A Face Oculta Da Lua escrita por Lady Salieri, Nami Otohime


Capítulo 21
Capítulo 13: Planeta Júpiter na casa 6 (parte I)




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(FLASHBACK)

– Takeo, tu deves liderar o exército, entendeste?!

– Lyene, eu...

– Tu!!! Olha pra mim!!!

Ele balançou a cabeça, dissolvido em tristeza liquefeita.

– Eu ficarei sob teu comando, avisarei o máximo de pessoas que eu puder... Não podemos desistir assim, temos chance!!!! - Ela ignorou forçosamente seu aspecto tão deprimente.

Ele levantou-lhe os olhos protegidos por um escudo de lágrimas:

– Eu entreguei meu cristal... Meu posto... Nada disso tem sentido... - Disse entre um sorriso monstruoso.


(FIM DO FLASHBACK)


Takeo abriu os olhos com força, deparando-se com o teto da casa onde realmente estava. Acariciou a pedra do anel que levava no dedo polegar, sem piscar os olhos diante do horizonte branco de sua perspectiva; tal e qual a perspectiva em seu passado recente, antes da fuga para Londres.... Virou-se para o lado, correndo os olhos pelas paredes do quarto, até dar-se com mapas e anotações e bugingangas, resultado dos passeios e encontros com Lyene... Se eu não tivesse sido tão covarde...


(FLASHBACK)


O olhar de Lyene queimava em cores desconhecidas para ele, enquanto a respiração mudava o timbre. Quase parecia que ela ia chorar, se ela soubesse o que era isso:

– Então vai tu para o mesmo inferno aonde mandarei o negaverso!

E virou as costas, ato que custou a ele tudo o que mais importava vendo-a quadro por quadro arrastar consigo o mais valioso, sugando as suas interrogações e varrendo essa coisa que não tinha forma e ele não podia identificar. Puxou-a pelo braço. Lyene forçou para que ele a soltasse, encarando-o como um bicho raivoso. Em uma puxada brusca, colou-a a si, tomou-lhe o rosto, beijou-lhe os lábios:

– Eu não posso perder você também... - Disse latejando de dor e anseios desconhecidos.

Ela empurrou-o e deu-lhe um soco. Ao voltar o rosto ele viu, finalmente, as lágrimas brilhando em seus olhos, no intervalo da distância logo interrompida por ela que lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou...


(FIM DO FLASHBACK)


Takeo sacudiu a cabeça antes que a oportunidade de sentir tudo aquilo outra vez o alcançasse. Lastimava sempre, uma farpa de tristeza surda e amortecida, assim como a vida... Mas mesmo isso não apagava a beleza daquelas lágrimas... Uma guerra para que isso acontecesse, princesa... Jogou as cobertas para o lado e levantou-se.

Ia para cozinha quando deu-se com a pilha de papeis sobre a chabbudai. Ergueu as sobrancelhas e voltou, curioso sobre o que Lyene fizera ali. Acercando-se, viu-a dormindo debruçada sobre o mapa onde acrescentara as informações no dia anterior, os cabelos soltos cobrindo a mesa de negro. Balançou a cabeça em uma negativa e foi para acordá-la, no entando, ao aproximar-se muito, Lyene acordou súbito, avançando sobre ele em um reflexo e torcendo-lhe o braço sobre a mesa. Takeo dobrou-se de susto e de dor. Ao vê-lo, ela soltou-o rapidamente e piscou os olhos, desnorteada. Ele deitou-se no chão massageando o ombro e começou a rir no mesmo instante:

– Até parece que eu não te conheço, comandante...Ela sacudiu a cabeça, passando a mão pelos cabelos na tentativa de arrumá-los:

– Eu sinto muito... Não foi a minha intenção...

Lyene viu-o erguendo-se de uma vez, ajoelhado frente à chabbudai. Dava leves batidinhas no ombro, ainda massageando-os:

– Você fica muito diferente de cabelo solto. Devia deixá-lo assim mais vezes. Ela começou a arrumar os papéis nervosamente na mesa, os cabelos escondendo-lhe, de maneira muito conveniente, o rosto corado:

– Nem sei por que eu nunca cortei esse cabelo... Ele sempre me incomoda.

– Ah, seria um pecado, totalmente.

Dito isso, Takeo levantou-se, inclinando-se em direção a ela que econlheu-se completamente, sem ao menos dar-se conta. Ele sorriu com o canto do lábio e endireitou a postura:

– Vou fazer o arroz pra gente.

– Para mim não precisa. Eu vou tomar café no Crown porque aproveito para falar com o Andrew.

– Mas, de novo?

– Ontem ele não apareceu... Estou preocupada... Você vem comigo

Takeo balançou a cabeça em negativa.

– Não, vou tomar café por aqui mesmo e depois quero sair para comprar vegetais. Essas comidas horrorosas que você compra vão terminar me deixando desnutrido.

Lyene não pôde deixar de sorrir:

– Certo. Eu vou me arrumar, então.

Ele ficou olhando-a entrar para o banheiro e fechar a porta.


***

Lita caminhava pelas ruas de Juubangai. Levava uma discreta cesta de doces, corando-se imediatamente ao pensar no motivo por que o fazia. Não se esquecera de que Andrew era um homem comprometido, porém afirmava para si mesma que ela estava apenas fazendo um agrado a um amigo, já que ela gosta muito de cozinhar e sabia que ele gostava muito de sua comida. Além disso, não era valentine's day ou qualquer coisa do gênero. Corou novamente. Era mais importante que isso, fazia exatamente 100 dias em que ela o havia encontrado pela primeira vez, que havia escutado a melodia de sua voz e se apaixonado para sempre.

Respirou fundo para engolir toda sua ansiedade no intervalo curto do correr da porta do Crown. Esboçou sua melhor expressão, eriçando-se assustada ao escutar a voz pigarreada de Amano:

– Oi, Lita, posso ajudar?

Uma gota desceu no meio de seu rosto. Ela se recompôs, cruzando as mãos em frente à cintura:

– Olá, Amano. Onde está o Andrew?

– Ele não chegou ainda. Me pediu para abrir hoje cedo. Mas deve estar para chegar.Não quer esperá-lo?

Ela encurvou-se para frente, tamanha decepção sentida naquele momento:

– Tudo bem, eu volto depois...

– Eu o aviso, então, que você esteve aqui.

– Não precisa, não. Até mais tarde.

Ela virou-se a atravessou a rua, sentando-se nas mesinhas da Bakery, justo em frente à entrada do game center. Pediu um café enquanto esperava por ele.

A porta do Crown se abriu outra vez, fazendo com que Amano corresse para receber o cliente. Pensava que era Lita, de novo a averiguar o paradeiro de Andrew. No entanto, congelou-se ao deparar-se com o rosto nebuloso de Lyene:

– E o Andrew? - Ela perguntou, fazendo com que o atendente engasgasse com o próprio cumprimento.

– Ele ainda... Ele me pediu...

Ela levantou a mão dispensando suas palavras e ele calou-se de uma vez, intimidado.

– Já entendi...

Deu as costas sem maiores explicações. Marcou dois passos certos em direção à casa do amigo, mas parou de repente, ao perceber que já era outra pessoa diferente daquela que lhe saltava ao pescoço assim que o via. Medos e interrogações cortaram-lhe a mente, em cortes transversais. E se...

– LYENE!!!

O primeiro grito parecia vir de dentro de si, do meio daqueles vacilos que lhe sabiam desconhecidos e desconfortáveis. O segundo grito já veio de fora, do outro lado, fazendo-a engolir tudo aquilo de mal jeito e olhar para o outro lado da rua, em um instinto, deparando-se com Lita acenando-lhe nervosamente. Caminhou em direção à Lita, ainda indecisa se aliviada ou mais tensa pelo chamado:

– Ai, Lyene, que bom que você apareceu. Estava chato ficar aqui sozinha... Sente-se, vamos comer!

Lita acenou para a atendente, pedindo mais outro pedaço de torta que foi imediatamente levado:

– Eu te convido, pode ficar tranquila.

O excesso de amabilidade chegava áspero aos ouvidos e olhos de Lyene, que se limitava a olhar a outra em um misto de curiosidade e incômodo. Que raio era isso que perpassava a expressão de uma pessoa?

– Você veio procurar o Andrew?

Lyene assentiu, enfiando na boca a colher com um grande pedaço de torta.

– Ele ainda não chegou, não é?

Ela negou, enfiando outra colher com outro pedaço igualmente grande.

Já tenciova comer o terceiro pedaço de torta, quando deu-se com os olhos de Lita, imensos, encarando-a, cheios de alguma coisa que ela não entendia, mas que de alguma forma absurda a fez pousar a colherinha na borda do prato e dizer:

– Ele não aparece desde ontem, na verdade. Eu ia à casa dele, mas...

– Desde ontem??? – Lita avançou sobre a mesa, fazendo Lyene encurvar-se – Deve ter acontecido alguma coisa grave! Vamos, sim, até a casa dele!

Ela deixou o dinheiro da conta sobre a mesa e saiu puxando Lyene por uma mão e sua cestinha pela outra.

***


Takeo fazia as compras conforme dissera. Gostava dessas atividades, sentia-se leve e responsável, terminava quase se esquecendo de si mesmo, totalmente parte daquele tempo e daquele espaço. Gostava dessa vida na Terra, gostava de ser só o amigo da Lyene...

Ergueu as sobrancelhas e sorriu com o canto do lábio. Já não sabia se isso era verdade. Tornava-se cada vez mais dificil desassociá-la daquele beijo. Podia lembrar-se do gosto em todos os seus timbres. E essa imagem puxava pela mão outras imagens de outros tempos, mais intensas e inexplicavelmente mais lúcidas...

Sentiu o carrinho de compras chocar-se contra algo, derrubando-o outra vez à realidade.

– Desculpa, eu...

– Takeo!

Era Mihara que curvava-se diante dele em cumprimento. Ele avançou sobre ela, preocupado por haver-lhe machucado.

– Eu te machuquei, minha querida? Está tudo bem? Me perdoa...

Ela tocou-lhe o nariz, brincalhona.Ele ajeitou a postura, desconcertado.

– Está tudo bem, eu só me assustei com o choque, mas você bateu no meu carrinho, sem problemas. Você parecia perdido...

– É...

– Pensando na vida?

– Pode ser... Mas e a senhorita, o que me diz de estar fazendo compras tão longe de casa?

Ela sorriu, corando-se totalmente:

– Fui pega... Você disse que se divertia fazendo essas coisas, eu queria tentar a sorte e ver se te encontrava para conferir se o que você disse era realmente verdade...

Ele sorriu divertido:

– Então, vamos à prova! Deixa eu te ajudar com essas compras.

***


O juizo de Darien começava a diluir-se nas respostas recebidas ao percorrer o corpo de Serena por debaixo da blusa. Cada dia parecia menos difícil fazê-lo e mais natural. E mais urgente. Escutou Serena gemer, na altura suficiente para entregar-se ao indizível, intensificando o beijo, buscando faminto a língua dela com a sua. Deslizou a mão para baixo, levantando devagar a saia dela e chegando-lhe ao mais íntimo, quando ela separou-se dele e levantou-se de seu colo. Compartilharam um silêncio ofegante e envergonhado, Serena com seus receios e ele aguentando a costumeira dor física pelo esforço em reprimir suas vontades.

– Acho melhor eu ir... – Ela disse, recompondo-se.

Ele assentiu, incapaz de qualquer ação.

– Te ligo quando eu chegar...

– Por favor - disse, por fim.

Quando escutou a porta fechar-se, abriu o zíper da calça a terminar o que ela havia começado. No entanto, não se sentia mal, muito pelo contrário, lembrar-se da textura de sua pele com a ponta dos seus dedos era como um remédio a todas as dúvidas. Outro convite a esse mais além que levou-o rapidamente ao orgasmo.

***

A cena de Lita puxando Lyene pela rua era no mínimo ridícula, mais ainda tendo aquela o dobro do tamanho desta. E Lyene, sim, o sabia, mas deixava-se levar, porque do contrário não teria forças para ir. Tamanha descortesia roubar-lhe a solidão de alguém... Será que a Lyene que o Andrew conhecera antes e que lhe lançava ao pescoço sempre que o via, iria até sua casa a incomodá-lo?... Ela teve sua resposta imediatamente ao despertar-se com o som da campainha que Lita acionara e com a figura de Andrew abraçando-a imediatamente ao abrir a porta:

– Lyene... - Foi tudo o que disse ao desabar sobre ela com todo seu peso.




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