Á Beira Do Caos escrita por PieceOfHeaven


Capítulo 2
O2


Notas iniciais do capítulo

Não sei se tem spoilers aqui.
Se alguém viu Junjou Egoist todo em Junjou Romantica 1, sabe do professor lá dos Estados Unidos [?]
Boa leitura :3
De novo, muito texto e pouca fala. çç



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178081/chapter/2

Por várias horas, Kamijou mantia-se naquela posição, incapaz de dizer uma única palavra. Ele perdia a noção do tempo, por apenas ficar refletindo ali, sobre todas as suas ações durante todos esses anos, ao lado do mais novo.
Seus olhos castanhos claro miravam o relógio de parede lilás na cozinha. Já era tarde, final de tarde, exatamente. Ele engatinhou até a mesinha de canto e segurou seu celular. Na lista de contatos, ele passeava os olhos por todos até encontrar um número especial.

Por um momento, seu polegar hesitou. Realmente, achou que estava sendo preciptado demais. De fato, Nowaki estava de cabeça quente. Se ele ligasse agora, as coisas poderiam ir de mal a pior.

Ele insistiu.

Hiroki levou o celular ao ouvido e a única voz que ouvira era da Caixa Postal, o deixando ainda mais frustrado. O professor franziu o cenho, irritado. Ele precisava falar com o moreno, ele precisava ouvir sua voz, porém, ele precisava pensar no que diria para ele para se defender.
Nervoso, o mais velho tacou o celular no chão com furia suficiente para rachar a tela. Na hora, ele não se importou. Um suspiro escapou dentre os lábios deste.






Nowaki, por sua vez, encontrava-se dentro de um taxi, indo direto ao aeroporto. O aeroporto era longe, ele teria que fazer uma "bela" viajem a pé, impossivel ir sem algum outro meio de transporte. Levando horas talvez, para chegar ao seu destino. Entretanto, mesmo de carro, teria uma longa viagem. Ele não estava com sorte.

O taxi apertado, tinha suas poltronas desgastas pelo tempo e rangiam brutalmente, uma música horrível tocava no rádio e também havia um aromatizador em formato de árvore na cor azul, presa no teto do carro por uma ventosa. A mesma, exalava um odor insuportável. Uma gota de suor escorreu sobre a lateral do rosto de Kusama. De fato, não era um dos melhores carros. Mas, desde que o taxista fosse rápido, por ele, estava tudo bem.

O moreno levou uma de suas mãos até o bolso esquerdo da calça jeans e retirou o celular. Assim que ele o ligou, percebia que havia uma chamada não atendida. Ele apenas leu em voz alta o contato:

– Hiro-san...

Por um momento, o pediatra parecia hipnotizado. Perdido em pensamentos, ele chacualhou a cabeça, tentando lembrar do verdadeiro motivo que o havia levado a ligar o celular novamente.
Nowaki pensou e decidiu ignorar a ligação. Afinal, estava nervoso, aquilo não iria dar certo. Ele assim procurou um telefone especial na lista de contatos. Ele deveria contatar aos seus superiores que ficaria um tempo fora do país. Pelo menos um tempo. Assim que ele achou tal número, discou para o mesmo logo em seguida. Ele pensava em uma desculpa.

– Alô? Ahn, Nowaki faland...

– Oh, Nowaki. Eu realmente queria falar com você.

– Ah, claro... Pode dizer.

O professor está querendo que conheça alguém, com urgência.

– Urgência, mas, aconteceu algo?

Não é nada grave. Fique tranquilo.

– Então o que seria?

Precisamos conversar sobre isso pessoalmente. Gostaria de me encontrar com você no aeroporto. Está tudo bem para você ?

– No aeroporto...
– O moreno arregalou os olhos, talvez fosse apenas uma coincidência. Ele podia deduzir que alguém estaria chegando de viajem ou algo assim. De qualquer forma, ele não se importou, afinal, estava indo para lá mesmo. Assim que resolvesse tal problema, sairia direto do país. - ... O aeroporto está ótimo.

– Perfeito, me encontre lá daqui há uma hora.

Kusama apenas ouviu um silêncio profundo no outro lado da linha, provavelmente ele havia desligado. O mesmo levou o celular ao bolso da calça novamente e guiou uma de suas mãos até o vidro da janela que aos poucos, ficava embaçado.

Goticulas de água na diagonal começavam a molhar a janela do automóvel. As grandes mãos quentes de Nowaki delineavam cada gota que no vidro morria. Mesmo com a embaçada visão através do vidro, o moreno reconhecia de imediato o local que estava.

– Aqui, pode parar aqui.

– Você tem certeza?
– A voz rouca e cansada do motorista o indagava. - Está uma chuva terrível, posso te deixar em um local mais coberto.

– Não, aqui está ótimo. Obrigado!

Ele apalpou algo volumoso em seu bolso e assim, retirou de lá uma carteira de couro. Dali, pegou uma certa quantia de dinheiro e entregou ao taxista que, aparentemente, devia ter o triplo de sua idade. O velho motorista bufou.

Após isto, ele e o taxista abriram a porta do taxi e saíram do veículo. O mais velho abriu o porta-malas e tirou apressadamente a mala do mais alto de dentro do local, ainda de uma forma rápida. Talvez estivesse fugindo daquela chuva que cada vez mais se intensificava. Assim, Nowaki pegou a tal mala e agradeceu enquanto ajeitava desengonçadamente a alça da mochila em seu ombro. O motorista assim voltava para o seu carro e seguiu viagem para um destino desconhecido.

Com um certo cuidado, o rapaz corria para a entrada principal do aeroporto. A chuva realmente estava ficando forte. Os seus sapatos negros ficavam cada vez mais molhados quando pisavam acidentalmente em algumas poças de água suja. Ao chegar dentro do aeroporto ele olhava para um enorme telão com informações de diversos vôos. A maioria, ou até mesmo todos eles estavam atrasados ou cancelados pelo mau tempo. Aquela chuva realmente seria um problema.
Sendo assim, ele resolveu esperar pelo homem ao invés de comprar logo a sua passagem. O vôo atrasaria, de qualquer forma, então para ele não faria diferença. Ele sentou em uma cadeira e começou a prestar atenção em uma espécie de televisão sem som. A mesma passava imagens sobre outros países, e ofertas de desconto para passagens internacionais e coisas do gênero.
Kusama geralmente desviava sua atenção do televisor para o relógio prateado de pulso. Ele realmente sabia que iria esperar por um bom tempo. Ele precisava ocupar sua cabeça enquanto isso.






Hiroki sentiu o chão abaixo de si ficar cada vez mais frio, ele levantou-se e notou uma ventania forte e gélida percorrer a casa. Ele andou lentamente até as únicas janelas abertas da casa ( as da sala ) e as fechou calmamente, uma por uma.
O tal encostou a testa sobre o vidro da janela e observou a paisagem por trás da mesma. A paisagem era triste e melancólica. A grande chuva que despencava do céu parecia ser a mais triste do mês, do ano, do século ou talvez de sua vida. O rapaz envolveu os próprios braços sobre o corpo e repetia para si mesmo várias vezes, em um sussurro interminável:

– Está frio...

Enquanto ele recitava tais palavras inúmeras vezes, o mesmo lembrou de cada momento de que o moreno o envolvia com seus braços fortes e com seu corpo quente, dando-lhe um grande abraço acalorado. Tais abraços que nunca mais receberia.

Nunca mais.

Hiroki deu um outro forte suspiro, e falou entre os dentes cerrados, fazendo uma pequena pirraça:

– Eu não vou chorar!

Era tarde. Singelas lágrimas escorreram de seus olhos claros e rolou pela sua face até pingarem do seu queixo. Ele arregalou os olhos embaçados um pouco e ficou um tanto que irritado. Hiroki odiava chorar.

– Um banho. Eu preciso tomar um banho...

Cambaleando, ele subia as escadas esfregando os olhos para limpá-los daquelas lágrimas e corria até o banheiro. O chão ali realmente estava mais gelado. Kamijou abriu a água quente da banheira e esperou ela encher completamente.
Enquanto ela enchia, o menor retirou suas roupas rapidamente e as colocou estendidas em um porta-toalha. O rapaz sentiu um arrepio percorrer o seu corpo e percebeu que realmente estava frio ali.

Rapidamente, ele entrou dentro da banheira e sentou, encolhendo-se. Hiroki respirou fundo, encarando a água da banheira que refletia o seu próprio ser. Ele pegou um patinho de borracha e o apertou com tanta força que chegava a esmagar a borracha amarelada. Ele sentiu raiva, ele sentiu ódio porque ele sabia que tudo aquilo era sua culpa.

Após terminar o seu banho, o menor dirigia-se até o quarto, escolhendo um agasalho qualquer. Enquanto ele selecionava uma roupa aleatória para escolher, ele percebeu que Nowaki havia esquecido uma camisa misturada em suas roupas. Hiroki colocava rapidamente suas roupas e segurou a tal camisa com força, jogando-se de costas para a cama. Kamijou levou o tecido da camisa para perto do seu nariz e respirou fundo, de uma forma que pudesse inalar o cheiro da camisa, ou melhor, o cheiro de Kusama.

Ele sorriu, como se estivesse sendo embriagado com o perfume do maior. As suas mãos foram ficando cada vez mais lentas até que as mãos escorregaram sobre o seu corpo até cairem sobre o colchão macio da cama.

Hiroki adormecia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Escrever ouvindo ONE-SIDED é tão lindo ;; Me inspirei bastante, deixou a historia um pouquinho mais dramática, acho que vocês vão perceber ):
Quem não sabe, ONE-SIDED é parte da OST de Junjou Romantica. ONE-SIDED é aquela musiquinha que aparece em alguns momentos. Principalmente quando o Nowaki corre atrás do Hiroki lá na faculdade e encurrala ele na parede. Isso é no JR 1 :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Á Beira Do Caos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.