Acordei um pouco aturdida ainda com as lembranças da conversa da noite passada, olhei-me no espelho só para verificar meu rosto muito inchado devido às quase duas horas chorando até dormir. Não sabia ao certo por que estava chorando. Se era a minha cruel dúvida sobre Stefan. As palavras duras de Damon. Ou o fato de eu ter ficado um pouco insegura quanto ao meu casamento. Por Deus, esperei este dia desde quando reconheci que estava perdidamente apaixonada por Stefan, o que há de errado comigo?

Era tudo culpa de Damon. Tudo. A minha dúvida, minha insegurança, essa confusão que minha vida se tornou em dois dias. E a pior parte era o fato de que eu sabia que ele era o único que poderia resolver isso. Mas ainda o que mais me irritava era sentir que a presença dele não me fazia mal algum, ao contrário, me deixava satisfeita. Eu me sentia bem com as conversas, as risadas e com todo o seu jeito de ser.

Oh droga, por que simplesmente eu não poderia manter distância como jurei a Stefan que faria? Por que raios eu deixei que nos tornássemos amigos? Eu deveria conseguir ficar brava com ele como ficava com todos os outros, eu deveria socá-lo cada vez que sorrisse como eu tinha vontade. Droga, Damon, você deveria ter voltado apenas no dia do meu casamento.

Era domingo e teríamos um almoço em família na casa do campo dos Salvatores. Olhei o tempo chuvoso pela janela desapontada. Justamente no dia em que poderíamos fazer algo diferente no campo o céu parece querer cair inteiro em nossas cabeças. Tomei um banho arrumando-me rapidamente e avisei ao motorista que me esperasse na portaria do edifício. Coloquei uma maquiagem e uma roupa básica, confortável para um dia chuvoso em uma casa longe dos centros urbanos e saí em disparada para o lugar do almoço depois de constatar já estar terrivelmente atrasada.

O lugar não era nada luxuoso, tinha uma casa simples em a parte principal era a churrasqueira, isso porque era utilizado especialmente para reuniões em família como a de hoje. O carro entrou por um portão eletrônico e levou-me até quase o meio da garagem coberta.

- Bom dia querida, quase estávamos ligando para saber onde estava. – Eliza correu ao meu encontro me cumprimentando animadamente.

- Desculpe o atraso, acabei dormindo demais. – ri e ela me acompanhou.

- Bom dia meu amor. – Stefan veio até mim pegando uma de minhas mãos e a beijando calmamente.

- Bom dia. – sorri com sua atitude e dei-lhe um beijo sutil nos lábios.

Virei para as demais pessoas sentadas ao redor de uma grande mesa de madeira. Lá estavam dois irmãos de Eliza com suas mulheres, mais duas irmãs e um irmão de Michael, todos casados. No canto da mesa estavam dois primos de Stefan e, posteriormente meus primos, conversando animadamente. Haviam também duas crianças, um garoto de sete anos filho de um irmão da minha sogra e uma garotinha filha de uma das duas irmãs do meu sogro. Eles seriam responsáveis por entrar antes de mim na igreja.

- Bom dia a todos. – cumprimentei educadamente.

- Tia Elena! – Isabella, a garotinha que antes brincava com Ryan, correu em minha direção.

- Fofa minha. – brinquei segurando-a em meu colo e dando alguns vários beijinhos na sua bochecha rosada.

Isabella agarrou-se ao meu pescoço enquanto eu ainda a segurava nos meus braços.

- Quem quer sorvete? – Damon perguntou aparecendo na porta da cozinha.

- Eu! – a pequena gritou quase pulando do meu colo.

- Nada disso. – a mãe da garota reprovou. – Damon, sorvete antes do almoço? – ela pegou o pote com a sobremesa recolhendo-o para a cozinha e todos riram da situação.

Damon ainda parado na porta da cozinha não fez questão de me cumprimentar. Ele parecia me evitar não me olhando nos olhos. Eu não queria que a conversa de ontem deixasse um clima ruim no ar, mas era inevitável olhar para Damon e não lembrar do que ele falara de Stefan.

Meu noivo ao meu lado agora abraçava-me pela cintura e eu sorri com o gesto, olhei para o outro Salvatore que só agora observava a cena com uma expressão séria demais para ele. Seu olhar cruzou com o de Stefan e eu senti que o aperto em minha cintura se intensificou como se fosse um aviso impensado do loiro indicando que eu era sua propriedade. Senti como se eu fosse algo disputado pelos irmãos e contrariando o que eu havia pensando em fazer olhei para Damon e sorri.

- Olá Damon. – cumprimentei animadamente.

- Elena. – ele assentiu sorrindo de canto.

Confesso que eu havia feito isso somente para provocar Stefan e observar a reação de Damon ao meu cumprimento. O sorriso do mais velho me trouxe uma sensação de tranqüilidade, como se só bastasse isso para eu ter a certeza de que estava tudo bem entre nós. Meu noivo puxou-me para o canto do balcão do churrasqueiro me impedindo de olhar para ninguém mais além dele.

- Elena, eu queria conversar. – estranhei a sua expressão, mas deixei-o continuar. – Olha... Qualquer coisa que Damon tenha falado a você, não acredite nele. – Stefan segurou meu rosto entre suas mãos fazendo-me encará-lo.

Suas palavras só me fizeram confundir mais as coisas. Ele parecia preocupado em fazer-me acreditar nele e pela primeira vez eu comecei a duvidar de suas palavras. Eu não sabia como, mas consegui fazer a minha melhor atuação fingindo não saber de nada só para ver até onde aquela história chegaria.

- Damon não me falou nada, Stefan. – ri baixinho. – Ele tem algo para me falar? – fiz menção de sair de seus braços apontando para seu irmão, mas ele voltou a me segurar firmemente em seus braços.

- Não, não. Só achei que ele poderia ter falado algo a você. – ele voltou a sorrir como eu amava. Aquele sorriso tão sincero e só meu.

- Se você me perguntou então é porque tem sim algo para me falar. – rebati entre risos e ele pareceu pensar em alguma resposta.

- Parece que Damon não consegue ver toda a atenção da família voltada somente para nós. – Stefan aproximou seus lábios do meu ouvido em seguida. – Ele tem inveja de mim por estar casando com a garota mais linda. – cochichou como se fosse um segredo e eu ri.

- Não se preocupe. – pisquei desvencilhando-me dos seus braços.

Segui para a mesa pegando uma azeitona como aperitivo. Eu estava de consciência limpa mesmo depois de ter escondido de Stefan a conversa que tive com Damon. Mas o motivo por ter feito isso? Nem eu mesma sabia.