Então novamente o casal caiu no silêncio, porém não era um silencio desagradável, era relaxante e dava uma sensação de conforto nos dois. O silêncio, porém foi cortado por um bocejo que Hermione tentou reprimir. Draco constatou que a garota a quem estava abraçado devia dormir cedo, pois não devia se passar das dez horas e com isso deitou-se e a levou a deitar-se nele, usando sua barriga como travesseiro.

Ao deitar-se, a ruiva percebeu que a barriga de Draco era mais rígida que a de Rony e ao por suas mãos um pouco mais acima sentiu alguns músculos ali, assim que sentiu retirou as mãos dali, com vergonha de seus próprios pensamentos que caminhavam para a impureza.

Aos poucos, Hermione relaxou e fechou os olhos. A castanha sempre pensou rápido, porém assim que fechava os olhos seus pensamentos disparavam. Ela logo começou a pensar na serie de acontecimentos estranhos dessa noite: havia visto seu ex-namorado a traindo e havia brigado com ele, infelizmente constatou que não havia terminado oficialmente com ele, teria que fazer isso depois, ela tinha saído correndo e chorando pelos corredores de Hogwarts e encontrado Draco e depois de alguns momentos com ele estavam namorando.

“Que tipo de pessoa eu sou?” ela pensou “Brigo com meu namorado e começo a namorar outro. Eu sou uma pessoa horrível.” Ela brigou consigo mesma por ser tão fraca e expor seus sentimentos antes tão bem escondidos. Ela os tinha exposto para o Malfoy! Mas ele tinha sido anormalmente carinhoso e atencioso e o único xingamento que ele havia feito foi de forma possessiva e apaixonada.

Tentou analisar uma parte melhor da noite, o beijo de Draco, não havia como rotular aquele beijo. Talvez doce? Não, não era isso, não era enjoativo e meloso, o loiro definitivamente não tinha um gosto doce, ele tinha gosto da melhor coisa do mundo e a fazia quere-lo cada vez mais e mais, o gosto de tudo que mais gostava naquilo que mais odiava e isso tudo num jeito que foi feito para dar certo. E a forma que ele a beijava a fazia estremecer só de pensar, um feito que só ele conseguira. Não tinha como comparar o beijo de Ron com o de Draco, o do loiro, para ela, era muito melhor.

Pensando em tudo e em todos, Hermione adormeceu usando um certo loiro como travesseiro.

– Hermione? Hermione tá acordada? – Falou o sonserino enquanto afagava os cabelos ruivos de Hermione, que não respondeu. – Está dormindo então, né? Acho que vou ter que te levar no colo. – Ele sorriu ao pensar em como ela reclamaria de ser levada no colo.

Sentou-se e segurou a garota perto de si, ao levantar percebeu que a garota não era pesada e era fácil de levar. Olhou antes de sair da estatua e constatou que não havia ninguém no corredor. Andou em direção ao salão comunal grifinório, era arriscado, ele sabia e não estava nem ai.

No seu sonho, Hermione ouvia ritmadas batidas de coração.

– Ela pode ter voltado, Harry, vamos lá. – Disse Ron. Eles haviam andado bastante e já estavam cansados. Era para estarem em seus dormitórios e se alguém os visse ganhariam uma bela suspensão.

– Talvez... Certo, vamos voltar, mas se ela não estiver lá vamos continuar a procura-la. – O ruivo não podia reclamar aquilo tudo era em parte culpa dele. Começaram a correr.

Estavam em frente ao quadro quando viram a juba de cabelos ruivos e cacheados de Hermione. Levantaram o olhar e viram cabelos loiros platinados tão conhecidos e odiados. Draco vinha com Hermione no colo e com o sorriso reprimido.

– Malfoy... – Ron sussurrou com ódio explicito na voz.

– Malfoy, o que você fez com ela? – Falou Harry com o tom da voz bastante preocupado e acusatório.

– Eu? Nada. Eu apenas a encontrei perto de um corredor sonserino e ela dormiu. – Como ela ainda não estava pronto para contar, Draco apenas falou uma versão resumida do que aconteceu, sem os fatos mais importantes. – Eu, como o bom aluno que sou, trouxe ela para cá.

– Como o metido que é. – Ron sussurrou.

– O que disse Weasley? – Draco perguntou com um pouco de raiva na voz.

– Como o metido que é. – Falou mais alto.

– Pelo menos eu tenho alguma coisa para me vangloriar. Eu agora tenho... – Percebeu a besteira que ia fazer se completasse a frase como queria com um belo ‘ a sua namorada, ou deveria dizer ex-namorada?’ Mas assim estaria traindo a palavra para com Hermione. Teve que pensar rápido, mas Ron o salvou mesmo sem saber.

– Agora tem um pai na prisão, isso sim. – Ron deixou o ódio escorrer pela frase.

– Não tem medo do perigo? Seu... – Ao perceber que viria uma longa briga por ai Harry interrompeu:

– Calem a boca, vocês vão acordar Mione. – Disse Harry realmente preocupado com sua melhor amiga. – Me de ela, Malfoy. – Draco relutou um pouco em entrega-la, mas o fez por fim. – Vamos entrar, Ron. – Ele disse com Hermione já em seu colo.

– De nada por cuidar da sua amiga. – Disse o loiro depois de se virar e começar a voltar para seu dormitório. Harry suspirou e falou:

– Obrigado, Malfoy. – Ele disse um pouco de contragosto.

Ao entrar no salão Harry se encaminhou para o dormitório feminino, não olhou ao redor, apenas viu a única cama vazia e deitou Hermione ali, beijou a sua testa e sussurrou um ‘boa noite’.

Saiu de lá e logo ouviu a voz de Ron:

–Um corredor sonserino, Harry! Eu nunca imaginaria que ela estivesse por ali.

– Talvez seja por isso que ela foi para lá. – Ele falou calmamente enquanto se dirigia ao seu próprio dormitório. – Vai dormir, Ron. – O ruivo o seguiu.

No salão comunal da Sonserina, Pansy começou a reclamar assim que viu a sombra de Draco:

– Pode ir, Pansy, eu volto rápido. – Ela disse em uma imitação horrível da voz do menino. – Draco você demorou horas! E...

– Quieta, Pansy, não aguento mais o som da sua voz. – Disse cortando a fala dela.

– Nossa, Draco, que mau humor, hein?

– Eu vou dormir Pansy, você deveria fazer o mesmo. – Ele disse e saiu andando ignorando qualquer outra reclamação vinda da garota.

“Foi uma noite maravilhosa” Pensou. Não se importou se foi apressado de mais em pedi-la em namoro, não importou se ela estivesse frágil e que talvez esse fosse o motivo de ela ter aceitado, não se importava, havia esperado por anos e agora não poderia perder uma chance.

Já deitado em sua cama, pensou em reações futuras, como Hermione reagiria amanhã e como seria depois. Sonhou como um bobo, e se eles se casassem? Deixaria seu pai louco, mas não estava nem ai, seu pai havia o decepcionado então o decepcionaria também.

Suspirou alegre e se entregou ao mundo dos sonhos.

Hermione abriu os olhos e encontrou-se em sua cama. Olhou para os lados e viu que ainda estava de noite e repreendeu-se por acordar a essa hora, forçou a si mesmo a dormir novamente.

Ao acordar mais uma vez, viu que era dia, olhou para o lado e viu em seu relógio que estava um pouco atrasada, mas talvez desse para tomar o café-da-manhã. Levantou-se rapidamente, mas teve que voltar a se sentar, um turbilhão de imagens encheram sua cabeça de repente. As imagens a mostravam vendo Ron a traindo, sabia que isso era verdade, lembrava-se perfeitamente disso, depois correndo e chorando, se escondendo de sonserinos, até ai sabia que era verdade, sabia que era perfeitamente possível, bem diferente do que veio a seguir.

Ela viu Draco Malfoy se declarando a ela e ela fazendo o mesmo perante a ele, os dois se beijando, ela se sentindo bem com isso, ela se lembrava de algo sobre namoro. Estaria namorando Draco Malfoy? Impossível, ele era o arrogante e orgulhoso Draco Malfoy, ele nunca namoraria uma ‘sangue-ruim’. Nunca.

“Minha sangue-ruim” ela lembrou-se tão bem dele falando que pensou que ele estivesse ao seu lado.

– Não pode ser. – ela sussurrou e tocou seus próprios lábios ao lembrar-se da forma incrível em como ele a pediu em namoro. – Foi só um sonho. – Tentou se convencer.

Então se lembrou do anel que ele havia lhe dado, uma cobra se engolindo com olhos esmeraldas. Se tudo tivesse realmente acontecido ele ainda estaria em seu pescoço. Procurou-o.

– Não. – Ela falou para o nada. – Não pode ser.