Pov Keiko

Estávamos andando pelos imensos corredores,era abafado, não tinha janelas,era irritante,eu já estava irritada pelo Watari-san ter me deixado aqui e aquele silencio perturbador também não estava ajudando muito. Meu humor estava piorando á cada segundo. Enquanto andávamos,resolvi quebrar o gelo.

–Iai...aqui é um orfanato né?

Perguntei a primeira coisa que me veio a cabeça. Eu não estava muito nervosa para alguém que acabara de perder os pais. O tal Roger parou em frente a mim,fazendo-me parar também.

–Como vou explicar?

Perguntou ele,quase a si mesmo,pensativo.

–Explicando ué?

Não estava com saco para conversinhas melosas como: "Bom,seus pais foram para um lugar melhor e aqui é seu novo lar", ou ,"Todos aqui só querem o seu bem".Ele sorriu e continuou.

–Claro, claro. Este é um orfanato para gênios.

–"Orfanato para gênios"?

Perguntei confusa olhando bem fundo no rosto do tal Roger. Ele apenas concordou com a cabeça, voltando á andar. Eu o acompanhei ainda olhando-o.

–Crianças muitos inteligentes vem para cá quando perdem seus pais. Você é uma delas.

Tudo bem que eu era inteligente,mas...como ele sabia disso?E como o Watari-san sabia meu nome?Como o tal Roger me reconheceu se eu nunca tinha visto ele?Perguntas rondavam minha cabeça. Balancei a cabeça querendo escapar do pensamento. Roger percebeu.

–Está tudo bem?Tem algo mais que queira saber?

Resolvi despejar toda minha curiosidade em cima dele. Parei de andar,ele fez o mesmo, virando-se para mim que estava ao seu lado. Não o deixei respirar e comecei:

–De onde você me conhece?De onde o Watari-san me conhece?Vocês são algum tipo de mafia que estava investigando minha vida?Responda tudo rapidamente e sem gaguejar, se você pensar muito saberei que está mentindo!

Acho que o assustei um pouco. Mas não adiantou foça-lo,ele sorriu gentilmente para mim e começou o relatório.

–Eu não lhe conheço senhorita. Mas já vi fotos suas e Watari me deu sua ficha. Watari era amigo de seus pais, mas devido á agenda conturbada não foi na casa deles nos últimos anos. Ficou sabendo da tragedia e pediu para que ficasse aqui. E não, não somo um tipo de mafia. Além de eu não estar mentindo.

Foi uma resposta rápida,objetiva e ele não gaguejou...Sinal de que estava falando a verdade. Afinal minha desconfiança que eram uma mafia estava errada.

–Respondeu rápido. Me convenceu!

–Obrigado por acreditar em mim.

Roger fez uma reverencia e continuou andando. Agora já estávamos em um corredor cheio de portas, um pouco menos abafado que o anterior. Estávamos andando tranquilamente quando um garoto magro, mal encarado ,cabelos lisos e loiros, com uma roupa colada e uma barra de chocolate nas mãos saio de um dos quartos e parou na nossa frente. Não sei se o garoto era perigoso ou se foi por impulso que Roger se pôs na minha frente.

–Mello?O que houve?

O loiro mal encarado que se chamava Mello se inclinou para me ver atrás de Roger. Depois voltou à sua postura normal.

–Quem é que está atrás de você,Roger?

Ele com certeza se referia a mim. E eu odeio quando as pessoas perguntam sobre mim para outras pessoas. Percebi que Roger ficou com uma pontada de medo quando me pus a sua frente para eu mesma me apresentar.

–Bom...

Roger tapou minha boca rapidamente e puxou-me para trás. Não entendi o gesto, já que eu poderia muito bem cuidar de mim mesma perante aquela situação. Para o garoto estar aqui ele não deveria ser perigoso não é mesmo?Ou ele havia me enganado e aqui era realmente a mafia?Roger deu meia volta e começou a correr ainda me segurando. Era um pouco desconfortável aquela situação,mas eu não tinha escolha, corri junto. Fomos em direção à uma porta, Roger à abriu e consegui escutar o tal Mello gritar um “O que foi?”.Dentro da porta havia uma escada, subimos três degraus e Roger me soltou. Suspirou de alivio se encostando na parede que sercava a escada. Perguntei sem pensar duas vezes:

–O que foi aquilo Roger?Porque me arrastou daquele jeito?Porque não deixou eu me apresentar?

Eu estava perplexa com a atitude rapida dele. Não pensava em outra coisa que não fosse: “Eles são uma mafia, e estou do lado do líder deles!”.Roger se desencostou da parede e começou a subir calmamente a escada.

–Quando chegarmos à minha sala lhe contarei.

Eu não entendi bem, mas o segui devagar e calmamente, não tinha a intenção de força-lo demais a ponto de querer que eu fosse embora. Subimos o equivalente à dois andares. Do lado de fora parecia ser bem menor. Roger abriu uma porta e saímos em um corredor novamente, seguimos para a última porta do corredor. Era igual aos outros corredores, sem nenhuma janela e abafado. Entramos em uma sala, que parecia mais a “diretoria” de uma escola. Tinha um balcão enorme e uma cadeira atrás,tinha mais duas na frente do balcão. Roger apontou para as duas pedindo que eu sentasse, o obedeci, ele seguiu para a cadeira atrás do balcão, sentando-se para em seguida começar a responder minhas perguntas:

–Calma, percebi que é bastante curiosa, e isso é muito bom. Aqui todos tem um “codinome” entendeu?

Fiz que sim com a cabeça e ele continuou:

–Eu não deixei que você falasse seu nome por isso. Seu nome de agora em diante será Key. Você terá um quarto aqui e estudará como qualquer pessoa normal. Haverão testes no fim de cada mês para testarmos sua inteligencia, e se você ficar entre os 3 primeiros conhecerá o maior detetive do mundo … L!