A Bruxa De Liveway. escrita por belle_epoque


Capítulo 4
Capítulo 4 - Primeiro dia. Bem vinda, novata.


Notas iniciais do capítulo

OIII
Lamento não ter postado nesta sexta - meu boletim saiu esta semana e eu tirei a semana para profunda meditação xD
Fiquem de recuperação em matemática, física e química - mas quem nunca ficou em recuperação nessas matérias.
...
Sabem o que é um boletim quase exemplar?
Um boletim onde se tira:
10 Em língua estrangeira
10 Em língua portuguesa (alguém está surpresa?)
09 Em literatura (Sem novidade hein?)
09 Em geografia
10 Em Filosofia
10 Em história
10 Em Redação (A professora me ama)
10 Em biologia (como vocês devem ter percebido, eu sei das coisas hehehehehe)
10 Em artes plásticas
xD
Estou feliz da vida.
...
Agradeço aos reviews de:
>BonBonBon
>LuLerman
>Lilith
...
Beijos,
EUQOPÉ-ELLE3



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Capítulo Quatro – Primeiro Dia, bem vinda novata.

A escola passou lentamente. E eu ainda ia perguntar para as pessoas o que eles quiseram dizer com aquele lance de só acontecer besteira quando Roman se atira para cima de uma mulher. Bem, com tantas que ele já deve ter flertado, uma ou outra deve ter dado besteira. Mas todas? Será que era um exagero?

- O.K. Que lance foi esse de sempre dar besteira quando você dá em cima de alguém? – perguntei para Roman enquanto íamos para a aula de Geometria, a última aula do dia.

- Bem, digamos que nem sempre eu as devolvo... inteiras – ele diz rindo. – Quer dizer, eu também só me envolvo com as mais malucas dessa cidade. Prometo que com você vai ser diferente, amor – ele disse dando uma piscadela. Eu recuei. – Calma, é só brincadeira. Já disse que você tem o meu respeito. Sabe, existem mulheres para se brincar e mulheres para se namorar a sério.  Você é aquela que tem que se namorar a sério.

Parei chateada.

- E como é que você sabe disso? – perguntei. – Eu poderia ser uma vadia que fica se oferecendo para todo mundo.

- Você não tem esse perfil – ele respondeu.

- E como você faz para diferenciar os “perfis”? – perguntei fazendo aspas no ar.

- Bem, vou te ensinar – ele respondeu. – Muitas vezes, aquelas mulheres que se é para brincar, elas se jogam em cima de você na maior cara dura, com frases em duplos sentidos e chamando logo para dar uma volta no banheiro. Já as mulheres para se namorar, flertam, mais são bem mais discretas, não querendo parecer oferecidas, mas também querendo demonstrar o seu interesse.

- Tudo bem, e eu me encaixo em “mulher para namorar” por que...? – eu instiguei.

Ele sorriu e segurou o meu queixo.

- Porque você é meiga, doce e tímida – ele respondeu caindo na gargalhada. – Parece ser o tipo de garota que só vai perder a virgindade com o amor da sua vida. Não ficaria se surpreso se você ainda fosse. Mesmo que o número de garotas que perdem a virgindade cedo seja bem mais alto em cidades grandes.

Eu bufei.

- Eu já namorei. Talvez eu tenha perdido a minha virgindade com David – eu retruquei corando até o último fio de meus cabelos.

Ele parou de andar e eu parei um pouco à frente.

- Poupe-me de sua vida sexual – ele me imitou e gargalhou. – Você sabia que é a primeira vez que eu estou discutindo a virgindade de uma garota na frente dela?! – ele passou por mim. – Você é absurda Anabelle – ele disse bagunçando os meus cabelos.

- Absurdo é você, Sr. Langerark – respondi dando-lhe língua como uma criança de cinco anos.

- Que língua gostosa – ele me provocou.

- Como você sabe? Já provou? – retruquei.

Ele riu e entramos na aula de Geometria, uns dois minutos atrasados, pois o professor ainda limpava o quadro negro. Todo mundo olhou para nós dois. Os comentários a meu respeito não eram nenhum pouco bonitos. Estavam dizendo que eu era a nova aventura de Roman Langerark, pois, agora, trabalharíamos juntos, íamos às aulas juntos – e geralmente chegávamos atrasados – e passávamos bons tempos juntos.

O que eu poderia dizer se Roman era um cara legal? Mas ainda não sentia meu coração bater mais forte quando ele sorria, como era com David, ainda não corava quando ele dizia que queria dormir comigo ou experimentar a minha língua. Poderia ser divertido eu me aventurar sem compromisso.

Se existiam mulheres para se namorar e mulher para se brincar. Roman era um homem para se brincar, certo? Eu acho tão chato quando dizem isso de mulheres, e não dizem nada dos homens... Será que ele era um cafajeste? Bem, infelizmente, eu não era capaz de ficar dizendo “sim” para um homem só porque ele era legal e bonito.

Realmente, eu sou uma romântica incorrigível.

Enfim fomos liberados às três horas e meia da tarde e eu neguei a carona que Roman me ofereceu para casa, em compensação, ele forçou tanto me buscar para o trabalho que eu acabei aceitando. Ele só faltou gritar “Yup!” que nem uma criança, mas se limitou a me dar um beijo de despedida e dirigiu feito um louco pela estrada. Tudo bem, pois eram poucas as pessoas que moravam naquela cidadezinha, acho que não corriam tantos riscos assim.

Fui para casa e meu pai não estava lá, já havia conseguido o emprego e enfim estava trabalhando a sério. Sim, ficar em casa apenas compondo músicas não é considerado um emprego propriamente dito, uma vez que ele apenas ganhe por direito autorais.

Tomei banho e fiz o dever de casa.

Quando deu quinze para as cinco, saí do meu quarto. Eu estava pegando um lanchinho na geladeira quando ouvi as risadas vindas da sala. Uma voz era feminina a outra era a clara voz do meu pai. Que estranho, meu pai... está na sala... se divertindo muito com uma... mulher.

Era difícil de pensar até nessa frase.

Espiei pelo arco da cozinha\sala de jantar.

Ele estava com uma mulher esbelta, de longos cabelos castanhos ondulados, pele corada, sorriso gentil e olhos verdes. Estava em pé, observando um dos quadros que a minha mãe havia feito, ao lado de um dos meus, usava um casaco vermelho e uma saia longa rósea.

- Esse também é muito lindo – ela dizia para o meu pai, que se encontrava sentado em uma cadeira.

- Foi feito pela minha falecida mulher – meu pai respondeu bebendo um gole de seu uísque.

Bem, ele sempre dizia que o uísque é o cachorro engarrafado. Dizia que um poeta brasileiro havia citado isso.

- Você e Jane eram tão felizes – ela comentou, parecendo realmente triste, então seu olhar recaiu sobre mim. – Oh!

Ela quase caiu para trás a me ver.

- Anabelle! – meu pai disse como se estivesse me repreendendo. – Você a assustou.

- Oh, desculpe. Devo usar um sininho no meu pescoço para vocês saberem quando eu estou por perto? – perguntei com ironia.

- Meu Deus, você é a cara da Jane Marie! – ela exclamou sem ar.

- Obrigada, eu acho – agradeci corando levemente. Adorava ser comparada à minha mãe, pois ela era a mulher ideal para mim. – Sou Anabelle Malback – apresentei-me estendendo a mão.

- Oh, sou Meredith Nightray - apresentou-se apertando minha mão. – Sou amiga de infância do Henry.

Olhei discretamente para o meu pai.

- Aparentemente, ele tem muitas amigas por aqui – resmunguei enquanto Meredith me olhava confusa. – Conheci a Senhora Evelyn – expliquei.

- Oh – ela disse esclarecida.

Ouvi uma buzina do lado de fora. Deveria ser Roman.

- Bem, eu tenho que ir. Legal te conhecer Meredith – eu disse passando por meu pai.

Ele me lançou um olhar cheio de ciúmes paternos, mas nada disse. Talvez para não me aborrecer. Meredith... Humpf. Amiga de infância... Ela deveria mais é ter sido um caso qualquer dele. E ele teve muitos “casos quaisquer”, acho que era mais para esquecer a minha mãe.

Saí de casa e entrei no carro de Roman.

- O que a senhorita Nightray está fazendo na sua sala? – ele perguntou com curiosidade.

- Eu não disse?! Essa porta não dá privacidade nenhuma! – reclamei e suspirei. - Ela é amiga de infância do meu pai – respondi com óbvia dúvida. – Você a conhece?

- Todo mundo conhece todo mundo nessa cidade – respondeu com um meio sorriso. – Ela é professora na nossa escola, mas dá aula apenas para as crianças do primário.

- Oh – murmurei enquanto ele dava partida no carro. – Isso explica o porquê esse jeito de “doce-moça” que ela tem.

- Jeito de “doce-moça”? – ele caiu em gargalhadas. – E que jeito seria esse?

- O jeito de quem seria capaz de fazer qualquer coisa só para ver uma criança com um sorrisinho feliz – respondi. – Mudando absurdamente de assunto, o seu carro tem cheiro de carro novo.

- Que bom que você percebeu – ele murmurou rindo. – Meu pai me deu ele durante as férias, quando voltou da Itália.

- Seu pai viaja muito? – perguntei.

- Bastante – ele respondeu. – Eu nunca entendi muito bem com o que ele trabalha, só sei que ele passa dois meses viajando e um mês comigo. Seria solitário se eu não tivesse muitos amigos para convidar para as minhas festas. Você vai não vai?

- Acho que vou – murmurei.

- Yup! – ele exclamou estacionando o carro enfrente do cemitério. – Ah, me lembrei. Fica esperta. Aquele Alexander Van sei-lá-das-quantas não é flor que se cheire, principalmente para as garotas. Se Alice mostrar o mínimo de interesse por você, ele vai querer te matar... Ele é ciumento.

- Então ele é namorado dela?

- Não. Ele é mais como um... Irmão. Mas gosta de atrair a atenção dela – ele explicou. – Vamos lá.

Ele abriu a sua porta e eu suspirei e saí de seu carro.

O céu já estava em um profundo tom depressivo e pesado de roxo quando entramos no cemitério, que estava absurdamente silencioso. Ele, o céu, refletia na lagoa central do lugar e dava uma calma sensação. A estátua de um anjo vingador, que percebi ser Miguel chutando Lúcifer para o inferno, se encontrava na ponta de um obelisco, ao centro da irregular lagoa e a voz baixa de Roman foi o suficiente para me fazer pular de medo.

- Bonito não?

- Ér... é uma questão de gosto – respondi dando de ombros.

- Vem comigo, acho que Alexander ainda não está por aqui – ele disse segurando a minha mão e me guiando por entre um labirinto de túmulos e lápides.

Uma misteriosa névoa acabou cobrindo o lugar, mas, desde que eu tivesse o aperto caloroso da mão de Roman sobre a minha, o medo não estava residente em meu coração. A maior besteira que fiz foi ter soltado da mão dele ao ver um objeto brilhante no chão de terra.

Eu sou uma mulher! Brilho me atrai!

Era um anel, talvez alguém o houvesse perdido. O aro era fino e delicado, porém, uma enorme pedra roxa, uma ametista, reluzia ali presa. Ele chamou a minha atenção de uma forma alucinante. Eu me encontrava maravilhada pelo anel e estava doida para colocá-lo em meu dedo. Mas ele não era meu.

Coloque isso no lugar, Anabelle. Não é seu”, minha consciência mandou.

Vou dar à senhorita Alice Franklin, ela saberá o que fazer”, respondi.

Voltei-me para onde Roman havia ido, mas nem ao menos vi a sua silhueta ali. Andei mais um pouco, porém, eu havia me perdido dele.

Alguma coisa me empurrou e eu caí em um buraco cavado na terra, o grito que eu soltei foi estridente e ecoou pelo tenebroso lugar. Meu tornozelo doeu muito, acho que o torci na queda. Mas quando olhei para cima, apenas via Alexander sorrindo malignamente para mim.

- Oh, era você – ele comentou como quem não está com remorso por ter me jogado em um buraco. – Você veio para o seu primeiro dia? Bem vinda, novata.

- Eu adoraria retrucar essa sua gracinha do jeito que você merece, mas você, primeiro, pode me ajudar a sair daqui? Acho que torci meu tornozelo... – pedi, mas minha voz não passou de um choramingo doloroso.

A resposta estava na ponta da sua língua, isso eu vi.

- Alexander! Você já começou?! – a voz feminina brigava com ele.

Alice ficou ao lado dele e me estendeu a sua mão para que eu ficasse de pé.

- Desculpe, esse garoto sempre foi muito mimado – ela reclamou olhando para ele. – Me ajude Alex!

Ele relutou, mas segurou a minha outra mão e me puxou para fora como se não fosse a coisa mais pesada do mundo, o que eu de fato não era. Eu não pisei com o meu tornozelo machucado, se não, doeria mais do que já estava doendo.

- Oh, a cadelinha machucou a patinha – ele disse com ironia.

- Alex, você está terrível hoje – Alice implicou. – Não ligue para ele querida, é tempo de mais sozinho. Venha comigo, vou dar um jeito rápido no seu tornozelo.

Ela me apoiou em seu ombro e me levou até aquela estrutura que tinha aquela igreja.

- Vai trabalhar, vai Alexander – ela o dispensou enquanto me levava para a outra porta que não era a da igreja.

Ele bufou, contrariado, e saiu de lá.

Lá dentro da outra porta era um pouco empoeirado e nem tinha janela. Havia uma escrivaninha abarrotada de cadernos, papéis e canetas, piso e paredes formados por pedras irregulares, onde também tinha só mais um lustre no teto e uma cama coberta com um lençol branco.

Por mais velho que parecesse, era tudo inquestionavelmente limpo e organizado, com exceção da escrivaninha. Alice me sentou na cama e puxou uma maleta debaixo desta. Deveria ser uma maleta de primeiro socorros, mas não parecia. Era velha, de couro e, ao abri-la, vi muitas coisas estranhas. Vários recipientes que não eram transparentes aguçaram a minha curiosidade.

- Peço que me desculpe por Alexander, ele é muito ciumento quando se trata de mim. Mas se isso faz você se sentir melhor, com Roman foi pior. Ele partiu para cima dele – ela comentou se desculpando.

- E por que disso? – perguntei.

- Acho que é porque eu o “adotei” – ela respondeu. – Sabe, toda a família dele foi morta por alguém muito malvado e ele havia ficado com medo de ficar sozinho. Como eu o adotei, ele ficou com essa possessão doentia por mim.

- Eu acho mais é que ele gosta de você – eu respondi.

- Não. Ele não gosta de mim – ela sorriu. – Disso tenho certeza.

Ela pegou um vidro que dentro continha uma pomada meio ardente e passou no meu tornozelo, que já se encontrava um tanto inchado. E o massageou, doeu muito, mas engoli meus choros ou gritos.

- Fico feliz por você ter vindo hoje. Eu estava certa de que você não viria – ela comentou parecendo verdadeiramente feliz. – Sabe, algumas pessoas tem medo do cemitério e tratam tanto à mim e à Alexander como se fossemos monstros ou aberrações. Isso mostra que você tem uma enorme força de espírito e coragem.

- Antes vir para cá do que atrapalhar o lance do meu pai com a senhorita Meredith Nightray – eu comentei fazendo falsa cara de nojo.

- E a sua mãe? – ela perguntou com curiosidade enquanto envolvia algumas bandagens em meu tornozelo. – Se divorciaram?

- Não. Ela morreu um pouco depois de eu nascer – respondi. Eu disse à mim mesma que era loucura, no entanto, quando o eu o disse, suas mãos pareceram vacilar em meu tornozelo – Meu pai dizia que ela sempre tivera uma saúde frágil...

- Oh, sinto muito – ela pediu olhando para mim com seus olhos cristalinos. – E ela tinha algum... Livro estranho com ela?

Perguntei-me qual seria o fundamento dessa pergunta.

- Não sei. Por quê? – perguntei.

- Nada, só curiosidade – ela respondeu.

Suspeitei de sua resposta. Porque “nada” é a pior resposta que se pode dar a uma pergunta cheia de curiosidade. Porque “nada” pode significar alguma coisa.

- Acabei – ela disse se levantando. – Você não torceu não, só deu um mau jeito.

Eu me levantei e já não doía mais nada.

- Nossa! Você tem que me dar a receita dessa pomada – eu disse maravilhada enquanto colocava o meu tênis.

- Você tem tanto o que aprender comigo – ela suspirou pondo a mão no meu ombro com um suspiro de orgulho. – Anda, agora você pode ir trabalhar. Se Alexander mexer com você, é só me falar que eu vou dar uns cascudos naquele rapaz. Posso ser dez anos mais velha, mas ainda tenho alguma autoridade.

- Obrigada, senhorita Franklin – agradeci enquanto ela abria a porta.

- De nada, querida – ela disse saindo do quarto comigo.

- Anabelle! Onde você havia se metido?! – Roman perguntou preocupado. – Você simplesmente soltou a minha mão e sumiu! Depois encontrei o Alexander falando alguma coisa como “não foi dessa vez”...

- Está tudo bem Roman – eu disse com um suspiro. – Desculpe ter me separado de você é que eu encontrei uma coisa jogada no chão e quando eu olhei envolta você já tinha sumido.

Tirei do bolso da minha calça o anel de ametista e entreguei à Alice.

- Encontrei isto jogado no chão. É da senhorita? – perguntei.

­

Vi pelo rabo do olho que Roman arregalou seus olhos azuis escuros e se afastou como se eu estivesse segurando a sua Kriptonita.

- É. Obrigada querida – ela disse pegando-o de mim e me dando um sorriso estranho. – Agora que você está em boas mãos, Roman vai te mostrar todas as plantas que temos por aqui, eu vou para a minha sala. Fique de olho nela e no Alexander, Roman. Você pode ser o mais infantil, mas é o menos perigoso. Quer dizer, menos “naqueles dias”.

Ela se despediu e foi para aquela antiga igreja.

Olhei para Roman.

- “Naqueles Dias”? – perguntei curiosa. – Quer dizer que você é mulher, Roman?

Ele levou a mão ao peito com uma pose ofendida.

- Não duvide de minha masculinidade. Posso lhe mostrar o contrário – ele ameaçou. – Anda, vamos lá.

Ele segurou a minha mão e me mostrou todo o cemitério, que percebi ser enorme, de cabo a rabo. No caminho ele me explicava algumas coisas. Pensei que o cemitério seria como a Disneylândia, não daria para ver tudo em um só dia, mas acabou dando. Eu pensei que o cemitério acabava naquela construção gótica, mas percebi que não. Atrás daquele lugar ainda tinha mais lápides e muito mais terreno.

Ter vindo de tênis certamente era a coisa mais inteligente que eu já havia feito.

Eu conheci as plantas Twikky que a senhorita Franklin comentou. Eram parecidas com rosas, cheias de pétalas entrelaçadas, e coloridas com as cores do arco-íris.

- Nossa, que lindas! – exclamei com os olhos brilhando.

- É. Só não as arranque. A Srta. Franklin não gosta que roubem suas adoradas plantas... Sabia que essas flores representam a esperança? Alice disse que é muito bom dá-las a quem está internado em estado grave. A lenda diz que, milagrosamente, a pessoa se cura – Roman contou com seu sorriso característico.

Quando ele me mostrou tudo, eu me arrependi de ter aceitado aquele emprego. Depois de pensar em quantas plantas eu teria que cuidar, eu fiquei até com preguiça. Mas isso não me impediu de começar a trabalhar.

Roman era realmente muito preguiçoso, não me ajudou a cuidar de nada. O máximo que ele fazia era regar uma macieira, enquanto pegava uma maçã madura e comia. Mas arrancar ervas daninhas ou algo do tipo... nunca.

- Você bem que poderia me ajudar – eu reclamei a ele.

Ele se encontrava sentado em cima de um túmulo de mármore enquanto comia uma maçã e via o meu trabalho duro.

- O emprego de jardineira é seu – ele respondeu.

Eu suspirei.

- Chame o Alexander, ele adora fazer isso – ele comentou. – Talvez seja por isso que ele não vá com a sua cara. Você roubou a melhor parte do serviço dele... Não que ele não goste de cavar. Ele até cuidaria de limpar os cadáveres por Alice. Com direito a polir os ossos.

Fiz uma careta.

- Então deixa para lá – eu pedi. – Acho que pessoas como Alexander, é melhor deixar quieto.

- Sábia decisão – Roman concordou.


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