A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 32
CAPÍTULO X: Duelo




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Um grande relógio, posto em uma torre improvisada de uma das construções em torno da praça central do campo de Tzaddik, mostrava em seus ponteiros, naquela manhã quente em que se dava o episódico fato do sol brilhar fortemente no céu, 11:35. O calor aumentava gradativamente, e seu reflexo no solo durbava o ar. Os comerciantes começavam a fechar suas barracas a medida que as pessoas se amontoavam em torno do espaço aberto da praça central, a notícia do retorno de Alan e de seu desafio a Paulo havia se espalhado pelo campo, grande parte contado pelos homens de Paulo, os quais confiavam que seu chefe acabaria com o "intruso".

 

Os grandes ponteiros do relógio da praça se moviam penosamente até assumirem a posição de 11:50. Paulo e Alan se aproximaram do local de direções opostas; Paulo vinha acompanhado de diversos de seus capangas, enquanto Alan, de Ezequiel e Esquyeu. Ao ver a multidão, Alan se volta para o técnico o qual se justifica: - “Não olhe para mim, até comentei o que você ia fazer com um ou outro, mas foram os capangas de Paulo que fizeram a propaganda de massa...”

 

Paulo logo toma a frente de seus companheiros e se mostra a multidão, confiante em sua vitória, ele logo esbraveja a todos: - “Hoje completarei meu propósito de livrar as pessoas deste campo das mentiras e da exploração destes monges, mostrarei a todos, mais uma vez, que de 'Imortais' eles tem apenas o nome...” Alan começa a tomar a frente também, porém, antes ele se volta para seu amigo: - “Esquyeu, me prometa que indiferente do que aconteça, você vai cuidar do rapaz... Ensiná-lo a sobreviver neste mundo...”

 

Os ponteiros do grande relógio na torre se movimentam penosamente à posição de 11:55. Na rua diante dele, de um lado, Alan toma a frente, de outro, Paulo. Eles se põe a uma boa distância um do outro, algo da ordem de 20 ou 30 metros, e se encaram, estando ambos ao longo da rua, com uma considerável multidão espalhada pelas duas laterais da via, apenas aguardando para ver o que aconteceria. “Vocês monges não voltarão a enganar estas pessoas com suas mentiras, eu as libertei!”, Paulo proclama a plenos pulmões, ao que Alan lhe responde num tom bem mais sóbrio, enquanto retirava o revólver de seu coldre: “Você só as 'libertou', para escravizá-las você mesmo...”, Paulo inicia uma resposta, mas antes que ele falasse qualquer coisa, Alan, que havia retirado todas as balas do tambor do revólver, volta a carregar uma bala e diz, ainda com a cabeça baixa, olhando para sua arma, com a face encoberta a seu rival pela aba de seu chapéu: “Uma bala, Paulo, apenas uma bala e resolveremos isto, está de acordo?”, ao que do outro lado, o rival o refuta severamente com o olhar, pega bruscamente o revólver que um de seus capangas lhe oferecia, abre o tambor e, segurando com o polegar da mão esquerda uma das balas na culatra, deixa os cinco outros projeteis caírem ao chão, enquanto responde: “Uma bala? É até mais do que preciso para calar a tua boca! E já faz um bom tempo que espero por isto...”

 

O relógio chega a marca de 11:59, e o ponteiro de segundos inicio mais uma penosa volta pelo mostrador da torre, o silêncio se torna absoluto, de forma que todos no local eram capazes de ouvir cada tlac que o ponteiro emitia ao se mover segundo por segundo. Segurando a arma com a mão direita ao lado do corpo e encarando seu rival, Alan usa o polegar para puxar o martelo, engatilhando o revólver, e o mesmo é feito por Paulo. Os sons do movimento do ponteiro logo se sincroniza ao pulso de cada um dos dois homens.

 

O calor abrasador do meio-dia turvava o ar próximo ao solo, enquanto um vento suave levantava pequenas nuvens de poeira, o ponteiro de segundos passava vagarosamente pelo 9 do mostrador do grande relógio na torre, enquanto Alan firmava as pernas e repassava os dedos pelo cabo da arma. O ponteiro passa pelo 10, e diante daquele penoso movimento, Paulo firmava o dedo no gatilho apenas aguardando os poucos segundos que faltavam para levantar a arma e disparar. A multidão olhava atenta para o relógio até que o ponteiro que acompanhavam passou pela marcação 11, quando todos voltaram os olhares para a rua onde os dois homens se encaravam.

 

Por fim, os três ponteiros se alinham na marca de 12, meio-dia, um sino na torre badala informando o horário, e antes do primeiro badalar terminar, os dois homens empunham as armas e disparam. O som dos dois disparos soa uníssono e as balas cruzam o ar numa velocidade inacompanhável.

 

Em menos de um instante, Alan deixa a arma cair ao chão e leva a mão direita ao ombro esquerdo, curvando-se em dor. O joelho esquerdo toca o chão e a perna direita se dobra. Com o curvar do corpo, seu chapéu caí ao chão, quica algumas vezes, levantando pequenas nuvens de poeira, gira por uma pequena distância, em um movimento circular, sobre sua aba até cair ao solo definitivamente. Rangendo os dentes pela dor, Alan olha para sua mão e vê o sangue escorrer de seu ombro, por entre os dedos. Ele toma fôlego e olha para frente, aonde percebe a multidão alvoroçada, e consegue distinguir, no chão, Paulo já sem vida.


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