Eu sou uma princesa! Era o que ela pensava todas as vezes que se olhava no espelho, com um sorriso tímido nos lábios e um olhar sonhador. Ela era uma princesa e estava esperando seu príncipe encantado. Ele não precisava aparecer em um cavalo branco, nem ser um príncipe de verdade — amá-la já lhe era o bastante.

Depois de um tempo, eis que surge seu príncipe, assim pensou feliz. Seu cabelo era vermelho como fogo e tinha pequenas sardas salpicadas pelo rosto. Sua família era grande, como as famílias reais, e seu nome era Ronald. Sim, ele era um verdadeiro príncipe encantado que viveria feliz para sempre com ela, sua princesa.

Mas a princesa Hermione sabia que existiam as pessoas malvadas que queria sempre impedir o príncipe e a princesa de ficarem juntos, como nas histórias da Cinderela e da Branca de Neve. O que ela não sabia era que seu príncipe também fazia parte da corja de pessoas malvadas.

Ah, sim! Ela conviveu o bastante com o príncipe para descobrir isso, lentamente. E tudo foi fazendo sentindo em sua mente. Ela, a princesa, ele, o príncipe, e as pessoas más. Eles deveriam ficar juntos, então, por que não fazia sentido? Por que não dava certo? Príncipes e princesas não brigavam tanto quanto ela brigava com Ronald.

Princesas não choravam como Hermione chorava, não! Princesas eram sorridentes e felizes, e ainda mais felizes depois de encontrarem seus príncipes e viverem felizes em seus castelos. Mas Hermione não era uma princesa, ela não tinha um príncipe e não vivia em um castelo.

Foi um choque para ela descobrir que, no final das contas, nunca fora uma princesa, e sim a plebéia. Uma plebéia disfarçada de princesa. E Ron nunca fora um príncipe. Ele fora o caçador disfarçado de príncipe. E não existiam finais felizes — não para plebeus. Finalmente Hermione saíra de seu mundo de fantasias e encarava, agora, o mundo real onde príncipes e princesas existiam apenas em livros.