Mercy escrita por Lys_Weasley


Capítulo 1
Mercy




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Mercy

"Eu estou implorando por misericórdia. Por que você não me liberta?"

18 de Março de 1998, 3h30

Ele está próximo. Próximo demais.

Ela sente sua respiração calma bater no seu rosto, sente suas mãos a puxando para si, mas ela não faz nada para impedir. Ela não quer impedir. Ela o vê se aproximar mais, e fecha os olhos. Ela sente os lábios dele nos seus, e então ela o beija.

Ele interrompe o beijo, e a olha, parecendo a ver pela primeira vez. Dá um passo para trás, balança a cabeça, e se vira indo embora.

- Draco... – ela o chama.

- Não, Granger. – ele a interrompe, e segue em frente.

3h31

Hermione senta num salto. Olha ao redor, certifica-se de que fora apenas um sonho, e respira fundo. Quando ele pararia de lhe atormentar? Mesmo estando tanto tempo sem vê-lo, ela continuava a pensar nele, continuava a sonhar com ele, continuava a se importar com ele.

Decididamente, ela não conseguiria adormecer de novo. Joga as cobertas de lado, e sai da cama. Harry está fazendo a vigia desta vez, ela senta ao lado dele.

- Oi. – diz.

- Sem sono? – ele pergunta, virando a cabeça para olhá-la.

- Hum, é. – mente, não retribuindo o olhar. – Pode entrar, Harry, eu fico no seu lugar.

Harry franzi o cenho.

- Tem certeza?

- Tenho, pode ir.

Ele dá de ombros, e se levanta, sumindo dentro da barraca.

Vendo-se sozinha, Hermione suspira. Esta não era a primeira, e não seria a última vez que ela iria sonhar com Draco Malfoy.

O seu maior erro. A única coisa que ela se arrependia de ter deixado acontecer, que sabia ser sua culpa. Mas como ela poderia resistir a algo muito maior, e mais forte, do que ela?

4h12

- Granger. – ele a chama certa noite na biblioteca.

- Malfoy? – pergunta incrédula. – Há que devo a honra da sua palavra?

Ser grosseira com ele sempre a ajudara a reprimir seus sentimentos.

- Eu poderia falar com você? – pergunta.

- Fale.

- Não aqui.

Ela franzi o cenho. Draco revira os olhos e fecha o livro que ela lê, pega-o, e segura seu punho. Leva-a consigo. Ele caminha até um canto inabitado da biblioteca, onde nem os estudantes enlouquecidos para os NOM's e NIEM's se infiltravam, e coloca o livro dela em uma estante qualquer.

- Olha, eu não falaria com você se não fosse realmente perturbador. – começa, sem olhá-la nos olhos.

Hermione fica calada, olhando-o desconfiada.

- Eu sei que é improvável, que você provavelmente vai rir de mim, mas... eu realmente não tenho nada contra você.

- O que quer dizer? – pergunta lentamente.

Ele fecha os olhos, e coloca as mãos na têmpora. Parece cansado.

- Malfoy...?

Ele balança a cabeça, negando, abre os olhos, e se aproxima.

Hermione sente sua respiração calma bater no seu rosto, sente suas mãos a puxando para si, mas ela não faz nada para impedir. Ela não quer impedir. Ela o vê se aproximar mais, e fecha os olhos.

4h43

Hermione suspira. Isso é quase um hábito, ultimamente.

9h13

- Bom dia. – deseja Ron.

- Bom dia. – responde, sorrindo.

'Sorria' repete para si mesma 'seus lábios não tem que demonstrar o que seu coração sente.'

21h19

- Harry... -

- Qual é, Hermione, por que você está tão determinada a não admitir isso? Vol...

- HARRY, NÃO!

- ...demort está procurando a Elder Wand.

- Esse nome é Tabu!

21h37

- Espere – fala Bellatrix. – Todos, menos a Mudblood.

- Não! – grita Ron. – Pode ficar comigo no lugar dela!

Bellatrix dá-lhe uma bofetada no rosto; a pancada ecoa pela sala. Greyback leva Harry e Ron para algum lugar. E ela olha para Draco que está a um canto, observando-a temeroso.

- Por favor. – Hermione murmura, numa última esperança.

- Eu vou ser extremamente clara, Mudblood: como vocês pegaram essa espada? – pergunta Bellatrix, apontado a varinha para Hermione.

O olhar da bruxa é insano, sem piedade.

- Nós achamos. – responde Hermione.

Lestrange ri, e berra: - Crucio.

Ela sente dor. Sente como se cada célula no seu corpo estivesse em pura agonia. Hermione ouve um berro terrível, e com pavor percebe ser seu.

Draco dá um passo, mecanicamente, e sua mãe o olha.

- Nada. – diz, e desvia o olhar.

21h50

- HERMIONE – o berro de Ron ecoa até onde ela está.

Mesmo ela tentando reprimi-las, lágrimas escorrem pelo seu rosto.

- MENTIRA!

- Por favor, NÃO...! – implora.

E a dor lhe domina de novo.

22h13

No final, Ron a salva.

Ele sempre acaba lhe salvando.

19 de Março de 1998, 00h58

Draco ouve o Lorde com a cabeça baixa; sabe o que está por vir, mas não se importa.

Desta vez ele merece receber toda a dor do mundo. Ele deveria sentir tudo duas vezes pior do que ela suportou.

- Remorso, Malfoy? – Voldemort pergunta, a voz fria com uma ponta de sarcasmo.

Ele nega com a cabeça, e protege os pensamentos.

Nunca minta para mim.

15h25

Hermione está sentada olhando para a janela. O sol está forte, e atinge-lhe nos olhos, mas ela não se importa. Ela não está realmente o vendo.

O olhar de Draco quando ela fora salva por Ron ainda está em sua mente.

E ela tem certeza.

Ele a ama.

21 de Abril de 1998, 7h40

- Avada Kedavra! – ele ouve sua tia Bellatrix berrar.

Olha para frente para ver de quem ela iria tirar a vida desta vez. Mas ele sabe. Não sabe como tem tanta certeza, mas antes de vê-la, apenas sabe.

- Eu te amo. – Hermione forma com os lábios silenciosamente antes de ser atingida e cair com um baque no chão frio.

Draco acorda num salto. Por que sempre sonha com a mesma coisa?

01 de Maio de 1998, 20h46

- É a Mudblood! Avada Kedavra! – Crabbe grita, e lança o feitiço contra Hermione.

E Draco vê, com alivio, que ela se desvia da maldição com facilidade, e esconde-se atrás de uma pilha torta de livros. Despercebido pelos outros, ele a segue.

- Hermione. – murmura.

Ela o olha.

- Me perdoa. – pede.

- Pelo o que? – ele pergunta, confuso.

- Não importa, apenas me perdoe.

02 de Maio de 1998, 5h23

Ele está sob um feitiço de desilusão e move-se até onde Hermione duela bravamente juntamente com outras duas contra sua tia.

Ele move-se o mais rápido que pode, pois sabe o que vai acontecer.

- Avada Kedavra! – ele ouve sua tia Bellatrix berrar.

Olha para frente para ver de quem ela irá acertar. Mas ele sabe.

Hermione caí com um baque no chão frio, sem vida.

19 de Setembro de 2011, 9h00

Draco olha para a lápide branca e cercada de flores deixada por seus amigos e por seus pais, cujos Harry havia desfeito o feitiço de memória e trazidos de volta a Londres poucos dias depois do fim da guerra. Eles haviam decidido enterrá-la em um cemitério bruxo, já que era o mundo onde Hermione mais gostava de estar. Mas Draco jamais esqueceria como foi ver todos consolando o Weasley no dia do enterro.

Como se ele fosse a única pessoa que sofria.

E exatamente como fizera naquele dia, ele deposita uma rosa branca no chão e lê os dizeres:

Hermione Jane Granger, nascida 19 de Setembro de 1980, falecida 2 de Maio de 1998.

- Eu amo você, Hermione, e me perdoe por nunca ter dito isso a você quando pude.

E assim ele vira de costas e anda de volta para a entrada do cemitério.


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