Amor Sem Regras escrita por Maria Martins


Capítulo 2
O dia após aquela noite - parte 2




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Allan abriu a porta de casa com rapidez, a fechou com força e a trancou. “Enfim em casa” pensou aliviado. Ouviu passos se aproximando rapidamente.
  - Onde você estava?
  Ele olhou para perto da escada e viu seu filho. Era um menino de doze anos, tinha cabelos pretos e olhos azuis, assim como o pai, tinha um rosto bonito e delicado.
  - Dylan, desculpe. Eu não pude atender suas ligações.
  - Fiquei preocupado, pai. Você saiu ontem não era nem seis horas e ainda não tinha voltado depois da meia-noite. Pensei que tinha acontecido alguma coisa.
  Allan sorriu agradecido com a preocupação do filho, colocou sua mala de trabalho e casaco encostados na parede e se aproximou do garoto. Ajoelhou-se e lhe deu um abraço.
  - Desculpe mesmo por ter te preocupado, é que... – Allan suspirou ao lembrar-se da noite anterior – Aconteceu cada coisa ontem.
  - O que houve? Você não está com uma cara muito boa.
  - Eu vou tomar um banho, depois a gente conversa.
  Allan deu um beijo na cabeça do filho e subiu as escadas.
  - Está com fome? – perguntou Dylan.
  - Sim.
  - Então vou preparar algo para você.
  Allan agradeceu e entrou em seu quarto. Observou o cômodo, como sempre estava arrumado. Passou a mão pela cabeça e suspirou. “Tudo vai dar certo, é só uma fase ruim e logo vai passar”. Foi ao banheiro e tomou um banho demorado, a água sempre o deixava mais relaxado.  
  Quando voltou ao andar de baixo, viu um sanduiche e um copo de suco em cima da mesa da cozinha. Dylan estava sentada nela, lendo uma história em quadrinho. Assim que o pai entrou na cozinha, ele fechou a revista e o olhou.
  - Está se sentindo melhor?
  - Sim, agora estou.
  Allan sentou-se a mesa e começou a comer o que o filho havia feito para ele.
  - Obrigado.
  - Não foi nada pai. Então, o que foi que aconteceu para você passar a noite fora? Você não tinha ido apenas a uma reunião de trabalho?
  - Sim...
  - A reunião não foi boa?
  - Eu fui demitido.
  Dylan o olhou preocupado.
  - O que? Mas você sempre se dedicou tanto no trabalho!
  - É, eu sei. Mas parece que o puxa-saco do Matt conseguiu colocar na cabeça do chefe que eu não era mais adequado para a empresa.
  - Mas, isso não é justo.
  - Dylan, meu amor. Tem muitas coisas no mundo que não são justas, mas nesse mundo, os mais poderosos é que ditam as regras, infelizmente. Ele me mandou embora, o que mais eu poderia fazer? Mas não sei preocupe, eu vou arrumar outro emprego.
  Dylan olhou para o pai preocupado, sabia o quanto ele gostava de trabalhar na empresa de instrumentos músicas e também sabia que o pai não estava tão confiante quando disse que ia arrumar outro emprego. 
  - Mas, o que você fez depois, porque só chegou agora?
  Allan suspirou.
  - Não me diga que você saiu para beber de novo.
  - Eu precisava de alguma coisa para me consolar.
  - Pai! Você tem bebido muito ultimamente, tenho ficado muito preocupado.
  - Mas não se preocupe, pode deixar que eu vou passar um tempo sem beber.
  “Depois do que aconteceu hoje mais cedo” completou em sua mente.
   - Então, o que vamos fazer agora?
   - Tudo vai continuar a ser como era antes, eu perdi o emprego, mas o mundo não se acabou. Ainda tenho uma boa quantia no banco, não precisamos nos preocupar tanto.
  Dylan sorriu, deu um beijo no rosto do pai e voltou a ler a história com atenção.  Allan passou a mão pela sua cabeça. Dylan era a única pessoa que tinha e dava tudo por ele. Desde que sua mulher os abandonara, eles viveram sozinhos.
  Allan terminou de comer e colocou o prato e copo na pia. Subiu para o seu quarto e deitou na cama.
  Ficou olhando para o teto pensativo, não sabia muito bem por onde começar, ainda estava confuso e com dor de cabeça. “Acho melhor descansar um pouco agora”. Ele suspirou. “Deus. Por que aquilo teve que acontecer? Não basta eu ter perdido o meu emprego, eu tive que acordar do lado de um...”. Colocou o travesseiro no rosto e teve vontade de gritar. “Calma. Tudo vai voltar ao normal. É só eu esquecer o que aconteceu”.
  Fechou os olhos e logo adormeceu. Sonhou com Matt rindo de sua cara, pois havia sido promovido. Olhava para ele com raiva, com vontade de avançar nele, de lhe bater até aquele sorriso se despedaçar.  Estavam em uma festa da empresa, mas Allan agora estava de penetra.
  Dava as costas para não olhar mais para seu rival, mas ainda escutava suas provocações. Decidiu ir para o lado de fora do salão. Passava por várias pessoas que olhavam admirados para Matt e entrou no jardim. Sentou-se em um banco de pedra e abaixou a cabeça. Sentiu uma mão em seu ombro e olhou para cima.
  Era Larry, o homem que havia acordado do lado. Ele sorria com compaixão. “Não fique assim. Sabe que eu estou aqui para te ajudar”, ele dizia. “Não é tão fácil assim falar”, falava Allan voltando a abaixar a cabeça. Larry sentou ao seu lado e virou sua cabeça. “Basta apenas c confiar em mim”. Ele aproximava seu rosto de Allan para poder beijá-lo.
 Allan abriu os olhos assustado e sentou na cama.
  - Isso está me perseguindo.
  Passou a mão pela cabeça e suspirou. Olhou o relógio. Já eram mais de duas horas da tarde. Levantou-se e saiu do quarto. Chegou ao quarto do filho, mas Dylan não estava lá. Imaginou que estava vendo televisão na sala e desceu. No meio da escada sentiu um cheiro bom, que vinha da cozinha.
  Aproximou-se e viu que Dylan estava colocando o molho de tomate em cima do macarrão que havia feito. Ele se encostou na porta e sorriu.
  - Incrível como meu filho de doze anos sabe cozinhar melhor do que eu.
  Dylan olhou para Allan e sorriu.
  - É apenas por que eu gosto. Sabe que eu pretendo seguir carreira gastronômica.
  - Está um pouco cedo para decidir o que vai querer fazer na vida, não?
  - Tenho certeza que esse é meu talento e o trabalho certo para mim.
  Allan aproximou-se do filho e lhe deu um beijo na cabeça.
  - Tenho que admitir que suas comidas são muito boas. Não estava com fome, mas só sentindo o cheiro, já fico com vontade de comer.
  Dylan sorriu orgulhoso e colocou a panela na pia. Sentou-se na mesa e se serviu.
  - Eu não queria tocar nesse assunto, mas o que você vai fazer na segunda?
  Allan o olhou.
  - Eu vou mandar hoje meu currículo para algumas empresas. Quem sabe alguma me chame. Se demorar, eu saiu e procuro um emprego... comum.
  - Vai tudo dar certo – disse Dylan sorridente.
  - Eu sei que vai filho. Já passamos por situações mais complicadas.
  - Como da vez que mamãe foi embora?
  Allan suspirou.
  - É, como daquela vez. Mas superamos e aqui estamos nós. Não vou deixar que aquele idiota do Matt ache que está levando a melhor. Eu vou conseguir um emprego bem melhor do que o que eu tinha e depois o agradeço por estar bem melhor do que ele.


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