Show De Vizinha escrita por Luana Rocha


Capítulo 10
Pesadelo hippie


Notas iniciais do capítulo

*Galera, vocês são demais, os seus reviews elogios e sugestões me motivam a escrever cada vez mais e surpreender vocês. Muito obrigada, de coração.
* Acho que esse capítulo ficou bem legal, tem um pouco de tudo, romance, comédia, drama e é até uma pitadinha hot.
*Espero realmente que vocês curtam.



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...“Acho que já é hora de conversarmos, Brittany.” A latina falou, séria, mas ao mesmo tempo de forma amorosa. Brittany não teve outra reação, a não ser sorrir com a imagem. Aquilo era melhor do que qualquer coisa que ela havia imaginado anteriormente, e ela estava pronta para o que estava vindo.


Brittany não conteve as lágrimas. Era tudo tão lindo, tudo tão delicado, cada detalhe parecia tão planejado, mas ao mesmo tempo tão espontâneo. A loira olhou para Tina, que também se emocionara, e fora surpreendido com um abraço caloroso de sua melhor amiga.


“Você é a melhor amiga do mundo!” Brittany falou “Amo você como amo meus irmãos.” Tina não era uma irmã de sangue, mas sim uma irmã de coração, presente da vida para ela. A asiática olhou nos olhos de sua amiga .


“Britt, você sabe que eu não gosto da Santana, e o que eu penso sobre ela...” Tina começou, sem se importar que a latina estivesse lhe ouvindo. “... Mas se ela fizer você feliz, eu posso mudar minha opinião e gostar um pouquinho dela.” Brittany sorriu e deu um beijo no rosto da amiga, e em seguida se voltou para Mike.


“Muito obrigada, nós nos conhecemos há pouco tempo, mas você já tem um lugar especial no meu coração.” A hippie abraçou o rapaz.


“Eu também gosto muito de você, Britt.” Mike respondeu. “Mas nós temos que ir agora.”


“Mike tem razão.” Tina disse. “Bom jantar para você... E para você também, Santana.”


“Obrigada.” Santana agradeceu e piscou para a asiática.


“Nos vemos mais tarde.” Mike disse, então ele e Tina deixaram a casa , finalmente as duas adolescentes sozinhas. Santana olhou mais uma vez para a rosa em suas mãos e suspirou, buscando uma coragem, diferente daquela valentia que ela possuía para insultar as pessoas, uma coragem genuína que fosse capaz de lhe dar o conhecimento necessário de transformar seus sentimentos em palavras certas para que Brittany finalmente entendesse o quão fortes e verdadeiros eles eram por ela.


“Muito obrigada por isso tudo.” A loira falou baixinho, Santana sorriu.


“”Você não precisa me agradecer, eu só quero me redimir por todas as coisas idiotas que eu fiz para você, e não foram poucas.”A latina se aproximou de Brittany e lhe entregou a rosa. “Mas eu não teria conseguido nada disso sozinha, Mike e Tina me ajudaram muito.” Brittany soltou uma risadinha.


“É a primeira vez que eu ouço você falando deles, sem chamá-los de asiáticos perdedores.” Santana riu também, aquilo era verdade. Ela raramente chamava algum Cohen Chang pelo nome, e ela percebera que eles não eram tão otários como ela imaginava.


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Tina chorava muito e assim que os dois entraram, Mike foi consolá-la.


“Tina, por favor, não chore.” Ele pediu, acariciando delicadamente seus cabelos negros, mas foi inútil. “Eu posso fazer alguma coisa para você parar de chorar?” Tina apenas sacudiu a cabeça, dizendo que não. “E se eu te levar ao cinema, ou a uma lanchonete?”


“Você é muito bom para mim Mike, você e a Brittany são minhas melhores, bom, únicas companhias, e quando esse verão acabar vocês dois vão embora, e então eu vou ser um ser solitário, e eu não quero isso.” A asiática explicou, ainda chorando muito. Sem nada o que dizer, Mike apenas a abraçou, e ela sentiu-se como nunca nos braços do rapaz.


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“Bom, aqui está o nosso jantar.” Santana disse com orgulho, quando ela e Brittany chegaram até a sala de jantar, e encontraram a mesa cheia de queijos, frutas e todo tipo de comida que a hippie apreciava, todas indicadas por Tina, e nada muito compatível com os gostos de Santana, que assim como o pai, preferia um bom churrasco.


“Uau, Santana...” Brittany levou as mãos a boca, encantada e surpresa.


“Isso é para você, tudo para você, você é a estrela da noite.” Santana disse e piscou para a loira. Mas antes de elas jantarem ela tinha uma surpresa. “Britt, antes de nós jantarmos eu tenho que fazer uma coisa, eu queria cantar uma música para você, uma música que expressa os meus verdadeiros sentimentos por você, aqueles que eu nunca imaginei que pudessem existir dentro de um ser tão vazio e egoísta como eu...” Santana respirou fundo, procurando pelas melhores palavras. “Eu sei que existem milhares de canções de amor, e que a maioria delas poderia dizer exatamente o que eu sinto por você, mas tem uma que eu considero perfeita para esse nosso momento, e eu quero que você cante ela comigo... Santana segurou as mãos de Brittany e começou a cantar:


Santana:


I never had this feeling before

(Eu nunca tive essa sensação antes)
You give me shakes and shivers I can't ignore

(Você me dá vibrações e arrepios e eu não posso ignorar)
And I see that there's more now

(E vejo que há mais agora)
Than just running free

(do que apenas correr livre)

Brittany:


I never felt my heart beat so fast

(Eu nunca senti meu coração bater tão rápido)
I'm thinking of you first and of myself last

(Estou pensando nele primeiro e último de mim mesmo)
and how happy I want you to be

(e quão feliz eu quero que você seja)

Santana:


It's amazing someone in my life

(É incrível que alguém em minha vida)
just might be loving me

( Possa estar me amando)
I didn't know that I could feel this way

(Eu não sabia que eu poderia me sentir assim)

Brittany:


It's so crazy

(É tão louco)
something in my life

(Algo em minha vida)
Is better than a dream

(É melhor do que um sonho)
I didn't know that I could feel this way

(Eu não sabia que poderia me sentir assim)

Santana:

You make me warm and happy inside

(Você me deixa quente e feliz por dentro)

Brittany:


You smile and I get dizzy and starry-eyed

(Você sorri e eu fico tonta e sonhadora)

Santana e Brittany:


All these feelings I have

(Todos estes sentimentos que eu tenho)
Have me asking

(Tenho me perguntado)

Brittany:

Can this be love?

(Isso pode ser amor?)

Santana:


Can this be love?

(Isso pode ser amor?)


Brittany:


It's crazy

(É louco)


Santana e Brittany:


I can hardly speak

(Eu mal consigo falar)

Whenever you say “hi”

(Sempre que você diz “oi”)

Brittany:


I didn´t know that I could feel...

(Eu não sabia que eu poderia me sentir…)


Santana:


I never dreamed that I could feel...

(Eu nunca sonhei que eu poderia me sentir...)

Santana e Brittany:


I didn´t know that I could feel this way.

(Eu não sabia que eu poderia me sentir assim)



“Essa é a minha música favorita do meu filme favorito.” Brittany falou, Santana sorriu ao ouvir isso, porque foi exatamente o que Tina lhe dissera. “Eu amei isso, de verdade, ficou muito mais bonita porque você cantou...”


“Não, ficou muito mais bonita porque nós cantamos juntas.” A latina a corrigiu, então as mãos da hippie soltaram as suas mãos e foram para o seu rosto.


“Eu amo você.” Brittany com um tom de voz baixo e sério, olhando fixamente em seus olhos, e em seguida os colou seus lábios no de Santana, e a morena sentiu suas pernas tremerem, e o momento clichê, mas verdadeiro, de borboletas em seu estômago. Estar com Brittany era algo incrível, uma emoção sem igual, extremamente difícil de encontrar palavras para descrevê-la. A única coisa que ela sabia era que seu mundo ficava mais bonito, mais azul, assim como os olhos da hippie quando elas estavam juntas.


“Eu amo você também.” Ela respondeu, emocionada, então ela enxugou suas lágrimas e sorriu. “Bom, vamos jantar?”


“Vamos.” Brittany respondeu.


As duas adolescentes sentaram-se, uma de frente para a outra, ainda sorrindo como bobas alegres, pois era aquele sorriso que só os apaixonados conheciam, quando Brittany se serviu de um morango, enquanto Santana serviu-se de um suco da mesma fruta.


“Eu adoro morango, é minha fruta favorita, gosto de tudo que tenha morango, sucos, sorvetes, tortas, minha pasta de dente é sabor morango e até a minha segunda música hippie favorita é Strawberry Fields Forever, a primeira é Yellow Submarine, a terceira é Era de Aquarius, mas isso me lembra da minha mudança...” Um enorme silêncio surgiu entre as duas meninas. Aquele assunto era quase como um tabu. “Mas eu tenho um plano para nós, se você aceitar é claro.”


“Plano?” Santana levantou uma sobrancelha, imaginando que tipo de plano a loira teria em mente.


“Nós podemos fugir.” Brittany falou simploriamente, mas a latina não estava segura de que aquilo era uma boa idéia, ela estava certa de que aquilo era uma péssima idéia. “É como nos livros e filmes, um casal está apaixonado, e ninguém aceita o amor deles, então eles fogem e vivem felizes.”


“Fugir para onde?” A morena perguntou.


“São Francisco.” Brittany sorriu, e Santana não entendeu por que. “Minha mãe nasceu lá, e foi lá que ela conheceu meu pai, e eles se casaram, e o Julian nasceu, e além do mais, lá as pessoas são gentis e usam flores no cabelo...” Santana já tinha uma imagem formada na cabeça.


“Um bando de hippies, aposto.” Santana deixou escapar, atraindo a atenção da loira. Foi involuntário, um pensamento alto.


“O quê?” Brittany perguntou com certa desconfiança.


“De lugares assim que eu gosto.” Ela mentiu, e sentiu-se horrivelmente culpada ao ver o sorriso inocente brotar nos lábios da outra, que acreditara naquela mentira deslavada.


“Você acha que nós podemos viver lá?” Os olhos azuis de Brittany estavam radiantes com a imagem dela e Santana vivendo em São Francisco, vizinhas de pessoas gentis com flores em seus cabelos, assim como dizia a canção, mas o que Santana via era outra coisa, um futuro terrível, com o ‘Pierce Way Of Life’, o que para ela era um pesadelo, um pesadelo hippie.


“Um dia, talvez.” Ela não queria decepcionar Brittany, mas aquela não era vida que ela queria para ela. Não mesmo. “Nós precisamos de uma estabilidade antes de fazer qualquer coisa assim, você entende?” Brittany concordou com a cabeça, com certo desânimo.


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Santana ligou uma música e aproximou-se Brittany, que estava parada no centro da sala. Uma batida envolvente tomou conta do ambiente. As duas começaram a dançar. Olhos nos olhos, mãos em volta da cintura, corpos se tocando ao movimento lânguido da canção.


“Uau, você dança tão bem.” Santana sussurrou no ouvido da outra, que deu uma risadinha.


“Você também.” A loira respondeu. A música não tinha letra, era apenas um jazz envolvente, então os lábios se uniram de forma calorosa, apaixonada e sensual. “Seus lábios são tão macios...”


“Hmmm... Os seus são doces.” A hippie sorriu maliciosamente, e os beijos continuaram cada vez mais intensos e quentes, até que acabaram caindo no sofá. Brittany por cima de Santana. “Hmmm, assim você me deixa sem defesas, Britt...” A latina murmurou assim que os lábios da loira se movimentaram de seus lábios para o seu pescoço. Seu corpo estava inteiro arrepiado, com aquele toque tão provocante.


O som da buzina do lado de fora da casa fez as duas voltarem à realidade, e se levantarem rapidamente.


“Devem ser os seus amigos.” Santana falou, alisando a roupa, já em pé. Brittany olhou pela janela, e viu que a morena estava certa.


“É mesmo, eles estão me esperando.” Brittany respondeu.


“É melhor você ir.” Santana lhe disse, ainda com as bochechas púrpuras e certas partes de seu corpo palpitando pelo que estava acontecendo minutos atrás.


“Você vai ficar bem?” A loira perguntou.


“Sim, essa casa é da minha madrinha, então eu vou ficar para dar uma ajeitada nas coisas, a gente se vê amanhã.” Santana beijou a outra mais uma vez. “Adorei passar esse tempo com você.”


“Eu também.” Brittany beijou o rosto de Santana, e pegou a sua rosa antes de sair, com um sorriso tão largo e triunfante nos lábios, como ela nunca tivera igual antes.


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Brittany entrou em seu quarto e encontrou suas irmãs dormindo, soltou um suspiro aliviado, assim não precisaria responder a nenhuma pergunta. Aquele sorriso bobo em seus lábios não desaparecia, colocou a rosa em cima de sua cama, trocou de roupa e pegou seu diário, onde escreveu sobre a surpresa que Santana e seus verdadeiros amigos lhe fizeram e depois colocou a rosa na mesma página e fechou o diário, trancando-o afinal, ninguém poderia ler o que estava ali.


Colocou o objeto embaixo do travesseiro, e deitou-se, ainda sorrindo. Suspirou, dessa vez, apaixonada, e a lembrança de cada detalhe daquela noite lhe fazia arrepiar inteira, nem poderia, ou melhor, poderia sim, o que aconteceria se Mike e Tina não chegassem naquele momento. Ela queria tanto Santana que tudo na outra garota se tornava absolutamente irresistível para ela. Sua pele perfumada, seus lábios carnudos e macios, suas mãos ávidas, o seu toque quente, o gosto de seu beijo proibido...


E a imagem de ela e Santana vivendo uma vida simples, juntas e felizes em São Francisco era o que lhe deixava mais feliz. Queria muito que isso acontecesse, e tinha esperanças de que Santana tivesse querendo e esperando pelo mesmo.


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Santana deitou em sua cama, e pela primeira vez durante um bom tempo estava se sentindo menos sozinha e orgulhosa de si mesma. O que Mike e Tina fizeram por ela foi muito nobre, e ela apesar de toda aquela rudeza sabia reconhecer quando alguém fazia alguma coisa por ela, então, talvez por causa disso ela devesse parar de xingá-los por uma semana ou duas, isso dependeria de como as coisas com Brittany iriam se desenrolar.


Falando em Brittany, ah Brittany, tão doce e inocente apaixonada por morangos e músicas de temáticas infantis, como ela, logo ela, filha de um homem meio doido da cabeça que criava uma porção de animais e filhos em uma casa de tamanho pequeno e que tinha preguiça de trabalhar conseguira tomar seu coração daquela forma? Como já dizia um sábio homem ‘ quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que não existe razão?’


Mas viver em São Francisco... Aquilo já seria um pouco demais, ela podia até imaginar sua família rindo de sua cara por ter sido estúpida o suficiente para escolher esse tipo de vida.


Longe de casa, rodeada de animais, cheia de filhos, pouco dinheiro, sem um trabalho decente...


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O sol forte bateu no rosto da latina acordando-a, e quando ela abriu os olhos assustou-se. Não estava em seu quarto, na verdade estava em um lugar muito menor, construído de madeira, com uma cortina colorida, provavelmente feita de remendos e haviam também incenso por todo o local. Arregalou os olhos tentando situar onde estava, quando a porta se abriu violentamente e quatro crianças, com idades aproximadas entre 11 e 4 anos entraram correndo feito verdadeiros furacões.


Santana assustou-se e quase fora esmagada quando eles pularam em cima da cama e quase a esmagarem. Quem eram esses mini demônios?


“Oi mãe.” Os olhos de Santana se arregalaram quando o menino mais velho, de cabelos dourados e olhos azuis, que lembrava muito outra pessoa que ela conhecia muito bem lhe disse isso, sorrindo.


“Você está atrasada.” Dessa vez quem disse isso foi a menina ao seu lado, um pouco mais nova, de olhos e cabelos escuros. Essa não negava a raça latina.


“Atrasada? Para quê?” Ela perguntou totalmente confusa. Não sabia nem quem eram aquelas crianças, muito menos o que ela deveria estar fazendo naquele momento.


“Ora mãe, para o nosso ritual de bom dia ao sol.” Foi o outro menino, também moreninho que respondeu. Santana engoliu seco. Que porcaria era aquela? Então a menininha loira, a mais jovem do grupo lhe deu um caloroso abraço.


“Vamos, a mamãe está esperando.” Ela falou e depois beijou a latina no rosto, e a essa altura ela já tinha uma idéia o que aquelas crianças eram, mas não sabia como tinha acontecido e porque eram tantas.


“Eu preciso me trocar, tudo bem?” Santana falou com insegurança, com medo de que aqueles serezinhos não fossem deixá-la em paz, e os quatro sorriram.


“Claro, vamos gente, não queremos ver a mãe brava e mostrando o jeito de Lima Heights para nós.” O menino mais velho falou, levando os outos para fora do quarto. Santana coçou a cabeça, estava em estado de choque, portanto não havia entrado em pânico... Ainda.


Ela se levantou olhando ao redor, e estudando o local em que estava, então decidiu abrir o guarda-roupa.


“Oh Dios mio...” Ela murmurou. “Onde estão as minhas roupas?” Não havia nada usável dentro daquele guarda-roupa, na verdade só haviam roupas velhas, simplórias e lenços. A morena sacudiu a cabeça em descrença. Aquilo, definitivamente não podia estar acontecendo.


“Ei minha linda...” Brittany disse assim que entrou no quarto, faixa amarrada na cabeça e violão em mãos. “Você está atrasada amor...”


“Brittany, o que está acontecendo aqui?” Ela perguntou cruzando os braços então Brittany riu.

“Do que você está falando?” A loira perguntou, em tom de brincadeira. “Você quer que eu cante para você?”


“Não!” Santana respondeu impaciente. “Eu quero a minha vida!”


“Essa é a sua vida agora, querida, desde que nós nos mudamos para São Francisco para viver no estilo de vida da minha família.” Brittany explicou calmamente. “Mas por que você está dizendo isso? Nós somos felizes aqui com os nossos bodezinhos e os nossos nove filhos...”


“Nove filhos?!” Santana quase desmaiou.

“E os gêmeos do orfanato que logo logo estarão aqui com a gente.” A hippie sorriu, e a latina levou as mãos à cabeça.


“O que a minha família acha disso?” Brittany baixou os olhos.


“Eu não sei, eles não falam com você desde que nós saímos de Ohio, e o seu pai tirou seu nome do testamento, seu irmão vai herdar tudo sozinho... Mas , que raios você está me perguntando essas coisas? Você perdeu a memória, querida?” Santana sacudiu a cabeça, e deixou a loira sem resposta. “Eu posso fazer alguma coisa por você?”


“Me deixa sozinha.” Santana falou baixo


“Tudo bem, mas não deixe de ir tomar café com a gente, as crianças estão esperando por você.” A loira deixou o quarto, e Santana sentiu seu coração pesado. Queria chorar, queria gritar, poder voltar no tempo, fazer qualquer coisa, mas queria sair daquele pesadelo.


Ela não queria vestir trapos, não queria um quarto cheio de incensos, não queria ter nove filhos ou onze filhos, não queria perder sua herança e sua família, ela só queria voltar no tempo e ter a sua verdadeira vida de volta.

In the town where I was born

(Na cidade onde eu nasci)

Lived a man who sailed to sea

(Vivia um homem que partiu para o mar)

And he told us of his life

(E ele nos contou a sua vida)

In the land of submarines

(Na terra dos submarinos)

Brittany cantava e tocava seu violão. Santana quis pular pela janela, não queria ouvir aquela música hippie idiota.



So we sailed up to the sun

(Então nós navegamos até o sol)

Till we found the sea of green

(Até que descobrimos um mar verde)

And we lived beneath the waves

(E nós vivemos sob as ondas)

In our yellow submarine

(Em nosso submarino amarelo)

Santana bufou.


“Todo mundo comigo.” Brittany falou animada.


We all live in a yellow submarine

(Todos nós vivemos em um submarino amarelo)

Yellow submarine, yellow submarine

(Submarino amarelo, submarino amarelo)

We all live in a yellow submarine

(Submarino amarelo, submarino amarelo)

Yellow submarine, yellow submarine

(Submarino amarelo, submarino amarelo)

Agora era praticamente um coral infantil cantando junto com ela. Depois foi uma gritaria dos infernos, e o seu pesadelo tornara-se realidade.


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Santana abriu os olhos assustada. Seu coração batia tão rápido que parecia que seria capaz de arrebentar seu peito. Um suspiro de alívio escapou por entre seus lábios assim que reconheceu seu quarto. Que terrível pesadelo, mas felizmente fora só isso, um pesadelo.


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“Que sorriso é esse que não some do seu rosto hoje?” Joan perguntou para a filha, que sorria bobamente, enquanto a ajudava a cozinhar.


“Não é nada, eu só estou feliz porque o mundo é realmente lindo, não?” Brittany respondeu, ainda sorrindo e com os olhos distraídos, e os pensamentos na casa à frente. Joan não evitou o sorriso em seus lábios. Ela sabia bem o que significava aquele sorriso.


“Quem é o motivo desse sorriso, filha?” Brittany sacudiu a cabeça.


“Não é ninguém, eu só estou feliz porque eu tenho amigos maravilhosos, porque minha vida é incrível, é isso.” A adolescente respondeu, e não era mentira. Amava seus amigos e sua vida. “Mamãe, posso te pedir uma coisa?”


“Claro minha querida, se eu puder fazer por você.” A mulher respondeu e olhou para a filha.


“Canta a música San Francisco para mim, eu adoro ela, principalmente quando você canta, fica perfeita.” A garota pediu, Joan sorriu. Era sua música preferida, e a fazia lembrar de seu casamento com Gregory.

If you're going to San Francisco

(Se você estiver indo para São Francisco)

Be sure to wear some flowers in your hair

(Certifique-se de usar algumas flores em seu cabelo)

If you're going to San Francisco

(Se você estiver indo para São Francisco)

You're gonna meet some gentle people there

(Você vai conhecer algumas pessoas gentis lá)

Brittany abraçou a mãe, feliz e ao mesmo tempo triste, por saber que para viver seu amor, ela precisaria deixá-la.









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Notas finais do capítulo

* Músicas: I didn´t know that I could feel this way (A dama e o vagabundo)
Yellow Submarine (Beatles)
San Francisco( The Mamas and the Papas)
*Bom chegamos a metade da história, e eu gostaria de saber de todos os capítulos qual o que vocês mais gostaram nessa primeira metade.
*Prometo que no próximo capítulo irá acontecer uma coisa super legal, e vou adiantar o nome dele para vocês, "Uma noite para se lembrar" interpretem como quiserem, e fiquem de olho na atualização.
*Estou pensando também em uma espécie de continuação para essa fic, então sugestões são sempre bem-vindas
*Hoje é aniversário da Naya (linda!!!!!)
*Obrigado por lerem a fic.



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