Bruderlichkeit escrita por keca way, Duda_


Capítulo 10
Vestígio de uma nova chance




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- Trecho de Ich bin nicht ich -

-x-

Tudo sempre foi verdade

Não me consigo achar dentro de mim

Tudo acaba em desilusão

Eu me vejo desaparecer mais e mais

-x-

 

                As meninas foram andando apressadamente para o hospital, Engel praticamente arrastava Emily pela rua, que não parava de reclamar da loucura da amiga. Além disso, ela insistia em tentar falar do garoto que elas viram há uns dias atrás, mas Engel não parecia escutar, apenas pedia para a amiga parar de falar e andar mais rápido.

                Elas não demoraram muito a chegar ao local, enquanto Emily parou próximo a recepção, para respirar e também perguntar qual o quarto em que Bill estava, Engel passou direto, olhando pela janelinha para dentro dos quartos, tentando adivinhar qual seria o do garoto.

- Er... Você poderia me informar em qual quarto o Bill Kaulitz está? – Emily perguntou, esticando-se para ver a amiga, que corria que nem uma doida pelo corredor.

- E você é o que dele? – a atendente perguntou.

- Amiga. – ela respondeu simplesmente.

- Não posso dar essa informação então, só com o consentimento da família.

- Então chame alguém da família, garanto como eles vão permitir a minha entrada. – Emily falou, irritada.

- Hum... Vou ver aqui o que eu posso fazer por você mocinha. – a recepcionista falou, baixando os óculos para observar melhor a garota, e depois se virando para atender ao telefone.

Emily aproveitou esse momento de distração e olhou disfarçadamente para o caderno que a mulher anotava alguma coisa, e não demorou a achar a informação que queria. Saiu correndo atrás de Engel no corredor e, assim que alcançou a garota, falou:

- Ele está no segundo andar, vamos! – e puxou a amiga pela escada.

Não demoraram a achar o local em que o Bill estava, era logo o terceiro quarto do corredor. Engel passou na frente de Emily e entrou correndo no quarto, enquanto a menina parou na porta, observando-a.

Bill estava deitado na única cama ocupada do quarto, com os olhos semicerrados, aconchegado entre muitos travesseiros. Ele estava pálido, e recebia soro pelo braço direito.

- Bill! – Engel exclamou assim que viu o garoto, esquecendo-se do que pretendia descobrir indo até ali. - Eu vim correndo assim que soube! Você está melhor?! – ela perguntou, nitidamente preocupada.

- Estou... Engel... Que bom ver você aqui... – o garoto falou com um pouco de dificuldade, e um enorme sorriso apareceu em seu rosto.

 

- Você... – Emily falou baixinho ao ver o garoto que estava encostado à sua frente na porta.

Tom levantou o olhar para ela, mas não falou nada.

 

Quando Engel passou a mão pelo cabelo de Bill, imediatamente a imagem do garoto que ela havia visto há uns dias atrás lhe veio à cabeça.

- Ué, você mudou de novo? – ela perguntou baixinho, mais para si mesma que para Bill.

- Engel! – Emily chamou, fazendo a amiga virar-se para ela, notando o garoto parado a porta que olhou para ela.

- Ah. Olá princesinha! – ele falou sorrindo ao ver que a garota encarava-o assustada.

- Oh meu Deus! Vocês são iguais! – ela exclamou, por fim.

- Não é a toa que somos irmãos gêmeos... – Tom falou balançando os ombros.

- Eu sabia que você não podia ser ele! – Emily exclamou sorrindo.

- Ah, não. O que essa garota tá fazendo aqui?! – Bill perguntou chateado, fazendo uma careta ao sentir uma dor aguda latejar pelo seu corpo.

- Ela é minha amiga, Bill. Você sabe disso... – Engel respondeu. – Você nunca me contou que tinha um irmão! – Engel observava atentamente os dois garotos, e só agora conseguia perceber as diferenças que havia além do estilo dos dois. “Meu Deus... Eu estava tão nervosa que nem percebi que não era ele! Pensei que fosse só mais uma mudança de visual, mas agora eu consigo ver as outras diferenças.

- É, eu sei... Me desculpe, Engel... É que... – Bill tentava falar algo, mas não achava as palavras.

- Quero só ver a desculpa que ele vai arranjar... – riu-se Tom.

- Foi você que bateu nele?! – Emily perguntou de repente, ela não sabia por que achava isso, mas essa idéia surgiu na sua mente.

- Pode-se dizer que sim... – Tom respondeu, desviando o olhar dela rapidamente.

- Pronto! Não dou um dia para que todo mundo fique sabendo disso! E com todos os detalhes que ela mesma vai fazer o favor de inventar! – Bill exclamou, irritado, enquanto a dor de cabeça que a pouco havia passado voltava a lhe invadir.

- Imbecil! – a garota falou antes de se retirar do quarto.

- Bill! – Engel exclamou num tom repreensivo.

- Não adianta pedir, Engel... Eu sei que ela é sua melhor amiga, mas você não podia arranjar uma que não fosse a metidinha popular do colégio, não?! – ele perguntou, e com a mão livre pressionava a cabeça, implorando para que a cefaléia passasse.

- Ela não é assim! – a garota replicou.

- E você?! O que ainda está fazendo aqui?! Dá pra sair também?! – Bill perguntou ao garoto que o olhava intrigado com sua atitude.

- Já fui! – Tom respondeu, levantando os braços para cima. – Beijos princesinha! – ele falou para provocar o irmão antes de sair do quarto.

Tom foi andando pelo corredor distraído, nunca havia visto seu irmão tratar uma garota daquele jeito e, mesmo depois de todo tempo que se passou, ele ainda não conseguia acreditar que aquele traço meigo da personalidade de Bill tivesse mudado. “Ela deve ter feito alguma coisa pra ele agir assim...”

- Droga! – a menina exclamou, batendo com a mão na máquina de refrigerantes, despertando Tom de suas divagações.

Ele sorriu ao ver como ela estava nervosa e aproximou-se devagar.

- Você deveria tentar assim... – ele apertou o refrigerante que viu que ela queria, depois deu uma balançada na máquina e ele caiu. – Viu?! Nem eu, que não moro aqui há dez anos, esqueci como se mexe nessas belezinhas aqui.

- Parabéns pra você. – ela falou, forçando um sorriso e pegando logo depois o refrigerante.

- Nossa! É por causa de todo esse mau-humor que o Bill te odeia? Ou é justamente porque ele não gosta de você que você está mal-humorada assim? – ele perguntou irônico, encostando-se na máquina.

A menina olhou-o indiferente, bebeu um pouco do seu refrigerante e depois voltou a olhá-lo.

- Por que você bateu no seu irmão? – ela perguntou por fim.

- Está curiosa quanto a isso? – ele indagou sorrindo, enquanto brincava com o piercing do seu lábio.

-Eu já vi irmãos brigando, isso é natural, mas não quando um deles vai parar no hospital junto com o resto da família. – Emily respondeu, calmamente. – Mas não é sobre isso que eu estou curiosa na verdade.

- E é sobre o quê?

Ela analisou-o discretamente com o olhar e aproximou-se dele, baixando um pouco seu tom de voz.

- Dez anos... Por que você voltou depois de todo esse tempo? E por que o Bill esconderia até mesmo da Engel que ele tem um irmão?

O sorriso que havia no rosto de Tom desapareceu, e ele desviou o olhar. Ela sorriu e virou-se para ir embora.

- Ei! – ele exclamou e ela parou de andar, mas sem virar-se para ele - Você é muito amiga da Engel, não é?!

- Sou. – ela afirmou sorrindo, quase adivinhando as intenções que haviam por trás daquela pergunta.

O telefone de Tom começou a tocar e, assim que ele viu que era a Louis, atendeu imediatamente.

- Louis!

- Tom! O que aconteceu?! Eu vi que você me ligou várias vezes, mas eu só pude retornar agora.

Vendo que Tom estava centrado na ligação, Emily voltou a andar. Assim que Tom percebeu a movimentação da garota, falou para Louis:

- Espera um pouco?

- Tudo bem. – ela respondeu.

- E então, Emily, a gente se vê por aí? – ele indagou para a garota que se encaminhava para a saída.

- Se depender de mim... – ela respondeu sem parar de andar.

- Isso é um sim? – ele insistiu.

- Isso é um: “não se eu puder evitar”. – ela falou antes de sair pela porta, acenando rapidamente para ele.

Tom riu um pouco, vendo a garota se distanciar do hospital, e voltou à ligação.

- Oi, voltei.

- Quem é Emily?

- Uma amiga aí do Bill...

- Hum... Então quer dizer que já está tudo bem entre vocês?

- Na verdade, não. Foi por isso que eu estava te ligando... Louis, você precisa dar um jeito de me tirar daqui! Eu não agüento mais!

- O que foi que aconteceu, ham? – ela perguntou calmamente.

- Eu fiz uma merda... Muito grande. – ele respondeu simplesmente.

- Me conte. – Louis pediu.

- Eu... Eu bati no Bill... Só que não foi pouco... Ele está aqui no... Hospital...

- No hospital?! Por que você fez isso, Tom?!

- Ele me provocou, entendeu? – o garoto exclamou com um tom de irritação na voz. – Eu acabei perdendo o controle e quando vi... Ele já estava lá, desmaiado no chão! Eu achei... Achei que tinha matado ele! Mas eu não tive culpa... Estava fora de mim! Por favor, não me culpe...

- Tom, eu não estou lhe culpando... Claro que você não é mais uma criança, então eu não vou pôr a mão na sua cabeça e dizer que você não fez nada. Você sabe que fez. Porém, a sua intenção não era de fazer isso. Logo, eu não vou te culpar de nada, e você não deve se culpar também. Apenas tomar cuidado para não perder o controle novamente.

- Louis... É por essas e outras que eu queria ter você aqui. Estou sentindo tanto a sua falta...

- Eu também, Tom. Eu também. Preciso desligar agora. Depois a gente se fala, certo? Beijos. – ela desligou sem esperar resposta.

Louis possuía um dom estranho de acalmar Tom. Ela sempre o compreendeu, e eles raramente brigavam, era difícil conseguir tirá-la do sério. Ele já tinha se acostumado com a sua presença e o seu jeito... Ter que aprender a viver longe dela era, com certeza, a sua segunda grande perda. O garoto acabou sendo tirado de seus pensamentos por uma pessoa que esbarrou com tudo nele ao passar.

- Ei! – ele gritou irritado.

A garota apenas virou-se, fuzilando-o com os olhos, fez uma careta e continuou a andar.

- Engel! – ele exclamou percebendo de quem se tratava. – Engel! Ei! Engel! – e saiu atrás dela, alcançando-a em pouco tempo, segurando em seu braço e fazendo com que ela parasse de andar.

- O que foi... Tom?! – ela perguntou-lhe com certo desprezo.

- Ah não... Ah não! Já tô imaginando o que o Bill deve ter falado de mim pra você... – ele começou, mas ela não deixou que ele terminasse.

- O que ele disse não importa! Ou talvez importe, já que comprova o que eu acharia de você mesmo que ele não tivesse me falado nada! – Engel exclamou. – O que passou na sua cabeça, hein?! Se passar pelo Bill! Como se eu não fosse descobrir!

- Ei crianças, isso não é lugar pra discutir, certo?! Isso é um hospital... Lugar de tranqüilidade... Não gritem aqui, por favor, sim? – uma enfermeira pediu, mostrando a porta aos dois.

Engel não hesitou em seguir o caminho mostrado pela moça, logo ela passava pela porta, deixando o hospital com Tom em seu encalço.

- Olha só, eu não sei o que me deu... O que você faria se num dos piores momentos do seu dia você encontrasse uma garota linda que lhe confundisse com outra pessoa? – Tom falava delicadamente, enquanto tocava o rosto da garota. – Você diria que nunca a viu na vida ou a deixaria te fitar como se você fosse alguém importante? Eu escolhi ser alguém que você pudesse admirar por alguns minutos.

A garota estava realmente encantada com as palavras dele, olhava-o boquiaberta enquanto ele sorria satisfeito.

- Tom... – ele escutou alguém chamar-lhe, mas não precisou se virar para saber de quem se tratava, apenas fez uma careta, tirando a mão do rosto de Engel. –Ah, olá, querida!

- Olá, Dona Simone! – ela cumprimentou animada.

- E como estão seus pais? E o Natal, como foi?

- Eles estão bem... E o Natal foi ótimo! Obrigada por perguntar. – Engel respondeu sorrindo, olhou para Tom e depois para Simone e percebeu que deveria deixá-los a sós. – Bem... Eu tenho que ir agora, não quero me atrasar pro almoço... Foi ótimo ver você! – ela concluiu, dando um beijo em Simone, e indo embora do local.

A mulher ficou vendo a garota ir durante um momento, acenando para ela, enquanto Tom olhava inconformado para a cena. Assim que a perdeu de vista, Simone virou-se para o garoto, que continuava parado no mesmo lugar, olhando para o nada.

- Tom...

- Diga, eu estou escutando. – ele falou meio chateado.

Simone suspirou e nesse momento Tom virou-se para olhar para ela, e desarmou-se completamente ao ver o estado da mãe. A mulher tinha uma aparência cansada, e quando ela levantou a cabeça para olhá-lo, ele notou as olheiras fundas em seus olhos, próprias de quem não conseguia dormir a alguns dias. Tom engoliu em seco e deixou que ela falasse, no fundo, sentiu pena da mãe, saber que ela estava assim por algo que ele provocou... Por um momento ele pôde pensar que talvez não estivesse sendo difícil apenas para ele... Sentiu-se culpado pelo que fez ao irmão, e pelo que estava fazendo direta e indiretamente a ela.

- Eu decidi falar logo com você... Eu tinha desistindo da minha viagem... Uma grande oportunidade para a minha carreira... Mas o Gordon acabou me convencendo que eu deveria ir... Então, assim que o seu irmão tiver alta, e estiver bem instalado em casa, eu vou para Nova York, e só volto em janeiro...

A raiva que ele já não mais sentia, tomou seu peito novamente, numa explosão quase incontrolável.

- Quer dizer que você resolve passar o ano novo longe de todo mundo e a pessoa com a qual você fala sobre isso é o Gordon?! Não deveria ser com os seus filhos, não?! Sua mãe?! A família toda?! Isso é uma piada mesmo! – ele falou debochado. – Não se preocupe, pode viajar. Dá próxima vez não se dê nem ao trabalho de avisar, é melhor. – ele concluiu, encaminhando-se para voltar ao hospital.

Simone ficou tão triste com a reação do garoto que nem ao menos percebeu que ele se referiu a ele e ao Bill como ‘seus filhos’.

 

Bill havia gastado o pouco de energia que tinha falando com a Engel. Agora se encontrava totalmente deitado na cama, com os olhos fechados, mas sem dormir. Ele pensava na garota, sabia que ela lhe entenderia. No começo ficou um pouco apreensivo pela reação inicial dela, quando descobriu que ele escondeu durante todo esse tempo que tinha um irmão. Entretanto, ela deixou que ele lhe contasse toda a história – ou pelo menos as partes que ele achava serem as mais importantes – e escutou tudo calada. No final, Engel compreendeu o que ele sentia e, mesmo achando que Tom não merecia, pediu ao garoto que tentasse ter uma convivência pacífica com o irmão para o seu próprio bem, pelo menos enquanto ele tivesse que morar em sua casa.

                - Você já sabe que a sua querida mãezinha resolveu te abandonar? – Tom perguntou, entrando no quarto de supetão.

                - Do que você está falando? – Bill indagou com a voz falha, mas o irmão já havia saído do cômodo.

                Bill ficou olhando para a porta sem entender, enquanto a confusão rodava em sua cabeça.

“Me abandonar? Ele só pode estar ficando louco!”


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Notas finais do capítulo

Preview do próximo cap.: "- Essa eu não conheço... - Tom se virou assustado e se deparou com Gordon batendo palmas para ele, o que o fez colocar a guitarra imediatamente no lugar."

Um capítulo mais leve aí para vocês! :D
Acho que deu para conhecer um pouco mais as outras personagens (:
Obrigada a toodos pelos reviewss, eu e a Keca estamos muito felizess *.*
Beijos e até a próxima :D