Já faz 5 dias que Ryuuzaki está em minha casa. Não estou reclamando..Adoro a companhia dele, me faz sentir diferente..É sempre como se eu já o conhecesse e por isso não me envergonho e nem penso em não lhe contar nada.. Ele também me conta bastante coisas.. E sempre que passamos pelo parque ele sempre menciona o quanto aquele espaço lhe é familiar.

Desde aquela noite em que ele chegou aqui, não tive outra chance de checar o ursinho, mas aos poucos essa ideia vai perdendo a importância..Sabe..Não que eu não me importe com Lawliet...Mas acho que me importo mais com o Ryuuzaki L agora. Minha mãe sempre o chama de L..E não pude deixar de perceber que ela se emociona perto dele.já a questionei sobre isso mas ela nem pensou em me responder a verdade..

Disse apenas que ele a lembra uma velha amiga..Bem..Pode ser verdade, mas ao menos ela poderia ter me dado mais detalhes não? Já a peguei conversando com meu pai..Aliás discutindo...E confesso que as palavras: “É ele sim!” e “Ele não lembra” me deixaram bastante confuso..O que L causa em meus pais? Aliás..Por que Ryuuzaki L? Pode ser Ryuuzaki Lawliet.. Não pode?

Não delira Raito!

L - comecei a chamá-lo assim por causa de minha mãe-, chegou aqui na sexta e no sábado foi conversar com a gerente, que o liberou e o deu alguns dias para se recuperar, no sábado a tarde o acompanhei nos preparativos do enterro do pai e no domingo mesmo ele foi velado.

Tive novamente que acalmar meu amigo, abracei-o e limpei suas lágrimas teimosas, embora ele fique fofo quando está chorando nada apaga a satisfação de receber um sorriso dele.

Na segunda não fomos à aula, era a última semana antes as férias e o assunto do momento era o baile de verão, dessa vez, os garotos usariam ultraje e as garotas um vestido elegante... Ainda me lembro da festa a fantasia..

Mas voltando a escola..A última coisa que quero neste momento é um bando de garotas me chamando pra dançar.. Bem.. Mas tenho que ir com alguém né? Vou aceitar a primeira que me chamar!..

É? Maldito pensamento.. No mesmo instante meu celular tocou.. Era Takada me convidando para ser seu par..Amaldiçoei meus  pensamentos e aceitei. Agora eu só precisava conseguir um par para o Ryuuzaki... Bem terça eu resolveria isso.

Voltando a segunda, ele ainda continuava meio tenso e triste.. Chamei-o então para sair comigo.. Insisti até ele aceitar. Saímos após o almoço. Nossa primeira parada foi numa loja de doces, compramos o que ele quis comer e em seguida fomos ao fliperama.. Caramba! Ele me ganhou até no jogo de dança! Quem diria que ele jogaria tão bem?!

“Foi só..sorte de principiante Raito-kun” – principiante né? Sei..

Depois de perder em quase todas as máquinas – é..eu consegui pegar um ursinho ele não conseguiu.. Acabei dando o urso pra ele- passei o braço em seu ombro e caminhamos praticamente colados até uma loja de chá, para revivermos hábitos ingleses. Era -e é- realmente legal conversar com Ryuuzaki.. E ao mesmo tempo era fofo vê-lo sorrindo.. ficando encabulado e até sujo de glacê.

Quando me aproximava dele.. Era como se.. eu não ligasse para mais nada..Apenas queria fazê-lo..sorrir.

“Sabe..Raito-kun” – comeu um pedaço de torta antes de continuar, deixou, sem perceber, um pouco de glacê no canto da boca – “As vezes..Sinto como se já te conhecesse..Como se..já fossemos grandes amigos a muito tempo.”

“Eu..também sinto isso L” – Levei meu polegar ao canto sujo com o creme doce e o limpei, coloquei meu polegar frente a seus lábios, ele inocentemente lambeu meu dedo sujo de glacê, limpando-o, em seguida sussurrou um “Obrigado”. Senti meu rosto queimar, mas não era muito diferente com ele, apenas sorri o melhor que pude...

Em minha cabeça, meu cérebro apenas pensava em qual seria a textura e o gosto dos lábios a minha frente..Provavelmente  macios.. Provavelmente doces..

E por último..fomos ao cinema.

Como era um filme de terror, com sussetiveis sustos, não podemos deixar de apertar um a mão do outro, diferente da minha mão..a mão dele estava bem gelada, mas não suava. Apenas apertamos um a mão do outro e muitas vezes nos encaravamos sorrindo bobamente, até que um novo susto –ou um novo grito vindo da tela- nos despertava.

Voltamos para casa comendo pipocas e chocolates, vendidos no cinema, rindo de como ficamos assustados com um filme de terror totalmente fictício.

“Se eu não dormir de noite..Será culpa sua Raito Yagami!” – disse ele rindo, logo eu o acompanhei.

Quando chegamos em casa fomos direto para o banho e em seguida para a cama, mas antes, passei no quarto dele para lhe desejar boa noite, com um beijo na testa. Logo voltei para meu quarto e dormi.

Quando acordei, L já estava de pé e já havia tomado café. Arrumei-me como sempre e desci para tomar o meu também..Quando terminei, caminhamos até a escola. Confesso que fiquei bastante cansado.

Era a primeira vez em muitos meses que ia para a escola a pé. As aulas passaram sem nenhum problema, no intervalo, disse a algumas garotas que já tinha um par e consegui um para o inglês.. Marie. Era uma garota bonita. Ruiva e com um corpo bastante bonito, os cabelos ondulados a deixavam com um singelo aspecto quase angelical.. Tenho a impressão de que ela só aceitou por ele ser meu amigo..Assim eu a fico devendo uma.

Não importa..o importante é que agora tenho certeza que ele irá ao baile! No fundo..acho que senti um pouco de ciúmes de Marie.. Mas nem eu mesmo sei por que.

Mikami iria levar Misa.. Ryuuzaki, Marie e eu Takada. Tudo estava perfeito. O resto da semana passou sem grandes coisas significativas..Talvez só algumas vezes que me perdia olhando para o moreno..

O sábado logo chegou, saímos cedo para alugarmos um terno para L, fiz questão de escolher um que combinasse com ele..O blazer era preto, assim como a calça e a gravata, isso tudo contrasta bem com uma blusa branca social que foi colocada abaixo do blazer e da gravata. O sapato..bem..ele quis ir com o tênis branco com uma listra verde de cada lado que sempre usava..Sabe..não ficou ruim..

E com aquela postura e o modo como ele não fechava as mangas do blazer ou ainda não terminava de abotoar a blusa branca, dando a ele um aspecto desleixado deixava-o muito..fofo. Logo voltamos para casa. Esperamos o tempo passar e fomos nos arrumar cada um no seu quarto.

Vesti meu blazer tom pastel, igualmente como minha calça, sobre uma camisa branca, colocando uma gravata vermelha. Logo depois coloquei meus sapatos sociais e fui esperar L na sala.

Como ele demorava muito, fui até o quarto dele e bati na porta. Entrei assim que obtive permissão. Ele estava lutando para colocar a gravata.

“Aah..Raito-kun..Eu não consigo!” – fez um biquinho frente ao espelho. Aproximei-me dele uni nossos corpos, deixando-o de costas e com uma postura reta, passei minhas mãos sobre o obro dele e fiz o nó da gravata, enquanto eu o fazia, ele me olhava o movimento de minhas mãos com uma curiosidade infantil...

Seu rosto quase sempre transmite inocência.. Uma inocência que espero que ele nunca perca.

“Pronto..”

“Obrigado” – levou o polegar ao lábio e pôs-se a admirar o ‘trabalho bem feito’.

Depois de algum tempo, saimos de casa e fomos pegar nossos pares, ambas as garotas sentaram cada uma ao meu lado e não deixaram de me elogiar. Era até divertido a briga de olhares que uma travava com a outra.Na frente estavam sentados Ryuuzaki e meu pai que ficaram calados a viagem toda.

Não demorou muito e saímos do carro, tomei Takada pelo braço e L fez o mesmo com Marie, estes seguiram na frente para dentro da festa, encontrar Mikami e Misa. Percebi que L estava sempre de cabeça baixa, encarava o tapete vermelho da festa. Por quê? Será que ele não estava feliz de estar aqui? Eu logo descobriria.

Sentamo-nos à mesa onde Mikami e Misa já nos aguardavam sorridentes, ambos muito bonitos e elegantes.. Assim que nos sentamos fizemos as apresentações e começamos a tomar o ponche que era servido.

Estávamos sentados na seguinte ordem: Eu estava entre L e Takada, Marie estava ao lado de L, Misa ao lado de Marie, Mikami ao lado de Misa e Takada ao lado de Mikami..A mesa redonda estava completa.

Logo, começaram a rolar músicas cativantes, no levantamos e fomos para a pista.. Todos nós.

POV L

Confesso que não sou bom em danças animadas e estava meio desengonçado.. Logo a garota parou de dançar e me olhou com desprezo.

“Olha aqui! Não me mata de vergonha!” - sussurrou apertando meu braço com força.. Apenas parei de dançar –“Eu não vim com você por sua causa então, não finja que somos um par!”

Abaixei minha cabeça e levei meu polegar aos lábios.

“Se eu soubesse que você era o ‘amigo’ do Raito..Aff..Eu pensei que fosse o Mikami!” – Okay..eu já havia ouvido demais.

“Vou pegar um ponche” – sai de perto dela e sentei-me num banco onde estavam os garotos sem par... Fiquei lá sentado da minha maneira e comendo os doces que passavam numa bandeja. Eu já sabia que ela havia aceitado por causa do Raito.. Eu não sou o tipo de garoto mais sociável do mundo..

Desabotoei minhas mangas e alarguei a gravata.. Apenas observei os felizardos que tinham um par dançando músicas animadas..

~

Ao fim da festa –já era de madrugada- muitos estavam indo embora.. Iriam viajar no dia seguinte..Era o início das férias.

Eu apenas fiquei observando Raito trocando de pares..Como alguém consegue ser tão popular? Como alguém consegue ser tão..atraente?

Com o polegar empurrei meu lábio inferior..Estava detestando aquele baile.. Mas não podia estragar a festa do Raito..Queria ir embora.. Mas o pai dele viria buscar a nós dois..

Marie já havia ido embora..Misa e Mikami também.. Aos poucos o salão esvaziou..A música lenta tornou-se baixa e muitos que estavam em dúvida decidiram ir embora.

Muitos dos meus companheiros de banco haviam se ido também.

~

Raito finalmente guiou a última garota até a porta de saída... Ele parece cansado.. Mas o sorriso em seu rosto é contagiante.. Não quero estragar sua alegria..

Ele se virou sorrindo, quando me viu..automaticamente parou de sorrir.. Ele parecia... Desconcertado..

Há muito tempo..eu havia deixado minhas pernas se apoiarem no chão e estava completamente encostado na parede..Improvisei um sorriso para o japonês que caminhava em minha direção..

Uma outra música baixa começava e eu..só queria ir pra casa.

É..realmente a festa havia acabado para todos..possivelmente essa seria a última música do repertório do DJ, que estava sentado com a visão encoberta pelos equipamentos..Apenas aguardava nossa saída para poder ir-se também.

Raito se aproximou de mim e me olhou como se dissesse: “Me desculpe”, em seguida sorriu.

“Pode me dar à honra..Desta dança?” - Estendeu-me a mão. Fiquei estático com sua ação.

Num sim mudo, estendi minha mão. Ele a pegou e me levantou.

Puxou-me pela cintura quase unindo nossos corpos, passei um dos braços por seu ombro.

“Raito..”

“Shh...Vamos ouvir a música..” – Só então me dei conta de que música estava passando.

I'll be coming home, wait for me.

(eu estou indo para casa, espera por mim.)

Estávamos um de frente para o outro, sorrindo um para o outro. Minha postura estava ereta, portanto ficava do mesmo tamanho que ele, meu nariz praticamente roçava no dele. Acho que..Ele está salvando minha noite. Dançamos lentamente aquela melodia conhecida.. De um lado para outro, apreciando um ao outro.

Whoa! My love, my darling,

(Whoa! Meu amor, minha querida)

Logo a mão que segurava a minha depositou-se em minha cintura e a minha foi para um de seus ombros.

I hunger, hunger!, for your love,

(Eu desejo, desejo! seu amor,)

Dançávamos lentamente.. O modo como ele me conduzia..Não imaginava que ele dançava tão bem..

For love. Lonely time.

(Por amor. Tanto tempo.)

Involuntariamente, começamos a nos aproximar e a melodia suave ouvida, só nos levava a irmos cada vez ao encontro um do outro...Adianta se eu tentar me afastar? Por que me afastar? Acho que vou gostar muito disso.

And time goes by, so slowly,

(E o tempo vai passando, tão lentamente)

Estávamos próximos podia sentir seu hálito cheirando a ponche e seu perfume suave.

And time can do so much,

( E o tempo pode fazer muito)

Perto demais.. Fecho os olhos..Sei o que virá em seguida..ou pelo menos meu subconsciente sabe.

Are you still mine?

(Você ainda é minha/meu?)

Senti aqueles lábios tocarem os meus.. A melodia sumiu.. A música desapareceu.. As lembranças ruins daquela noite se esvaíram e em tudo que eu pensava era tê-lo mais perto.

Passei uma das mãos por seus fios marrons.. Macios, suaves..Assim como aquele beijo. Sua língua pediu passagem, eu a concedi e deixei que explorasse minha boca enquanto eu tentava corresponder timidamente a seu beijo.

Já havíamos parado de dançar e ele abraçava-me pela cintura.

Nosso beijo terminou exatamente com a música, estávamos vermelhos e ofegantes..Confusos talvez, mas, eu me sentia muito feliz.

Ele colocou as duas mãos em meu rosto usando os polegares para acariciar-me com carinho e cuidado..Eu apenas sorri.Tenho certeza que iniciaríamos outro beijo se uma buzina não tivesse chamado nossa atenção para fora do baile.

Separamos-nos, Raito tomou minha mão e correu até o carro que havia buzinado. Sentamo-nos no banco de trás..Aposto que ele havia chamado o Sr. Yagami quando foi acompanhar a última de suas acompanhantes até a porta. Ficamos calados a viagem toda.

Por vezes o motorista tentava arranjar assunto fazendo algumas perguntas..Mas o assunto logo acabava. Às vezes, pegava-me olhando para Raito e só percebia isso quando ele correspondia ao olhar..

Eu não sabia e não sei o que está acontecendo comigo.. Acho que me apaixonei por ele..É besteira não é? Se apaixonar por alguém que sempre está ali para te animar..Pra secar as suas lágrimas..Pra te fazer rir.. É besteira..não é?

O que você acha disso...Panda?