Chovia muito naquela manhã de sábado, e toda aquela água era um reflexo de tudo o que ele sentia. Tom mantinha-se imóvel à frente do caixão do pai, com seus olhos vermelhos e encharcados de lágrimas, que passavam despercebidas aos que estavam presentes, já que ele era o único que se mantinha embaixo da chuva fria. Agora tudo seria diferente, e ele teria que se acostumar; por mais que não quisesse admitir, teria que voltar para casa – aquela que ele havia deixado para trás há muito tempo. Sabia que não seria fácil, ainda mais por saber que teria que voltar a morar com sua mãe e seu irmão, quem ele não via há dez anos, e que se tornaram completamente estranhos e sem importância em sua vida. 

O garoto encontrava-se indignado, pois nem ao menos ao enterro eles apareceram. Até chegou a cogitar a idéia de que não era fácil chegar em menos de um dia aos Estado Unidos vindo da Alemanha, mas, depois de um tempo, enraiveceu-se por pensar daquela forma, pois pelo menos Bill teria que estar ali, afinal, ele também era seu pai. 

 Tom já não tinha certeza de nada, sua cabeça estava confusa. A única coisa que sabia era que sua viagem já estava confirmada, e na segunda pela manhã embarcaria de volta para seu país de origem. País que ele passou a odiar por ter sido deixado para trás por sua mãe e aquele garoto que era sua cópia, que ainda tinha a coragem de dizer ser seu irmão.

Lembranças dos tempos de infância, onde eles ainda eram uma família feliz, vieram-lhe à mente fazendo-o recordar-se exatamente de como era a casa onde costumava morar, para onde voltaria em menos de um dia. Ainda se lembrava de cada detalhe e, por um momento, um sorriso se formou em seu rosto; que se apagou, pois ele nem ao menos sabia se eles ainda eram como antes. Sua única certeza era que seu irmão era igual a ele, já que eram gêmeos idênticos.