Amor Mascarado escrita por LunaCobain


Capítulo 7
O Fantasma da Ópera


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo saindo do forno... Acabei de terminar o capítulo, espero que vocês gostem...



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Obviamente, eu não consegui dormir depois do que Mirelle tinha dito. Não entendi direito o porquê, mas devia ter um, escondido em algum lugar na minha mente. De qualquer modo, já eram dez e quinze da manhã, e eu precisava levantar e fazer alguma coisa, longe do quarto, ou acabaria ficando louca - isso se eu ainda tivesse conservado um pouco da minha sanidade.

Saí da cama e andei, sonolenta, até o armário. Eu queria mais do que tudo no mundo colocar um calça jeans, naquele momento, mas não tinha certeza. Claro que se eu o fizesse, todos cairiam matando em cima de mim. "Ah, o que isso importa, afinal?" Resolvi bancar a grunge , pegando uma calça jeans rasgada, uma regata rendada e uma camisa xadrez. Eu até colocaria o meu All Star favorito, mas o coração da pobre Brigitte não aguentaria, então coloquei uma sapatilha, me contentando em colocar uma pulseira de couro e tachinhas. Me virei, e Audrey estava me encarando de queixo caído.

–Você não vai usar isso.

–Ah, eu vou, sim.

–Catherine, pelo menos coloque uma saia.

Ótimo. Audrey era alguns anos mais velha do que eu, e eu realmente tinha medo dela quando ela cismava com alguma coisa. Peguei uma saia azul e a troquei pelas calças; mas coloquei meu All Star.

–Você é impossível! -resmungou Audrey.

–Obrigada, sei disso. Você também é adorável.

Dei uma olhada no espelho, escovando o cabelo e os dentes. Olheiras. Eu estava com olheiras realmente gigantes. Esse não era o meu normal, eu nunca tinha olheiras. "Droga. Vou ficar feia logo no meu aniversário!" , pensei, como se eu ligasse pra isso.

Fui dar uma olhada no que estava acontecendo no grande tablado do salão principal, sentada na primeira fileira de cadeiras em frente ao palco. Não pude explicar a Mirelle que eu não gostava da história d'O Fantasma da Ópera, ela não me ouvia. A história era bonita, mas triste e um pouco deprimente demais; e eu me sentia mal pelo Fantasma. Se eu fosse Christine, acho que escolheria ele, ao invés de Raoul. Ao meu ver, Raoul sempre pareceu meio bobo, mais como um garotinho mimado contrariado do que qualquer coisa que possa parecer 'apaixonante'. Esses pensamentos me levaram de volta para Erik. Quer dizer, não era esse o nome do Fantasma? E, também, o Fantasma tinha o rosto deformado. Não podia imaginar outra razão para que Erik usasse a máscara a não ser pela mesma razão do Fantasma da Ópera. E os pais o abandonaram; ele mesmo me disse. Resolvi aceitar que a hipótese provavelmente estava correta, como me afirmara a sra. Giry, mas será que saber que Erik - "o meu Erik", pensei, sentindo uma pontada aguda de ciúmes de Christine -e o Fantasma eram a mesma pessoa mudaria alguma coisa para mim? Eu tinha certeza de que não mudaria absolutamente nada. De qualquer forma, eu tinha que me lembrar de perguntar a ele, o que seria difícil, porque eu nunca me lembrava nem de quem eu era, perto dele, imagine se conseguiria lembrar o que eu queria perguntar...

Arnaud Monteg chegou para interromper meus preciosos pensamentos. Tá, eu não costumava parar de pensar quando o Monteg chegava, mas o problema é que ele estava acompanhado. Não de uma menina, quero dizer, não. Era um menino alto, alguns anos mais velho do que ele, extremamente bonito - olhos intensos, negros como os cabelos, e uma pele de um tom castanho-avermalhado de dar inveja... Ah, não, eu o conhecia. Aquele garoto tentou me beijar, não faz muito tempo. Aliás, eu já o conhecia, mesmo antes dele tentar isso. Eu só não sabia direito de onde.

–Oi, Catherine. Feliz aniversário! - exclamou Arnaud. O garoto ao seu lado exibia um sorriso animado. - Esse é meu primo americano, Matt. Essa é Catherine Daaè, de quem lhe falei. - disse ele, agora olhando para o primo, fazendo as apresentações com um tom formal.

–Oi. -murmurei baixinho, desviando o olhar deles.

–Olá - disse o menino musculoso, Matt, num tom um pouco eufórico demais. -Já não nos conhecemos?

–Conhecem! - exclamou Arnaud - Mas faz tanto tempo desde a última vez que você veio que eu achei que não se lembrasse dela, primo!

–Não me esqueceria...

–Eu também não! Principalmente agora, que está mais velha, é uma mulher.

–Oooi, eu ainda estou aqui. - eu disse, esquecendo que eu já tinha catorze, e não cinco anos.

Os dois sorriram e murmuram que eu tinha que ficar calma, porque hoje era um dia especial e eu não devia me aborrecer. Era realmente impossível acreditar que eles fossem parentes. Arnaud não era feio, mas era baixo e magro, e o primo era exatamente o oposto, alto e forte, e de uma beleza quase inumana.

Arnaud disse que ele queria me dar um presente e que, de qualquer forma, eu não devia ficar vendo os ensaios da minha "obra-prima de aniversário". Estava certa de que ele tinha sérios problemas mentais, mas preferi não dizer nada. Ele parecia ainda estar ressentido por causa de Erik. Eu e o Matt ficamos esperando num banco, no corredor ao lado do salão, enquanto Arnaud ia pegar o seu presente em algum lugar.

–Quanto aquele outro dia..., - começou a dizer Matt - peço que me desculpe. Eu estava meio, ahm... bêbado.

–É, acho que eu percebi. Tudo bem, só não pense em repetir aquilo.

–A menos que você queira, é claro. E, de qualquer forma, você me pareceu bem forte, daquela vez.

–Não vou querer. - eu disse, rindo, pensando que dizer que não fui eu que o tinha empurraddo naquele outro dia o faria achar que eu era louca.

Ficamos um tempo em silêncio, nos observando, mas depois ele suspirou e disse:

–É... Arnaud me contou sobre Erik.

Suspirei também. Comecei a resmungar alguma coisa sobre não saber do que ele falava e sobre o Monteg ser um total idiota, e Matt ria, quando Arnaud chegou. Ele segurava um saquinho pequeno de renda. Ele o abriu, e lá tinha uma corrente de ouro com um pingente de safiras, absolutamente lindo.

–Gostou? - perguntou ele.

–Ahm, com certeza. É lindo. - eu disse, falando a verdade, mas sem emoção. Ele provavelmente gastara muito dinheiro com aquilo e eu sabia que não podia recusar, mas ainda assim não queria que ele tivesse esperanças nenhuma.

–Posso colocá-lo em você?- fechei os olhos por um momento, como se meditasse, mas depois confirmei com a cabeça, afastando o cabelo para que ele colocasse o colar - Ficou lindo em você. Realçou seus olhos.

–Arnaud? Meus olhos são castanho-escuro.

–Eu sei. Mas eu acho que é uma combinação linda.

Matt e eu rimos.

–Tudo bem, eu concordo. Preciso ir. - eu disse, me apressando em sair.

–Mas já? - exclamou Matt, enquanto Arnaud fazia um biquinho de desaprovação. Pelo menos, ele tinha um pouco mais de atitude que o primo... Talvez fosse coisa de americano.

–Sim. Hoje é meu aniversário, afinal. Preciso estar em todos os lugares ao mesmo tempo. - Matt riu.

Virei as costas e fui andando pelo corredor. De repente, alguma saiu das sombras, um vulto, quando eu já tinha saido do campo de visão dos dois Montegs.

–Meu Deus, Erik, você vai me matar de susto! - era ele, e estava todo de preto: colete, camisa, sobretudo, calças, sapato... Tudo, menos a máscara. Ainda era a meia máscara branca. Nunca tinha percebido que as roupas dele pareciam tão antigas, como se ainda estívessemos em 1871. Mas eu gostei.

Nunca repita isso! - disse Erik arregalando os olhos. -Seu aniversário está sendo bom? - perguntou, retomando uma parte de seu humor.

–Sim, até agora a única pessoa que decidiu me parar para dar um presente foi o Arnaud Monteg.

–Eu não gosto dele. - quando perguntei porque ele respondeu simplesmente: - Porque ele gosta de você, Catherine. Eu agradeceria se você, depois de hoje, não usasse mais o colar.

–Esse é um pedido que fico contente em aceitar, Erik. Também não gosto dele.

Ele riu da careta que eu sempre fazia quando se tocava no assunto "Arnaud", mas depois mudou de assunto.

–E o primo dele...

–Matt. - completei

–Sim, eu não gosto dele também. Ele tentou te beijar...

–Ahn... Erik? Como você sabe?

Ele hesitou por um momento, como se tivesse dito algo que não deveria, mas depois ficou calmo e disse, meio irônico:

–Bem, você não conseguiria derrrubar aquele cara sozinha.

Isso, sim, era verdade. Matt era mesmo grande - para um adolescente. Erik era mais alto do que ele, e tinha músculos também.

–Está duvidando da minha força, é? - eu disse, rindo.

Erik se juntou a mim na minha gargalhada; até mesmo sua risada tinha um som angelical, fazendo a minha parecer como seu eu não soubesse como fazê-lo. Demorou algum tempo para perceber que nós tinhamos parado de andar. Estávamos numa ala meio inabitada do Teatro, a ala D. Estava um pouco mais escuro ali do que no resto do lugar. Nós paramos de rir.

–Então, de repente você decidiu circular livremente pela Ópera, não é? - eu disse, meio nervosa. Nada contra o escuro, mais a ideia de ficar sozinha nele, com Erik, me arrepiava. Eu só não tinha certeza se isso era bom ou se era algo para se ter medo; mesmo porque, se fosse a última opção, algo devia estar terrivelmente errado com o meu cerébro. Eu gostava muito de estar com ele.

–Sim, sabe, ás vezes o Fantasma tem que dar as caras por aí. - ele disse, com um sorriso levemente sugestivo. Não pude disfarçar que estava surpresa... Quer dizer, então ele era mesmo o Fantasma da Ópera, não é?! Eu já sabia disso, no fundo, mas não pude deixar de me espantar. Ele percebeu. -Ah, me desculpe. É assim que algumas pessoas costumam me chamar, apesar de eu ter abandonado esse "cargo" há muito tempo. - Erik disse, fazendo aspas no ar com os dedos. Depois, os seus dedos acabaram chegando no meu rosto, acariciando-o. Eu fechei os olhos.

"Não estou assustada," repeti para mim mesma, mentalmente, "não há motivos para estar". Erik me virou, me deixando de costas para ele, ainda passando as mãos pelo meu rosto, depois descendo-as pelo meu pescoço, me acalmando.

–Não está com medo, não é, Cathy? Por favor... diga que não esta com medo de mim. Sabe que não precisa. - ele disse, num tom de súplica, mas que mesmo assim tinha um ar sedutor, aos meus ouvidos.

–Não estou. Não estou, Erik. Está tudo bem. - eu não tinha certeza se estava falando com ele ou comigo mesma.

Ele desceu as mãos pelo meu corpo, até chegar a minha cintura, sua cabeça apoiada em meu ombro, depois desceu mais, pegando uma de minhas mãos. Eu estava totalmente consciente de que não estava respirando, e talvez fosse desmaiar. Meus batimentos cardíacos estavam mais acelerados do que nunca, e eu não estou exagerando, o que me apavora. Ele entrelaçou os dedos na minha mão, mas depois ergueu-a na altura de seu rosto - foi a minha vez de acariciar seu rosto - ou a metade dele - , mesmo sem conseguir ver Erik, naquela hora. Mesmo que ele estivesse na minha frente, eu não conseguiria abrir os meus olhos. Estava simplesmente desfrutando o momento. Quase fui à loucura quando ouvi Erik soltar um gemidinho. Ah meu Deus, minhas reações eram realmente exageradas, não é? Mas talvez as coisas simplesmente fossem assim. Isso nunca tinha acontecido comigo, mas eu não achava que estivesse fazendo algo errado. Estava apenas recebendo o carinho que me faltara na infância, acho que isso era um direito meu. Resolvi aceitar por um instante o que Arnaud dissera mais cedo - que eu agora era uma mulher - mas não deu muito certo. Catorze anos? Apesar de mais da metade das minhas amigas, mesmo as que tinham a minha idade, estarem noivas - veja só, noivas– e terem perdido até a virgindade bem antes dos catorze, pra mim esse número significava que eu ainda era muito nova. E nós estávamos no meio da Ópera, qualquer um podia passar por ali. Erik parou e me virou de frente para ele, com gentileza. Abri os olhos, e ele me soltou.

–Acho que nós não deveríamos fazer isso aqui. - ele disse, de novo lendo meus pensamentos. Eu acho que gostava disso também.

–Concordo, estava pensando nisso nesse exato momento.

–Sabe, acho que você devia encontrar mais algumas pessoas. Já viu a sra. Giry hoje?

–Não. A propósito, de noite...

–Se vai me falar sobre a peça que eles vão encenar pra você, eu estava por perto quando Mirelle falou. - Erik me interrompeu, sorrindo. Depois, o sorriso se apagou - Você quer mesmo ver?

–Bem, é meu aniversário. Mesmo se não quisesse, eu teria. Isso é ruim?

–Depende. Você conhece a história inteira?

–Não, só algumas partes.

–Então é. Mas você deveria assistir no meu camarote, eu ficaria feliz em poder cobrir os seus olhos em horas inadequadas. - arregalei os olhos, e ele riu - Eu me refiro à hora em que o "Fantasma" estiver sem máscara. -de novo as aspas com os dedos - Ainda não quero que você veja, nem mesmo se for só maquiagem barata.

Suspirei, chateada. Era realmente triste que ele não confiasse em mim, porque eu, para minha grande infelicidade, não podia fazer nada, a não ser confiar plenamente nele. "Ora, mais que irônico."

–Ah, Catherine. Não fique magoada. Não é questão de confiança; é questão de medo. Eu morro de medo. - ele segurou a minha cintura, me puxando mais para perto dele.

–Do que, Erik?- ele hesitou, e seus olhos marejaram

–De te perder, Catherine. - agora ele chorava, sem parecer se importar com o fato de eu estar junto. -Parece que é isso o que acontece, sempre que eu consigo achar a felicidade. Passo os melhores momentos da minha vida, e depois a felicidade me dá as costas, foge de mim.

–Erik, - segurei o rosto dele entre as minhas mãos, fazendo-o olhar para mim -você não precisa nem pensar nisso. Eu nunca ia querer ficar longe de você. Não posso fazer isso, nem saberia como.

–Ah, Catherine... Eu também não. Não sobreviveria sem você.

E Erik me beijou, as mãos passeando ora pelo meu rosto, ora pelo cabelo. Eu me senti como se fosse a única garota no universo... Talvez um pouco mais do que isso. Eu me senti uma mulher. Sei que pode parecer ridículo, devido a minha pouca idade, mas na hora, fazia todo o sentido do mundo. Depois, Erik sussurrou para eu encontrar quem eu tinha que encontrar e depois pegar minhas coisas e ir até a casa do Lago; ele disse que a ópera de hoje à noite seria importante e que queria que eu me arrumasse lá. A ópera, com certeza, seria aberta ao público. Então, Erik sumiu. Acho que estava me acostumando, devia ser simplsmente uma coisa que ele fazia. Sei lá.

Andei mais um pouco pelos corredores, saindo da ala escura, e logo encontrei a sra. Brigitte, que parecia também estar a minha procura.

–Catherine, querida, parabéns! Está uma mulher hoje, já parece realmente mais velha. Me parece até um pouco mais alta!

–Ah, Brigitte, não estou. Mas obrigada, de qualquer modo.

–Não pode ser, está ainda com um metro e sessenta e cinco centímetros, apenas?

–Tenho certeza absoluta disso. - eu disse, rindo

–Sabe, querida, eu não lhe comprei presente, porque gastei muito com a peça. Mas vejo que alguém já a presenteou! - disse a sra. Giry, olhando para a safira no meu pescoço.

–Arnaud Monteg.

–Ah, ele é um bom partido, família conhecida. E gosta de você, Catie.

–Eu sei. - disse, suspirando -Mas lamento ter que dizer que não sinto o mesmo.

–Ora, Catherine, suas amigas logo estarão casadas, será possível que você queira ficar para titia?

–Não quero, eu acho. Só não quero me casar com ele. - eu falei, ao passo que Brigitte arregalou os olhos.

–Você estava realmente falando sério quando contou sobre Erik?

–Sim, Brigitte. - sussurrei. Não adiantava fingir nada para ele, eu a conhecia bem, e ela obviamente conhecia Erik.

–Ele é perigoso. Ele é o Fantasma...

–Da Ópera. Eu sei, eu sei, mas não ligo.

Acho que isso foi demais para a pobre sra. Giry, que começou a tremer, e murmurando alguma desculpa, saiu correndo, desajeitada. Será que eu realmente precisava encontrar mais alguém? É claro, tinha Adrienne, Matilde e Sophie, além de algumas meninas mais velhas que eu não via há algum tempo - a Jolie, a Isabelle, a Rosaline - que inclusive estava grávida -... Mas o que eu mais queria agora era me afogar nos braços de Erik e ouvir aquele "Ah, Catherine!" lindo, que só ele sabia dizer... As outras meninas deviam estar no ensaio, porque elas podiam assistí-lo... Passei pelo meu quarto, pegando tudo o que eu ia precisar para tomar banho e me arrumar na casa do Lago, e só precisei de alguns segundos para achar o botão escondido no papel de parede. Erik já estava lá me esperando, com o seu melhor sorriso, e me ajudou a levar todas as minhas coisas para sua 'casa'.

–Onde eu deixo essas coisas? - perguntei, chegando lá. Ele deu um sorriso torto, e me guiou até uma porta que eu não vira das outras vezes. Ele abriu, e tinha outro quarto lá. Era ainda mais linda do que ele, a cama envolta no mesmo véu de renda, só que esse branco, cortinas azuis, uma escrivaninha de ébano, combinando com a mesinha ao lado da cama, onde estava um abajur e uma rosa.

–Ahm... - a metade esquerda do rosto de Erik estava meio vermelhinha. - Esse é o seu quarto.

–Como assim?!

–Eu fiz o quarto para você. Sabe, não foi tão difícil, eu sou arquiteto... E assim você não é obrigada a dormir no meu se quiser passar algum tempo aqui.

–É lindo, Erik. Obrigada - normalmente eu daria um ataque por causa do tamanho disso, quer dizer, ele fez um quarto pra mim. Não tinha como agradecê-lo, mas me contentei abraçando-o e dando-lhe um beijo no rosto.

Ele abriu outra porta, no quarto, que dava para um banheiro. Legal, era uma suíte - uma suíte só pra mim!

–Vou te deixar sozinha para você tomar banho e depois... Bem, você me deixaria te ajudar a arrumar o seu cabelo?

–Erik!

–Ah, Cathy, o que foi? Eu sou bom com isso, e estou louco para mexer mais no seu cabelo. E, quando todo mundo disser que você está linda, hoje à noite, eu vou poder me orgulhar pelo menos do cabelo que eu arrumei. Eu ri, não acreditava que ele estava falando isso.

–Tudo bem, Erik. Quer me ajudar com a maquiagem também? - perguntei, com uma voz doce, mas irônica

–Não! De maquiagem, eu definitivamente não entendo. - ele disse rindo, fingindo estar ofendido.

Depois ele saiu, e eu tomei um banho de água quente... Não era meu normal, eu gostava da água mais fria, só que, por algum motivo, eu estava nervosa. A água quente me ajudou a ficar calma. Depois, me enrolei na toalha, e coloquei o meu vestido. Era um vestido verde-escuro, com tule por baixo e renda no decote, muito bonito. Lembrei-me de tirar o colar de safira, mas coloquei o anel que Erik me dera de volta à mão direita. Dei uma secada rápida no cabelo com a toalha. Erik bateu na porta, e eu abri pra ele, pegando meu estojo de maquiagem. Eu não gostava de maquiagem exagerada. Passei um batom nude, lápis preto e rímel, da mesma cor. Um pouco de sombra dourada, para combinar com o meu anel e com os pequenos botões do vestido. Depois, Erik penteou o meu cabelo, que já estava secando e ficando ondulado, e fez -acredite, se quiser- uma espécie de tiara de tranças com uma parte pequena do meu cabelo, e prendeu o resto num coque desfiado. Ficou lindo.

–Erik, onde você aprendeu a fazer isso? - perguntei, exaltada

–Não aprendi, eu acabei de inventar. Basta um pouco de imaginação. - Erik riu. -Ainda falta algum tempo para a peça, Cathy. Quer ficar aqui enquanto isso?

–Sim! - respondi, rápido demais, e Erik pareceu ainda mais satisfeito.

–Sabe, Catherine, é impressionante como você parece gostar de ficar aqui.

–Eu não pareço gostar, eu gosto. E não gosto especificamente do lugar, o que importa é a companhia. Desde que eu esteja com você, eu fico feliz.

–Ah, Catherine ... Eu fui repudiado, ignorado durante a minha vida toda. Mas agora, nem toda a tristeza do mundo poderia me deixar infeliz. Acho que a vida está finalmente me recompensando.

Erik de novo estava atrás de mim, muito próximo, mas dessa vez ele me envolveu com seus braços e colocou as mãos em cima das minhas. Depois começou a guiar minhas mãos pelo meu corpo. Eu estava arrepiada. Era isso o que ele me fazia sentir. Então, ele gentilmente as soltou e subiu o caminho que tinha feito até o meus quadris com suas próprias mãos, chegando ao pescoço, acariciando-o, e em seguida, beijando-o. Essas coisas eram totalmente novas para mim, mas tenho certeza de que se, por exemplo, Arnaud ou até Matt tentassem fazer a mesma coisa, eu não sentiria o mesmo que sentia com ele. Não, não seria igual, eu não sentia nada pelos dois como sentia por Erik.

Eu me virei de frente para ele e aproximei meu rosto, envolvendo seu pescoço com os meus braços, os dedos na nuca, subindo pelos cabelos que também estavam molhados. E Erik me beijou, mas fazendo uma coisa que até então eu não tinha experimentado. Foi um beijo de ... língua? Talvez, aliás, fosse eu quem tivesse começado, e não ele, mas eu não tinha certeza de nada, no momento. Não posso ser culpada, eu estava extremamente ocupada com Erik para me preocupar em pensar em qualquer outra coisa. E eu percebi que o que eu sentia por ele era aquilo que eu achava que não sabia sentir. Era só uma hipótese, mas eu acho que o amavaÉ, acho que era isso, era amor o que eu sentia por Erik. Não tenho certeza se isso era bom, porque era incrível estar ao lado dele, mas eu não queria ficar dependente dele. Só que o problema é que eu já estava dependendo dele, vendo Erik todo dia, sem conseguir ficar longe. Talvez não fosse tão ruim.

–Acho que nós temos que ir agora. - disse Erik, a voz meio fraca; a respiração irregular.

–Você vai subir comigo? - minha respiração estava ainda mais entrecortada que a dele.

–É claro; a ópera vai começar daqui a pouco e vamos ter que ir correndo para o camarote.

Subimos pelos túneis - o caminho parecia demorar menos tempo a cada vez que o percorríamos, mas ainda assim, Erik precisava me guiar - mas saímos em um lugar diferente. Saímos no corredor ao lado do salão principal, onde eu encontrara Erik hoje, mais cedo. Estava tudo num tumulto completo; aparentemente todos os parisienses queriam conhecer a história toda por trás do desastre do Ópera Populaire. O camarote nº 5 estava vazio, como sempre, mas não pude deixar de reparar em Arnaud Monteg, sentado em seu camarote, do outro lado, com uma expressão estranha, ao ver Erik ao meu lado.

E logo, as luzes se apagaram e a ópera começou. Matilde fez o papel de Christine, e o Raoul foi realmente seu noivo, Benjamin, mas não pude reconhecer o Fantasma. Eu sabia o começo da história, o pai de Christine Daaè era um violinista e na infância, ela e Raoul eram amigos. Quando o pai dela morre, a sra. Giry a leva para o Ópera Populaire e tal. E aí tem todo esse negócio do Anjo da Música - o meu Erik, mas eu me assustei um pouco. Sabe, eu não tinha visto Erik com raiva, a não ser no pesadelo dessa manhã, mas nunca, de verdade. Mas o que mais me assustou foi saber que o Fantasma da Ópera matou pessoas. Erik me deu um olhar pesaroso, e ficou me observando durante toda a peça. Nas partes em que o Fantasma estava sem máscara, é claro, ele cobriu meus olhos com suas mãos, rindo um pouco, mas eu sempre via uma certa amargura em seus olhos.

A cena final foi a pior. Toda a história era alegre, se comparada com aquilo. O desastre do lustre, o Fantasma gritando, Raoul preso , semimorto, por cordas, e Christine desesperada. Aliás, esse foi o meu pesadelo, não foi? Só que não eram Benjamin e Matilde que estavam lá, eram Christine e Raoul de Chagny, de verdade, como foram pintados em diferentes retratos. Eu não consegui terminar de assistir. Disse a Erik que precisava tomar um ar. Ele pareceu enormemente preocupado, mas me deixou ir. Ele devia estar se culpando por me deixar ver àquilo, mas eu não tinha achado ruim. Eu só tinha feito algumas descobertas interessantes.

Sentei em um banco no corredor e fechei os olhos. Eu precisava pensar.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou bem maior do que os outros, mas acho que s outros tavam mesmo muito curtinhos...Hum, vamos ver quando eu consigo postar o capítulo 8. Nem tenho ideia do que vai acontecer.
Beijos,
Luna :*



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