A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 3
CAPITULO I: Despertar para o pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Comecemos a história... bem, na verdade os primeiros capítulos são só apresentação dos personagens.... rs



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“Parece até que você nunca viu um infectado antes!” O homem parecia censurar o jovem, enquanto lhe estendia a mão para ajudá-lo a se levantar. “Realmente, nunca vi uma coisa destas...” O jovem responde.

A criatura era realmente, por falta de palavra melhor para descrevê-la, asquerosa. Tinha a forma básica de um homem, porém era grotesca, a pele parecia estar coberta por uma espécie de casca, que possuía uma coloração indefinida, algum tom intermediário entre vermelho escuro e marrom e, em diversos pontos, possuía feridas e tumores, a maioria emanando sangue e estranhos fluídos. Haviam também cortes profundos pelo corpo, os quais deixavam a mostra a carne e, em alguns casos, até os ossos da criatura. A carne “daquilo” tinha um tom de vermelho incrivelmente vivo e muito sangue. Os braços eram deformados e longos, quase mais que as pernas, terminavam em mãos grandes, com dedos compridos, cujas unhas pareciam garras. A mandíbula da criatura também era anormalmente longa e deformada, com enormes dentes, amarelos e podres, enquanto que as gengivas eram de um vermelho vivo. O ombro e parte do peito e pescoço do lado direito da criatura estava estourados, mostrando suas entranhas que, apesar de ensanguentadas, mostravam ainda uma estranha coloração azul-esverdeada, em uma tonalidade difícil de descrever.

Além da aparência grotesca, duas outras características chamavam a atenção no estranho ser. A primeira era o odor pútrido que exalava o cadáver, um cheiro realmente insuportável e enauseante, como se já estive em decomposição há muito tempo. A segunda, e talvez mais estranha, era que, apesar do corpo aparentar já estar morto a um tempo considerável, ele ainda estava quente e, de fato, parecia estar emanando uma espécie de calor remanescente.

“Quer dizer que isso era um homem?...” O jovem questiona. - “Há um bom tempo... Isto é um infectado em estágio quase terminal, o contágio deve estar entre 70 e 80 %, neste estado eles se tornam criaturas totalmente irracionais, que não percebem nem mesmo que tem uma calibre .12 apontada para eles...” O homem responde enquanto pega sua arma, que estava recostada em uma rocha, e aponta para o estrago no lado da criatura. “Eles não costumam andar sozinhos, é melhor sairmos daqui antes que apareçam outros...” Ele concluí.

“Ah, sim... Uh... Desculpe, mas eu ainda não seu nome.” O jovem dirige a palavra ao homem, que se detém um pouco de arrumar as coisas e lhe responde: - “Meu nome é Alan e também não sei o seu nome.” Após um estranho silêncio, no qual o jovem abaixa a cabeça por alguns instantes, este responde: “Infelizmente eu não o posso dizer... pois não me lembro... na verdade a lembrança mais antiga que tenho eu acho que já estava com você...”

“Já o estou arrastando por aí fazem algumas semanas...” O homem lhe informa. “Se você faz questão de um nome, eu posso lhe dar um... o que acha de Ezequiel?” O jovem questiona o por quê de tal nome, ao que lhe é respondido: “Ezequiel era um antigo profeta, ele ficou como que morto por ter tido visões de Deus, e após isso desenvolveu o dom de ver o futuro; e também... eu gosto deste nome.”, Alan fala, em um tom quase que de indiferença, ao que o jovem responde: “Não creio que tenha sido 'visões de Deus' que me deixaram no estado que estava e não sinto ter desenvolvido nenhum dom. Mas... me parece um bom nome...”

Alan sorri discretamente e lhe pergunta: “E então, Ezequiel, vai me ajudar para irmos?”, o jovem responde com um gesto da cabeça que sim. Porém antes de ajudar seu novo amigo a desmontar o acampamento, ele apanha a pistola injetora de vacina que havia derrubado no chão e, após dar uma última olhada no corpo da criatura que estava ali, ele respira fundo, toma coragem e se injeta a vacina no pescoço, dobrando-se para o lado devido a dor e os efeitos que a mesma lhe causara.

E assim iniciou-se a jornada dos dois. Iniciaram atravessando aquelas desérticas campinas. Eram extensas, maiores do que o alcance da vista, porém eram assustadoramente silenciosas. Não se ouviam nem animais, nem pássaros e nem mesmo insetos. O máximo que se ouvia era o vento balançando a vegetação requisita que cobria toda a região. Vez e outra aquele silêncio perturbador era interrompido por um grito ou urro distante, algo medonho, semelhante ao que se costuma imaginar que apenas se ouviria em pesadelos. Porém tais sons eram vagos e, pelo menos, ao que pareciam, distantes. Ecoavam por aquelas campinas, porém ninguém conseguiria identificar de qual direção vinham, ou de que distância, ou, talvez o que mais assustaria, se aquilo representava uma ameaça real. O calor também era insuportável. Sentia-se o sol torrencial sobre a cabeça, e o solo parecia refletir tal calor, o que gerava uma sensação de mormaço terrível.

Alan caminhava puxando uma espécie de trenó, sobre o qual carregava suas coisas, as quais usava para armar acampamento, e, possivelmente, alguns mantimentos, munições, utensílios, armas reservas, vacinas... Resumindo, praticamente o que necessitasse para viver em tal lugar. De fato, Alan não aparentava ser um homem muito usual. Aparentava ter algo em torno de uns 20 e tantos anos, apesar de boa forma física. A pele era bronzeada pelo sol, olhos castanhos, cabelos negros e lisos, um tanto desarrumados e não muito compridos, mas o suficiente para começar a lhe cobrir as orelhas. Tinha o rosto oval, com o queixo um pouco proeminente e una barba do tipo que parecia estar por fazer a uns 3 ou 4 dias. Seu semblante demonstrava sobriedade e um certo tom de preocupação, do tipo de pessoas que parecem ter muitas coisas na cabeça. Usava um sobretudo marrom, bem surrado e um tanto sujo, que cobria suas vestes aparentemente boas, embora envelhecidas e maltratadas, possivelmente pelo largo tempo em uma vida difícil. Percebia-se em seu cinto, do lado esquerdo um revólver modelo Colt (que o fazia parecer, de certo modo, um daqueles pistoleiros do velho oeste), enquanto que do lado direito se podia notar que ele carregava uma espécie de espada em sua bainha. Sobre o ombro esquerdo seguia sua espingarda calibre .12, segura por uma correia. Vez ou outra também parecia se mostrar, por debaixo do sobretudo, saindo da manga, próximo a mão esquerda, um estranho gatilho de algum tipo de mecanismo, o qual não se podia ver ao certo do que se tratara. Por fim, o austero homem também usava um chapéu sobre a cabeça, também aparentando estar bem gasto e surrado, para se proteger um pouco do sol abrasador, e era outra peça que o fazia lembrar um pouco aqueles personagens de velho oeste.

Ezequiel, por seu lado, tinha uma aparência bem jovem, aparentando até menos de uns 18 anos. Era magro, de pele branca e olhos claros, azuis. Os cabelos eram castanhos claros, quase loiros, curtos e estavam bem desarruados. Tinha o rosto oval e olhar perspicaz, e algumas migalhas de barba espalhadas em torno da boca e pelas faces. Estava um pouco sujo e suas vestes simples (apenas uma calça e uma camiseta bem comuns) eram bem surradas e mal cuidadas, embora isto se poderia explicar pelo estado em que se encontrava até aquele dia. De fato seu estado debilitado o fazia caminhar devagar e com dificuldade, mancando de uma das pernas e improvisando um galho seco como muleta para lhe ajudar a prosseguir.

O jovem caminhava uns passos atrás, porém, Alan não se descuidava e permanecia atento a tudo que se passava ao seu derredor. Embora tivesse um estilo um tanto quando misterioso, do tipo que se vê que esconde coisas dos demais, podia-se ver que aquele homem era do tipo que, apesar da cara de malvado, possuía o coração de um santo. Possivelmente, Ezequiel havia visto isto, e isto era o que lhe fazia confiar em seu ajudador e acompanhá-lo, apesar de não saber nada de concreto sobre ele. Embora talvez, ele o estivesse acompanhando pelo de fato simples de parecer não ter outra opção. Afinal ele estava sozinho, em um lugar desconhecido e aparentemente perigoso, estava sem provisões, sem armas e ferido, sem muitas chances de sobreviver se tentasse a sorte sozinho.



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