The Vampires Forest escrita por AnnySama


Capítulo 17
Louis e Viollet




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Não dormi. Só fechei os olhos e me desliguei das coisas. De meus problemas, de Henry e até um pouco de Jaden. Pude esquecer um pouco a dor. A lembrança, eu tentava fixar em minha cabeça. Só preciso de lembranças e estará tudo bem. Afirmava a mim mesma.

      Olhei em meu relógio de pulso e vi que eram três e meia da tarde. Nesse horário, eu estaria chegando á casa dos Phillper. Ainda me restavam três horas para fazer o que eu quisesse. Isso era ruim.

      Fiquei rondando pela floresta, e já não me importava em me perder. Eu contava, estupidamente, com a ajuda de Colibri.

      A única coisa que me deixou furiosa no passeio em que eu estava fazendo na floresta, era as inúmeras vezes em que meu casaco de lã um pouco furado, se enroscava nas árvores e me fazia tombar para trás. Sem falar nos danos que ele fez a minha roupa. Mais arranhões e hematomas me cercaram. Até eu ver uma claridade á mais. Empurrei alguns arbustos e pude ver a estrada que cruzava com a rua de minha casa.

      Corri em direção contraria a ela.

Andei talvez só um quilometro e já achei a livraria dos Rocken. Nunca tinha frequentado, mas a via sempre. O que teria lá? Perguntei-me. Então atravessei a estrada vazia e empurrei a porta de vidro da livraria. John Rocken estava no balcão perto da entrada da loja.

      Ele sorriu em direção a mim, eu retribuí o sorriso.

      -Ora, ora! Quem está aqui! Alice Phillper. Acho que você nunca viu aqui, não é? – Perguntou ele. Sua voz era rouca e falhada, como a de um bom homem velho.

      -Sim. Entrei para conhecer. – Sorri de novo.

      -Meu filho fala muito de você. Hummm... Alex Rocken. Você o conhece?

      -Já o vi. Mas nunca falei com ele. Não sabia que ele era seu filho. – Alex Rocken...Em meu primeiro dia de aula... Diana falara dele. Alex, Rian e...Aquele cuja as lagrimas serviam de lembrança.

      -Ele é. Mas, bem, o que deseja? – Perguntou ele.

      -Vou ver. Só queria conhecer aqui mesmo. Com licença. – Eu saí do balcão e fui em direção ás estantes de livros.

      Fui direto na sessão “Ficção”. Como tudo era organizado! Nesta sessão tinha as divisórias. Cada estante tinha um tipo de ficção. A primeira era “espacial”. A segunda era “Conto de fadas”. E encima dessa, claro, “Contos de Terror”.

      Vasculhei os livros da sessão “Contos de Terror” varias vezes. O único livro que achei de vampiros era “Louis e Viollet – Quando as diferenças desaparecem”.

      Decidi ver esse. Primeiro olhei todos os lados, me certificando de que ninguém estava me olhando. Mesmo se estivesse, que mal faria? Só havia três pessos, além de mim, na livraria. Uma mãe, um pai e uma criança lendo um livro infantil. Sorri para a mãe que me viu olhar. Ela retribuiu o sorriso.

      Fui até o balcão onde estava John. Entreguei-lhe o livro.

      -Vou comprar este. – Disse firmemente.

      -Hummm, ótima escolha. Eu adoro este livro. Mas...Ele deixa a todos intrigados. Mas...Não vou falar mais, devo estar tirando a sua curiosidade dele. – Ele sorriu.

      -Parece ser interessante. Mas...Intrigado? Tudo bem, eu mesma vou descobrir.– Comentei. Sorrindo também.

      Paguei e pedi a ele se eu poderia ler em uma mesa perto das estantes de livros. A mesa perto da criança e dos pais. Eu não tinha para onde ir.

      -Claro, claro! Sem problemas. – Disse ele.

      Sentei-me e examinei o livro. A capa era simples. Era escura. Não parecia preto, um azul escuro que puxava muito para o preto talvez. E no canto inferior do lado direito do livro, havia uma rosa entrelaçada com o titulo, o qual era de uma letra medonha e arrastada. A rosa era de um vermelho vivo de sangue. Ela também tinha espinhos. Era uma capa de livro muito bonita. Abri.

      Primeiro havia um escrito á mão. Ele era só encaixado num suporte feito de plástico, dava para tirar. Eu o arranquei. A folha era retirada de um caderno com certeza. Ela dizia:

    Caro leitor. Nenhum fato neste livro corresponde à realidade. Toda a historia foi escrita por alguém que diz ser verdade. Alguém louco. Não leve nada a serio. Ou leve. A escolha é sua.

    Louco? O que tudo queria dizer? Levar a serio ou não levar? Ignorei o escrito e segui para a próxima pagina. Começava assim:

      Olá. Os vampiros existem, e eis aqui o primeiro relato verdadeiro sobre eles. Os contos só retrataram a verdade. Mas a humanidade Não quis acreditar que vampiros, monstros sem coração existiam.

      Respirei fundo. Feliz por não ter ninguém perto o bastante de mim para eu dar-lhe um murro. Sem coração? Nunca! Mas, continuei a ler.

      Mas eu sei que vocês já sabem sobre vampiros. Neste caso, o charmoso Louis. Um vampiro diferente. Então, vamos logo para a parte que ninguém neste mundo sabe. Sobre Viollet. A musa que Louis amava. Sem esquecer que ela era humana, ele, vampiro.

      Ele a conheceu em 1709. Quando Louis tinha vinte anos e Viollet dezenove. Passeando pelo campo estava Viollet. Sem nem saber que teria sido melhor ela ter ficado em casa tomando um chá e com tédio. Seria três vezes melhor. Os olhos de Louis. Percorreram mil vezes o corpo inteiro de Viollet até cair na paixão incoerente. Ele tentou sem jeito se aproximar da jovem. É claro que ela ficou totalmente hipnotizada por sua beleza surreal.

      A primeira pagina acabou. E do lado havia uma pintura colossal. Uma jovem, com um vestido armado. Com a sua sombra, andando por um jardim ao sol. Do lado dela, a acompanhando, um homem extremamente lindo. O cabelo era cor de mel, e era longo. Até o começo das costas pelo menos. Ele estava de mãos dadas a ela. E ria de algo que ela falava. Suas vestes eram bem cobertas, Uma capa – Como a de Colibri – o cercava. Sua pele era branca. Muito branca. E seus olhos eram...Amarelos. Eram tão claros que eram amarelos. Lindos.

      Nos primeiros dias, Louis nada contou a Viollet sobre sua natureza. Ela começava a se apaixonar por ele, e ele, a ficar louco de amor por ela. E foi assim. Até o dia em que Louis decidiu que tinha que se casar com Viollet. Mas o segredo não poderia ficar oculto para sempre. Foi numa caminhada matinal que os dois faziam sempre pelo jardim, que Louis contou a ela sua origem.

      Não a culpou por ter se assustado um pouco. Louis mostrou seus dons a ela, para provar. E ela ficou mais maravilhada com aquele ser de uma beleza incrível. Naquela noite, Viollet experimentou todas as habilidades dele. Ela fez mil perguntas para ele. Como Louis conseguia  ficar no sol? E ele respondeu que eram só lendas, nada real.

      A pagina acabou e do lado havia mais uma imagem. Agora era Viollet em cima das costas de Louis, voando sobre a floresta. Estremeci com mais lembranças. Virei a pagina rapidamente.

                  E então tudo começou. O amor dos dois ficou mais intenso e logo houve o casamento.  Louis sabia que tudo isso era errado, mas não teve como se conter. A paixão era tanta! Mas eis que surge tudo que nesse mundo de vampiros é a prioridade, Colibri.

      Espantei-me com o nome, a historia era real. Colibri! Quem a escreveu? Continuei, tentando esquecer o surto de emoções que passou por minha mente.

      Claro, nada satisfeita, atrapalhou os planos do casal. Heidi, o nome da vilã desta historia, queria Louis para ela. Ela o amava, sempre o observava. Isso a machucou profundamente, a raiva estava à tona.

      Enquanto a vida seguia tranqüilamente e Colibri pensava em um plano para destruir tudo, Viollet se aproxima muito de seu amigo Ben. E ela vê sua vida normal como uma maravilha. Ter filhos, visitar os pais e avós, e sempre ter seu marido presente nas coisas. Nada disso era possível com Louis, a criatura noturna.

      E toda a paixão se esvazia, começam as brigas e os medos. Colibri vê sua chance e a agarra com força.

      A pagina acabara de novo. Do lado, estava uma pintura de, pelo o que eu julguei ser, Ben. Um homem grande e muito magro. O cabeço curto e levemente jogado para trás de um loiro vivido e brilhante ao sol. Montado em um cavalo branco. Um príncipe parecia. Mas algo me atraia em Louis, e eu não vi nada de extraordinariamente bonito em Ben.

      Eis que Colibri começa a ser amiga de Viollet. A qual ela trata muito bem e diz ser sua amiga e não ter nada contra ela.

      Tudo mentira.

      Ela planeja transformar Viollet em vampira, a menos que Louis fique com ela. Colibri pede que ela goste mais de Louis e tente fazer com que ele a ame o bastante para salvá-la. Propõe também que Viollet depois de tudo, fique com Ben. Já que era o que ela queria. Ela aceita de bom grado. O plano daria certo para as duas. Mas Louis ouve seus planos e descobre que Viollet ama Ben e brutalmente, assassina o homem. A pobre humana foge de Louis, mas não vai muito longe. E ele a morde, a matando.  A joga em um quarto e a deixa trancada lá, morrendo por sua mordida.

      Não havia ilustração para essa pagina. O medo me cercava, eu estava paralisada. Tentando juntar os casos.

      Eu era Viollet.

      Louis era Henry.

      Jaden era Ben.

      E...Colibri, só podia ser Colibri. Tudo armação dela, tudo funcionou como ela queria da primeira vez. E agora irá funcionar de novo. Mas...As folhas eram vazias. Haviam mais quatro folhas. Três delas eram vazias, só brancas. Não havia mais historia? Viollet foi morta e...Pronto? Henry iria me matar? Mordi os lábios com essa idéia. Na quarta folha havia mais um escrito:

      A verdade, meu caro leitor, é que Louis não se certificou de que Viollet estava mesmo morta. E então nasce eu. A nova Viollet bem mais forte e eterna. A vampira que não irá se esconder. Que não tem medo de quem é, só ódio de quem a transformou. Como ele pode me matar...? Eu ainda me pergunto. Numa luta árdua com Colibri, Louis morreu. É claro que para Heidi foi o fim do mundo. Mas ele iria matá-la. E, neste caso, eu estava com ela.

      E o meu mundo acaba aqui, a verdade é trágica. Mas é a verdade. Não podemos querer mais nada, só ela. A vida não escuridão é o mesmo que a morte, eu me considero morta. Não sou mais eu. Não sou mais eu, não sou mais eu, não sou mais eu, não sou mais eu, não sou mais eu...

      Havia rabiscados na capa interior do livro. Tudo, tudo estava escrito não sou mais eu. O final do livro inteiro assim. Era horrendo. E, enfiada em uma pagina, uma pequena pintura caiu do livro.

      Essa era a mais bela de todas. Havia moldura na pintura. Ela era de ouro, mas era pintada. Não real. Mesmo assim, eram flores. Flores e borboletas. E no centro da pintura, uma menina. Mais uma mulher do que uma menina. O cabelo era de um leve tom de castanho. Era mel. Ela sorria, sorria em outra direção da foto. Os olhos eram de um verde claro. Eram bem transparentes. A pele era branca, mas deu para saber que não era uma pintura depois da transformação dela. Suas bochechas eram levemente rosadas. Seu vestido era pomposo e dava para notar a época em que foi pintada. As roupas eram formais. Virei a pintura, e, nas costas dela, havia mais um escrito:

     Guarde esta foto... Como um presente. Guarde por favor. Louis que pintou. Ela é tudo para mim. Agora eu a dou á você. Obrigada por ter paciência e ouvir a minha historia.

      Guardei a foto no bolso de meu casaco. Fechei o livro. Chocada. A minha expressão totalmente dura e impossível de se mexer. Eu não sabia como sair daquela mesa. Mas obriguei minhas pernas a andarem. Acenei para a família que lia e sai sem dizer nada á John.

      Estava garoando, mas nada importava.


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