Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 11
Mudança de Planos


Notas iniciais do capítulo

Olá - passa a cabeça pela fresta da porta, pra ver dentro da sala - Tem alguém aí?
Bom, eu não posso dizer nada pra vocês, se não lhes dar as minhas mais sinceras desculpas. Honestamente, eu comecei o Worlds Crash II muito rapidamente depois do Worlds Crash I e cansei de escrever. A história entrou em um looongo hiatus.
Todavia, recentemente, recebi uma mensagem de uma leitora (acho que ela é capaz de se identificar com esse comentário xD) dizendo que acompanha a fic e que está desde Março esperando por um novo capítulo. Putz, me senti péssimo. Quando parei de escrever, não pensei nesse tipo de situação. Tratei de escrever um novo capítulo - que vocês agora podem visualizar.
Sei que minha demora deve ser um pouco decepcionante, o que eu entendo perfeitamente e não tenho desculpas para tanto tempo sem escrever.
Tudo o que posso dizer agora é que vou terminar a fic, não se preocupem. Eu não disponho de muito tempo livre para escrever, mas, sempre que puder, o farei.
Sendo isso o que tinha pra dizer, peço desculpas mais uma vez. Se vocês ainda conseguirem se lembrar da história, podem ler '-'



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Percy realmente não sabia dizer quando a sua semana tinha desandado.

               Há três dias, ele tinha acordado alegremente, tomado um ótimo café da manhã e começado a praticar esgrima no Acampamento Meio-Sangue. Desde então, ele já tinha resgatado uma semideusa-bruxa da hidra, lutado contra um exército de centímanos, invadido o Ministério da Magia, lutado contra o próprio Ministro da Magia, testemunhado o renascimento do Lorde das Trevas, sido atingido por uma espada no ombro e visto Mellany invocar algum tipo de grito demoníaco que pôs Voldemort para correr.

               Sua semana, realmente, já excedera todas as expectativas.

               Ao menos, Voldemort fugiu, Percy se forçou a pensar. Assim sendo, seu dia não podia estar totalmente arruinado. Tirando pela hemorragia possivelmente letal em seu ombro, ele provavelmente ficaria bem.

               O semideus viu quando Annabeth e Hermione voltaram para o corredor, carregando Nico – o garoto ainda estava desmaiado. Quando a filha de Atena encontrou seu namorado esparramado no chão, perdeu a respiração e correu até ele.

               - O que foi que aconteceu? – perguntou ela, ajoelhando-se perto de Percy, tomando cuidado para não machucá-lo – Você está bem?

               - Vou ficar – admitiu Percy tentando se colocar de pé. Com o esforço, ele fingiu uma dor no ombro e levou a mão até o ferimento. O que foi? Não era todo dia que ele ganhava toda essa atenção de Annabeth.

               - O que aconteceu? – perguntou Hermione olhando ao redor, quando encontrou Rony desmaiado no chão, teve uma reação similar a de Annabeth – O que aconteceu?

               - Voldemort... –admitiu Harry, era o único que tinha saído relativamente ileso do combate – Ele é mais poderoso do que nos lembrávamos.

               - Vocês o derrotaram? – perguntou Annabeth.

               Thalia acenou negativamente com a cabeça, ainda se livrando das cordas que, há poucos segundos, tentavam esmagá-la.

               - Mellany derrotou Voldemort. Ela usou... Não estou bem certa, aquilo foi magia bruxa?

               Harry negou com a cabeça.

               - Não posso dizer com certeza, mas, se foi, eu nunca vi nada parecido.

               - Se não foi magia bruxa, deve ser o poder de algum Deus, afinal de contas, ela é uma semideusa – pensou Annabeth.

               - Se for – admitiu Thalia -, ela deve ser filha de um a Deusa muito poderosa.

               - Mellany, você está bem? – perguntou Hermione.

               A garota ainda estava encolhida, estática, sem compreender o que acabara de fazer. Ela balançou a cabeça lentamente, confirmando sua segurança.

               Rufus assistia a toda aquela cena em silêncio. Não tardou para que dois funcionários do Ministério aparecessem, descendo pelo elevador.

               - Ah, o senhor está aqui – referiu-se ele ao Ministro – Gostaríamos de saber o que fazer?

               - Derrotaram os centímanos? – perguntou ele, erguendo uma das sobrancelhas.

               - Bom... Pode-se dizer que sim... Não sei... – o funcionário coçou a cabeça – No meio da luta houve uma luz e, bem, os monstros sumiram. Não entendi bem o que aconteceu...

               O Ministro olhou para Mellany com o canto do olho. Uma luz? Poderia ser a mesma luz que expulsou Voldemort? Bom, provavelmente era – quais as chances de haver duas luzes inexplicáveis expulsando inimigos do Ministério da Magia ao mesmo tempo? Mas, a garota poderia ser assim tão poderosa?

               - Eu acho que tenho uma ideia- admitiu Scrimgeour, ainda olhando de esguelha para Mellany – Mas, por hora, deixe para lá, o que vocês estão fazendo?

               - Os feridos foram levados para a Ala Médica e há bruxos reparando o primeiro andar. Acabamos de descobrir a inundação no terceiro andar e estamos trabalhando para resolver os problemas. Há também uma equipe tentando capturar alguns Diabretes que fugiram do quarto andar.

               O Ministro assentiu com a cabeça e indicou Percy, Rony e Nico.

               - Leve esses três para a Ala Médica também, eles precisam ser tratados urgentemente. Mande uma coruja para Dumbledore e Quíron, diga que quero vê-los imediatamente – então, virou-se para o resto dos jovens ali presentes – E o resto de vocês, venham comigo. Vocês têm muitas explicações para dar.

               O segundo funcionário, que até então havia se mantido em silêncio, com um gesto de varinha fez com que Rony, Percy e Nico flutuassem.

               - Esperem aí... – disse Percy, esforçando-se para formular uma sentença coerente – Eu quero ir com vocês.

               - Percy, não seja idiota – Annabeth foi dura – Você vai para a Ala Médica e, não discuta comigo!

               - Mas...

               - Como você se sentiria se vocês estivesse no meu lugar e, eu, no seu?

               O garoto se calou. Sua namorada realmente tinha razão, como era tão frequente. Assim, ele deixou-se conduzir pelos funcionários.

               - Ah, quase me esqueço! – gritou Thalia colocando a mão no bolso e tirando um pouco de Ambrosia. Colocou o frasco nas mãos do funcionário – Dê um pouco disso para Nico e Percy. Veja bem, eu disse um pouco. Não exagere na dose!

               O funcionário assentiu com a cabeça e, com mágica, levou Percy, Nico e Rony consigo.  Rufus indicou com a mão o elevador, um sinal silencioso para que todos entrassem. Como não havia mais nada o que fazer, se não explicar toda a situação, eles entraram sem relutar. O Ministro fechou as portas atrás de si e o elevador guiou-os até o andar de sua sala.

               Foi somente naquele ambiente fechado que Harry pode perceber o quanto todos estavam acabados. Scrimgeour estava ensopado – resultado da enchente do terceiro andar. Água pingava por seus cabelos. Apesar disso, ele tentava manter um certo ar de altivez, como se estivesse acima de todos esses detalhes.

               Quem podia culpá-lo? Ele precisava tentar ser uma figura firme, para manter o controle de todos os funcionários do Ministério. Como poderia esperar que seus subordinados não se desesperassem se ele estivesse desesperado?

               Harry concluiu que não podia estar tão melhor assim. Não estava molhado, o incêndio na Sala de Profecias havia contribuído na secagem de suas roupas. Em compensação, fizera-o suar. Suas roupas estavam coladas ao próprio corpo, mas ele estava cansado demais para se importar.

               Thalia, assim como Rufus, tentava manter a calma. O que era muito difícil, pois seu torso sangrava. A camisa da garota estava em parte rasgada. Sem dúvida mostraria um pouco de sua barriga, se o sangue seco permitisse.

               Gina parecia atordoada, como se ainda não tivesse processado tudo o que acontecera nas últimas horas. Eles estavam dormindo em Hogwarts, quando houve um ataque e... Pronto, eles estavam no Ministério, lutando contra um bruxo das trevas supostamente morto, correndo de incêndios e enfrentando centímanos.

               De todos, Hermione, Annabeth e Mellany eram as que pareciam melhores – e reparem que esse "melhores", ainda é bem ruim.

               Quando o elevador parou, todos saíram silenciosamente. Os andares agora estavam cheios de funcionários, correndo de um lado para o outro. Harry e Percy haviam causado alguma espécie de confusão em quase todos os andares e agora alguém tinha que reparar os danos.

               Rufus abriu a porta de sua sala, esperou que todos entrassem e a fechou.  Atravessou a sala e sentou-se em sua poltrona estofada. O alívio em seu rosto foi visível. Como não havia cadeiras para todos, eles tiveram que permanecer de pé.

               O Ministro colocou os cotovelos sobre a mesa e cruzou as mãos, escondendo sua boca.

               - Podem começar a falar – foi tudo o que disse, com uma voz seca. Ele não estava com paciência para aturar formalidades.

               - Nós gostaríamos de lhe dar respostas, senhor – explicou-se Harry – Mas receio que nem nós as possuímos.

               - Por que não começam dizendo o que estavam fazendo no Ministério?

               Eles começaram pelo começo. Disseram tudo, pois não viam mais sentido em ocultar as informações- o estrago estava feito. Quando as palavras começaram a sair, transformaram-se numa espécie de enxurrada. Harry e Thalia contaram a maior parte, mas eram interrompidos pelos outros, toda vez que esqueciam-se de algum detalhe.

               Rufus era um bom ouvinte. Escutou a tudo sem interrompê-los sequer uma única vez para fazer perguntas. Seu semblante parecia esculpido em mármore. Na verdade, Mellany chegou a perguntar-se mentalmente se o Ministro teria nascido com aquela expressão. As emoções dele não o traiam.

               Quando a história por fim terminou, a sala mergulhou em um silêncio sepulcral. Os jovens esperavam para ouvir o que Scrimgeour teria para dizer sobre o assunto. Rufus ainda digeria tudo o que ouvira.

               - Deixe-me ver se entendi direito – ele colocou por fim -, Voldemort fez um acordo com uma mulher. Ela o renasceria, em troca, ele lhe entregaria esta criança, a filha dele?

               Todos assentiram.

               - E quem é essa mulher? Por que Hades não pode impedir o renascimento de uma pessoa?

               - Não sabemos responder nenhuma das duas perguntas – explicou Thalia – O que nós sabemos é que Mellany é filha de uma Deusa. Acreditamos que essa pessoa com quem Voldemort entrou em acordo seja a mãe dela.

               - E-Eu conversei com uma mu-mulher – Mellany se fez ouvir. Estava ligeiramente vermelha, por chamar a atenção para si. Gaguejava.

               - Uma mulher?  - Hermione ergueu uma sobrancelha – Quando?

               - O tempo to-todo. Ela fala na minha cabeça.

               - Ela é sua mãe? – Annabeth perguntou, curiosa. Não era raro semideuses terem esse tipo de acesso. O problema é que, nem sempre, eles eram benéficos.

               - Eu p-perguntei. Ela disse que a resposta era mais complexa que um simples "sim" ou não".

               - O que isso quer dizer? – Rufus perguntou, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa na sala.

               - O que vai acontecer comigo? – perguntou a garota assustada.

               Hermione sentiu pena da menina. Ajoelhou-se até a altura dela e a abraçou.

               - Nada, minha querida, nada mesmo – sua voz era pacificadora – Você não precisa se preocupar, nós não vamos deixar que Voldemort a encontre. Ficará a salva conosco.

                Se a frase tranquilizou a garota, isso não transpareceu no rosto dela. Todavia, ninguém teve tempo de responder mais nada, nesse momento houve uma batida na porta.

               - Agora não – Rufus replicou para quem quer estivesse do lado de fora – Estou muito ocupado.

               A porta abriu-se, ignorando a ordem do Ministro.

               - Ainda assim – disse Dumbledore adentrando a sala -, espero que possa abrir uma exceção para minha pessoa.

               O diretor ainda vestia as mesmas vestes roxas que havia colocado naquela noite. Seu rosto estava sério, como se não housse – e não havia – tempo para brincadeiras.

               Dumbledore foi seguido pelo diretor do Acampamento Meio-Sangue, Quíron. O centauro achou melhor manter-se em sua forma completamente humana, isto é, na cadeira de rodas. O Ministério já estava uma bagunça, a última coisa de que todos precisariam era de um quadrúpede  trotando para lá e para cá.

               - Estou certo em presumir que eles já lhe explicaram toda a situação? – perguntou Quíron para Rufus.

               Scrimgeour assentiu e contou-lhes as mais novas, como o renascimento de Voldemort e o poder oculto de Mellany. Eles tentaram manter-se inflexíveis a notícia do ressurgimento do Lorde das Trevas, mas falharam. Os olhos de ambos os traíram.

               - A situação é crítica – disse Dumbledore, depois de pensar por alguns segundos – Não sabemos quem está por trás de tudo isso, ou o que deseja. Uma coisa é certa, não podemos deixar que consigam Mellany – todos assentiram.

                - Acredito – interrompeu o centauro – que a questão fundamental é: por que Mellany é tão importante? Se respondermos essa pergunta, estaremos próximos de responder todas as outras. Seja lá quem for a Deusa que está por trás disso, ela renasceu Voldemort, o inimigo público número um, apenas para que ele lhe entregasse a garota. É notável que ela deve ter algum tipo de função espetacular na resolução do plano inimigo.

               - Já testemunhamos o incrível poder dela – notou Hermione – fez Voldemort e os centímanos desaparecerem em um segundo.

               - Mas por que o poder não feriu nenhuma outra pessoa? – perguntou Annabeth – Quero dizer, Mellany, você direcionou o golpe para Voldemort os Centímanos?

               A garota negou com a cabeça.

               - Eu não sabia o que estava fazendo.

               - E ainda assim,feriu somente quem queríamos que ferisse – notou Rufus – É um dom curioso... Isso certamente não é bruxo, a magia bruxa não distingue aliados de inimigos. Esse poder se encaixa com o de algum Deus?

               Quíron balançou a cabeça pensativo.

               - Nenhum. Mas posso estar equivocado, eu teria que ter visto essa luz para poder dar uma resposta final sobre o assunto.

               - Também não podemos nos esquecer de que Mellany é semideusa e bruxa – notou Annabeth – Quem sabe que tipo de poderes alguém assim tem? Não há precedentes disso na história da humanidade!

               - Talvez haja – respondeu Quíron – Pouco tempo atrás, os dois mundos viviam em completo isolamento. Nenhum deles tinha ideia da existência do outro. É bem possível que os deuses tenham tido um filho com um bruxo e ninguém tenha ficado sabendo de nada. Quando ele cresceu, ou foi para Hogwarts, ou foi para o Acampamento Meio-Sangue.

               - Mas uma pessoa dessas não devia ser excepcionalmente talentosa?

               - Talvez sim. Verdade seja dita, não sabemos nada sobre o assunto. A lógica diz que, juntando-se um bruxo a um semideus, deve-se obter algo incrível, mas quais as garantias disso? E, mesmo que seja o caso, os dois mundos tem exemplos de pessoas magníficas. Por exemplo, o Acampamento teve Hércules. Os bruxos tiveram Merlin. Qualquer um dos dois pode ter sido um híbrido até onde sabemos.

               - O problema é justamente esse – notou Dumbledore – Estamos andando sobre um terreno pouco estável. Não sabemos nada de nada. Tudo o que temos são suposições infrutíferas.            

               A sala mergulhou em silêncio. Ninguém sabia o que dizer. Nem mesmo Dumbledore e Quíron, que sempre tem uma ideia exata da situação, pareciam estar entendendo alguma coisa. Várias coisas estranhas haviam acontecido nos últimos dias. Tsunamis, furacões, mortos renascendo. Poseidon, Zeus e Hades. Ou os Três Grandes haviam perdido completamente o juízo, ou alguém extremamente poderoso estava por trás disso. Mas quem poderia ter o poder de três Deuses juntos?

               E onde Mellany e seu dom estranho se enquadravam nessa situação?

               - Não precisamos pensar sobre isso sozinhos? – disse Harry por fim.

               - O que quer dizer? – perguntou Rufus.

               - Justamente o que disse. Não há motivos para manter segredo dos Deuses, como fizemos da última vez. Há três meses, não podíamos deixá-los saber que os bruxos sabiam da existência dos semideuses e vice-versa. Dessa vez não fizemos nada de errado. Ele talvez tenham uma ideia do que se trata.

               - Ou talvez, estejamos contando a nosso inimigo o que sabemos – respondeu o Ministro - Não podemos desconsiderar a hipótese de uma das Deusas do Olimpo ser a responsável por todo esse caos. Se formos até lá, informar os Deuses, eles podem terminar descobrindo o que sabemos.

               - Nos não sabemos nada – notou Annabeth – Não temos ideia do que está acontecendo? Se formos lá, pelo menos poderemos julgar as expressões dos Deuses e ter uma ideia de quem está mentindo.

               - Apoiada – disse Hermione – Podemos passar horas aqui, pensando em todas as possibilidades, enquanto Voldemort se fortalece e pensa em novos jeitos de capturar Mellany, ou podemos pedir a ajuda dos Deuses e ver se algum deles sabe o significado disso tudo.

               Rufus pareceu refletir por alguns segundos. Por fim, decidiu que as duas estavam certas. Suspirou, aquela noite estava sendo longa demais.

               - Tudo bem – ele concordou – Mas devo informá-los que não vou poder acompanhá-los. O Ministério está uma bagunça – ele lançou um olhar reprovador para Harry – e alguém tem que dar um jeito nisso aqui.

               - Então, está decidido – disse Dumbledore – Eu mesmo irei acompanhá-los até o Olimpo – em seguida, ele fez uma cara travessa – Que legal, nunca vi como é lá em cima.

               -Eu também vou – disse Quíron por fim – Mas por hora, descansem um pouco. Vão até a Ala Hospitalar e tratem de seus ferimentos.

               - Mas – Harry tentou dizer que cada segundo era precioso.

               - Sem mas – o centauro o cortou – Descansem um pouco. Não vão conseguir raciocinar direito na situação em que estão. Nos encontrem na saída do Ministério daqui a uma hora, então iremos para lá.

=-=-=-=-=-=-=-=-=-=

               Todos foram direto à Ala Hospitalar do Ministério.

               Não se surpreenderam quando viram que o local era branco, todos os locais de médico eram brancos, não importasse o mundo. O chão era de lajotas, tão incrivelmente limpas que era possível ver o seu próprio reflexo ali. O local parecia ser o único ponto do Ministério que não havia sido completamente devastado pelas batalhas.

               Ainda assim, estava uma bagunça.

               Os médicos corriam de uma lado para o outro, tentando atender a todos os funcionários que haviam sido ferido pelos Centímanos. Havia muito mais pacientes do que camas disponíveis, de forma que macas foram improvisadas no centro da sala.

               Todos estavam sendo tratados, independente da gravidade de seus ferimentos. Se havia algo de que o Ministério poderia se orgulhar, era de seu sistema médico. Feitiços de cura eram disparados para todos os lados.

               Os jovens não se importaram em procurar alguém para curar seus ferimentos. No momento, estavam mais concentrados em encontrar Percy, Nico e Rony – não que a tarefa fosse fácil, no meio daquela confusão.

               Por avistaram os três em camas, em um dos cantos da sala. Eles já haviam recebido assistência médica, de forma que agora estavam apenas descansando. Rony era o único dos três que dormia. Ele estava com um dos braços erguido sobre a cabeça, tapando-lhe o rosto – provavelmente para tentar reduzir a luminosidade que chegava a seus olhos.

               Percy e Nico permaneceram acordados até agora, perguntando o que eles estavam fazendo com o Ministro.

               Nico havia apenas batido a cabeça, graças ao Depulso de Rony – que impediu que o semideus fosse acertado por Avada Kedavra -, de forma que tinha o menor ferimento. Estava apenas com uma bandagem em seu couro cabelo. O tom branco contrastava com os fios de cabelo negro. No geral ele parecia bem.

               A situação de Rony e Percy havia sido mais crítica, mas os dois estavam bem agora. Os médicos haviam despido os dois para tratá-los, de forma que ambos estavam sem camisa agora. Rony havia tido seu peitoral estuporado por Voldemort. Os médicos haviam tratado-no bem. O garoto descansava com metros de bandagem enrolados em seu tronco, da cintura até os ombros.

               A Ambrosia que Thalia havia dado para Percy e Nico ajudara bastante.

               Percy havia tido seu ombro cortado por uma espada. Mas o pior já havia passado. Os médicos haviam colocado uma enorme fita no local do ferimento, para impedir que o garoto mexesse demais os braços e abrisse o corte novamente. Percy repousava com o torso nu.

               Quando o filho de Hades e o filho de Poseidon viram seus amigos se aproximando, eles tentaram se sentar, mas Annabeth falou para os dois ficarem deitados e não se esforçarem. Eles estavam cansados demais para reclamar de qualquer coisa, de forma que acataram à sugestão com alívio.

               Os recém-chegados puxaram cadeiras e sentaram-se de frente para as camas. Rapidamente, alguns médicos apareceram, como se brotados do chão, e começaram a tratar dos ferimentos de todos. Era pouca coisa. No geral, eles apenas haviam sido estrangulados por cordas ou Cruciatos. Dói na hora, mas não é nada com o que se preocupar.

               - O que aconteceu? – Nico perguntou primeiro, enquanto os médicos ainda não haviam acabado de tratar deles. O garoto havia sido o primeiro a desmaiar, no começo da luta. De forma que não tinha ideia de nada quando acordara. Felizmente, Percy já havia começado a explicação, o que tornou o trabalho de Harry e dos outros muito mais fácil.

               Gina e Annabeth explicaram a conversa que tiveram na sala de Rufus. Tudo levou apenas alguns minutos, mas quando acabaram, os médicos já haviam terminado a cura e ido ver outros pacientes.

               Curados, todos pareciam bem melhor. Se tomassem um bom banho e trocassem aquelas vestes surradas, rasgadas e queimadas, poderiam até fingir que aquele fora uma noite monótona. Por fim, disseram que iriam para o Olimpo em menos de uma hora, informar toda a situação aos Deuses.

               - Eu irei com vocês – disse Percy, num tom de que não está aberto a discussões.

               - Eu também – concordou Nico.

               Rony provavelmente teria concordado com os dois, mas ainda estava adormecido em sua cama. Quem poderia culpá-lo? Todos haviam passado aquela noite em claro.

               - Não – disseram Thalia e Annabeth em uníssono. Somente Thalia continuou – Vocês passaram por maus bocados hoje, é melhor que fiquem descansando.

               Mas falar isso foi como pregar aos peixes: infrutífero, na melhor das hipóteses. Enquanto Nico levantava-se, Percy já estava a procura de sua camisa. O filho de Hades vestia uma camisa preta, como de costume. Havia um estampado com o símbolo do Guns N' Roses. Estava com uma calça jeans azul escura. Era possível ver uma pequena corrente metálica, presa a sua cintura. Ele por fim tirou a bandagem, para sua surpresa, o ferimento havia sumido completamente. Bruxos e  ambrosia de fato eram uma combinação excelente para a medicina.

               Percy estava com uma calça jeans clara. Conseguiu encontrar a sua camisa sem mangas, com a qual havia saído do Acampamento durante o tornado. Arrependeu-se mais uma vez da péssima escolha que havia feito. Sabia que estaria frio fora do Ministério, e ele havia destruído o casaco que Harry lhe dera mais cedo. Não pensou muito nisso, haviam assuntos mais urgentes a serem tratados. Não tirou sua atadura e vestiu a camisa.

               Todos concordaram em deixar Rony dormindo na Ala Hospitalar. Algum deles precisava descansar, afinal de contas.

               Por fim, estavam prontos para ir ao Olimpo.

               =-=-=-=-=-=-=-=

               Voldemort aparatou do Ministério.

               Não sabia exatamente o que fora aquela luz, mas havia doído. Ele teve a impressão de que, se tivesse permanecido no local por mais um segundo, teria sido desintegrado. Não era capaz de compreender como sua filha fizera aquilo, mas não gostara nada.

               Achou melhor não voltar ao Ministério naquela noite. Antes de escapar, pode sentir os centímanos sendo destruídos. Sabia que, se retornasse aquele local, não teria que enfrentar somente os Oito e oMinistro, teria que lutar contra todo o Ministério. Nem ele era louco a esse ponto.

               Tampouco estava feliz de ter deixado a garota para trás. Esperava que Ela não achasse que aquilo era uma traição. Haviam combinado que ele entregaria Mellany para ela, ainda assim, o Lorde das Trevas estava de mãos vazias. Não se atreveria a lutar contra ela, pelo menos não sozinho.

               Infelizmente, os Comensais que haviam sobrevivido à Grande Guerra estavam presos e ele não teria tempo de resgatá-los antes que ela o encontrasse.

               Eu lhe trouxe de volta do Mundo Inferior, e posso mandá-lo para lá, se quiser...

               As palavras ressoaram em sua cabeça. Decidiu que o melhor que podia fazer era ir ao local de encontro que combinaram e explicar a situação. Aparatou até a floresta onde tudo havia começado.

               Fora ali que, há quatro anos, logo após ter voltado a vida graças a Rabicho, que conhecera a mulher – isto é, agora sabia que era uma Deusa. Passou uma semana com ela e depois nunca mais a viu. É curioso que o local de encontro fosse aquele.

               Visualizou a árvore onde a Deusa havia escrito as iniciais deles: "V" e "A".

               Lembrou-se que na hora achou aquilo extremamente infantil, mas ela apenas rira. Uma risada jovial. Não teve tempo de pensar em seu passado, a noite estava fria e ele queria acabar logo com aquilo.

               - Onde está Mellany? – a voz feminina veio de trás dele, no exato momento em que uma ventania fez as folhas farfalharem.

               Ele virou-se e a encontrou. A primeira coisa que notou foram os olhos. Os olhos dela eram azuis. Eram azul da cor do céu, da cor do mar, da cor da harmonia. Eram azuis como nada mais no mundo o poderia ser. Ele perdeu-se por um segundo naqueles olhos, em seguida viu o resto do rosto.

               Palavras eram incapazes de descrever a beleza dela. Seus cabelos desciam-lhe pela espádua, perdendo-se na noite. Seu rosto era fino e delicado, mas ele sabia que aquilo apenas escondia uma ferocidade. Os lábios...

               - Onde está Mellany? – ela perguntou de novo. A voz era doce, mas trazia um leve tom de irritação.

               - Imprevistos ocorreram – ele disse por fim, perguntando a si mesmo quanto tempo havia ficado olhando-a.

               Então, ele contou tudo que se passara no Ministério. Ele teve a impressão de ter visto um pequeno sorriso se formar nos lábios dela, quando ele lhe contou a parte da luz inexplicável, mas talvez estivesse imaginando coisas. Estava escuro demais para saber.

               - Não se preocupe – o bruxo disse por fim -, ainda vou cumprir minha parte no trato. Trarei Mellany até aqui.

               - Não se incomode – ela disse com um tom divertido, como se tivesse acabado de ouvir uma piada a qual somente ela entendeu – Eu tenho uma ideia melhor. Farei com que Mellany venha até mim. Você pode ser útil de outra maneira, e assim pagar sua parte no acordo.

               Voldemort tinha a impressão de que não gostaria do que estava por vir, mas estava curioso. Esperou em silêncio até que ela dissesse o que mais ele poderia fazer.

               - Eu não pretendo cometer os mesmo erros de Cronos... – ela começou a explicar.

               Cerca de meia hora depois, quando a mulher havia terminado de falar, ele acenou com a cabeça. Surpreendentemente, ele gostou do que ouvira.


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Notas finais do capítulo

Aqui estou eu de volta. Conseguiram se lembrar mais ou menos de onde parei? Espero que sim. Vou tentar colocar o próximo capítulo ainda essa semana, ok?



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