POV Lucca.

O professor mala já tinha iniciado a aula quando demos por falta da nerd Annabelle, queria só saber por que eu tinha que ser o primo daquela coisa magra. Enfim, ela entrou na sala com o pulso cortado e eu baixei um olhar preocupado.

– Desculpa professor é que eu fui lá no banheiro. – Ela se desculpou mais o professor a chamou.

– O que foi isso no seu pulso Belle? Alguém te cortou? – O professor perguntou e ela soltou um leve suspiro.

– Eu me cortei. – Annabelle respondeu e todos abriram a boca. Não consegui acreditar que ela tinha se mutilado, mas tenho certeza que ela só fez isso para se fazer de coitada e todos terem pena dela. Não me abalei com esse acontecido, ela sentou na primeira carteira e soltou um suspiro de cansaço, fiquei observando-a por um tempo até que eu vi uma mão passar sobre o meu rosto.

– O que você tanto olha na nerd? – Cody perguntou e eu disfarcei.

– Nada poxa! Não pode mais admirar a feiúra da garota não?! Haháhahaha – Sussurrei de volta rindo e ele me acompanhou.

Voltamos a prestar atenção na aula.

–---x----

POV Annabelle.

A aula foi um saco por mais que eu adorasse matemática, eu estava sem fome então fui sentar-me em um banquinho no pátio. Escutei vozes vindas atrás de mim, pude os ver eles conversando animadamente sobre a festa na minha casa, só de pensar nesta festa meu estômago começou a embrulhar e uma grande sensação de medo perambulou-se pelo meu corpo.

O sinal tocou anunciando à hora de todos voltarem para as suas salas levantou vagarosamente e rumei para a sala de aula sem felicidade alguma.

As horas e os dias se passaram e infelizmente chegou o dia da festa, minha mãe brigava comigo todos os dias por não estar animada e não querer ajudar nos preparativos. Ela queria o que? Que eu mostrasse ânimo por alguém quando essa pessoa me odeia? Faça mil favores.

– Annabelle pelo menos uma vez me ajuda a enfeitar este bolo minha filha! – Mamãe implorava enquanto eu só ignorava.

– Não dona Janeth! Não vou ajudar a senhora a terminar de preparar tudo para a festa do mimadinho! Poxa vida, quando sou eu que estou completando anos ninguém ao menos lembra e muito menos a senhora, agora quando é esse filho de uma puta todo mundo se anima e me esquece, fico sozinha e excluída de todos os papos. Sabe por que sou tão estranha e não tenho amigos? É TUDO CULPA DA SENHORA QUE NUNCA ME DÁ ATENÇÃO, SEMPRE ME ESNOBA NA FRENTE DE TODOS E EU ACABO FICANDO AINDA MAIS TRISTE E FECHADA! QUANDO O PAPAI MORAVA AQUI TUDO ERA MELHOR, EU TINHA MAIS ATENÇÃO E ERA FELIZ MAIS ASSIM QUE ELE FOI EMBORA VOCÊ COMEÇOU A ME ESCULACHAR E ME TRATAR COMO SE NÃO FOSSE SUA FILHA, SEMPRE FALA COMIGO COM PALAVRAS RÍSPIDAS, CHORO TODA A NOITE POR NÃO TER MAIS O MEU PAI DO MEU LADO PORQUE AQUELE SIM ERA O QUE ME ENTENDIA! EU ESTOU CANSADA DA SENHORA, CANSADA DESSA CASA, CANSADA DESSA CIDADE, CANSADA DO MUNDO!

Desabafei tudo e corri para o meu quarto desabando em lágrimas. Deixei a minha mãe sem fala mais tudo o que eu falei era verdade, a minha mãe traiu o meu pai biológico com aquele imbecil do Noah Thomas. Desde que o meu pai separou-se de minha mãe ela começou a me tratar de um jeito muito diferente, lembro até como se fosse ontem.

Flashback:

– Mãe a senhora pode vir assistir comigo um filme novo que vai estrear na televisão? – Perguntei animada com um sorriso de orelha a orelha.

– Ah não minha filha! Ontem nós assistimos a aquele filme chato que passou na televisão e também vou ter que ensinar o Lucca em uma tarefa que ele não aprendeu direito e sua tia estava muito ocupada para ensiná-lo! – Ela respondeu com um ar de tédio mais ao falar do Lucca, abriu um sorriso e bagunçou o cabelo dele.

– Tudo bem. – Falei com certo desdém, aquele escroto me mandou um sorriso vitorioso e eu devolvi com o dedo do meio.

Fim de flashback.

O meu pai sempre brigou com ela por causa disso, acho que isso também foi pivô da separação dos dois. Comecei a chorar histericamente ao lembrar-me da cena de ver a minha mãe na cama com aquele velho inútil.

Flashback:

– Filha onde está a sua mãe? – Meu pai perguntou, tínhamos acabado de chegar do mercado.

– Acho que está lá em cima papai. Eu vou com o senhor. – Me ofereci e ele abriu um sorriso torto. Subimos as escadas conversando mais paramos quando ouvimos risadas e gemidos vindos do quarto do papai e da mamãe.

– O que será isso?

Meu pai abriu a porta e nós dois nos espantamos ao ver a minha mãe se esfregando em um homem que aparentava ser 15 anos mais velho que ela.

– VOCÊ PODE ME EXPLICAR ISSO JANETH? – Papai berrou e eu ainda tão pequena não entendia nada, mais aos poucos surgiu uma conclusão em minha cabeça.

– Querido você achou que eu realmente lhe amasse? Hahaháhaha! Como você é tolinho viu?! Josh eu nunca se quer lhe desejei fui obrigada pelo meu pai a me casar com você porque ele não queria que a empresa dele falisse, e naquela noite o que aconteceu foi algo totalmente inútil. – Ela falou rindo muito e as minhas lágrimas começaram a escapar quando ela disse que a noite dela com o papai teria sido um equivoco, sinal de que ela nunca me considerou sua filha.

– Ai Josh como você é imbecil... – Minha mãe falou rindo muito sendo acompanhada pelo velho.

– SE É ASSIM TUDO BEM! EU VOU EMBORA DESSA CASA MAIS SÓ TE AVISO DE UMA COISA JANETH, SE UM DIA VOCÊ SE ARREPENDER NEM VENHA ATRÁS DE MIM PORQUE SE VIER LHE PAGAREI NA MESMA MOEDA!

– Por mim você pode ir e eu tenho certeza que nunca irei atrás de você. – Minha mãe cuspiu as palavras secamente e eu entre em pânico.

– NÃO PAI O SENHOR NÃO PODE IR EMBORA! SE O SENHOR VAI EU TAMBÉM VOU! – Berrei.

– É melhor não meu amorzinho. – Papai se abaixou até a minha altura e depositou um beijo na minha testa. – Sua mãe tem uma condição financeira muito melhor que a minha e ela pode te colocar em ótimas escolas e etc.

Seus olhos estavam marejados, ele depositou desta vez um beijo na minha bochecha e saiu de lá sem rumo.

– Eu te amo... – Murmurei.

Fim do flashback.

O meu quarto já estava virando um verdadeiro rio de tantas lágrimas que desciam dos meus olhos. Acabei dormindo sonhando com o meu pai.

(...)

20h33min p.m

A droga da festinha iria começar exatamente às nove horas da noite. Não estava nem arrumada, aliás, eu nem iria descer a noite toda, mais como sou curiosa resolvi ir dar uma espiada naquela festa.

Não me arrumei, só vesti uma blusa largada e uma calça jeans. Desço as escadas e dou de cara com a minha mãe aos beijos com o Noah apertei os olhos com força e murmurei um, “droga de vida” mais continuei caminhando até a garagem. Observei o local e vi como estava arrumado, seria uma ótima festa adolescente eu sempre quis ter uma festa de 16 anos mais eu passei o meu aniversário trancada no quarto estudando para o dia seguinte, já que teria prova. Eu bem queria por compensação uma festa de 17 anos, mas eu sei que não vou ter.

– Você vai entrar? – Ouvi uma voz atrás de mim que me fez tremer as pernas e dar um pulo de tanto medo. Quando virei o Lucca estava me encarando com um sorriso vitorioso.

– Não.

Respondi mais ele me parou.

– E porque não? Temos uma surpresa para você! – Ele puxou o meu braço com força fazendo-me soltar um gemido de dor. – ATENÇÃO GALERA!

O escroto chamou à atenção de todo mundo a festa praticamente já tinha começado.

– ESSA AQUI É A NOSSA NERD! A GAROTA MAIS FEIA DE TODO O MUNDO, UMA MENINA IMBECIL QUE NUNCA REVIDA AS NOSSAS PROVOCAÇÕES, ELA GOSTA DE SER HUMILHADA, ESNOBADA, XINGADA, EXCLUÍDA UMA COMPLETA IDIOTA! SÓ FAZ CHORAR PELOS CANTOS, FEITO UMA BEBÊ. VEJAM SÓ O QUE ELA ESCREVEU NO DIÁRIO!

Ele tirou o meu diário de algum lugar. Já não agüentava mais aquela humilhação.

Ele começou a ler. Dentro daquele diário se encontrava toda a minha vida, a minha paixão platônica pelo irmão da Emily, de como eu imaginei a nossa primeira vez. Uma verdadeira humilhação era o que eu passava naquele momento, o colégio todo ria de mim e da minha derrota de novo.

Não agüentava mais aquilo então corri para uma pracinha chorando lágrimas de sangue. Chega! Eu não vou mais sofrer. Cansei de ficar por fora de tudo e ser sempre esnobada e humilhada, eu já sei o que vou fazer.

Iniciarei a minha vingança.

Continua...