One and Only escrita por srt_Brightside


Capítulo 2
Two; Sweet Memories


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu ainda não corrigi este capítulo, mas, como vou trabalhar este final de semana, eu tinha que postar logo.
Vou atualizar a Untitled for Dreams também. Demolition só na semana que vem ~rima over~ i.i
Adoro que vocês estejam gostando...
Boa leitura! (;



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One & Only




Two; Sweet Memories


“O destino quis que a gente se achasse, na mesma estrofe e na mesma classe, no mesmo verso e na mesma frase.” - Paulo Leminski.


– Comporte-se, Frank. – dizia minha mãe, com o seu olhar severo.

Eu rolei os meus olhos, como se eles fossem dados de cassino.

O tempo passa, e tudo muda. Só não conseguimos mudar a nós mesmos.

Estávamos no hospital, aguardando por sermos atendidos. Eu não entendia exatamente o porquê de ter de ir junto com ela, já que se tratava de uma consulta ginecológica. Eu não poderia entrar. Uma porque não fazia o gênero do especialista, outra porque minha mãe iria constranger-se ao abrir as pernas na minha frente, mesmo que eu tivesse vindo daquele lugarzinho tão específico. De qualquer forma, a contragosto, lá estava eu, completamente entediado.

Braços cruzados na altura do peito, cara amarrada.

– Comporte-se!

– Mas o que é que eu estou fazendo, mulher? – defendi-me, da pior madeira possível. Ela odiava quando eu a chamava assim.

– Veja lá o respeito, mocinho! E sente-se direito.

Obedeci.

Seus olhos nervosos surtiam certo efeito em mim.

Murmurei um “Fuck it”, o qual ela não ouviu. E, portanto, eu não levei um tapa na cabeça, lembrando-me que dizer tais palavras é um crime quando se tem treze anos de idade.

A verdade era que, após a tal consulta, minha mãe iria levar-me à escola. Ela havia marcado uma reunião com a diretora, para esclarecer as minhas notas.

Desde sempre fui bom aluno, daqueles que tem a sorte de permanecer acima da média. Mas, muito recentemente, por algum motivo escuso, minhas notas começaram a decair. E qual não foi a minha maior surpresa, quando a minha mãe declarou que a culpa de tudo isso eram as minhas más companhias, as quais eu chamo de amigos.

Acontece que Raymond e Robert, Ray e Bob, respectivamente, são a minha segunda família. O meu esteio. E quando eu tive algumas mudanças significativas dentro da minha casa, foi a eles em quem me agarrei.

Só que a minha mãe não entendia que aquela era somente uma fase adolescente, na qual eu não sabia exatamente o que eu era, se ainda era criança ou se já era um homem, e que nenhum de meus amigos tinha nada haver com isso. Para ela, era muito mais fácil condená-los, já que eram os únicos que estavam visivelmente fazendo parte da minha vida.

Eu não a censurava por pensar assim, mas também não concordava com ela.

Eu estava no meio do tiroteio. Não desejava que ninguém se machucasse.

Por algum tempo, ocupei-me com as inúmeras revistas de fofoca que se encontravam abancadas na mesinha de centro, daquela sala de espera.

Eu odiava esperar, e meu celular havia sido confiscado em função do D, em cálculo.

Yeah! Odeio números. Que se explodam e desintegrem-se. Um mais um não é igual a dois, definitivamente!

Parte dos meus problemas deram-se quando as gêmeas nasceram. Minha mãe e meu pai já estavam com o casamento arruinado quando resolveram tê-las. Mas cuidavam-lhe com toda atenção que necessitavam. Esquecendo-se de mim, óbvio.

Daí tornei-me o que era; Um garoto revoltado que não sabe se é homem ou rato.

Decidi-me por ser rato!

Um rato que estava quase desfalecendo de tão entediado, e que quase parou de respirar quando a sua mamãe rata mostrou-se estranha, ao remexer seu narizinho e bigodinho de rato, assim que avistou alguma coisa. Talvez fosse um pedaço de queijo. Talvez fosse um balde de lixo. Talvez fosse outro rato.

Não que a mulher tivesse saído correndo, gritando e descabelando-se por àqueles corredores esterilizados. Evidente que ela não fizera isso. Ela não era louca, nem nada. Mas minha mãe ficou um bom tempo calada, pensativa. Quando para ela, calar-se é como a morte. E ninguém sai dela vivo, afinal.

Mamãe estava estranha, decididamente.

Encontrava-se envolta por uma perplexidade nostálgica, no tempo em que observava algumas pessoas que estavam à frente da recepcionista, pouco distante de onde estávamos; A sala de espera.

Foi então, acredito que após as engrenagens do cérebro dela girarem no sentido contrário, que ela levantou-se de súbito, e mandou que eu fizesse o mesmo.

Levantei-me rapidamente, no susto, jogando as revistas no mesmo lugar aonde as encontrei.

Ao decorrer dos segundos, tudo foi fazendo sentido. A cena toda, digo.

Mamãe nostálgica, olhando pessoas, e estas pessoas caminhando em nossa direção com largos sorrisos em suas faces... Isso só poderia ter um único significado.

– Veja, Frankie, lembra-se? Costumávamos visitá-los em New York...

Mamãe guiava-me através dos ombros, toda alegre em direção àquelas pessoas.

Sinceramente? Eu não tinha a menor idéia de quem eram. Pareciam ser alguma espécie de casal antigo. E eram casados, pois logo consegui ver suas alianças idênticas, em seus dedos anelares.

No entanto, por algum motivo, eu não conseguia lembra-me deles, mesmo que ainda tivesse uma estranha sensação de dejavu corroendo o meu cérebro confuso, mesmo mamãe forçando a minha memória a todo custo, dizendo que costumávamos organizar passeios familiares.

Eu definitivamente não me lembrava de ter ido à casa de Way algum!

– Ora, querido, não lembrasse mesmo?

Neguei.

– Que coisa! Você costumava brincar com o filho deles. Passavam a tarde jogando videogame. Lindsey também. – e ela sorriu, envolvendo-me com as suas palavras e mãos, na altura do meu ombro.

Lindsey?

Eu com certeza lembrava-me daquela vaca, que fizera da minha infância o verdadeiro inferno.

E agora lembrava-me de Gerard.

Lindsey amava-o.

E acho que eu também.

Agora estávamos todos de frente uns aos outros. Olhares confusos, sorrisos bobos.

– Linda Iero? – a mulher desconhecida, a qual mamãe disse que se chamava Donna, questionou, com a sua face desacreditada.

– Donna! Quanto tempo?! – mamãe sorriu amistosa, como sempre fazia, mas rapidamente corrigiu a outra – Linda, sim. Mas agora é Linda Priccolo novamente. Bem, já fazem alguns anos que nos divorciamos.

– Sério? – a mulher arregalou os olhos, incrédula – Nossa! Como a vida é surpreendente. Parece que foi ontem que saíamos os quatro, para dançar nas matinês... Não é, Don? - e acotovelou o marido, até então calado.

– É sim, é sim... Mas, diga, Linda, o que foi que aconteceu com Frank? Ele não está morando em Jersey?

– Ele ainda mora, sim. Aliás, divorciamo-nos, só que ainda vivemos debaixo do mesmo teto. Vocês sabem como é... Século vinte e um. Vida moderna...

E riram-se, os três. Mas eu não ri de coisa alguma, pois não havia entendido a piada.

De qualquer modo, para a minha surpresa, eles fizeram alguma questão em apresentar-me ao pequeno, até então escondido no encalço do pai.

E para falar a verdade, achei-o lindinho.

– Veja, Frãn! – mamãe exaltou-se, assim que descobriu-o – Mas que gracinha... Este eu ainda não conhecia, Donna. Como ele se chama?

Tamanha a empolgação de minha mãe, que meus ombros já não aguentavam mais o seu peso e suas unhas, cravadas nada gentis.

– Oh, sim!!! – a mulher riu-se.

Ela deveria estar sentindo-se uma completa idiota por esquecer-se do próprio filho. Só que a minha mãe não restava muito atrás, também não fizera questão de introduzir-me naquele assunto deles. E apertava-me como se quisesse matar.

– Este é Michael, o meu caçula. Mas ele prefere quando o chamamos apenas de Mikey. – a mulher apontou a criança.

Michael pareceu intimidar-se, ainda estava escondido nas pernas do pai. Era como se ele estivesse com medo de alguma coisa. De ser raptado, por exemplo. E ainda assim era categoricamente fofo, com as suas bochechas rosadas, olhos grandes e molhados, acobertados por óculos grandes. Um verdadeiro charme!

E vê-lo tão agarrado ao pai e ao coelhinho de pelúcia, somente aumentou ainda mais aquela minha vontade de levá-lo para casa. Só que eu tinha certeza de que mamãe jamais deixaria. Nós já tínhamos as gêmeas em casa, Cherry e Lilly, para dar-nos muito trabalho. E, bem, elas davam mais trabalho do que um dia eu imaginei quando, em plenos sete anos e ignorância, pedi algum irmãozinho.

– Own, que gracinha!~~ - mamãe ronronava, feito gato – Quantos anos?

– Ele já tem dois. – respondera Donald.

– Nossa! Fico imaginando quando juntarmos ele e as gêmeas... – mamãe comentou com os olhos perdidos.

– Gêmeas?! – os Way indagaram, em uníssono.

– Sim. Oh, claro, não chegaram a conhecê-las. Distanciamo-nos antes disso... Chamam-se Cherry e Lily.

E ficaram lá, falando sobre o como a vida era e estas coisas; Eu realmente não interessei-me. Os meus olhos estavam presos àquela figura franzina, agarrada ao pai.

Acho que é alguma espécie de doença ou sei lá, mas a verdade é que eu sempre gostei de coisas pequenas e fofas.

Quando dei por mim, já estava com os braços estendidos, babando, visando alcançá-lo.

Pobre Mikey, acaso eu o alcançasse, abraçá-lo-ia tão forte e estupidamente, que seus ossos partiriam.

– Ei, ei, ei... Não toque nele! – mamãe foi enfática, ao barrar-me através do capuz.

– Mas eu...

Tentei influenciá-la com àqueles meus grandes olhos pidões, mas como sempre, não funcionou.

– Nem pense nisso! Já basta o que você faz com as gêmeas... Não irei deixá-lo assustar o pequenino...

Puta que pariu!

Mas que diabos eu fazia com as gêmeas?

Eram elas que sempre faziam comigo, man!

De qualquer forma, não ousei mais nada. Jamais que àqueles tentáculos da mamãe soltar-me-iam para que eu pudesse agarrar aquele-trequinho-coisa-mais-fofa-do-mundo...

É, não deu.

– Mas diga, Donna, o que tem feito? – e elas voltaram a falar, enquanto eu mantinha meu bico e olhos voltados a Michael, este me olhando com pavor.

Eu era o lobo mal.

Ele, o porquinho.

– Ah, com o Mikey tão dependente, não tenho trabalhado.

– Sério? É uma pena. Eu precisava mesmo de alguém para ajudar-me com as encomendas. – e eu poderia não ter o real conhecimento disso, mas as palavras de minha mãe alterariam o meu destino.

Mikey olhou-me apavorado.

“Se eu pegar você, morderei as suas bochechas!” – eu pensava.

Um passo a frente.

O coelhinho e as pernas do pai, espremidas pelos dedinhos.

– Te peguei! – mamãe abraçou-me, frustrando as minhas intenções.

Eu não era o lobo mal.

Eu era um rato.


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Notas finais do capítulo

Mereço review por esse capítulo fail? i.i