Uma chuva fina caia sobre a cidade naquela tarde, o dia estava frio e escuro. Condizente com o coração de um grupo de jovens, mas talvez o que sentiam estava mais uma saudade, não se esquece uma ausência. Uma jovem de dezenove anos caminhava com seu guarda-chuva azul sobre a grama molhada do cemitério, era o aniversário de morte de Menma.

Ela não sabia se encontraria um dos amigos lá ou se já haviam ido, mas de uma coisa tinha certeza, ir visitar a amiga era uma coisa que precisavam fazer sozinhos. Não conseguiam estar em grupo ali, para expressarem seus verdadeiros sentimentos precisavam da solidão, talvez porque no fundo nunca tivesse realmente superado.

Mais alguns passos silenciosos na solidão do descanso eterno dos mortos e ela pôde avistar o túmulo e este não estava sozinho. Havia uma figura com pouco mais de um e oitenta e um embaixo de um grande guarda-chuva negro. Era Yukiatsu olhando para a lápide chorando, aparentemente havia trazido flores. Alguma coisa dentro de da garota se quebrou mais um pouquinho...

Não se quebre, não ouse quebrar, coração!

Ela repetia num mantra mental enquanto segurava as lagrimas que queriam descer. Não era como se esperasse alguma coisa, estava satisfeita em ser apenas a amiga, não estava? Bem, sempre almejou aquele lugar, por mais que gostasse dele, não esperava que um dia pudesse ocupar um lugar diferente em sua vida.

Não queria ser Menma ou como ela, afinal, jamais poderia... Só queria que pudesse ser amada da maneira que era, sem precisar ser a substituta de ninguém. Talvez tivesse sido melhor se não fosse a amiga a ter caído, já que quem fazia falta era ela. Se tivesse caído, não teria feito a menor diferença.

Suspirou e balançou a cabeça, não queria pensar em coisas ruins ali. Não estava lá para trazer más vibrações, estava ali para mostrar que não havia esquecido, que a saudade daqueles verões em que estiveram juntos ainda vivia de uma maneira gostosa... Os Super Justiceiros da Paz eram seis. Sorriu e caminhou fingindo não ver Yukiatsu.

No entanto, se assustou ao notar que ele não estava chorando. Não havia lágrimas em seus olhos, ele apenas olhava o túmulo, pensando sabe kami em que? O rapaz olhou para o lado e viu Tsuruko depositar as flores que trouxera junto com as outras, ela não o cumprimentou, olhou, ou deu por sua existência ali.

- Como será o céu? – ele indagou –

- Deve ser um lugar melhor, ou não teria sentido querermos tanto ir para lá. – respondeu erguendo o corpo –

Ficaram parados em silêncio, um ao lado do outro, pelo menos por alguns segundos. Pois logo a morena deu as costas e começou a caminhar para ir embora, Yukiatsu a olhou curioso, não esperava que ela fosse embora, deixando-o sozinho.

- Eu já estou indo, espere só mais um minuto... – disse ele vendo-a parar –

- Não é porque nunca esperei nada de você que não doa, não peça para quebrar os poucos cacos que consegui juntar.

E ela voltou a caminhar... Mas já era tarde demais, os poucos pedacinhos que ainda estavam juntos se perderam...

Não é como se alguma vez tivesse esperado algo, mas isso não queria dizer que doía menos.

Owari...