Nelly entrou na casa enorme, olhando cada milímetro, espantada e curiosa, cada detalhe parecia ter sido planejado. Já tinha achado lindo por fora, agora por dentro era surpreendente, pareciam àquelas mansões que geralmente você vê em filmes com grandes fazendeiros e latifundiários.

- Caramba, sua casa é linda! Se você disser que isso não é verdade, pode procurar um oculista – a morena disse para o amigo, olhando para cima, maravilhada, onde havia um lustre.

- É meio exagerada, mas é bonito sim – falou passando os braços ao redor dos ombros da garota guiando até o quarto onde Elena estava – vamos, minha cunhadinha está lá em cima.

- Você fala “cunhada” com tanta ironia – falou enquanto subia as escadas com Damon ao seu lado.

-Hum... Impressão sua – ele retrucou.

- Não é o que parece – ela rebateu – você parece ter alguma coisa com ela – a morena sussurrou no ouvido dele como se fosse um segredo de estado.

- Como eu disse, impressão sua – falou azedo.

Obvio que ela não se contentaria com essa resposta por muito tempo, mas por precaução era melhor se contentar por enquanto, ele não parecia ser uma boa companhia quando estava de mal humor.

- Nelly! – Elena disse correndo até a morena quando a viu no corredor.

- Olá Elena – disse retribuindo o abraço de mau jeito – Como está?

- Bem! Mas o que faz aqui?! – a Gilbert perguntou se separando do abraço.

- Estou fugindo da Caroline – Nelly sussurrou.

Elena gargalhou.

- Já disse a ela pra pegar leve com você, mas ela quer á todo custo ser sua cunhada... – Elena começou puxando a garota para o quarto de Stefan onde se arrumava, e seu namorado a olhava deslumbrado com a namorada, sentado na cama.

- O quê?! – Nelly exclamou, praticamente gritou, enquanto do outro lado do quarto Damon gargalhava feito louco – Como assim?! E você – apontou para Damon que estava sentado na janela – espero que caía daí e quebre todos os dentes – praguejou emburrada, enquanto ele controlava as gargalhadas.

- Não acredito que não percebeu! Você só pode está cega, ela tem uma queda, quer dizer um tombo – Elena disse rindo – pelo seu irmão.

- Nelly! – Bonnie disse saindo do banheiro vestindo um vestido violeta tomara que caía, voltou seu olhar para o vestido em seu corpo – Desculpe-me mas ouvi a conversa, e Nelly olhe para seu irmão, pelo amor de Deus, ele é um pedaço de mal caminho! Hot!– Bonnie exclamou se abanando teatralmente com uma das mãos.

Elena e Nelly riram, Bonnie acompanhou logo depois.

- Até você Bonnie! – Nelly disse com uma falsa incredulidade – se Elena disser algo sobre meu irmão ser “hot” – fez aspas com os dedos - me jogo da ponte Wickery – a garota disse dramática.

- Caso Elena faça isso espere Stefan com certeza ele vai fazer o mesmo – Damon disse divertido, Nelly deu uma gargalhada enquanto o resto bufava ou suspirava.

- Muito engraçado Damon – Elena disse irônica.

Passaram-se alguns minutos de silêncio, com apenas Bonnie se olhando no espelho fazendo barulhos de desaprovação com á garganta. Enquanto Nelly se sentava em uma cadeira perto de Damon e permanecia apreensiva e pensativa, enquanto brincava com seus cabelos.

- Não se preocupe, Caroline é conhecida por suas paixões rápidas – Damon sussurrou para que apenas a morena próxima a ele ouvisse, tentou reconfortar-la inexplicavelmente, ela sorriu de canto, enquanto ele piscava de volta.

Bonnie pigarreou para chamar a atenção de Nelly.

- Nelly, você acha que esse vestido ficou legal? – a bruxa perguntou dando uma voltinha para ter uma melhor visão do vestido.

- Eu? – Nelly perguntou apontando para o peito.

- Sim, a não ser que exista outra Nelly nessa sala, sim é você – disse revirando os olhos.

- Por que eu? – retrucou, não era a mais indicada para dar palpites de moda.

- Porque nessa sala só posso contar com sua opinião sincera, Elena nunca diria que eu estou feia, Stefan não conta, sobrando você.

- E Damon? – a morena perguntou olhando de relance para Damon, que olhou de volta e revirou os olhos, Bonnie bufou apenas – O que foi?  – perguntou divertida – Tente!

- Não, valeu, eu escolho por mim própria – disse indo se entoca no banheiro de novo.

Ok, aquilo era estranho, Nelly pensou, o que acontecia para todos serem tão contra Damon? Ele parecia ser uma boa pessoa, tudo bem que ele não era o tipo de pessoa “boazinha” ele era assim como ela, alguém muito machucado pela vida. Apenas isso, ele usava uma máscara, conhecia essa tática melhor que ninguém, afinal essa era á sua tática...

- Então, o que vai usar na festa? Afinal temos que nos decidir – Elena disse sorrindo de empolgação.

- Boa pergunta – respondeu Nelly, pensou um pouco, e constatou que tinha uma roupa no guarda-roupa que nem havia tirado de dentro da sacola, tinha trazido de sua cidade antiga apenas pelas boas lembranças que lhe trazia, lembrava-se que não gostava dela quando a viu, mas sua mãe a convenceu comprar, e funcionou ela comprou, aquela havia sido uma ótima tarde, suspirou – vou pedir a Caroline para que traga uma roupa que tem dentro do meu guarda-roupa – respondeu por fim pegando seu celular e discando o número de Caroline.

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- Aqui está – Caroline disse entregando uma sacola – Seu irmão não estava em casa, achei um bilhete pregado na geladeira dizendo que ele havia saído e que talvez aparecesse na festa, e falou também que havia chegado um pacote por correio. Ah... E fiz como você disse, peguei a chave reserva debaixo do vaso de flores.

Não fora tão difícil convencê-la. Agora Elena e Bonnie estavam no andar de cima escolhendo roupas eram tantas que mal cabiam em cima da cama de Stefan, no entanto o ultimo havia ido caçar dando á desculpa que precisava reabastecer o carro.

- Obrigada – Nelly agradeceu – te devo uma. 

- De nada! Bem vou indo, não vou me arrumar aqui, e tenho que chegar mais cedo pra ajudar na decoração da festa, tchau Nelly! Vejo-te na festa... – disse se despedindo.

- Oi Caroline – Damon cumprimentou com um copo de whisky na mão.

- Oi, Damon – disse meio contra gosto – vou indo tchau para vocês! – disse jogando um beijo no ar, saindo da casa.

Conferiu a roupa dentro da sacola e estava tudo lá, sentiu um olhar sobre ela e se virou vendo Damon, ela deu um sorriso para ele de volta.

- Que tal nós irmos ao Grill? – Damon propôs – já são 14h16, e você não comeu nada.

- Hum... Não sei, e Elena? – a garota perguntou apreensiva.

- Elena está com Bonnie, e logo,logo Stefan chega, vamos? Se você quiser você leva sua roupa, você se arruma na sua casa, e eu te espero lá mesmo, o que acha? – Damon disse dando um sorriso de canto no final, não acreditava que havia planejado uma tarde com uma humana, talvez tenha mudado muito desde que havia conhecido ela, as paredes do muro de frustração que sentia ao ver seu irmão com Elena, haviam sido demolidas, sentia-se liberto, talvez fora assim que os escravos se sentiram ao serem livres.

- É tem razão, foi legal passar uma manhã com Bonnie e Elena, me desculpe, mas não posso dizer o mesmo do seu irmão, ainda me sinto incomoda com ele – suspirou, iria demorar a se tornar confortável a presença de Stefan – mas enfim, acho que não vou querer está aqui quando elas começarem a si arrumar, não faço o tipo boneca Barbi dos outros.

Ele riu.

- Vamos então – disse a puxando.

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- Há! Ganhei de novo! – Nelly disse vendo a ultima bola caindo emcaçapada.  

- Droga, desse jeito você vai me falir – disse entregando á ela duas notas de 50.

Eram 15h já havia almoçado por lá mesmo junto com Damon, ela ria do quão irônico, divertido e irritante ele era, enquanto ele brincava e irritava-a, ambos admitiam, há anos não se divertiam assim.

- Jogue direito e ganhara seu dinheiro de volta – respondeu tirando as bolas de dentro dos buracos e colocando no triângulo.

- Não, a grana é sua, desisto – ele disse, ajudando-a a colocar as ultimas bolas de sinuca no lugar – que tal um sorvete?

- Ótimo, acho que na praça aqui perto deve ter, podemos ir á pé.

- Então vamos lá, apesar de está muito preocupado em deixar minha Ferrari aqui.

Os dois riram, indo em direção á saída do Grill, andaram por poucos minutos em silêncio, o vento batia nos cabelos lisos da morena, enquanto Damon caminhava ao seu lado com as mãos no bolso, fitando o céu, e o sol, que por mais que fossem três e alguma coisa, estava agradável, mesmo assim as ruas estavam desertas, havia poucas pessoas, era sábado muita gente viajava de Mystic Falls para outra cidade vizinha, a fim de curti em lugares mais movimentados seu fim de semana.

- Por que você e seu irmão não parecem se dar bem? – perguntou enquanto sentavam em um dos bancos da praça - E juro que se me disser que é impressão minha, eu nunca mais falo com você.

Ele abaixou a cabeça abrindo a boca uma série de vezes, seus cabelos negros caindo insistentemente em seu rosto.

- Apenas á verdade – ela disse levantando o queixo dele delicadamente com uma das mãos, a fim de ver seu rosto.

- Ok, apenas a verdade – disse retirando a mão dela do rosto dele, apenas para brincar com os dedos dela enquanto tomava coragem para contar seu trágico passado, claro que reduziria á uma versão para uma humana que não sabia nem metade das coisas que aconteciam naquela cidade, mas que parecia está metida até o ultimo fio de cabelo no sobrenatural – bom, é uma história complicada – começou – tem até um “feliz para sempre” – riu sem humor – há alguns anos atrás eu e Stefan nos apaixonamos pela mesma garota, ela chamava-se Katerina Petrova – era o nome verdadeiro dela, ainda era a verdade - é claro que eu tentei rapidamente me aproximar dela, Stefan fez o mesmo, no fim das contas nós dois ganhamos ela.

- Espera! Os dois? – interrompeu Nelly sobressaltando-se.

- Sim, nós dois – disse entediado revirando os olhos – posso continuar antes que eu desista? – ela assentiu – ótimo, onde eu parei? Ah... Sim, enfim nós dois namoramos ela, uma noite ela passava com um de nós, na outra passava com o outro, é claro que não aceitávamos muito bem isso, cada um queria ela só para si, exigíamos que ela escolhesse um de nós, mas ela nunca se decidia – disse com rancor e com uma ruga se formando entre as sobrancelhas.

- Se ela nunca se decidiu, por que não a largou simplesmente? – ela perguntou.

- Eu era apaixonado por ela, amava-a com todas as minhas forças, uma coisa nunca pude negar, ela me tinha nas mãos dela, eu era um cachorrinho pra ela.

- E Stefan ele concordava com tudo isso? Ele parece ser do tipo responsável pelo pouco que vejo.

- Katerina, digamos: era ótima em manipular, eu não precisava ser manipulado para amá-la do jeito que ela era, mas Stefan, sim – Damon disse procurando encaixar seu passado ao normal – Katherine morreu depois de um tempo, sem escolher seu preferido, mas depois descobri que ela sempre amou Stefan, eu não passava do brinquedinho dela, enfim, agora anos depois, Stefan descobriu Elena, que é semelhante á Katerina na aparência, e adivinha?

- Você se apaixonou por ela – Nelly deduziu angustiada.

- Exatamente, mas ela escolheu Stefan e como ela diz: “sempre será Stefan”, e aí estão eles vivendo o seu “felizes para sempre” – ele bufou frustrado.

Passou alguns minutos de silêncio, enquanto os dois olhavam o céu azul com nuvens brancas.

- Você terá o seu, não se preocupe – ela sussurrou de repente, fazendo-o sorrir – e aí, aquele sorvete que você falou? Rola ou não rola?

Ele riu indo junto á ela em direção a sorveteria, conversaram bastante, riam feito loucos, assim que terminaram de tomar cada um seu sorvete, retornaram ao Grill para pegar o carro de Damon para ir direto a casa de Nelly, o tempo passou rápido, já eram por volta das 19h30. Assim que chegaram, ela o convidou para entrar, e pronto! Passagem concedida, como Caroline disse Gabriel não estava lá.

- Então esse é seu quarto? – Damon disse mexendo na penteadeira lotada de coisas, algumas ainda dentro de embalagens.

- Exatamente – ela disse pegando uma roupa mais confortável dentro da gaveta indo se entocar no banheiro – espere um instante, não mexa em nada.

- Não prometo nada – exclamou do quarto enquanto ela entrava no banheiro.

Enquanto vasculhava algumas coisas, e xeretava sem permissão, abriu umas das gavetas encontrando um sutiã preto e com detalhes vermelhos de renda segurou nas mãos levantando em sua frente fitando distraído a peça a sua frente, os pensamentos maliciosos já estavam se formando.

- Disse para não mexer em nada safado – Nelly exclamou com apenas a cabeça para fora do banheiro em uma brecha da porta.

- Ah... Foi mal – ele disse colocando rapidamente de volta no lugar.

- Foi péssimo Salvatore – ela disse saindo de dentro do banheiro, rindo enquanto amarrava o cabelo com um coque mal feito, vestia um short jeans lavado, com uma regata preta colada no corpo como se fosse uma segunda pele.

- Caroline disse que tinha uma entrega te esperando, era o que dizia o bilhete de seu irmão – o moreno disse mudando de assunto.

- Bem lembrado! – ela disse recordando.

Nelly foi até um canto do quarto com o moreno a seguindo, avistou uma caixa escrita: Los Angels na parte de cima da caixa em uma caligrafia mal feita.

- Sua antiga cidade? – Damon perguntou apontando para os escritos se logo depois se escorando na penteadeira casualmente.

- Sim – ela disse arrancando as fitas adesivas plásticas abrindo a tampa, encontrando vários objetos dela mesma, revirou a caixa dopando com dois pompons de líder de torcida, eram amarelo desbotados, ela encarou os pompons nas mãos, amarga.

- É seu...? – ele perguntou com divertimento.

- Sim – a morena sussurrou.

Damon caiu na gargalhada.

- Você não tem cara de quem fica pulando de um lado para outro, sacudindo pompons e cantando aquelas músicas ridículas – ele disse rindo.

Nelly o fuzilou com os olhos, ele nunca entenderia o que ela passou, tudo o que enfrentou para está ali.

- Olhe, não te interessa, ok? Esquece – ela disse guardando de volta e fechando a caixa com uma força desnecessária – é melhor você ir para casa, venha me busca na hora que bem entender, mas se der, por favor, antes das 21h, certo? – a morena disse empurrando Damon para fora do quarto.

- Ei, ei, calma – ele disse levantando as mãos no ar em sinal de rendição.

Ela o empurrou até a saída da porta, dando apenas um “boa noite” e fechando a porta, se escorou na mesma, mas seu peso parecia maior, suas pernas não agüentavam, suas costas se arrastaram na porta até chegar ao chão, abraçou os joelhos em um claro sinal de que estava tentando recuperar sua força, coragem e frieza habitual, mas aparentemente as coisas estavam meio difíceis, era sempre assim quando ela estava com Damon? Ela não podia esconder seus sentimentos? Sim, isso não passava de uma infeliz verdade, as máscaras e faces caiam e se transformavam quando aqueles incríveis olhos azuis de um céu calmo de verão estavam por perto. Se estivesse com outra pessoa daria uma gargalhada juntamente a ela, ao lembrar-se de um dia ser uma líder de torcida, porém não com ele, a verdade era prioridade, e a opinião dele parecia ser uma coisa que não se devia ignorar. E seus malditos sonhos com ele? Eram estranhos, sem sentido, mas algo lhe dizia que se ignorasse as coisas ficariam piores.