O Verdadeiro Amor de Miyu escrita por Nem


Capítulo 1
Capítulo Único




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            “Eu acho que te amo”, disse Miyu. A branca pele pálida de seu rosto tocada gentilmente pela luz doce da lua. A mão levantando, a mão que criava o fogo que derrotava os shinmas. Ela tocou a máscara de Larva. Queria toca-lo, beija-lo... amá-lo. “Larva, tenho certeza, sinto amor no meu peito por você.”

         O coração palpitava, a mente latejava e a garota se perguntava se aquilo era o que os humanos chamam de amor. Ela já havia sido humana, mas nunca sentira isso. Afinal, há tempos atrás era criança.

         Havia algo que lhe dava prazer. Sangue. Não era o vermelho do líquido, não era sua densidade, mas sim seu sabor e seu calor.

         Entrementes Larva não tinha esse sabor. Ele era um shinma — um monstro como ela — ele não era feito desse sangue quente, mas sim de uma bebida fria e ela já provara.

         Larva não lhe dava prazer, mas ela sentia amor por ele. Era estranho, era confuso, mas ela se entendia. Havia mágica nisso, contudo não sua mágica do fogo, mas uma mágica mais ilusória e poética.

         — Larva... — ela sussurrou perto do ouvido dele. Amava esse ser, esse nome. Ela sentiu um leve farfalhar num coração, como se algo quisesse quebrar como a fragilidade um vidro.

         Não permita isso Larva. Não deixe que eles me levem. Ajude-me, você sabe... Você sabe.

         Ela quis arrancar aquela mascara, toca-lhe o rosto que devia ser frio, mas doce. A única coisa que Miyu queria era lhe dar um beijo, um único beijo, antes de...

         Larva. Eu te amo. Sinta, sinta meu coração. Ele bate por você. Não permita que ele se quebre, não permita. Larva. Havia medo e desespero em sua voz e seu pensamento, ela queria tudo e ao mesmo tempo nada. Um telhado, os altos dos postes e os fios emaranhados. Fios negros e grossos, como as cordas do mundo, cordas de energia, louca e forte, gordas que sustentavam o mundo. Sustenta, assim como o amor de Miyu era sustentando pelas artérias de seu coração.

         Toque no meu peito Larva. As artérias do meu coração. Tente senti-las, tente vê-las. Este mundo em mim. Este amor que sinto por você.

         Meu doce amor.

         Miyu então percebendo que ele estava morto, que não reagia a seus toques. Ela já sabia que ele estava morto, mas não queria acreditar. Não. Seu amor, ali jogado sobre a obra de um shinma. Morto, morto... aquilo ressoava como um sino dentro de suas estruturas cerebrais.

         Tudo ficou parado de repente. Até seu coração diminuiu o ritmo. Ela juntou as mãos numa prece, como fazia quando era humana. Uma lágrima correu de seus olhos. Uma lágrima que não era de dor, nem de amor. Ódio. Quem havia feito aquilo? Lêmures com certeza. Ele estava preso no outro mundo, mas ela sentia que ele se soltara. Lêmures maldito.

         Larva, meu precioso amor... tocou-lhe a máscara e retirou-a delicadamente. A face de larva era tão pura e branca como a sua. Os lábios tão pálidos como de um cadáver. Larva, meu... sussurrava as palavras e aproximava o rosto dele. Não poderia beija-lo. Não poderia. O seu coração doía tanto e tão desesperadamente que ela queria arrancá-lo do peito.

         Ela o abraçou. Não havia regra quanto a isso. Com toda a força que tinha, tentou seu amor pela última vez... Larva.

         Então se levantando, se recompondo, ajeitando uma fita vermelha que despendia do cabelo, ela pulou no ar e flutuou.

         Mais lágrimas caiam de seu rosto puro e branco. Lêmures. Ele ia ter que pagar... muito caro por isso!

 

 


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