Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 18
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo quentinho.
Não queiram me matar antes de ler o final.



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Capítulo 18 – Daniel Gonzales

Nunca tinha visto uma luta de vampiros de tão perto em minha vida/existência. Mas, ali estava. Ray e Francesca, se enroscando pelo chão. De longe, parecia uma briga comum entre mulheres, tirando o fato delas estarem fazendo movimentos em alta velocidade e que tinham as presas expostas.

Com tudo isso, esqueci totalmente de meu pai se movendo lentamente na direção da saída. Meus olhos estavam presos em Ray, quando ela se levantou, percebi que ela respirava com um pouco de dificuldade e que seus olhos não paravam de ir e vir onde eu estava petrificado.

Francesca, tinha um sorriso maldoso nos lábios por cima das presas afiadas demais. Mesmo que ela parecesse impecável, eu ainda pude ver um pouco de apreensão em seus olhos verdes. Ela poderia estar mais forte e ser mais velha, mas Ray tinha lutado a sua vida inteira. Percebi uma pequena marca em seu pescoço e não pude deixar de sorrir ao perceber que Ray tinha feito aquilo.

Pelo canto dos olhos, percebi Francesca pegando alguma coisa em cima da mesa. Fiquei assustado ao perceber o que era. Ray ainda tinha os olhos em mim e não tinha percebido nada. Eu me apavorei. E quando Francesca se lançou na direção de Ray com uma outra estaca na mão, eu agi plenamente por impulso.

Quando percebi, estava na frente de Ray, e com uma estaca no peito. A dor foi indescritível. A lâmina de prata atravessou o meu peito sem esforço e eu parei, tomado pelo choque. Então seria isso? A minha existência terminaria assim tão rápido? Tudo o que eu queria fazer naquele momento, era dizer a Ray o quanto eu me arrependia por ter duvidado dela.

Não, não era isso que eu queria dizer. Queria dizer para ela ser feliz e que conseguisse, finalmente ser livre de seu passado. Eu sabia que era um pouco difícil, sendo que outro Gonzales estava morrendo por ela. Só que, diferente de meu pai, eu não poderia voltar como um imortal, porque eu já tinha morrido como mortal e estava morrendo novamente como mortal.

Quem disse que na segunda vez era mais fácil, estava mentindo. Eu estava sentindo o mesmo sentimento de perda da primeira vez. Imagens ainda passavam por minha mente, como um breve filme de minha vida. Ao longe, pude escutar o grito de Ray, enquanto meu corpo caía no chão e eu me encolhia de dor. Por que a dor não passava e eu morria logo?

Mas, mesmo com a dor em meu peito, eu ainda conseguia escutar e ver com o resto de minha vida vampira. Podia sentir a prata ainda em meu peito e o sangue saindo de minha boca, enquanto eu tossia de dor. Eu sabia que faltava pouco, mas ainda me faltava as palavras para dizer a Ray. Eu queria que ela fosse feliz, queria que fosse livre de seu passado. Mas aquelas não eram as palavras que eu queria dizer naqueles meus últimos momentos.

Então, como uma luz no final de um túnel escuro, eu soube exatamente o que eu queria dizer. Era tão curto e simples, mas, ao mesmo tempo de grande importância. Eu queria gritar, como minhas última palavras, que não importava o que Ray fizesse, ou o que ela fosse, ela foi a primeira e a única mulher que eu tinha amado em toda a minha curta e mal aproveitada vida.

Parecia que uma eternidade tinha se passado e eu continuava no chão, agoniando em dor. Vi Ray se jogando para cima de Francesca que ria sem piedade. Eu sabia que Ray estava em desvantagem agora, mas, antes ela em desvantagem do que sendo morta na minha frente. Mesmo que por um milagre, eu conseguisse sair, ainda teria que conviver com a dor da perda para sempre.

Tossi novamente, sentindo a lâmina entrar mais e mais em meu peito. Queria ficar parado e receber meu destino de braços abertos, mas a dor não deixava. Rangia os dentes, me impedindo de gritar. Qualquer movimento súbito meu, poderia ser pior. Poderia distrair ainda mais Ray.

Com bastante força de vontade, arrastei meus olhos até onde Ray e Francesca ainda lutavam, no exato momento em que Francesca mordeu e Dinnie gritou. Estiquei minha mão, tentando puxar aquela lâmina de meu peito. Se eu tivesse uma boa mira, talvez, só talvez, eu pudesse acertar Francesca e a atrasasse. Ray poderia fugir.

Vi o sangue escorrendo pelo ombro de Ray enquanto ela ainda gritava. Eu me sentia preso em uma câmera lenta. A dor, a agonia. Tudo estava me atrasado. Eu tinha que salvar Ray. Lágrimas lentamente saíram de meus olhos e suor tomava conta de meu rosto. Eu gemia de dor e quando toquei o cabo, não hesitei em começar a puxar.

Talvez eu morresse de vez, assim que me livrasse totalmente da estaca, mas eu não teria alguns segundos, só para atirar? Escutei passos vindo em minha direção. Tentei me apressar, mas a dor era muito. Os passos eram rápidos e de algum jeito, eu sabia a quem pertencia.

Meu pai se ajoelhou na minha frente e tirou a minha mão do cabo da estaca. Quando eu ia começar a rosnar e reclamar, ele pôs o dedo no lábio, indicando que eu ficasse em silêncio. Ele olhou para trás com urgência. Então, eu percebi algo diferente em seus olhos. Um brilho diferente. Mais humano.

“Me desculpe se isso doer, moleque”, ele sussurrou.

Antes que eu descobrisse do que ele estava falando, suas mãos se fecharam entorno do cabo da estaca e puxou com força. Tive o impulso de gritar, mas me segurei. Marco me lançou um olhar ansioso, mas se afastou rapidamente.

Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Marco se moveu até onde Ray e Francesca estavam e eu pensei que ele mataria Ray. Então Francesca levantou o rosto coberto pelo sangue escuro de Ray. E, sem hesitar, nem pensar duas vezes, Marco enfiou a estaca em Francesca. Ela arregalou os olhos, surpresa, então seu corpo começou a murchar.

Olhei para Ray desacordada e sangrando a vários metros de mim. A dor diminuiu um pouco, talvez indicando que já estava na minha hora. Não tirei os olhos de Ray, mesmo quando minha visão começou a ficar embaçada. Minhas pálpebras começaram a pesar e eu suspirei, aceitando meu destino de braços abertos. Marco se inclinou na direção de Ray e acariciou seu rosto com carinho e pressionou os lábios nos dela, então desapareceu.

Apaguei.

******************************

“Acho que ele está acordando”

“Graças a Deus. Está quase na hora da festa”

“Luanne, você só importa com a festa?”

“Claro que não, Noah. Mas eu sei que Ray não vai ter cabeça para curtir o próprio aniversário, caso Daniel não esteja melhor”

“Que seja. Eu vou me arrumar. Te encontro lá.”

“Ok”

Escutei o barulho da porta se fechando e o mundo ao meu redor finalmente fez sentido. Eu não estava morto. Deus havia me dado uma segunda chance, mesmo que eu tivesse burlado as suas regras duas vezes. Senti os lençóis em baixo de mim, e a luz do luar tocando meu rosto como um suspiro.

Abri e fechei as minhas mãos e escutei uma risada perto de mim. Abri meus olhos lentamente, sentindo um incomodo em minha veia. Quando olhei para o lado, vi que tinha um fino tubo e uma agulha enfiado em minha veia e um grande saco de sangue. Luanne estava a minha frente, com um belo sorriso nos lábios.

“Boa noite, dorminhoco”, ela disse, sorrindo.

Dei um sorriso fraco, então olhei ao meu redor.

“Onde estou?”

“Na casa de Noah”

Arregalei meus olhos, olhando ao meu redor. Realmente eu nunca havia visto aquele lugar antes. As paredes eram de um branco simples, e tinha apenas uma cômoda, e uma pequena cama de solteiro, que eu estava deitada. A porta tinha lascas soltas.

“Eu sei”, Luanne disse. Eu voltei a encará-la. “Precisa de uma reforça. Mas vá dizer a Noah, ele tem um ataque.”

“O que aconteceu depois que eu apaguei, Luanne?”

Luanne não pareceu surpresa com a minha mudança súbita de assunto. Ela se levantou e pela primeira vez, percebi que ela estava vestida com um longo vestido vermelho de festa. Tinha alças grossas que cruzavam nas costas e pregas na cintura, fazendo o vestido sofisticado. Em sua mão, uma máscara vermelha com algumas plumas. Então, a conversa que ela estava tendo a momentos atrás me abateu.

Hoje era o aniversário de Ray.

Eu tinha dormido então, por quanto tempo? Dois dias? Três? Pareceram tão curtos. Pareceu uma eternidade. Minha cabeça ainda latejava, mas eu sentia meu corpo melhor do que sentia a muito tempo. Olhei para o meu peito, assustado. Eu deveria estar morto, não é? Quero dizer, Francesca havia me estaqueado.

Eu deveria estar definitivamente morto.

“Eu adoraria contar a história feliz de como eu e Noah ficamos desesperados procurando vocês em todos os lugares humanamente possíveis, mas, não temos tempo”, ela voltou a se sentar e passou a mão pelos cabelos loiros, cacheados. “Eu só sei que, enquanto toda a sociedade vampírica se movia atrás de vocês dois, eu recebi uma ligação. De Marco”

Arregalei meus olhos.

“Ele disse onde vocês estavam e que era para chegarmos rápido.”, Luanne suspirou. “Daniel, vou te contar uma coisa que a maioria dos vampiros ainda não entendeu. Ray é importante, porque, na divisão das áreas de Washington, ela tem a maior parte. Dorian é o mais conhecido, mas se Ray morre, tudo se torna um caos aqui. Porque você acha que fomos rápidos para substituir Félix? Seattle é só uma pequena parte do que Ray comanda.”

Me sentei na cama, tentando absorver tudo o que Luanne estava me dizendo. Tinha algo em seus olhos azuis, que me deixou incomodado. Culpa? Não, eu que era o culpado por tudo, não era? Se ao menos eu não tivesse caído nas armadilhas de Francesca...

“O que aconteceu com Francesca?”, perguntei alerta.

“Morta”

Marco realmente não dá ponto sem nó.

“E o que fazemos agora?”, eu disse.

O sorriso de Luanne cresceu.

“Eu, vou ajudar a Noah.”, ela se levantou e andou até a porta, pegando um saco que estava pendurado ali e jogando para mim. “Você vai se arrumar. Estamos atrasados para a festa. E Ray nunca gostou de atrasos”


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Será que posso pedir uma recomendação? *-*



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