Eu estava com a cabeça repousada sobre a poltrona do avião olhando para a cidade de Nova York agora semelhante a uma maquete conforme subíamos. Damon ao meu lado parecia contente com a situação em que estávamos e eu não pude deixar de sorrir ao vê-lo levantar a ponta da boca em um sorriso de canto que me fazia suspirar. Me perguntava até quando aquelas sensações estariam ali, até quando eu me sentiria segura e ao mesmo tempo tão frágil diante das palavras, dos toques e sorrisos que agora eram só meus.

Suas mãos lentamente seguiram até a minha bochecha acariciando-a em um toque tranquilo. Eu sorri em resposta levando minhas mãos até enroscarem nos seus cabelos negros e então o puxei para mais perto. Mantive meus olhos nos seus que pareciam ainda mais azuis até quebrar a distância entre nós selando nossos lábios em um beijo sutil. Apenas um toque. Voltei a abrir os olhos e Damon estava com os seus cerrados como se estivesse contemplando aquele momento por trás das pálpebras.

Ele era estupidamente lindo, tanto que chegava a ser irritante. O modo que ele agia quando estava comigo parecia muito diferente do Damon que conheci quando comecei a namorar Stefan. Eram tantas sensações que eu bem conhecia, mas enxergava de forma diferente ao lado do Salvatore mais velho. Era incrível o modo como ele me deixava, e eu percebi que tudo o que sentia por Damon era maior do que por Stefan. Era cruel admitir, porque eu não sabia quais as razões por ele estar me levando consigo para o Canadá. Eu o questionei, mas nenhuma de suas palavras sanou as minhas dúvidas, elas continuavam lá, meus sentimentos embaralhados continuavam querendo me deixar maluca, mas pelo menos de uma coisa eu sabia, Damon se sentia confuso da mesma forma.

A viagem pareceu ainda mais rápida do que eu esperava, aposto que acabamos dormindo durante todo o voo. Eu não precisei lhe contar sobre a minha conversa com Stefan, porque assim que ele saiu do meu apartamento, Damon pareceu voar para dentro querendo saber o que havia acontecido e porque eu não havia respondido quando ele me chamou. Foi compreensivo quando soube que Stefan havia concordado com a minha decisão e eu realmente agradecia aos dois por tornar as coisas tão fáceis.

O dia quase amanhecia quando chegamos ao seu apartamento em um edifício bonito no centro da cidade. Dormir é o que menos queríamos depois de passar algumas horas em um sono profundo até chegar aqui.

- Sem sono? – ele disse segurando a minha mão e me puxando para dentro com um sorriso carregado de malícia nos lábios.

- Nada de sono. – confessei grudando nos corpos e envolvendo as mãos ao redor de seu pescoço. – O que sugere que façamos Damon Salvatore? – perguntei roçando nos lábios.

- Vamos comer. – ele disse brincalhão desvencilhando-se do meu abraço e caminhando já para fora do quarto.

- Está brincando. – encarei-o com uma expressão surpresa.

- Claro que estou. – Damon respondeu, seu sorriso de canto ali, como sempre me derretendo.

Ele caminhou em minha direção rapidamente aproximando-me dele com as mãos ao redor de minha cintura até que nossos corpos não estivessem um milímetro sequer afastados. Seus lábios foram de encontro aos meus, mas ao contrário do que imaginei, não fomos em direção à cama, parede, sofás, nada. Permanecemos ali, no meio do quarto, desfrutando o momento como se fosse único.

- Vamos começar certo desta vez. – separando-se de mim, ele disse ainda ofegante. Sua expressão calma me convenceu a ouvi-lo. – Venha comigo. – e antes que eu pudesse responder ele havia segurado firmemente minha mão e caminhava para fora do apartamento.

Subimos de elevador até o último andar, assim que saímos as luzes do lugar acenderam-se automaticamente devido ao sensor e então Damon continuou me puxando em direção a uma escada que resultava em uma porta estreita no final.

- Damon, aonde estamos indo? – perguntei um pouco temerosa com o caminho sempre para cima que fazíamos.

- Deixe de ser curiosa Elena, espere. – ele brincou rindo logo após.

Permiti rir também de seu comentário e continuei subindo as escadas atrás dele. Chegamos em frente à porta que eu havia visto desde que começamos a subir os primeiros degraus, Damon fez menção de abrir-la, mas antes de o fazer, voltou seus olhos para mim que o observava logo atrás.

- Feche os olhos. – ele pediu calmamente.

- Estamos apenas subindo desde que saí do apartamento, eu tenho medo de altura, não sei o que tem atrás desta porta, não quero fechar os olhos. – eu disse atropelando as palavras percebendo que minha voz soava um pouco trêmula.

- Feche os olhos. – repetiu como se estivesse ignorando tudo o que eu havia falado.

Bufei derrotada e fechei os meus olhos como ele havia pedido. Senti que minha cintura foi envolvida por seus braços e imediatamente a insegurança que me tomava parecia ter abandonado definitivamente o meu corpo. Ouvi o ranger da porta sendo aberta e logo caminhamos juntos para o que imaginei ser o lugar antes escondido atrás dela.

O vento fresco balançou os meus cabelos com vontade e um arrepio estendeu-se por todo o meu corpo, inconscientemente parei de andar e senti o aperto e minha cintura ficar mais forte. O hálito quente de Damon roçava em minha orelha enquanto ele tocava com a ponta dos dedos a minha bochecha em um carinho bom.

- Confie em mim Elena. – ele sussurrou e eu senti mais uma vez um arrepio passar pelo meu corpo, mas desta vez eu sabia que a culpa era a voz rouca dele ao pé do meu ouvido.

- Eu confio em você. – eu disse segurando a sua mão sobre a minha bochecha.

Continuamos caminhando vagarosamente por mais um curto espaço enquanto eu sentia que o vento batia contra o meu rosto com uma maior intensidade. Damon virou-me em sua direção e segurou o meu rosto.

- Abra os olhos. – ele pediu num sussurro.

Então eu o obedeci. Meus olhos lentamente foram se acostumando com os fracos raios de sol que apareciam. Estávamos no terraço do edifício e o sol estava vagarosamente aparecendo no horizonte dando sinal de que mais um dia começara. Confesso que eu nunca havia visto nenhum amanhecer tão lindo como este. Eu sentia meu coração bater forte em meu peito pela emoção de estar ali. Era simplesmente mágico.

- É lindo. – admirei-me olhando para Damon.

- Eu sei, obrigada. – ele brincou passando a mão pelo cabelo agradecendo como se o elogio fosse para ele.

- Estou falando do sol, Damon. – revirei os olhos e ele fingiu-se de ofendido fazendo um bico engraçado. – Mas pensando bem... Você também é. – apertei levemente suas bochechas fazendo o seu sorriso aparecer novamente.

Puxei-o pela mão até mais perto da borda do terraço onde havia uma mureta e permiti-me olhar para baixo segurando firme em Damon. Eu ainda tinha medo de altura, mas continuava curiosa para saber como era ver tudo daqui de cima. Não que eu já não tenha tido essa visão já que morava em uma cobertura, mas hoje era diferente. Ele agarrou-me pela cintura em sinal de segurança até que eu estivesse satisfeita em olhar para as pessoas como formigas lá embaixo.

Ele voltou para longe da borda, seus olhos não paravam um segundo sequer de me fitar. Damon estava ainda mais lindo com o sol batendo em seu rosto.

- Elena. – ele começou e eu levantei meus olhos em resposta. – Primeiramente, me desc... – não permiti que ele continuasse colocando um dedo sobre seus lábios.

- Não há nada para se desculpar, Damon. As coisas simplesmente aconteceram. E eu não me arrependo. – confessei colando nossas testas enquanto ele me dava um sorriso de canto que eu tanto amava.

Damon quebrou a pequena distância que nos separava em um beijo profundo, carregado por um carinho que eu não havia sentido antes.

- Eu te amo. – ele disse roçando nossos lábios assim que nos separamos.

A minha respiração descompassada tornou-se quase nula pela declaração. Ordenei ao meu cérebro para respirar e consegui só então raciocinar sobre o que estava acontecendo. Meu coração parecia querer sair de meu peito de tanto que batia. Damon me amava. Era tudo o que eu precisava ouvir para conseguir finalmente entender o motivo de todos os arrepios que eu sentia ao lado dele, as minhas pernas bambas e meu coração acelerado. O sentimento era recíproco e eu me sentia segura demais por isso.

Ele estava sério demais, preocupado com a minha expressão provavelmente muito surpresa. Deixei que uma lágrima solitária escorresse pela extensão da minha bochecha e sorri. O sorriso mais sincero, mais contente.

- Eu te amo. – repeti as suas palavras sem medo algum.

E não era nenhuma mentira. Era a mais pura e linda verdade. Eu o amava com todas as minhas forças ou o que restava delas quando ele estava ao meu lado. A maneira que me deixava, que me tratava, o que sentia por ele era tão grande quanto eu não poderia imaginar. Era demais até mesmo pra mim, mas eu não me importava. Porque a grandiosidade desse sentimento não me assustava, não mais. Eu podia confiar nas palavras de Damon, porque eu sabia que nos sentíamos da mesma forma, certo?

Ele sorriu agarrando-se fortemente à minha cintura e puxando-me ainda para mais perto quanto fosse possível, então selou seus lábios aos meus. Um beijo profundo, sem culpa, sem medo, apaixonado.

Estávamos perdidamente apaixonados e não precisava mais do que um olhar para eu perceber que o sentimento era verdadeiro. Damon me amava e isso era suficiente para que eu o deixasse tomar conta do meu coração totalmente desta vez, esquecer a confusão que deixamos para trás e começarmos uma vida aqui, juntos.

FIM