The Dawn of Evangelion escrita por Goldfield


Capítulo 8
Rute




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Rute

Rio de Janeiro, Brasil, 1966

Nunca havia estado antes na “Cidade Maravilhosa”. Apesar de não se sentir muito atraído por paisagens, ao pousar os olhos no cenário da metrópole à beira-mar achara-se conquistado de imediato. Antiga capital do país – tendo há pouco perdido tal posto – o Rio, a seus olhos, unia de forma quase perfeita o urbano e moderno ao paradisíaco e lúdico: enquanto junto à praia, entre o mar e os morros que delimitavam a parte central da cidade, altos edifícios delineavam-se no céu azul, o encontro do oceano com a areia sob o sol tropical remetia ao que mais havia de natural e sonhador naquele mundo.

         Caminhava pelo calçadão com desenhos de ondas em preto e branco, seus passos sem querer se alternando entre as cores num certo padrão. Sofria com o calor. No início daquele século, alguns imigrantes de seu país haviam se mudado para o Brasil, e ficava imaginando como poderiam ter se adaptado a um clima tão mais quente que o de sua terra de origem. Seria bom que descobrisse o segredo, entretanto. Ao que parecia, passaria algum tempo ali...

         Fitou a orla. Lindas mulheres de biquíni se banhavam no mar, cariocas conversavam animados folheando jornais, Fords passavam buzinando pela avenida. O ar tinha gosto de maresia, ginga e bossa nova. Ouvira que pouco tempo antes uma grande enchente vitimara a urbe, causando muitos danos e mortes, mas a população já demonstrava plenos sinais de se recuperar. As pessoas falavam da Copa do Mundo, do Festival de Música Popular e de telenovelas. Alguns, mais críticos, alegavam que o governo do país se tornava uma ditadura. Outros, afastados da política, viviam ao simples sabor das ondas.

         Venceu certa distância pela praia, mãos nos bolsos. Sentiu vontade de conferir se o endereço estava mesmo correto, porém não achou necessidade – a imagem do local vista nas fotos bastaria. Não fora preciso sequer memorizá-las: a aparência do prédio saltava aos olhos de qualquer um.

         Logo o percebeu surgir adiante, imponente como o palácio de algum monarca europeu transportado para os trópicos. A fachada de muitas janelas aparentava até reluzir sob o intenso sol, uma bandeira do Brasil tremulando no topo da estrutura. Atravessando a avenida, continuou até a entrada, comprovando estar no lugar certo ao ler a inscrição logo acima da porta principal: “Copacabana Palace”.

         Entrou. No saguão dominado por uma escadaria de luxuoso tapete e com um lustre dourado pendendo do teto, dirigiu-se ao balcão de recepção. Dois solícitos funcionários de terno branco, tendo ao fundo um quadro representando o Rio de Janeiro nos tempos coloniais, encontravam-se prontos para servi-lo.

         - O que deseja, senhor? – um deles perguntou em inglês.

         - Gostaria de confirmar se uma conhecida minha está hospedada aqui – respondeu o recém-chegado, revelando ser oriental pelo sotaque, já que os óculos escuros ocultavam-lhe as feições. – O nome dela é Minna Zeppelin Soryu.

A piscina de águas límpidas do hotel estava cercada de cadeiras e guarda-sóis. Enquanto alguns hóspedes conversavam ou bebiam água de coco sob a sombra, a maioria – composta por mulheres – simplesmente encontrava-se deitada com seus biquínis para tomar sol.

         Uma dessas pessoas era uma jovem de pouco mais de vinte anos, pele muito clara e cabelos castanhos lisos – naquele momento molhados devido ao recente mergulho na piscina. As formas de seu corpo atingiam quase perfeitamente os mais valorizados padrões de beleza: busto cheio e proporcional – os seios roliços semi-ocultos sob a peça superior listrada em vermelho e amarelo, um abdômen magro e reto, terminando em pernas de coxas mais cheias, mas não exageradamente. A seção inferior do maiô possuía as mesmas cores da outra peça, porém num esquema diferente de listras. Com a pele sem qualquer imperfeição coberta de protetor solar, a moça relaxava ao máximo, óculos escuros cobrindo-lhe a face.

         De olhos fechados, Minna tentava apenas concentrar-se no tranqüilizante som da água da piscina e, um pouco mais longe, das ondas no mar. De todos os locais do mundo para os quais já viajara – por sinal, contra sua vontade – o Rio de Janeiro até então vinha se mostrando o melhor. Esperava ali permanecer por mais algum tempo e iniciar seus estudos superiores em alguma universidade, ainda que o clima político do país se tornasse cada vez mais tumultuado...

         - Senhorita Soryu?

         A jovem abriu repentinamente os olhos. De pé, ao lado da cadeira, havia um dos funcionários do Copacabana Palace, trajando o terno branco que lhe servia de uniforme.

         - Sim? – Minna respondeu, um tanto surpresa.

         - Um visitante procurou a recepção em busca da senhorita – explicou o empregado, apontando para um canto da piscina perto da entrada que levava ao interior do hotel. – Não quis se identificar, porém afirmou conhecê-la.

         Intrigada, a hóspede baixou os óculos escuros, deixando à mostra seus contornos faciais que uniam os traços frios europeus a olhos levemente puxados, indicando presença oriental em seu sangue. Retirou uma mecha de cabelo da frente de seu semblante com uma mão, fitando em seguida a mesma direção indicada pelo funcionário. Percebeu, atrás de um casal, um homem também de óculos escuros e roupas negras – apesar do calor – olhando curioso ao redor, porém com calma, como se procurasse alguém sem querer ser notado.

         - Não... – replicou a filha de Lianna, sentindo algo estranho ao contemplar o sujeito. – Não o conheço.

         - Pois bem – sorriu o mensageiro. – Pedirei então que ele se retire o quanto antes.

         Em seguida afastou-se, deixando para trás uma Minna repleta de dúvidas em mente. Quem seria o indivíduo? Procurou esquecê-lo, todavia. Cobriu mais uma vez os olhos e, fechando-os, voltou a se preocupar somente em ganhar um bom bronzeado...

*  *  *

Os principais trabalhadores do complexo de pesquisas encontravam-se enfileirados lado a lado diante da entrada do elevador que levava à superfície. Calados e imóveis, aguardavam a chegada do novo responsável pelas instalações, anunciada para aquela tarde. Os chefes das equipes de cientistas estavam todos ali, incluindo Langley, abatido como vinha sendo seu costume desde algumas semanas antes. Lianna também, mãos unidas atrás do jaleco, imaginando se a mudança no comando com a morte do coronel Lorenz afetaria positivamente ou não o progresso em relação aos Anjos e o ainda obscuro “Terceiro Segredo”.

         Súbito, sons metálicos fizeram-se ouvir, e as portas do transporte se abriram. Acompanhado por quatro guardas militares armados com fuzis, saiu dele um homem loiro, alto e musculoso, vestindo uma camisa amarela levemente alaranjada sob uma gravata preta, calças também escuras e coturnos nos pés – figura aparentemente vinda direto de uma passeata nazista. Caminhou para fora quase marchando, detendo-se pouco depois diante de seus novos subordinados. Olhou cada um deles fixamente por alguns instantes, sem piscar. Desejaria intimidá-los? Essa possível intenção chegou a passar pelos pensamentos da doutora Soryu...

         - Boa tarde – ele saudou-os. – Meu nome é Keel Lorenz, filho do falecido Heinrich Lorenz. Estarei assumindo o controle desta base a partir de hoje, e espero continuarmos com o ótimo trabalho visando à salvação da espécie humana.

         Eles assentiram com a cabeça, um pouco relutantes. Não sabiam se deveriam confiar naquele homem, se ele seria mesmo de ajuda ou não... Poderia se tratar do clássico dilema frente ao desconhecido, a ser superado dentro de pouco tempo... Ou talvez não.

         - Ao trabalho – o alemão ordenou em seguida, batendo as palmas das mãos. – Não temos tempo a perder. Cada segundo desperdiçado é um segundo a menos para nos prepararmos para o que está previsto nos manuscritos.

         Todos assim se dispersaram, retornando às suas funções. Lorenz permaneceu observando-os satisfeito, até que também deixou o corredor.

*  *  *

A estátua do Cristo Redentor era ainda mais fascinante vista de perto. Com seus braços abertos e altura majestosa – além do fato de estar situada numa das colinas mais altas e de melhor vista da cidade – aparentava realmente desejar abençoar a todos os cariocas com sua presença, elegendo aquela terra como a escolhida por Deus. Radiante, cabelos castanhos ao vento, Minna fotografava o monumento de vários ângulos, misturando-se aos turistas das mais diversas naturalidades que ali se juntavam. A nipo-alemã usava agora um vestido branco de bolinhas azuis, bem decotado, caindo-lhe até pouco acima dos joelhos. Os pés calçavam sandálias e a cabeça mantinha os óculos escuros – embora os deixasse àquele momento erguidos acima dos olhos, revelando assim suas belas pupilas esverdeadas.

         Manteve a euforia em torno do ponto turístico por mais algum tempo, logo se achando farta de fotos da estátua e passando a registrar em sua máquina a paisagem dali de cima. Outros minutos transcorreram... até algo, flagrado no reflexo da lente da câmera, perturbar-lhe. Perto dali, sem fazer muito esforço para se camuflar entre a multidão, estava o mesmo homem misterioso que a procurara no hotel, vestindo praticamente as mesmas roupas. Ao contrário da primeira ocasião, Minna não se via mais protegida pela segurança do local em que se hospedara. Teria de despistar aquele sujeito de alguma maneira no caminho de volta ao Palace, ou acabaria em muito maus lençóis...

         Disfarçadamente, a jovem pendurou a câmera de volta ao pescoço e pôs-se a admirar o cenário, ora ou outra lançando um olhar de soslaio ao indivíduo para verificar se ele ainda ali se mantinha. Para seu crescente desespero, percebeu que sim. Ela tomara um táxi até o Cristo, e teria de aguardar outro na via perto dali se não quisesse retornar a pé a Copacabana. Suspirou, erguendo a cabeça para o céu por um momento. Somava, na verdade, coragem. E então se pôs a andar até a saída do mirante, descendo a escadaria.

         Ao longo do caminho, passou pelo meio de turistas, na esperança de desaparecer da visão de seu perseguidor. Voltou os olhos para trás uma ou duas vezes: ele continuava firme em seu encalço. O que poderia querer, afinal? Será que o fato de a mãe mudá-la de lugar com tanta freqüência finalmente mostrava algum fundamento?

         Chegou ao ponto de táxi: vazio. E não havia sinal de algum carro parar ali no mínimo nos próximos minutos. Mais alguns visitantes do monumento desceram pela escadaria... mas passaram direto por Minna, avançando a pé pela ladeira. Viu-se assim sozinha, sem outra opção viável a não ser se sentar no banco de madeira que ali havia. Fez isso olhando uma última vez para trás... notando que o algoz ainda se aproximava.

         Preparou-se. Caso ele tentasse algo, não cederia facilmente.

         O sujeito não parou de caminhar, mesmo tendo percebido que sua provável vítima já o havia descoberto. Pelo contrário, prosseguiu sem seu rosto frio apresentar qualquer tipo de alteração, como se já esperasse aquilo. A moça estremeceu. Teria ela alguma chance?

         O homem atingiu o ponto de táxi. Minna não pensou duas vezes: apoiou uma perna no chão e girou a outra no ar, num repentino golpe de artes marciais. Seu pé esteve a poucos centímetros de acertar o peito do indivíduo... quando este se esquivou num rápido salto para trás. A jovem não aguardou o contra-ataque: levou uma das mãos ao decote e do meio dos seios puxou a arma de fogo com a qual sempre andava – presente da mãe para que se defendesse de algum perigo que Lianna insistira um dia surgir. Bem, chegara a hora.

         - Parado! – bradou Minna, ofegante.

         Mas o indivíduo não se colocara em pose de combate, indicativo de que não desejava lutar. Fitou a pequena pistola que lhe era apontada pela oponente: uma Remington 1866 Derringer, armamento antigo para defesa pessoal, com carga de somente duas balas. Reduzido, mas poderoso a curta distância – como era o caso. Melhor seria dialogar:

         - Não quero te ferir.

         - Quem é você? – inquiriu a mulher, sua face antes jovial assumindo repentina expressão agressiva, sobrancelhas franzidas.

         - Alguém que sua mãe enviou para te proteger. Chamo-me Takeo Rokubungi.

         O braço estendido da moça tremeu. Era perceptível que ela jamais apontara uma arma a alguém. Acabou mantendo-a erguida ainda por alguns instantes, os dois se encarando calados... até que ela cedeu, abaixando a pistola. Dada sua inexperiência, ele já teria feito algo se quisesse realmente dominá-la. Parecia mesmo não ser seu intento.

         - Vamos conversar.

*  *  *

Lianna trabalhava inclinada sobre um mapa-múndi. Tentava, mais uma vez, definir possíveis rotas de viagem para as equipes de arqueólogos em busca de Anjos adormecidos. Às suas costas, a porta da sala se abriu. Os passos logo denunciaram a entrada de alguém. Pensou inicialmente se tratar de Metatron, sempre perambulando pela base; mas aquelas pisadas eram mais fortes, contrastando com as de uma adolescente. Voltou-se, tomando leve susto. Era o novo comandante e membro do Majestic-12, Keel Lorenz.

         - Boa noite, doutora – ele cumprimentou-a.

         - Boa noite... – Soryu respondeu, tentando não soar incomodada. – Inspecionando as instalações, senhor?

         - Também. Um passeio de rotina. Mais do que monitorar os envolvidos neste projeto, aprecio entrar em contato com o que fazem.

         Ele aproximou-se da mesa e, depois de observar os livros e mapas abertos por um momento, afirmou:

         - Uma das ciências que mais aprecio é a cartografia. Registrar o mundo em papel, com suas cidades, nações, acidentes geográficos... É um esforço fascinante. Mais ainda é poder viajar de um lugar para o outro, conhecendo cada povo, cada cultura.

         - Concordo, senhor Lorenz. Viajar é a essência da vida.

         - Deve ser por isso que banca tantas mudanças de sua filha, não é, doutora Soryu? Em menos de quinze anos, ela já esteve na França, Argélia, México, Itália, Nova Zelândia... Agora Brasil. Isso se mostra um pouco preocupante. Cria dificuldades para que a garota possa se estabelecer, criar raízes...

         Maldito! Ao que aparentava, o filho era ainda pior que o pai. O coronel Lorenz fizera vista grossa para as constantes transferências de Minna, talvez por achar que poderia encontrá-la em qualquer lugar que Lianna a escondesse; mas Keel trazia agora o assunto para a mesa. O que poderia querer?

         - É direito meu buscar o que achar melhor para minha filha! – a arqueóloga rebateu, mais agressiva do que desejara ser.

         - Certamente, doutora – o loiro não perdeu a calma e nem a ironia. – Porém, um olhar desatento pode acreditar estar tentando afastá-la do Majestic-12, visando minimizar os riscos de ela se ferir caso a senhora se recuse a nos obedecer...

         A ruiva bufou, empurrando de repente uma pilha de livros para o chão. Levantou-se, fechou os punhos e só não agarrou Keel pela camisa por conseguir se deter a tempo. A expressão dele, por sua vez, sequer se alterou. A coisa toda parecia até diverti-lo.

         - Jamais subestime o que uma mãe pode fazer para defender sua cria! – ela exclamou, olhar cheio de fúria.

         - Não subestimo, doutora, muito pelo contrário – replicou Lorenz. – Notei nestes últimos dias a ausência do antigo guarda-costas de meu pai, Rokubungi. Teria conversado com ele em segredo, como alegam alguns soldados da base aérea lá em cima?

         - Não é da sua conta! – Lianna afastava-se aos poucos para não ceder à tentação de agredir fisicamente o alemão.

         - Acredite... Enviá-lo para proteger sua filha foi um erro, senhora Soryu. Um erro.

         Decidido a deixá-la sozinha remoendo aquelas palavras, Keel retirou-se da sala, assoviando tranqüilo. A mulher, ao contrário, atirou-se sentada ao chão, chorando de raiva e arrancando os próprios cabelos.

*  *  *

Eles acabaram desistindo do táxi. Optaram por jantar num amigável restaurante do bairro de Santa Teresa, local charmoso por suas construções antigas e bondinhos amarelos, com boa comida caseira. Takeo se dispusera a pagar toda a conta. Minna ainda não conseguia confiar nele plenamente, porém ao menos se mostrava um cavalheiro.

         - Minha mãe sempre me obrigou a mudar de um lugar para o outro... – afirmava ela enquanto conversavam junto à mesa, depois de terem comido. – Era como se fugíssemos de algo invisível, alguma ameaça que jamais imaginei ao certo o que fosse... apenas que um dia chegaria, de súbito. Pensei até que fosse você.

         - Ela me enviou para protegê-la desse mal – Rokubungi explicou tentando conter o riso. – Minha intenção inicial era que você não me notasse... porém vejo que já não sou tão competente como antes. Além do que, és bastante perspicaz.

         - Agradeço o elogio.

         Fez uma breve pausa, limpando a boca com um guardanapo, antes de indagar:

         - Mas que mal é esse? Você pode me esclarecer?

         Takeo suspirou.

         - Não posso, infelizmente. O que me é permitido revelar é que sua mãe trabalha há anos para algumas pessoas... poderosas. E que eles lhe fariam mal se ela se negasse a colaborar.

         - Você não me parece mal... – ela sorriu, mas assumindo uma expressão séria logo em seguida. – A não ser que minha mãe tenha lhe oferecido algo em troca de sua vigilância... É esse o caso?

         O japonês não respondeu, porém seu semblante indicou não ter se sentido à vontade com aquela pergunta. Sorveu mais um gole de vinho da taça diante de si, quando sentiu um toque inesperado sobre uma de suas mãos sobre a mesa... Quase afastou o membro, por reflexo, mas conseguiu mantê-lo onde estava. Olhou. Os suaves dedos de Minna haviam pousado em cima dos seus.

         - Acho que posso confiar no senhor... – ela afirmou, ainda que sua voz soasse um pouco insegura. – Por enquanto.

         Rokubungi, por sua vez, assentiu, sem saber ao certo o que responder.

*  *  *

- Iniciando procedimento – a voz, quase robótica, propagou-se por alto-falantes através do ambiente branco e esterilizado do laboratório. – Experimento Longinus em andamento.

         No centro do local, dois indivíduos vestindo roupas de proteção da cabeça aos pés, com apenas uma brecha transparente junto ao rosto para permitir a visão, examinavam o fragmento vermelho e pontiagudo semelhante a uma extremidade quebrada de lança, apoiando-o sobre uma mesa metálica. Tendo as mãos resguardadas, tatearam com cuidado o artefato, pressionando suas imperfeições e saliências. Nada de anormal. Foi quando a voz anunciou:

         - Contato físico preliminar concluído. Introduzir amostra genética A.

         Cumprindo a ordem, um dos homens retirou de uma maleta próxima um pequeno frasco de vidro contendo uma amostra de sangue, o líquido rubro escuro agitando-se levemente em seu interior conforme era conduzido até a lança. Por meio de uma seringa à qual se inseriu o recipiente, uma pequena gota do líquido foi pingada da agulha sobre o artefato...

         Logo que a substância entrou em contato com o objeto, uma reação inesperada se deu: através de súbitas explosões vermelhas semelhantes a bolhas, a extremidade quebrada começou a se expandir, originando de início uma massa escarlate disforme que em pouco tempo assumiu as dimensões de uma haste reta e fina. Os dois pesquisadores se afastaram, enquanto o processo continuava e o artefato se alongava sobre a mesa... até atingir as proporções de uma nítida lança com aproximadamente dois metros de comprimento.

         - Incrível – nem mesmo a voz dos alto-falantes conteve seu assombro. – Simplesmente incrível.


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