Pov. Annabeth

Lembro me poucas coisas acontecendo na noite passada: Eu sentada na sacada do meu quarto chorando encolhida, Percy subindo uma escada de emergência, depois ele sentando-se do meu lado, me abraçando e deixando eu molhar a sua camisa com minhas lágrimas. Depois disso eu acabei adormecendo.

Pensei que estava dormindo na sacada, mas eu estava coberta, o local onde eu estava deitada era macio e tinha braços fortes em minha volta, me abraçando de forma protetora. Abri os olhos rapidamente e vi um garoto branco, de cabelos pretos ao meu lado. Minha mão estava em seu peito e ele meio que babava, sorri. Mas logo percebi que Percy estava dormindo no meu quarto, e um medo se apossou de mim. E se meu pai tivesse visto isso?

Saí com todo o cuidado do seu lado, fiquei de pé ao lado da minha cama e comecei a chacoalhar Percy.

– Percy... – Eu disse sacudindo ele levemente. – Percy, acorde.

Percy virou pro lado e murmurou algo que eu não entendi.

– Percy. – Eu disse sussurrando no seu ouvido. – Acorda babão!

Percy abriu os olhos e sorriu assim que me viu, não pude deixar de rir também.

– Eu morri? – Ele perguntou com a voz um pouco rouca.

– Ainda não, mas deixa a minha mãe entrar aqui e te ver deitado na minha cama...

Percy riu baixinho, se levantou e balançou a cabeça.

– Desculpe ter dormido aqui com você, mas...

– Tudo bem, eu não vou te matar. – Ele suspirou de alivio. – Ainda.

Percy foi pra fora do meu quarto, pulou a barra e desceu as escadas, sorri pra ele e fechei as cortina do quarto.

Entrei no banheiro e fiz a minha higiene matinal, escovei os dentes e sai um pouco molhada do banho, o inverno já tinha chegado, então peguei uma roupa confortável e que me deixa-se quente também. Acabei vestindo um jeans grosso escuro, uma blusa vermelha com mangas, uma jaqueta preta e um gorro, coloquei um all star tradicional. Me olhei no espelho, bem, não era uma combinação muito legal mas dava pro gasto, ajeitei os cachos do meu cabelo e passei uma maquiagem bem leve, do tipo: base, corretivo e um pouco de pó compacto pra esconder as olheiras mas que profundas e a minha cara de choro.

Desci as escadas e tomei o meu café: Ovos, bacon e um suco de laranja.  O meu preferido. Assim que terminei, pedi pro meu pai me deixar na escola, assim que cheguei, entrei na sala e prestei atenção nas aulas.

Pov. Percy

Annabeth tinha chegado à sala de aula, ela estava muito quieta, não falou com ninguém, nem com a Bianca, o que era meio estranho, eu tentei prestar atenção na aula, nas não conseguia, porque uma única pergunta ainda martelava em minha mente. O que tinha acontecido pra deixar Annabeth daquele jeito?

O sino tocou e eu meio que tomei um susto, era estranho, mas quando o inverno chega, parece que o tempo passa mais rápido. Vi Annabeth sair da sala e tomar rumo oposto do refeitório, peguei as minhas coisas e a segui. Ela estava indo para o playground, ela se sentou em um balanço e começou a ler um livro, fiquei quieto por um tempo, mas depois resolvi ir até ela.

Andei em sua direção, e assim que ela percebeu que alguém se aproximava, levantou os olhos e sorriu para mim. Sentei no outro balanço disponível ao seu lado.

– Está melhor? – Perguntei

– Um pouco. – Ela respondeu ajeitando um gorro em sua cabeça.

– Annie, você pode contar pra mim o que está acontecendo. – Disse olhando em seus olhos. – Você está muito mal, dá pra perceber isso.

Ela se mexeu desconfortavelmente.  Ela respirou fundo e começou:

– Ontem de tarde eu resolvi ir passear, tomar um sorvete, fiquei sentada na praça observando umas crianças brincarem, quando eu estava voltando, eu recebi uma ligação. Era a Lisa... – Sua voz ficou um pouco fina, ela engoliu seco e continuou a falar. – Ex. do Mark, ela começou a me falar umas coisas, dizendo que Mark a tinha beijado e essas coisas, eu fiquei muito mal, eu sei que não devo acreditar nela, mas eu senti que tinha um fundo de verdade no que ela havia dito... – Seus olhos ficaram um pouco marejados.

Eu senti uma vontade muito estupida de abraça-la, mas lutei contra isso, alguma coisa em meu peito doía com o que ela estava falando.

– Você... Você gosta mesmo desse tal de Mark? – Eu praticamente gaguejei.

Ela assentiu.

– Muito. – Ela disse baixinho.

– Desde quanto? – Perguntei segurando a corda do balanço com força.

– Desde a nona série. – Um fio de lágrima correu no seu rosto.

Ela se levantou e jogou um pouco de areia que tinha em seu sapato, eu me levantei também. Eu confesso que estava um pouco desapontado, eu admirava muito Annabeth, ela era simpática, sorridente, era linda, determinada e irritante, e isso me fazia rir e gosta do jeito que ela era.

– É... – Eu disse tentando falar algo. – Bem, se esse garoto sente o mesmo por você, acho que ele não seria capaz de fazer isso. – Eu disse com um nó na garganta.

Mas que diabos é isso? Porque eu estou me sentindo assim?

Ela sorriu fraco.

– É, vou ter que ter uma conversa um pouco séria com ele.

Forcei um sorriso pra ela. Andamos calados até o refeitório, onde o pessoal já estava terminado de comer. Vi Tracy sentada uma mesa perto da nossa, olhei pra Annabeth por um tempo e andei até Tracy.

– Percy! – Ela disse levantando-se e me abraçando.

– Ei! – Eu disse. – Podemos conversar?

– Claro. – Ela sentou e apontou pra cadeira disponível em sua frente.

Sentei e a olhei, ela estava com um sorriso no rosto. Eu não sou de ferro, Tracy era bonita, tinha um belo corpo, um sorriso também lindo, eu gostava dela, ela era uma companhia bem legal, já tínhamos namorando um tempo, bem, eu não posso dizer que eu a amava, mas eu sentia uma atração por ela. Olhei pra Annabeth e comparei como eu me sentia estando do lado dela, ela me fazia rir sem fazer nem uma piada, me fazia querer protege-la, de conforta-la. Voltei o olhar pra Tracy e sorri.

– É... – Eu disse tentando encontrar as palavras certas. – Nós estamos mas próximos ultimamente, né?

Tracy riu alto e assentiu.

– É sim, e isso é bom, não?

– É sim. – Respondi. – Eu queria te fazer uma pergunta.

– Pode fazer.

Olhei pra Annabeth pelo canto do olho. Será que o que eu ia fazer agora era certo?