Adoro frequentar a mansão dos Cullen. O carinho pelo qual sou tratada por todos é maravilhoso. Seth, que é o melhor amigo de Edward, sempre me acompanha. Claro, a diversão dos dois não é a minha praia. Edward gosta de jogar xadrez, Seth gosta de uma diversão, digamos, mais física, com corridas, jogos ao ar livre. Edward gosta de velocidade, Seth também. Digamos que eles se dão bem. Até tentar aprender xadrez Seth tentou.

Eu nem me recordo direito como eu imaginava aquela casa ao ler a descrição nos livros, ou ao assistir aos filmes. A convivência ali deixou sua imagem gravada em minha mente. Mas, o mais impressionante, é a atmosfera.

Os Cullen são unidos. Mais que isso. Agora entendo o que tanto impressionou Marcus quando Edward, Alice e Bella estavam em Volterra, e quando os Volturi vieram a Forks e viram como os Cullen se comportavam. Não são um clã. Os relacionamentos entre cada um deles são relacionamentos mantidos por amor.

Uma coisa que Edward gosta de dizer. Carlisle é a alma dos Cullen. E Esme é o coração. Acredito que, pelas condições em que foi transformada, Esme se tornou uma vampira maternal. O amor que ela sentia por seu filho era tanto que, quando ele morreu após uma infecção pulmonar, ela não viu outra saída, a não ser morrer também. Seus pais a procuravam para voltar para seu marido, que a maltratava. Ninguém se importava, a mulher sempre deveria ficar em silêncio e aguentar. Esme tinha tanto sofrimento e, ao mesmo tempo tanto amor para dar, que quando saltou do penhasco e foi salva e transformada por Carlisle, todo esse amor se converteu em seu próprio dom como vampira.

O dom de amar incondicionalmente, o dom do amor materno, mesmo sem ter filhos de sangue.

Adotar os vampiros transformados posteriormente por Carlisle, e também Alice e Jasper, que se uniu a eles depois, foi como realmente dar à luz a estes filhos. Esme os amou como ninguém jamais os amaria, e seria capaz de dar sua própria vida por eles.

Eu estava exatamente assim, pensando em Esme e em todo esse amor, quando ela veio até mim.

"Está muito pensativa, Lisa. Algum problema?"

"Não, Esme, claro que não, imagine!" sorri. "Engraçado, eu estava justamente pensando em você."

A figura elegante e perfeita de Esme sentou-se ao meu lado, no sofá. "Pensando em mim?"

"Sim... estava pensando em sua história, em como as coisas aconteceram para você e como isso transformou você, como você é uma vampira tão excepcional, e emocional."

Esme sorriu.

"Ainda não estou acostumada com esse seu dom de saber tanto sobre nós."

Eu sorri. "Eu sei, eu sei. Às vezes até mesmo eu esqueço de onde vim e onde estou. Pensar em nossas vidas como escritas em páginas de um livro é tão... assustador."

Esme sorriu. "Somente quando alguém resolve mudar as coisas e então você tem que ir lá e... bem, fazer o seu trabalho."

Eu sorri de volta. "É verdade, isso pode ser bem cansativo. Mas já faz algum tempo, e nada aconteceu. Isso é um alívio, poder viver em paz."

"Eu que o diga. Ainda bem que as coisas com a minha memória funcionam de forma diferente. Não me lembro de tantas perdas. Ou eu não suportaria perder tantos filhos, tantas vezes, para depois tê-los de volta."

Eu sabia bem o que ela se lembrava. Ou melhor, do que ela não se lembrava. Quantas vezes Jasper havia morrido no ano anterior, por causa de sua obsessão por se tornar humano e vencer a sede de sangue?

"Esme, eu nunca entendi o amor de mãe. Na verdade, a minha história é tão complexa! Vivo sozinha há muitos anos, sou emancipada, e agora, sou casada com Seth, e não tenho filhos. Mas sempre me disseram que o amor de uma mãe pelo filho é algo sobrenatural."

"Pode ter certeza, Lisa. Uma mãe é capaz de morrer e matar por um filho. E uma mãe vampira, bem. Talvez Bella possa falar ainda mais por mim, já que Renesmee é sua filha de sangue. Mas, ainda assim, uma mãe vampira como eu, matar e morrer são coisas bem mais extremas e literais."

"Entendo."

Naquele momento, eu imaginei que uma pessoa que desafiasse ou se metesse com um dos filhos de Esme Cullen era um perfeito louco. Tal pessoa não poderia existir. Esme seria uma vampira realmente perigosa, como nenhuma outra.

Mas, como eu já deveria imaginar, há loucos para tudo nesse mundo. Principalmente no mundo dos livros. Loucos inclusive capazes de fazer exatamente isso:

Mexer com a maternidade de uma pessoa que não deveria ser cutucada.

Esme Cullen.