Abri a porta do quarto e me deparei com uma garota e Tom. Ela usava roupas trouxas, seu cabelo era num tom castanho-avermelhado, tinha olhos verdes e um sorriso tímido no rosto.

- Ahn, olá. - Falei visivelmente confusa

- Essa é a aluna nova, Dumbledore pediu para entregar isso à você. - Tom disse, me entregando um pergaminho lacrado.

Assim que Tom passou o pergaminho para mim, ele se abriu automaticamente. Comecei à lê-lo.

“ Querida Selene,

Houve alguns problemas com os quartos da Sonserina e teremos que abrigar essa nova aluna em seu quarto. Sei muito bem que prometi que ficaria em um quarto sozinha, mas compreenda nossa situação.

Qualquer coisa, venha me procurar.

Dumbledore “

- Então... Você é a aluna nova? - Perguntei dando espaço para ela entrar

- Sim, sou Claire Willow. - Ela sorriu tímida

- Ah, sim. Sou Selene Sunshine. - Me virei para Tom - Obrigada por trazê-la aqui.

- É o que eu devo fazer, Selene.

O jeito que ele falou me assustou um pouco. Ele disse aquilo tão friamente, como se nada tivesse acontecido.

- Selene, se importa se eu mudasse o quarto inteiro? É que sua cama está, praticamente, ocupando o espaço inteiro e.. - Ela deu de ombros, não conseguindo terminar a frase

- Ah, claro. Sem problemas. - Sorri.

Ela assentiu com a cabeça e pegou sua varinha. Com um aceno, meu quarto inteiro ficou completamente vazio. Ela conjurou duas camas, uma de frente para a outra, e algumas decorações. Assim que terminou, pegou seu malão e colocou em cima da cama que ficava à esquerda, o que significava que a cama da direita era minha. Ela conjurou também uma penteadeira e sentou-se na cama. Fez um barulho com a boca, e um gato totalmente branco passou por baixo das pernas de Tom ( que deu o maior pulo de susto! ) e correu para o colo de Claire. Parecia um gato normal, tirando o fato de que um olho era azul claro e o outro, verde.

- Um gato? - Perguntei

- Uma gata - Ela corrigiu - Essa é a Cindy. Cindy, essa é a Selene. - Claire observou minha expressão - Ah, espere. Você não tem nada contra gatos, certo?

- Ahn... Eu não sei. Acho que não.

- Ótimo! Bom, vou dar uma volta pela escola.

Claire colocou uma tigela cheia de comida no canto e saiu do quarto. Sentei na minha cama e observei Tom, que olhava para a gata.

- Gosta de gatos? - Perguntei. Ele piscou duas vezes, como se eu tivesse o tirado dos pensamentos e olhou para mim

- Não sei, nunca tive um. Eles parecem ser... Felpudos demais. - Ele fez uma careta

- Você nunca teve um gato? Que tipo de animais você já teve então?

- Nenhum. Eu moro em um orfanato, animais são proibidos.

Aquilo pareceu encerrar a conversa. Tom desviou o olhar e voltou a encarar a felina.

- Eu... Eu tenho que ir agora.

Ele disse e saiu, sem nem esperar uma resposta. A porta do quarto se fechou sozinha, por causa do vento. Abracei uma almofada e a gata veio para meu colo.

- Ai, Cindy... Como eu queria poder ler mentes e ver o que se passa naquela cabecinha confusa do Riddle - Comentei, acariciando seu pelo.

Depois que terminei a frase, fiquei me sentindo uma tonta por conversar com uma gata.

- Pratique legilimência então.

Olhei ao redor para ver de onde saíra aquela voz, até que percebi que vinha de Cindy. Espera. É, acho que estou começando a ficar louca. Uma gata, conversando comigo? Não, não. É impossível.

- V-Você fala? - Perguntei à gata

- Não, sua almofada que falou - Ela disse sarcástica - É claro que eu falo!

- C-Como isso é possível?

- Bom, sereias não são a coisa mais normal do mundo... - Ela falou

- Eu preciso tomar um ar.

Empurrei Cindy delicadamente para o lado e saí do quarto. Desci para o Lagro Negro, mas não entrei. Havia muitos alunos lá fora, aproveitando o sol que aparecia. Percebi que alguém havia sentado do meu lado, mas não olhei. Quem quer que seja, falaria alguma coisa logo.

- Então... Tom me contou que você recusou entrar para o grupo. - Abraxas disse, susurrando

- Grupo? Vocês chamam aquilo de grupo? - Ri sem humor – É, um grupo de assassinos então. Faz sentido...

- Não... Não fala assim, Selene. - Ele disse – Você não nos conhece. Como pode ter certeza de tantas coisas?

- Você sabe, tem sereias no lago. Mas elas não são como eu – Dei de ombros – E nós conversamos, às vezes. Elas sabem de tudo! Até parecem um tipo de jornal informativo de Hogwarts. - Pisquei.

- Isso é tão estranho... Quer dizer, sereias existem! E são bonitas. Quer dizer, as sereias do lago não são bonitas como você...

- Obrigada, eu acho. - Fiz uma careta – Isso depende bastante do lugar aonde a sereia nasceu. - Dei de ombros

Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que Tom veio buscar Abraxas. Fiquei sozinha olhando para o lago, desejando que os alunos saíssem de lá para eu poder mergulhar.