Chances Ao Meu Novo Mundo escrita por Hawtrey


Capítulo 8
Minha filha...sua filha, nossa filha.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pelo atraso pessoal! Mesmo! Perdoem!
Espero que gostem e comentem!
O proximo será postado no maximo na semana que vem! Ja estou na metade!



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NARRADOR ON

Layse correu o mais rápido que podia com o folego que ainda tinha. Esqueça a Floresta Proibida, disse ela. No ultimo instante mudou o seu caminho. Por um milagre conseguira correr até os portões dos terrenos da escola, que abriram magicamente quando se aproximou. Ela sorriu...Dumbledore estava ajudando.

― Layse! ― era Hermione gritando.

Como ela conseguiu ser tão rápida?

Layse se aproximou e seguiu para Hogsmead. O vilarejo estava vazio, então ninguém percebeu uma aluna correndo desesperada pelas vielas a procura de um único beco. Ela escutou mais vozes se aproximando e se apressou. Ninguém podia vê-la.

Repentinamente a garota sentiu alguém puxa-la, reconheceu um puxão em seu estomago e com um banque surdo, caiu sobre chão.

Mas quando abriu os olhos não foi o céu que viu, quando olhou para os lados, não eram as paredes gastas e antigas do vilarejo que estavam lá. No lugar havia um teto detalhado e antigo, as paredes estavam em um azul claro, alguns quadros espalhados por ela mostravam retratos estranhamente familiares...

― Belatriz?

― Finalmente! ― ela exaltou enquanto se aproximava para ajuda-la a levantar ― Pensei que tivesse desistido.

― Desistir? Tudo o que faltava era fôlego ― respondeu a garota enquanto se arrumava melhor.

Ela olhou em volta analisando melhor o lugar. Uma Mansão elegante, porem discreta, quase rustica. Cada detalhe carregava uma delicadeza inesperada, no corrimão da escada uma cobra serpenteava petrificada, entalhada ao redor da madeira branca.

― Seja bem-vinda a minha casa ― a mulher saudou, rindo.

Layse se virou e logo na primeira parede viu a arvore genealógica dos Black, com uma pequena diferença...

― Você foi casada com Snape? ― questionou assustada.

― Eu sou casada com o Snape ― Belatriz corrigiu mostrando a nítida aliança dourada em seu anelar esquerdo.

A garota arfou. Com a presença dessa pequena peça ela percebeu que, mesmo sem muitos esforços, mudara mais que o combinado. Fitou novamente a arvore, ligada a Belatriz estava Snape e aos dois estava ela e Lyane, e somente a Belatriz estava Ana.

― Mas... você é uma Lestrange. Casada com Rodolfo Lestrange ― insistiu Layse, confusa.

― Isso é só um disfarce do Lord das Trevas... ― a mulher respondeu enquanto se afastava da parede ― Ele queria a todo custo esconder a existência de vocês. Então dizer que sou casada com o Snape já é chamar atenção demais...

Infelizmente Voldemort tinha razão, pensou Layse, se por acaso esse casamento viesse a publico, mais de uma investigação seria feita a procura de mais verdades. É sempre assim, você solta uma bomba e há sempre um grupo esperando por outras. Alguém acabaria descobrindo sobre elas e em pouco tempo se espalharia.

― Essa é antiga Mansão Snape... ― Belatriz começou indo até o cômodo ao lado e se sentando na poltrona, parecendo fitar o vazio. Layse a seguiu, curiosa, e esperou que ela continuasse, e foi o que ela fez ― Foi aqui que eu e Snape moramos durante os dois anos que cuidamos de vocês, e é aqui que eu venho quando quero sentir paz novamente.

A Comensal soltou um leve sorriso e continuou:

― Sempre fui conhecida como uma assassina, a mulher fria que adora torturar, a terrível Comensal que enlouqueceu os Longbotton, a antipática mulher que faz tudo pelo seu Lord, a prima de Sirius Black... e essa fama só aumentou durante os longos anos até hoje. Raras pessoas decidem me defender e dizem que eu tenho um bom motivo para ser como sou ― ela soltou uma risada de escarnio ― Devo negar. Sinceramente, não tenho bons motivos. Sou assim por uma escolha e estava decidida a ser assim até o meu ultimo minuto de vida ― ela soltou os cabelos e começou a penteá-los levemente ― Mas isso foi até Ana nascer.

― Uma criança mudou o seu ponto de vista do mundo? ― questionou Layse só para ter certeza.

― Não foi uma criança qualquer, foi minha filha ― corrigiu Belatriz divertida ― Durante toda a minha vida até aquele momento, eu jamais havia pensado que eu seria capaz de gerar uma criança. Nunca. Mas quando Ana nasceu... foi como uma injeção, uma fagulha que faltava para que eu acordasse para vida. No entanto, ela é uma Lestrange que nasceu no meio de Comensais da Morte e diante do poder do Lord das Trevas ― havia amargura em sua voz ― Eu não podia ficar com ela, pois se ela ficasse só tinha dois destinos: a morte ou ao lado dele.

― Então você a entregou aos Ryans... ― deduziu Lyane, lembrando dos pais adotivos de Ana.

― Claro, eu não tive escolha e me vi no fundo do poço ao fazer isso ― continuou ela agora com os cabelos mais organizados ― Foi então que Snape me ajudou, foi então... que nos tornamos grandes amigos.

Layse arqueou uma sobrancelha.

― Amigos?

― Sim, amigos.

Mas o brilho que a garota via no olhar da novata mãe não era por um “amigo”.

― Vocês são casados.

― Snape viu que eu precisava de ajuda. Foi um bom amigo. Vocês duas... ― ela riu divertida com a lembrança que não saia de sua mente ― Vocês não foram programadas, não estava em nossos planos que eu engravidasse...

― De gêmeas ― completou Layse.

― É... ― confirmou Belatriz nervosa ― Então Snape teve a ideia de inventar uma missão bem distante do Lord, e foi convincente ao dizer que era importante e que eu precisava ir junto. Conseguiu por ser melhor em Oclumência.

― E Voldemort não achou estranho ele querer tanto a sua companhia?

― Não, já que no outro dia estávamos casados.

Layse riu com a noticia. Tudo podia se esperar de Belatriz e Snape, menos isso.

― Nada foi irresponsável ou inconsequente. Tudo foi pensado. O plano era encontrar uma família para vocês logo que nascessem, mas quando vi os olhos negros de cada uma... você tão parecida com ele e Lyane tão parecida comigo. Só assim percebi, de verdade.

― Percebeu o que?

Belatriz se levantou e foi até uma mesinha próxima, pegou um retrato e mostrou à Layse:

― Que sou mãe. Eu podia amar de verdade, era só eu querer. Era só eu escolher amar.

― O que está dizendo Alvo? Não posso deixa-la nas mãos daquela mulher! ― replicou Snape furioso, com Dumbledore em seu encalço.

― Vamos Severo... sabe muito bem que Belatriz não faria nada para machucar a própria filha.

― Como não? Ela abandonou as filhas ― insistiu Snape seguindo o caminho do corredor.

― Você também abandonou ― interviu Dumbledore severamente ― Poderia ter feito mais para impedir e não o fez.

Snape fitou o diretor novamente, dessa vez pensativo no que iria fazer. O que poderia fazer? O que deveria fazer?

― Severo... ― chamou Dumbledore, serenamente, parando em frente ao professor ― Está na hora de começar a ver as coisas de um outro modo. Seguir um outro caminho. Ambos sabemos que é impossível simplesmente mudar tudo por todos, mas não é isso que estou pedindo. Estou pedindo para mudar o que pode por suas filhas, pelas três. Sim, porque Ana é sua filha de qualquer modo, você era o pai presente naquele momento ― explicou o diretor quando Snape arqueou uma sobrancelha ― Só me questiono se não está na hora de você ser um pai presente novamente... porque não começa a questionar isso também?

Ser um pai melhor... ele conseguiria? Tentaria ao menos?

Eram suas filhas, as únicas que poderiam ama-lo. Mas ele queria ser amado?

Amor.

Snape arregalou os olhos, com um lapso, agora sabia onde Layse estava.

Belatriz se sobressaltou com um inesperado banque surdo na porta. Alguém estava batendo na porta, batendo não, tentando derrubá-la com murros. Fitou Layse a sua frente com os olhos arregalados, a outra respirava com dificuldade devido ao susto. Mas Belatriz estava temerosa, somente mais duas pessoas sabiam a existência daquela casa, e a mulher sabia que não era Alvo Dumbledore tentando entrar daquela forma...

― Snape ― concluiu levantando-se no mesmo instante.

Esperava aquela visita, mas não queria que ter uma discussão e sim uma conversa civilizada. Quanta ironia!

― Rápido, esconda-se em algum lugar ― pediu já arrastando Layse para dentro de um armário mais distante ― Não quero que ele saiba que esta aqui, por enquanto.

Layse não questionou e se recolheu para o armário que a mulher indicara. Apenas encostou a porta de forma que uma pequena e discreta brecha sobrasse, queria ouvir e ver aquela conversa se possível.

Belatriz respirou fundo e deixou sua expressão impassível aparecer antes de abrir de a porta.

― Olá Severo... não lhe esperava tão cedo.

Snape a afastou e entrou sem cordialidades. Belatriz se fingiu de ofendida e fechou a porta, continuando sarcasticamente:

― Nossa, parece irritado. Foi algo que eu fiz Snape?

O Mestre em Poções virou-se furioso para a mulher e bufou ao ver o sorriso irônico em seus lábios.

― Onde está minha filha?

Sua filha? Acho que você esqueceu que dois são necessários para uma criança nascer, no caso a outra pessoa foi eu ― cortou Belatriz se aproximando perigosamente de Snape ― Então me deixe corrigi-lo: nossa filha.

― Por que quer tanto lembrar que ela é sua filha também? ― desconfiou Snape sem se afastar dela ― Até duas horas atrás você não dava a mínima para nenhuma das três...

― Quero apenas me redimir... é um ato natural ― respondeu Belatriz suavemente.

― Redimir? Então de uma hora para outra que dar uma de mãe perfeita? ― questionou Snape desacreditando.

Belatriz recuou um passo ao ver um brilho estranho nos olhos negros de Snape.

― Eu só quero fazer da maneira certa Severo...

― Maneira certa ― repetiu Snape entredentes ― E como fará isso Belatriz? ― ele se aproximou novamente fazendo-a recuar ate encostar na parede. Ela não sabia porque estava se deixando assustar pela fúria dele ― Durante anos eu corri atrás de você em busca delas e tudo o que demonstrava era frieza. E hoje chega em Hogwarts e me acusa na frente de todos quando na verdade você errou mais.

― O que eu fiz foi para protege-las ― reforçou Belatriz tentando se recuperar, ergueu os olhos de maneira desafiadora ― Você jamais cuidaria delas. O que esperava que eu fizesse? Corresse até você, feliz em dizer o local exato onde elas estavam? Faça-me o favor Severo Snape! Nós dois sabemos que isto estava fora de cogitação! Eu fiz o que fiz por elas, sabendo que não seriamos os pais mais legais do mundo.

― E olha nas mãos de quem você jogou as duas! ― respondeu o homem sem se deixar abater pela verdade ― Nicolas e Sarah Prince são os trouxas mais brutais, mesquinhos, arrogantes e estúpidos que já vi em toda a minha vida. E você ainda diz que escolheu a melhor opção...

― E escolhi! ― rebateu a Comensal irritada ― Era isso ou o Lord das Trevas. Eu não tive escolha.

― Você sempre encontrou outra saída... por que não conseguiu daquela vez?

Snape reparou que estava mais próximo de Belatriz do que de costume, mas tentou não ligar para isso no momento. Fitou-a por um breve momento, apenas reparando em como ela estava diferente daquela mulher que todos conheciam, a Comensal da Morte, ambos ali faziam o papel de espião, o papel duplo mais desgastante que poderiam carregar, no entanto, Belatriz era a única ali que conseguia sair do vinagre para o vinho. Quando ela queria, quando queria, podia ser a melhor pessoa... amiga, companheira, amante e agora mãe. Mas Snape ainda estava desconfiado. Confiava nela, mas não confiava no autocontrole dela, simplesmente porque ele era quase inexistente.

― Eu só queria protege-las Severo...apenas isso ― declarou Belatriz com a voz marcada pelo pesar ― Eu não tive a intenção de coloca-las nas mãos...dele. E ainda não tenho.

Com essa ultima declaração, Snape percebeu que ela não sabia que Layse se tornara Comensal da Morte. Seria esta a hora de contar?

― Por que não gosta dela? ― questionou a mulher se virando para ele novamente ― Por que não gosta de Layse?

Talvez não...

― Eu nunca disse que não gosto dela ― respondeu ele sincero.

― E precisa?

― Você tem que entender que não posso me aproximar dela, ela é diferente das outras...

― E é da Grifinória ― instigou ela fazendo-o revirar os olhos.

― Sabe que não é isso ― Severo se apressou em responder. Mas lembrou-se que não deveria se importar ― Não quero me aproximar. Não devo. Ela é impertinente, rebelde, ignora todas as regras, fria demais para uma grifinória, sentimental demais para ser ignorada. É uma garota extremamente complicada.

― Exatamente como você Severo... ― a mulher afirmou com um sorriso malicioso.

O Mestre em Poções reparara o quanto ela estava diferente, o quanto estava parecida com a mulher que vivera com ele por anos. Havia um brilho diferente em seus olhos, até seu sorriso, mesmo malicioso, não demonstrava frieza ou qualquer rastro sombrio.

Só então percebeu que aquela não era Belatriz Lestrange, a temida Comensal. Aquela era Belatriz Snape, a mãe de suas filhas e sua amiga.

A mulher percebeu que a expressão de Snape mudara, a mascara de frieza parecia ter sumido. Depois de tantos anos ela se deu ao luxo de abraça-lo carinhosamente, uma baraço que ele retribuiu sem hesitar.

Ele respirou fundo buscando uma paz interna que quase se extinguira, aproveitou o momento, porque ali estava a única pessoa que o entendia perfeitamente. Snape se aproximou do ouvido dela e sussurrou de forma cansada:

― Eu não quero perder nenhuma de vocês... elas já ficaram muito tempo longe.

Belatriz apenas o suficiente para encara-lo melhor, pensando se devia ou não beija-lo, como nos velhos depois. Mas decidira que depois de tanto anos, uma abraço já era demais para um único dia.

― Afastar Layse só vai magoa-la ainda mais. Nem ela e nem você quer isso... e mesmo que você quisesse muito, não conseguiria. Layse não acredita no seu ódio. Ela não desistirá de você.

― Eu sei disso ― Snape afirmou se afastando totalmente dela.

― E como sabe?

― Como você disse, ela é exatamente como eu e eu não desistiria dela ― ele disse por fim antes de desaparatar.

Belatriz fechou os olhos com força...internamente implorando a Merlin para que Snape não piorasse tudo...

― Devo tirar minhas próprias conclusões dessa conversa?

A mulher riu suavemente e respondeu sem deixar de fitar a parede oposta:

― Claro que sim, mesmo eu que fale algo, você não mudará sua opinião quanto ao que viu e ouviu aqui.

Layse riu divertida. Além de serem seus pais, ainda formavam um casal interessante...

Mas a verdade é que ela não sabia muito o que pensar sobre o que ouvira ali, muito menos quanto ao que vira. Procurou respostas e tudo o que encontrou foi mais perguntas. Rolou um clima ali ou era impressão sua? Por que Snape não falara da Marca Negra? Afinal, ele se importava ou não com ela? E por que tivera a nítida sensação que estavam escondendo algo mais dela?

Aquilo tudo parecia estar ligado a família. A Marca em seu braço, o seu inesperado poder, tudo parecia estar ligado a maneira de como sua família fora formada.

― Acho melhor você voltar para Hogwarts, nos veremos em breve.

Teria que entender Snape e Belatriz antes de entender a si mesma. Teria que entender o que é ser uma família sangue-puro, mesmo sabendo que isso não era importante. E teria que chamar atenção. Agora tinha que mostrar a Voldemort que ser discreta e controlada não estava em seus planos.


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Notas finais do capítulo

Aceito criticas construtivas! =D