Agora não foram apenas dias, mas sim semanas. Semanas que eu havia deixado àquela ilha, e voltado para meu país. Ainda me questiono se o que havia feito fora certo e sano, mas agora, não daria nem para voltar.

Após a visita da Selena, várias perguntas foram respondidas, mas em outra mão, várias outras foram criadas. Como “Por que ela veio aqui, e não ele?” ou “Por que ele não me ligou?”. E essas agora tomavam relevância.

Quando acordei no outro dia, a luz que me cegava não era a matinal, e sim a da lâmpada em cima da minha cama. E antes fosse apenas isso, Rob me sacudia levemente enquanto chamava por meu apelido. Ainda deitada de bruços, ergui minha cabeça e fitei o rádio relógio acima do criado mudo do quarto. 6h40 da manhã! Puta Que Pariu!

– Vamos girl, você tem que tomar café e depois nós vamos para o estúdio.- Rob falou saindo do quarto do hotel que ficávamos em Los Angeles. Me livrei daquele labirinto infinito de lençóis que quase me enforcavam. Fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal e fui tomar um banho.

A água morna me acordava lentamente. Os flashes de memória voltavam novamente a perturbar minha mente. O chuveiro, ultimamente, tem sido o único lugar que eu tinha tempo para pensar sozinha. Já que minha agenda encontrava-se praticamente impossível. O natal era em duas semanas e tinha um single novo na mídia, várias entrevistas para fazer, ensaios de turnê além da malhacão três vezes a semana com o Demitry.

Realmente, essa não é a minha época de férias. 

Os flashes voltaram novamente á minha mente. Primeiro a imagem do nome do Justin no celular, depois dele abrindo a porta tristemente para mim e depois suas cruéis palavras, e depois a Selena aqui em casa.

Finalizei meu banho, vesti um calça de moletom e uma T-shirt básica, pois pela manhã teríamos apenas os ensaios para a turnê.

Estamos agora dentro do carro, em direção ao programa da Ellen. Ellen sempre foi uma querida. De vez em quando ela me dava conselhos de relacionamentos, e toda entrevista que fazíamos, as gargalhadas eram garantidas. Isso seria até bom, porque ultimamente, gargalhadas não fazem parte do meu itinerário. Infelizmente.

–Essa garota já vendeu milhões de cópias, seus vídeos no youtube já forma visto milhões de vezes, está no ranking do Top 10 da Billboard... com vocês, ninguém menos que Natália Stewart!- A voz de Ellen soou pelo estúdio.

Entrei acenando, sorrindo e batendo nas mãos estendidas o máximo possível. Subi dois degraus e andei em direção a Ellen, que sorria de braços abertos. A abracei e depois sentei na poltrona vermelha, posicionada ao meio do palco.

–Finalmente- ela falou sorrindo abertamente para mim.

–Poisé né? Quanto tempo Ellen! Já tava ficando com saudades!

– É mesmo... A gente não se vê desde antes da sua turnê com o Bieber.

– Ah, mas fazer o que? È isso que eu amo- Eu respondi com sinceridade.

– Falando em Bieber- Ela pausou dando uma risadinha- Como estavam suas férias no Havaí?

Confesso que não fiquei confortável. Eu estava bem esses dias, porque não tocava no assunto. Meus únicos momentos eram no chuveiro, onde as lágrimas desabavam novamente. Mas fora isso, eu estava “bem”.

–Ah...foram....hhmm- Eu tentei enrolar- boas!

– Boas é? Por que eu não acredito?

Eu levantei os ombros e fiz careta, e a plateia inteira riu, inclusive a própria Ellen.

– Porque pelo que eu sei, o Bieber ainda está lá.- Ela falou acertando em cheio o ponto.Droga!

– Ah, sacomé né?- Eu falei rindo e levantando as mãos.

– Por acaso vocês brigaram e estão se evitando?- Ela falou rindo, acertando novamente o que eu temia. Essa Ellen sempre sabe o que eu penso. Droga²

–Ah....eu e o Justin... A gente preferiu dar um tempinho um do outro... Porque tem a turnê né? E a gente vai se ver direto- Eu menti. Duvido que ele queira ir na turnê depois daquilo tudo.

– Falando em turnê... como vão os preparativos? – Ellen percebeu meu desconforto e mudou de assunto.

Já tinha acabado a entrevista, já tinha cantado e já tínhamos feito as brincadeiras. Nós pegamos um microfone com um efeito que parecia a voz do T-Pain e também dançamos o Dougie.

Agora estava no backstage terminando de juntar minhas coisas. Terminando de autografar as fotos que seriam dadas no final da noite. Quando ouço alguém abrindo a porta.

Levanto meu olhar e Ellen estava em pé na porta. Ela caminhou até mim e se sentou ao meu lado.

–Querida, o que foi que aconteceu entre vocês dois?- Ela perguntou preocupada.

–Ah Ellen, não que você não possa saber, mas é que foi ruim demais pra eu ficar me lembrando...não entenda por mal, por favor.

–Não, sobre isso ta tudo ok. Mas você acha que foi ruim o suficiente para você pararem de se falar assim?! Do nada?!

– Ah, seilá... acho que sim- Eu falei fitando o laço em meu salto e mordendo meu lábio. Todos sabem que quando estou nervosa, eu mordo o lábio ou fito o chão.

–Olha...- Ela me abraçou pelo ombro, me fazendo deitar a cabeça em seu ombro- pela pior coisa que tenha sido, pode apostar que a história de vocês não acaba assim...- Ela falou me chacoalhando um pouco, como se assim me animasse- Quando eu falo de você nas entrevistas dele, seus olhos brilham, eu nunca vi nada parecido.... Posso estar sendo precipitada, mas sei que o que há entre vocês é forte!

Não sabia nem se devia acreditar no que ela dizia, mas suas palavras, de alguma forma, me reconfortaram. Pensar que alguém que nem está por dentro dos acontecimentos, consegue perceber os sentimentos.

– Não deixa uma coisa boba acabar com essa amizade- Ela se levantou indo em direção à porta- ou até algo mais.- Ela falou antes de fechar. E por fim saiu.