fazendo a minha expressão de “tadinho, é perturbado”.

— Estou falando do pedaço de pau que possui poderes imagináveis e que nos escolhe. — Ele disse, mas acabou suspirando. — Tá certo eu piorei tudo.

— É piorou mesmo... E eu odeio o natal por ser uma data...

— de falsidade, pessoas rindo sem vontade e blá blá blá... Todo o CLICHE de rebeldes como você. — Ele diz rindo e começamos a caminhar pelo castelo, faltava tempo para o jantar e normalmente fazíamos isso. Era divertido tentar observar as pessoas e decifrar o que eram. Ele sempre dizia coisas boas e eu sempre coisas ruins. Nos completamos. Eu disse isso? Droga de amizade colorida que vira amor e sabe se lá o que mais.

— Hei espera... — Ele me fez parar de repente. Possivelmente hora de trocar presentes. E sim eu comprei doces. Não funciono sob pressão tá certo? Droga, droga, droga. Respira.

— O que? — Sorriu parando em frente a ele.

— Eu te disse que tinha um presente para você. — Ele respirou fundo. — E contra todas as minhas vontades é um presente clichê.

— O que?— Perguntei confusa, essa mania dele com clichê. Só por Merlin.

— Talvez seja o presente mais clichê de todos. — Ele suspirou.

— Então te dou o meu presente e não achará o seu clichê. — Digo finalmente balançando um embrulho em sua frente.

— Você não compra presentes... — Ele disse me encarando.

— Eu também não ganho, mas acho que a historia mudou esse ano.

— Não precisava. — Ele disse pegando o embrulho encantado.

— Foi você quem começou com isso. — Eu disse sorrindo, e ele também sorriu. Que lindinho. Eu sei, estou amolecendo, mas... Eu também gosto de um clichêzinho básico.  Afinal sou uma garota e tenho direito a ser normal às vezes.

— Hum... — Ele disse com a boca cheia de doces. Talvez eu tenha acertado no presente. Que lindo ele sorrindo com os lábios cheios de açúcar... Hum... Deve ser bom beijar com o sabor de doce... Do meu doce preferido... Hum... Eu estou enlouquecendo, me interne urgentemente. — Acertou em cheio! — Ele sorriu sem limpar os lábios. Eu estou gostando da visão, nem vou implicar com esse problema de distração que ele tem.

— Que bom que gostou... Não sou boa com presentes... — Suspirei. — Sabe né? Odeio o Natal.

— É eu sei... Mas... Disse que ia mudar isso né?

— Estou esperando meu presente, que não foi comprado... Ou seja... Sabe se lá o que pode ser... — Digo rindo e fazendo uma careta de pânico. — Lorcan Scamander? O senhor não pegou umas daquelas coisas estranhas em que acredita né? Sabe que tenho medo dessas coisas desconhecidas... E não é porque eu odeio o Natal que você precisa me assustar... Por favor, sei que doces não são um presente muito agradável, mas...

Sabe... Eu gosto desse gostinho azedo com doce... Mistura perfeita de ameixeiras dirigíveis com açúcar cristal... Meus olhos se fecharam lentamente. Oh Meu Deus, esse doce assim é bem melhor do que vendo filme romântico escondido dos meus pais. Nossos lábios estavam unidos, e eu naturalmente parei com a diarreia mental que normalmente tenho enquanto falo com as pessoas. Eu só conseguia pensar no quanto o beijo de Lorcan é incrível, ele tira todo o meu ar, faz minha mente girar e meu coração bater tão rápido que por alguns momentos nem é possível senti-lo. Eu só consigo querer que nunca termine, que ele continue me beijando para sempre, porque sua saliva se misturando com a minha é de longe a poção mais perfeita que eu já conheci. Uma mistura complexa e completamente envolvente. Quem precisa de sorte liquida quando está sentindo algo tão incrível e... Eu realmente dei o presente certo, porque compartilhar o doce dessa maneira é com toda certeza a melhor maneira de todas. E finalmente sinto o torpor começar a me deixar.

Sinto as mãos dele liberarem minha cintura, e nossa saliva sendo separada, o gosto das  ameixeiras dirigíveis ficando mais fraco, e finalmente a respiração ofegante tentando puxar todo o ar possível. E me vejo nos olhos dele, olhos azuis como dizem ser os olhos de sua mãe, e eu nunca me vi assim. Parece que sou outra pessoa, porque nunca me senti tão completamente feliz.

— Feliz Natal Sarah. — Ele está sorrindo e vermelho. Lindo, tímido, confuso. E eu estou sorrindo. Gostando, querendo e amando cada segundo.

— Acho que realmente acertei no presente. — Digo tentando ser eu mesma. Mas nesses momentos é impossível, e sinto meu rosto queimar.

— Espero que eu tenha acertado. — Ele respondeu coçando a cabeça e bagunçando o cabelo. — Porque esses presentes clichês podem ser detestáveis.

— Seu presente clichê foi o melhor de todos. — Suspiro voltando a me aproximar dele. — Feliz Natal Lorcan... — E grudo nossos lábios com vontade, e ficamos ali por vários minutos enquanto eu tento entender como funciona essa magia dos beijos.

— Então você...

— Ainda odeio o Natal, mas gostei do presente. — Suspiro rindo no ouvido dele. — Quem sabe aos poucos eu entendo esse tal de espirito natalino.

— Não é apenas um espirito, é uma magia... — Lorcan sorri enquanto me mantem em seus braços. — E de magia nós entendemos.

Sério, eu devo está enlouquecendo e não vou assumir isso a ninguém. Mas de repente eu até gosto um pouco do Natal... Mas só um pouquinho... E não tem nada haver com a tal magia que o Lorcan falou, ter haver com o fato de nem todas as pessoas serem hipócritas e egoístas, tem haver com o fato de algumas pessoas serem simplesmente perfeitas. E de alguns momentos serem inesquecíveis. Mordendo minha língua eu só posso desejar uma coisa: Feliz Natal!

The End.


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