Bruderlichkeit escrita por keca way, Duda_


Capítulo 12
Marcas




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- Trecho de Ich Brech' Aus -

 

-x-

Estou lhe culpando pelo que você me deu

Eu nunca desejei aquilo tudo

Infelizmente, você não me deu escolha

Agora essa é a última vez

A última vez

-x-

 

Fazia um dia agradável apesar do frio. Já não nevava, era véspera de Ano Novo, fazia exatamente uma semana do ocorrido na residência dos Kaulitz. Simone havia embarcado para Nova York há menos de três dias e, até o momento, tudo estava tranqüilo. Bill já estava novamente em casa, ainda se encontrava de repouso, mas estava bem melhor do que antes. Desde a alta do irmão, Tom evitava ao máximo um contato com ele, estava se sentindo cada vez mais sozinho e, por mais que não quisesse admitir, Simone fazia falta. Principalmente agora que ele imaginava passar o primeiro Ano Novo depois de dez anos junto com ela e o Bill.

 

 - Pai... – Tom puxou a barra da camisa do pai pedindo um pouco de atenção, enquanto o mesmo olhava os fogos, sentado na areia da praia, assim como muitas pessoas faziam. – Quando vamos voltar pra casa?

Jörg não disse nada, apenas riu baixo voltando à atenção para o filho, que o olhava com uma carinha triste. Era o primeiro ano que o garoto ficava longe de sua mãe e irmão.

- Tom, não vamos mais voltar à Alemanha. Nossa casa agora é aqui! – Sorriu, bagunçando os cabelos do menino, tentando animá-lo.

Tom ficou quieto por um tempo e logo fez outra pergunta, dessa vez com um pouco mais de esperança.

- Quando a mamãe e o Bill vêm morar conosco? – Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios, o garoto estava um pouco mais animado, parecendo finalmente ter entendido o que estava acontecendo, mas o sorriso acabou desaparecendo com a falta de resposta do pai.

Tom enfim entendeu que não iria mais ver seu querido irmão, muito menos a mãe que tanto amava e sentia falta. Deixou uma lágrima correr livre pelos seus olhos e indagou baixinho, sem olhar para o pai:

- Por quê? Eles não nos amam mais?

Jörg respirou fundo, fazendo o garoto o encarar com seus olhos castanhos arregalados, que já se enchiam de lágrimas.

- Não vamos pensar nisso agora... Vamos para casa, já está tarde! Amanhã será um novo dia!

 

Tom acordou assustado, olhou para os lados e constatou que estava em sua cama. Finalmente seu quarto estava pronto e, desde a alta de Bill, não dividia mais o quarto com o irmão. Tom levantou-se devagar, sentindo quase todo seu corpo estralar, dirigiu-se ao banheiro e, depois de algum tempo, voltou já trocado para o quarto.

Estava morrendo de fome, então se dirigiu sem demora à cozinha para tomar seu café-da-manhã. Enquanto descia, pensava no sonho que havia tido, na verdade, uma lembrança resgatada por ele; havia certos momentos que ele só queria poder esquecer, e esse era um deles. Chegando à cozinha encontrou um bilhete de Gordon colado na porta da geladeira, o qual ele nem deu importância, e que dizia “Fui fazer compras, volto logo...”.

Ele sentou-se à mesa e começou a preparar um sanduíche. Assim que o lanche estava pronto, antes mesmo de Tom conseguir dar a primeira mordida, o telefone começou a tocar, fazendo o garoto amaldiçoar até mesmo seus antepassados.

Ele sabia que Bill não atenderia já que, com certeza, ele ainda estava dormindo. Tom sabia mais do que ninguém que seu irmão tinha um sono pesado e que não acordaria mesmo se uma bomba caísse sobre sua cabeça. Então ele respirou fundo, sendo despertado de seus pensamentos ao ouvir pela milésima vez o aparelho tocar, mordeu um pedaço do seu sanduíche e se dirigiu ao telefone, ainda mastigando, enquanto resmungava algo pelo caminho. Tirou-o do gancho e atendeu com toda a calma e cinismo do mundo.

- Alô! – falou ainda de boca cheia, tentando disfarçar.

- Bill?

- Tá dormindo... Que tal ligar mais tarde?

- Tom? É o Georg! Tudo bem?

- Não! Você acabou de estragar meu café-da-manhã.

Georg riu do outro lado da linha e, antes que Tom se irritasse e desligasse o telefone na sua cara, disse:

- Tem como você ver se o Bill está dormindo mesmo? Preciso muito falar com ele...

Tom bufou sonoramente, e murmurou um ‘espera’ totalmente contrariado e sem vontade. Tirou o aparelho móvel do gancho e subiu as escadas enquanto comia.

Abriu a porta do quarto de Bill sem nem ao menos bater na porta e disse quase gritando, ao constatar que o irmão realmente dormia.

- Acorda, Bela Adormecida! Telefone! – jogou o aparelho na cama do moreno e, em seguida, retirou-se do quarto, batendo a porta com força, querendo realmente fazer barulho.

Bill virou-se e cobriu sua cabeça com o travesseiro, resmungando algo baixinho, e logo voltou a dormir.

Tom sabia muito bem que o moreno faria isso e, em menos de três segundos entrou no quarto novamente constatando o que para ele era óbvio.

- Bill! Caramba, acorda! O Georg tá te esperando...

Vendo que o garoto não se mexeu - como era esperado – ele aproximou-se lentamente da cama com um sorriso perverso no rosto, e puxou com tudo o lençol em que o irmão estava enrolado, fazendo com que o garoto caísse todo sem jeito no chão.

- Acordou agora?! – Tom perguntou rindo, enquanto Bill levantava-se rapidamente todo desengonçado, fuzilando-o com os olhos. – Telefone pra você, irmãozinho. – ele concluiu antes que o irmão resolvesse matá-lo ali mesmo.

Bill respirou fundo diversas vezes, sem quebrar o contato visual e depois se sentou na cama, pegando o telefone e finalmente atendendo-o.

- Oi!... Desculpe Ge, pensei que o Tom não estava falando sério quanto ao telefonema... - Bill fuzilou o irmão com o olhar mais uma vez e esse entendeu que estava na hora de sair de cena, saindo do quarto logo em seguida, batendo a porta com força mais uma vez.

“Ingrato!...” - Tom pensou voltando à cozinha para finalmente terminar seu café-da-manhã, com um sorriso no rosto.

 

Depois de quase meia hora, Bill finalmente desceu as escadas, passando por Tom que se encontrava na sala assistindo algo qualquer na TV para tentar se distrair, e seguiu para a cozinha, sem dirigir sequer uma palavra ao irmão.

Assim que entrou no local, viu o recado de Gordon na geladeira e pegou apenas uma maçã, depois foi até a varanda e ficou sentando lá até terminar de comer sua fruta, pensando um pouco nos últimos acontecimentos.

 

Bill ainda estava um pouco transtornado com o que o irmão lhe dissera quando a mãe entrou no quarto. Simone sentou-se ao lado dele na cama e pôs a sua mão por cima da dele, o que só fez aumentar a sua aflição.

- Filho... Eu vim lhe contar uma coisa... E espero que você não tenha a mesma reação do seu irmão. – ela complementou, abaixando um pouco o tom de voz e olhando para o lado.

- Você vai me abandonar?! – ele perguntou rapidamente, fazendo com que Simone o olhasse e sorrisse fraco.

- Claro que não! Quem lhe disse isso?! – ela perguntou, sorrindo sem entender, mas não esperou que ele respondesse para continuar. - Filho, eu vou para Nova York, fui convidada a participar de um evento, e essa viagem provavelmente dará um impulso na minha carreira, não só aqui na Europa, como no resto do mundo! – os olhos de Simone brilhavam, ela contava a Bill de uma forma diferente da que havia contado a Tom. A verdade é que do garoto ela sabia o que esperar.  Já Tom era um enigma para ela. Desde pequeno ele sempre a surpreendia, quando ela pensava que ele contestaria, ele se calava. Quando ela pensava que ele se calaria, ele contestava com todo o ardor do seu ser. Era difícil para ele abaixar a cabeça quando achava que estava certo, e quando estava errado também, como se precisasse que os outros conseguissem provar o que ele já sabia. Já o Bill sempre foi mais quieto, na dele, odiava brigas e ela sabia que, mesmo que ele não gostasse muito da idéia, simplesmente baixaria a cabeça e diria que estava feliz por ela. E foi exatamente isso que ele fez.

- Que bom, mãe... Estou feliz por você! – e olhou para ela sorrindo.

 

Foi precisamente esse o tempo necessário para que avistasse Gustav e Georg vindo na direção do portão da casa, carregando seus instrumentos.

- Você está melhor, Bill? – Gustav perguntou assim que o moreno veio abrir o portão para que eles entrassem, sem deixar de reparar nos hematomas no rosto delicado dele, que se encontrava mais pálido, talvez pela falta da sua maquiagem habitual ou pelo tempo que passou no hospital.

- Não se preocupem, estou bem sim... Já dá pra gente ensaiar numa boa! – ele sorriu, acompanhando os meninos à garagem, na qual montaram seus instrumentos e começaram o ensaio.

 

Tom, ao escutar o barulho que vinha da garagem, resolveu ver o que estava acontecendo. A princípio pensou que fosse Gordon e seus amigos ensaiando com a banda, mas assim que chegou mais perto, pôde ouvir a voz do irmão. Ele parou na porta da garagem, e ficou lá por muito tempo, quieto, apenas ouvindo a música que Bill cantava com o acompanhamento do baixo e da bateria e, por um instante, ele se lembrou o porquê dele próprio ter resolvido aprender a tocar.

Lembrou-se que era exatamente aquilo que Bill sempre quis, formar uma banda com ele e seus amigos, pois o que ele mais amava fazer era cantar. Um sorriso bobo brotou nos lábios de Tom. Não tinha como negar que Bill cantava bem, e que tudo estava perfeito naquele ensaio, a única coisa que faltava mesmo era uma guitarra, e logo ele se imaginou tocando com eles.

Depois de quase meia hora, Bill finalmente notou que o irmão estava à porta, apenas os ouvindo ensaiar e, sem saber direito o porquê, ele imediatamente travou, parando de cantar, fazendo Gustav e Georg finalmente notarem a presença do garoto.

Tom bateu palmas, vendo que os meninos tinham, enfim, notado a sua presença. Sentou-se no chão no canto da garagem e disse sem ligar muito:

- Parabéns! Até que vocês tocam bem... Mas acho que falta algo – fingiu pensar um pouco, colocando a mão sobre o queixo, e logo continuou. – Uma guitarra talvez? – arqueando uma sobrancelha.

Bill não pareceu gostar muito da intromissão de Tom e disse seco:

- O guitarrista não pode vir! – foi a primeira coisa que veio em sua cabeça.

Georg e Gustav se entreolharam sem entender, mas, mesmo assim, não disseram nada, apenas deixaram que Bill continuasse.

- Você está nos atrapalhando!

- Não, não estou... Estou? Gustav? Georg? – Nenhum dos dois respondeu, o que fez o sorriso de Tom se alargar cada vez mais.

Bill não disse mais nada, mas a verdade era que ele não conseguia mais cantar na presença de Tom.

                - Ah, só mais uma coisa! – Tom disse levantando-se, fazendo Bill voltar novamente sua atenção a ele. – Vocês deveriam arranjar outro vocalista, porque, sinceramente, a voz dele é insuportável...  – disse rindo, mentindo só para provocar o irmão.

                - Não é isso que muitas pessoas dizem! – Bill rebateu um pouco nervoso.

                - Mamãe nunca diria que seu filhinho tão amado e querido tem uma voz horrível... – disse com um sorriso no canto de seus lábios, tendo conseguido o que queria.

                - Chega, vocês dois! – Gustav disse, levantando-se de sua bateria, vendo que Bill já começava a andar na direção de Tom. Para evitar um confronto novamente dos dois, ele se pôs na frente de Bill, que parou imediatamente. – Vocês parecem duas crianças, sempre brigando, vocês não acham que está na hora de vocês pararem com isso, não? Vocês não podem ficar pelo menos dois minutos juntos sem brigarem?

                - Não! – Os gêmeos disseram ao mesmo tempo fazendo Georg, que só observava a cena até o momento, rir. Como eles conseguiam ser tão cúmplices e, ao mesmo tempo, guardarem tanta mágoa um do outro? Ele não entendia, mas faria de tudo para juntar novamente os dois, pois era visível que mesmo com essa rincha toda, eles estavam sofrendo muito com essa distância imposta entre os dois.

                Tom não queria brigar, não novamente, tinha medo de fazer de novo, de espancar seu irmão como fez a menos de uma semana. Ele simplesmente se virou e saiu da garagem. Gustav ainda teve que segurar Bill por um tempo, o moreno estava completamente descontrolado. Assim que Tom saiu, Bill não quis mais ensaiar, ficou por muito tempo sentando sem dizer nada, e nem mesmo as gracinhas de Gustav foram o bastante para fazer Bill se animar.

                - Bill, por que vocês não esquecem o passado? Vocês estão se machucando assim, não dá pra perceber...

                - Esquecer o passado? – ele perguntou inconformado. – Não tem como... Georg, você não sabe como me sinto, não foi com você – Bill se levantou e foi até a porta da garagem. – Querem comer algo? – indagou já se retirando.

                Gustav e Georg ficaram por mais um tempo na casa dos Kaulitz; Tom se manteve em seu quarto, mas conseguia ouvir a conversa e as risadas dos três no piso inferior, já que a casa estava vazia. Gostaria de estar com eles, gostaria que tudo fosse como antes, mas não desceria, era orgulhoso demais pra isso.

 

                Depois de quase duas horas jogando conversa fora, finalmente Georg e Gustav foram embora. Assim que eles saíram, Bill avistou o carro de Gordon parar na garagem. Bill esperou que o padrasto saísse do carro e foi ao seu encontro, para ajudá-lo a levar as compras para dentro de casa.

                - Você demorou! – Bill comentou enquanto o ajudava a tirar as sacolas do porta-malas.

                - Desculpe Bill... É que passei na casa do David, ele me disse que haverá um festival , na verdade, é um tipo de concurso, daqui a um mês, onde só vão tocar bandas novas...

                Bill fitou-o com os olhos brilhando, sem conseguir dizer nada. Gordon sorriu ao ver que a bateria de Gustav e o baixo de Georg ainda estavam na garagem, parecia que eles ainda estavam ensaiando mesmo com Bill no estado que estava.

                - Estavam ensaiando?

                - É... Eu chamei os rapazes, precisava me distrair...

                - Você deveria estar descansando Bill, não está cem por cento ainda!

                - Eu sei... Mas precisava... – ele falou, ficando em silêncio depois, enquanto ajudava o Gordon a levar as sacolas para a cozinha. Assim que colocou todas sobre o balcão, Bill finalmente perguntou. – Pai? Podemos tocar nesse festival? Como nos escrevemos?

                - Bom... Eu falei para o David de vocês, mas sem um guitarrista é quase impossível... O som de vocês é muito bom, mas falta algo, e você sabe muito bem disso...

                - E se conseguimos um guitarrista até lá?

                - David disse que vocês estão convidados de qualquer jeito, mas que terão um prazo de até uma semana para se inscrever... Se até lá vocês não conseguirem um guitarrista...

                - Por que você não toca com a gente?! – Bill indagou animado.

                - Não posso, não deixariam vocês participarem. Querendo, ou não, minha banda é famosa aqui na Alemanha. E vai até premiação...

                - Premiação? Qual é o prêmio?! – o garoto perguntou animado.

                - A gravação de um CD... – Gordon falou, enquanto retirava as coisas das sacolas e arrumava-as na dispensa.

                 - Gravar um CD! – Bill exclamou extasiado. – Pai, acha que temos chance? – ele perguntou esperançoso.

                - Não vou ser cínico e dizer que sim... Teriam chances, se tivessem um guitarrista.

                - O pior é que não conhecemos ninguém pra tocar com a gente. – ele disse meio desanimado, passando as coisas para seu pai.

                Gordon riu, fazendo Bill o olhar curioso.

                - Temos o guitarrista perfeito mais perto do que você pensa, ele só precisa de uma chance...

                - Quem? – Bill indagou com um pouco de receio e, apesar de ter perguntado, já fazia idéia de quem o homem estava falando.

                - O Tom. Eu o ouvi tocar semana passada e, convenhamos, ele toca muito bem... Vocês deveriam colocá-lo na banda, pelo que me lembro, esse sonho era dele também...

                Bill ficou quieto, Gordon continuou a falar, mas o moreno não prestou mais atenção em nenhuma palavra. Muitas lembranças do tempo em que eram crianças vieram à sua mente, de como Tom queria que eles formassem uma banda e o quanto ele desejava que ela desse certo. Lembrou-se que foi exatamente por ele que continuou com essa idéia e, agora, a vida acabava de juntá-los novamente, fazendo com que tudo o que ele havia feito até agora virasse uma grande ironia, já que insistia em dizer que odiava o irmão. Entretanto, mesmo diante de toda essa situação, Bill via uma grande oportunidade bater em sua porta com a proposta de Gordon, mas seu orgulho era mais forte, e não cederia tão fácil assim. Não poderia, não depois de todo o seu passado e de tudo o que aconteceu. "Por que ele? Tinha que ser justo ele?"


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Notas finais do capítulo

Preview do próx. cap.: Entretanto, assim que se levantou e deu alguns poucos passos em direção à saída, seu olhar alcançou a porta do local e ele rapidamente mudou de idéia. Parada próxima a ela estava a sua razão para ficar.

uuuh. que preview grande! Me empolguei hahaha
Aí está mais um cap. pra vcs! Espero que gostem!
Beijos meus e da keca pra vcs (:
E, claro, FELIZ DIA DO AMIGO pra toodos! *__*