A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 15
CAPITULO XIII: A balada do Cavaleiro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178257/chapter/15

Ainda de madrugada, pouco antes do amanhecer, Malachie se acerca da entrada do abrigo de Kutscher. No interior, próximo a porta, Stanley adentra a sala de comando reclamando: “O que diabos esta se passando pra vocês me acordarem a essa hora!” Zóio, um tipo magrelo, corcunda e que usava óculos de lentes grossas, estava na sala e gagueja alguns murmúrios incompreensíveis enquanto parecia lhe apontar o periscópio. Um dos guardas da porta toma a palavra e informa: “Um tipo estranho apareceu ai fora e está exigindo entrar. Parece ser um daqueles lunáticos que andam por aí fantasiados...” “Um Cavaleiro você quer dizer...”, Stanley concluí, “...hum, ouvi dizer que, estranhezas à parte, eles pagam bem aos que os servem... vamos, deixem ele entrar, com certeza deve ter algum dinheiro que possamos tirar dele.”

Malachie adentra ao abrigo, sendo recebido por um misto de olhares desconfiados e sorrisos falsos dos seguranças e operários que cuidavam da porta. Ele atravessa aquela área de entrada andando como se não se importasse com nada ao seu redor. Em pouco tempo, ele desce as escadas da entrada e adentra ao gueto que se construíra no interior daquele abrigo. Seu caminhar altivo o destaca facilmente por entre as vielas do local, chamando a atenção das pessoas do lugar. Algumas delas se fechavam em suas casas, trancando portas e janelas, outras desviavam de seu caminho e havia também as que se mantinham nos cantos apontando e rindo. Porém, o Cavaleiro continuava avançando sem denotar preocupação com nada que o cercava.

Sua caminhada o conduz até uma taberna, a mesma onde, há alguns poucos dias, Deborah estivera. Ele adentra o local e é imediatamente encarado por todos no local. Antes mesmo de dar o primeiro passo mais adentro da taberna ele é parado por um homem gordo que usava uma jaqueta de couro, o qual tinha os dentes amarelados, a barba por fazer já a alguns dias e o cabelo despenteado. O homem, com a mão em seu ombro esquerdo, vira Malachie de frente para ele e lhe diz, enquanto seu hálito alcoólico impregna o ar: “Aqui não temos lugar para palhaços fantasiados como você!” O Cavaleiro o encara e, antes que o homem pudesse retrucar um “o que?!”, ele desembainha sua espada bastarda com a mão direita e, em um rápido movimento de rotação, decepa o braço do homem; livrando-se do que o segurava. Ele torna a empunhar a espada e, com uma forte estocada, a crava no peito do homem, atravessando seu corpo. Diante de tal cena, diversos homens do local se levantam bruscamente das mesas, sacando suas armas, pistolas e revólveres. O taberneiro abaixa-se por de detrás de seu balcão e rapidamente ressurge, empunhando e apontando uma espingarda à Malachie. Vendo a cena, Bruce, que permanecia sentado relaxadamente em sua mesa, no fundo da taberna, diz a todos: “Esse Gerard era um falastrão mesmo... Não creio que alguém aqui sentirá falta dele... Então, vamos criar problemas e agitação por tão pouco?”, alguns do que estavam no local voltam a se assentar e guardam suas armas receosamente, enquanto Bruce se volta ao Cavaleiro e lhe diz, abrindo um sorriso cínico: “Ei, amigo, porque não vem aqui? Sente-se, tome algo e nos diga o que trás um tipo tão raro a este nosso buraco?”

O Cavaleiro embainha novamente a espada e reponde sem sair do local onde estava: “Busco uma ladra, ela roubou algo de meu senhor e minhas investigações me dizem que ela esteve neste local.” “Ladra é?”, Bruce comenta, “Só pode ser a Deborah... então ela roubou de vocês também, ah... É ela costuma vir aqui, até que alguns dias atrás eu a peguei tentando me roubar... daí aquela cadela ruiva se mandou daqui... Ela deu sorte, porque, eu falo hein, se eu encontrar ela de novo, ninguém mais vai encontrá-la outra vez... e mesmo que encontre, não a vai reconhecer...” “Preciso encontrá-la e forçá-la a devolver o que roubou”, Malachie comenta, “se você matá-la, não poderei cumprir minha missão, logo você é uma ameaça para o cumprir da vontade de meu senhor.” Percebendo um tom de ameaça em tais palavras, Bruce se levanta de sua mesa e responde rispidamente: “Então parece que você está aqui pra arrumar encrenca, não é mesmo?” Levando a mão a sua espada, o Cavaleiro avança na direção de Bruce, para atacá-lo, este por sua vez saca seu Revólver Magnum e dispara. Entretanto, as balas, mesmo do potente calibre .357, não conseguem penetrar as vestes e Malachie. No tempo de três disparos, o Cavaleiro alcança o homem e o atinge com dois golpes, usando a empunhadura da espada (o primeiro golpe, em sua mão, o desarma, o segundo, em seu rosto, lhe quebra o nariz e lhe lança contra a parede e ao chão). Os outros homens que estavam na taberna voltam a sacar suas armas e disparam contra Malachie. Nenhum dos projeteis atravessa suas vestes, e este, em golpes sequenciais e bem sincronizados, rapidamente elemina a diversos deles. Do balcão o taberneiro dispara com sua espingarda, o tiro acerta o Cavaleiro, que se desequilibra um pouco e recua alguns passos devido ao impacto, porém, ele se recupera rapidamente, apanha uma garrafa que estava sobre a mesa mais próxima e a lança, atingindo a cabeça do taberneiro, antes que este pudesse recarregar sua arma, derrubando-o. Os homens que restam, acabam por fugir do local, enquanto Malachie se aproxima novamente de Bruce, que estava sentado no chão, encostado numa parede, no local onde fora derrubado, com o rosto ensanguentado. O Cavaleiro o segura pelo ombro, fixa o olhar em seus olhos e lhe diz imponentemente: “Você me contará tudo o que sabe sobre esta ladra, e, se me dizer coisas úteis, te deixarei seguir com sua vida inútil.”

Algum tempo depois, Malachie sai da taberna e segue pelas vielas do local. Após percorrer certa distância, ele começa a ser seguido por dois homens. Eles usavam casacos grossos, que lembravam de certa forma mantos, porém sem mangas, de forma que os braços ficavam expostos, podendo-se ver algumas cicatrizes neles. Ambos tinham a cabeça coberta pelo capuz do casaco, empunhavam rifles, além de terem alguns punhais e adagas embainhados em um cinto em torno da cintura. Um era mais alto que o outro, e, enquanto se aproximavam do Cavaleiro, o mais baixo comenta: “Não sei, acho melhor não mexermos com esse ai, nunca ouviu as histórias que contam sobre estes tipos?”, porém seu parceiro o critica: “Bobagem! O que?! Vai dar ouvidos a essas asneiras que o povo conta por aí? Bando de lunáticos... Tome coragem e honre o por quê nos pagam.” Ele então toma a frente e diz ao Cavaleiro: “Hei, foi você que foi a taverna aqui perto e atacou os homens de lá, não foi? Agora pare aí e vamos conversar.” Porém, sua ordem é ignorada. Ele insiste, intimando Malachie outra vez. Desta vez, o Cavaleiro para e se volta para os dois homens, lhes respondendo: “O que é isso? Mais dois Assassinos achando que fazem justiça?” Diante de tal comentário, o que o havia intimado retruca: “Que insolência. É uma pena, ainda ontem, o próprio Al-Naum estava neste abrigo. Se estivesse aqui, você teria a honra de ser morto por ele! Mas bem, por hoje, eu me encarrego do trabalho.” Porém o Cavaleiro satiriza: “Mesmo seu divinizado grã-mestre não me seria adversário, crês mesmo que tenhas alguma esperança de vitória?” O homem se ira, o xinga e empunha seu rifle. Alguns tiros ecoam pela área, porém a arma é rapidamente silenciada.

Pouco depois, na saída do abrigo, um mensageiro chega as pressas informando: “Aquele tipo estranho que vocês deixaram entrar... Arrumou confusão no centro do gueto e agora esta vindo para cá.” Diante da informação, Stanley apenas satiriza: “Hã, se ele arrumou confusão, isto é coisa pros Assassinos cuidarem, não são eles que mantém a ordem por aqui?”, mas antes mesmo dele terminar com sua ironia, o mensageiro lhe informa: “Dois deles tentaram impedi-lo, mas foram mortos...” Com a nova informação, Stanley estremece, o medo o toma enquanto ele comenta com o mensageiro, como se pedisse para confirmar que ele ouvira certo: “Aquele tipo eliminou dois Assassinos e agora esta vindo pra cá?...” O mensageiro confirma, ao que o responsável pela porta, se dirige apresadamente para sua sala, alguns lances de escada acima de onde estavam, enquanto dá ordens aos seguranças do local: “Isso é responsabilidade de vocês! Cuidem dele... Eu vou pra minha sala e... e... Cuidem dele!” Dois seguranças, que estavam rondando pelas próximidades, veem o desespero com que falava e respondem um “Sim, chefe!”, enquanto comentam um com o outro: “Como é que um cagão destes manda na gente?”, sendo que um terceiro segurança, que vigiava deste uma guarida improvisada, comenta: "Se não me engano ele é primo ou cunhado do administrador nomeado pelos Assassinos...”, ao que os outros satirizam: “É, só assim mesmo!” Após algumas risadas, eles se cobram seriedade e se preparam, carregando e engatilhando seus rifles. O que estava na guarida desce dela rapidamente e segue até o “Arsenal”, improvisado em uma sala próxima. Após alguns instantes, ele sai de lá carregando uma metralhadora e dois cintos de balas, um sobre cada ombro, comentando: “desde que vi esta belezinha na armería, estou louco de vontade de usar...” Ao que os outros comentam de forma cômica: “Podem dizer o que quiserem, mas trabalhar para os Assassinos de Al-Naum paga bem e ainda nos dá uns brinquedinhos ótimos!” A metralhadora é encaixada em um suporte na guarida improvisada, carregada com um dos cintos de balas, enquanto o outro é deixado a parte, no chão da guarida, para o caso de ser necessário. A arma é apontada na direção da saída do gueto, de onde o Cavaleiro viria, os outros seguranças, com seus rifles, se posicionam um de cada lado da guarida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Esperança Dos Renegados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.